Quando os cientistas políticos dizem que criamos no Brasil
uma plutocracia política nas últimas décadas, isso fica mais claro nos gráficos
ao lado. Trata-se da média e do intervalo de 95% de IC (o que exclui os
outliers que distorcem a média) do patrimônio declarado por todos os candidatos
que disputaram as últimas três eleições nacionais (2006, 2010 e 2014). As
médias estão separadas entre candidatos derrotados e eleitos.
Perceba que em 2006 o patrimônio médio dos derrotados fica
abaixo de R$ 1 milhão e dos eleitos acima de R$ 1,5 milhão. O intervalo entre
os dois grupos se cruza, ou seja, os derrotados mais ricos tinham o mesmo
patrimônio que os eleitos mais pobres.
Isso deixa de acontecer em 2010, quando o patrimônio médio
dos derrotados mantém-se abaixo de R$ 1 milhão. Mas a média dos eleitos se
aproxima de R$ 2 milhões e os intervalos já não mais se tocam. E em 2014 há o
grande salto. Os derrotados continuam abaixo de R$ 1 milhão de média de patrimônio
e os eleitos quase chegam a R$ 3 milhões, com uma variação maior. Apesar disso,
os intervalos se distanciam ainda mais.
Se considerarmos a inflação do período (os valores são os
declarados em cada ano eleitoral), é provável que o valor médio do patrimônio
dos derrotados tenha caído.
Também é preciso considerar que a melhor qualidade nos
controles da justiça eleitoral possa ter "estimulado" os candidatos a
fazerem declarações de bens mais "precisas". No entanto, isso parece
não valer para os derrotados.
É minha gente, criamos uma geração de políticos ricos com
mais mandatos. E Políticos com mandato cada vez mais ricos.
Isso explica muita coisa, viu.
Emerson Urizzi Cervi
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