No dia 20 de agosto de 1940, o chefe de Estado soviético,
Josef Stalin, se livrou de um inimigo incômodo quando um agente stalinista
matou Leon Trotski, que vivia exilado no México.
Leon Trotski
"Piero" (a pena) era seu nome no exílio, Janowski
foi sua autodenominação na fundação do primeiro Conselho Soviético, em 1905,
mas era chamado também de "Jovem Águia". Trata-se de Leon Trotski
(1879–1940), como ficou conhecido o revolucionário e teórico russo Lev
Davidovitch Bronstein.
Nascido na Ucrânia, de uma família de agricultores judeus,
foi um dos melhores alunos de Matemática, Literatura, Alemão e Francês em
Odessa. Ainda como estudante, iniciou por acaso sua atividade contra o
czarismo.
No verão europeu de 1896, cerca de 30 mil trabalhadores se
rebelaram em São Petersburgo. A revolta não fora motivada pela frente de luta
pela libertação da classe operária, recém-criada por Lênin e, sim, consequência
da fome e da catastrófica situação social. Impressionado com as notícias sobre
a greve e munido do idealismo de um jovem de 17 anos, Lev Bronstein fundou a
Liga dos Trabalhadores do Sul da Rússia.
Estudantes e alunos escreviam panfletos, conclamações e
pequenos textos de formação política para os trabalhadores. O serviço secreto
do czar levou dois anos até descobrir as atividades subversivas da liga e
prender o propagandista Bronstein em janeiro de 1898.
Difícil relação com Lênin
Deportado para a Sibéria, ele leu, pela primeira vez, no
verão de 1902, um escrito de Lênin intitulado O que fazer?. Bronstein sabia o
que tinha de fazer: fugir para o exílio. Escondido sob a palha numa carreta de
agricultor, chegou a Irkutsk, onde amigos lhe arranjaram um passaporte falso,
mudando seu nome para Leon Trotski – nome de um antigo carcereiro.
Seguiu-se o primeiro encontro com Lênin em outubro de 1902,
sem que daí resultasse uma amizade entre os dois. Nos anos seguintes, eles
oscilavam entre relações de conveniência e inimizades. Trotski era o mais
inteligente e visionário dos dois revolucionários. Presidiu o primeiro soviete
de Petrogrado até a derrota da primeira revolução contra a monarquia russa em
dezembro de 1905.
Novamente deportado, fugiu da Sibéria em 1907 e passou os
anos seguintes no exílio, tendo se refugiado também nos Estados Unidos. Voltou
à Rússia em 1917, quando participou ativamente da organização da Revolução de
Outubro.
Na noite em que completou 38 anos (7 de novembro), tropas de
choque ocuparam estações de trem, pontes, o banco estatal e as principais
repartições públicas de Petrogrado. Por volta do meio-dia, Trotski proclamou a
destituição do governo, em nome do Comitê Revolucionário Militar.
Inimizade com Stalin
Foi uma revolução sem derramamento de sangue. O terror e a
crueldade viriam mais tarde. Trotski tornou-se comissário das Relações
Exteriores e assinou a paz com a Alemanha em Brest-Litovsk. Com a nomeação de
ex-oficiais czaristas para o Exército Vermelho, provocou a fúria do comissário
político superior da décima Armada, Josef Stalin, que passou a lutar
sistematicamente contra ele, por meio de intrigas e rumores.
Trotski, por sua vez, culpou Stalin pela derrota da Rússia
na guerra contra a Polônia em 1920. A partir de 1923, com o adoecimento de
Lênin, organizou a oposição a Stalin. Após a morte de Lênin, em 1924, Stalin
concentrou o poder em suas mãos e se vingou de Trotski, expulsando-o do Partido
Comunista em 1927 e deportando-o para a Turquia em 1929.
No exílio, Trotski passou por vários países. Na França, foi
informado do "suicídio" de sua segunda filha. Seus dois genros foram
deportados para a Sibéria e seus quatro netos desapareceram.
Em 1937, chegou ao México, onde foi assassinado dia 20 de
agosto de 1940 pelo agente stalinista Ramón del Rio Mercader, que havia
conquistado a confiança da família com o pseudônimo Frank Jacson.
No Brasil, a fama de Trotski sofre devido ao sectarismo e
dogmatismo de alguns grupos que reivindicam o trotskismo. O pensamento do
teórico russo é polêmico e abrange as duas revoluções russas, o colapso da 2ª
Internacional, a fundação da 3ª Internacional, as ascensões de Stalin na URSS e
de Hitler na Alemanha, bem como a Revolução Espanhola.
Autoria Jens Teschke (gh)
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