quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Quando os cientistas políticos dizem que criamos no Brasil uma plutocracia política nas últimas décadas

Quando os cientistas políticos dizem que criamos no Brasil uma plutocracia política nas últimas décadas, isso fica mais claro nos gráficos ao lado. Trata-se da média e do intervalo de 95% de IC (o que exclui os outliers que distorcem a média) do patrimônio declarado por todos os candidatos que disputaram as últimas três eleições nacionais (2006, 2010 e 2014). As médias estão separadas entre candidatos derrotados e eleitos.
Perceba que em 2006 o patrimônio médio dos derrotados fica abaixo de R$ 1 milhão e dos eleitos acima de R$ 1,5 milhão. O intervalo entre os dois grupos se cruza, ou seja, os derrotados mais ricos tinham o mesmo patrimônio que os eleitos mais pobres.
Isso deixa de acontecer em 2010, quando o patrimônio médio dos derrotados mantém-se abaixo de R$ 1 milhão. Mas a média dos eleitos se aproxima de R$ 2 milhões e os intervalos já não mais se tocam. E em 2014 há o grande salto. Os derrotados continuam abaixo de R$ 1 milhão de média de patrimônio e os eleitos quase chegam a R$ 3 milhões, com uma variação maior. Apesar disso, os intervalos se distanciam ainda mais.
Se considerarmos a inflação do período (os valores são os declarados em cada ano eleitoral), é provável que o valor médio do patrimônio dos derrotados tenha caído.
Também é preciso considerar que a melhor qualidade nos controles da justiça eleitoral possa ter "estimulado" os candidatos a fazerem declarações de bens mais "precisas". No entanto, isso parece não valer para os derrotados.
É minha gente, criamos uma geração de políticos ricos com mais mandatos. E Políticos com mandato cada vez mais ricos.
Isso explica muita coisa, viu.


Emerson Urizzi Cervi

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