No dia 7 de maio de 1954, a guerra do Vietnã terminou para
os franceses. Após oito semanas de sítio e fogo cerrado, as tropas francesas
capitularam em Dien Bien Phu.
Após a fundação da União Indochinesa, no final do século 19,
a França aproveitou os conflitos regionais e expandiu o seu domínio colonial a
uma grande parte do Vietnã atual, ao reinado vizinho do Camboja e ao Laos.
Porém, já na virada do século, aumentava a resistência entre a pequena elite
cultural vietnamita contra a colonização sistemática.
Nos primeiros 40 anos do século passado, os franceses ainda
conseguiram controlar uma população de 18 milhões de pessoas. Quando, em
novembro de 1940, uma rebelião dos comunistas foi reprimida de forma sangrenta
no sul do Vietnã, fundou-se então a Liga para a Independência do Vietnã,
conhecida como Viet Minh, com participação decisiva do líder revolucionário e
posterior chefe de Estado Ho Chi Minh.
Da resistência ao conflito armado
Foi só uma questão de tempo até que estourasse o conflito
aberto entre os franceses, reivindicando direito sobre a "sua"
colônia, e a aspiração de independência do Viet Minh. Em novembro de 1946,
quando tropas francesas bombardearam a cidade portuária de Haiphong, no norte
do Vietnã, o Viet Minh começou a resistir com mão armada ao domínio colonial
francês em todo o país.
Apesar do apoio financeiro e logístico dado pelos EUA às
tropas francesas, a partir do início de 1950 o Viet Minh já controlava cerca de
dois terços do território vietnamita no final daquele ano.
No começo de 1954, 12 mil soldados franceses de uma tropa de
elite foram cercados na região montanhosa e isolada perto de Dien Bien Phu,
norte do Vietnã, pelas forças muito mais numerosas do Viet Minh. Apesar disso,
o comandante-chefe francês Navarre acreditava que conseguiria vencer uma
batalha decisiva.
Situação agrava-se
Em março de 1954, quando o Viet Minh intensificou seus
ataques e as tropas francesas só podiam ser abastecidas por meio de paraquedas,
Paris e Washington se conscientizaram da crise. O presidente norte-americano
Eisenhower e seu secretário de Estado não queriam aceitar a derrota dos
franceses. Contudo, um ataque aéreo teria provocado uma intervenção chinesa.
O presidente Eisenhower ressaltou diante da imprensa
internacional, em 7 de abril de 1954, a gravidade da situação e a importância
da Indochina para o seu país. Nessa entrevista, ele chamou de teoria do dominó
a avaliação política exterior do conflito com o comunismo, em vigor na
estratégia governamental americana desde 1950.
Eisenhower almejava uma coalizão dos EUA, entre outros, com
o Reino Unido, a França e a Austrália, a fim de defender o Vietnã e todo o
Sudeste da Ásia contra o comunismo. Porém, tais planos não encontraram apoio.
Ele rechaçou, por sua vez, uma ação unilateral dos americanos, assim como uma
intervenção somente ao lado dos franceses. A seu ver, os Estados Unidos
ficariam então muito identificados com a política colonial francesa aos olhos
da opinião pública mundial.
Selou-se assim o destino das tropas francesas em Dien Bien
Phu, cuja derrota foi anunciada em Washington, no dia 7 de maio de 1954, pelo
secretário de Estado norte-americano John Foster Dulles:
"Há algumas horas, caiu Dien Bien Phu. Sua resistência
de 57 dias entrará na história como um dos maiores atos de heroísmo de todos os
tempos. Os franceses e as forças nacionais de defesa impingiram graves perdas
ao inimigo. Os soldados franceses provaram que estão dispostos e aptos à luta,
mesmo sob as piores condições. O Vietnã provou que tem soldados com a
capacidade necessária para defender o seu país."
A queda de Dien Bien Phu marcou não apenas o fim do domínio
colonial da França no norte do Vietnã, mas também o começo da retirada francesa
de toda a Indochina.
Autoria Michael Kleff (am)
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