Na verdade Lula foi julgado pelos interesses de velhas
oligarquias familiares incrustados no Estado, no poder político e no judiciário
há várias gerações. O desembargador Victor Luiz dos Santos Laus, o último a
votar ontem, é bisneto do desembargador Domingos Pacheco d'Ávila, diplomado
pela Faculdade de Direito de Recife ainda sob o Império e cofundador do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em 1891. "Este Victor lembra muito
meu sogro (D'Ávila)", afirmava o avô materno. Os sobrenomes imigrantes dos
desembargadores do TRF45 não escondem suas preferências, mentalidades e visões
de mundo arcaicas e conservadoras transmitidas genealogicamente por casamentos
com famílias tradicionais estabelecidas desde o Império. Já investigamos a
genealogia política de Gebran Neto na Lapa, Paraná, em outros escritos. A
família de Gebran Neto é aparentada com Ney Braga por casamentos na família
Cunha, família dos Capitães-Mores do período colonial, tradicional tronco
latifundiário e escravista daquela localidade. Estes velhos “habitus de
classe”, muitas vezes autoritários e elitistas, estavam sentados e presentes no
julgamento político de Lula. O poder judiciário e o sistema judicial no Brasil
só podem ser entendidos pelas suas continuidades oligárquico-familiares, pelo
forte corporativismo, pela hereditariedade, característica fundamental de toda
a classe dominante tradicional brasileira.
RCO
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