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"Se nada der certo" revela apenas a normatividade
do "habitus de classe". Eu estudei no Marista de Brasília e nas
minhas aulas ainda hoje comento um dos "choques culturais", quando eu
fiz o mestrado em Londres e quem atendia no pub e na cantina universitária eram
os próprios estudantes. Mais uma vez nossas raízes do "Antigo Regime"
senhorial e escravocrata sempre rebaixam o trabalho, categoria central da
sociologia, aos grupos subalternos, periféricos, estrangeiros e inferiores, o
que deve sempre ser passado a cada nova geração e a cada nova família
ascendente. Todos esses tipos bem sucedidos estereotipados já estavam na minha
época do Marista de Brasília. O Renato Russo já reclamava por lá do filho de
políticos e aproveitador da sua turma, o Geddel Vieira Lima. O Beto Richa
estudava na turma mais nova da minha classe. Quantos políticos, empresários,
juízes, executivos, altos funcionários públicos e privados formaram o seu
"habitus de classe" nessa mesma visão arcaica de mundo social e
político. O problema é que o Brasil continua dando certo "apenas"
para essa classe dominante encastelada no poder pelos golpes e falcatruas,
gente que nunca estudou nada a sério, nunca escreveram, pesquisaram,
produziram, construíram ou trabalharam nada de essencial, significativo e
importante, afora as tradicionais enganações do establishment, da mídia, do
sistema judicial, das forças da insegurança armada, das politicagens, chicanas,
negociatas, honorários, jetons e roubos pura e simplesmente de uma nação
inteira de trabalhadores alienados desses processos sociais e políticos
reproduzidos desde a educação.
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