Sérgio Braga Pois então, Adriano Codato. É isso que eu o o
Bruno Bolognesi estamos falando há tempos. Mas ninguém lê Facebook e os
petistas só fazem culpar a "mídia golpista". Agora, está complicado.
Vamos torcer para que o Eduardo Cunha e seus cúmplices não terminem destruindo
o país ou coisa pior...
Sérgio Braga Adriano Codato: agora, o Sérgio Abranches
sempre foi parlamentarista. O presidencialismo para ele sempre foi um mal
menor, que tendia a gerar instabilidade por causa das características das
elites brazucas. Você tem alguma hipótese para explicar essa incoercível
atração da esquerda brasileira pelo presidencialismo dito de coalizão?
Populismo, estatolatria, hegemonia da classe média radical no pensamento de
esquerda?
Bruno Bolognesi Sérgio, o Sartori (ainda que de forma
ensaística) argumenta num contrafactual que o parlamentarismo foi uma solução
para assentar as monarquias europeias no Estado. Argumento esse que não estou
certo de alguma validade para o Brasil. Mas a explicação alternativa é a do
êxito norte-americano com o presidencialismo e como este serviu de modelo para
a América Latina.
PS: a esquerda brasileira (e latina) é muito populista e
personalista. Acho que isso só psiquiatria explica.
Sérgio Braga Bruno Bolognesi Acho que quem melhor explicou
isso até hoje foi o Francisco Weffort. Que os conservadores prefiram o
presidencialismo, é facilmente explicável, pois isso torna mais fácil o bloqueio
de pressões distributivas vindas de partidos (presidentes) de esquerda através
do fisiologismo, do clientelismo, cooptação etc., como estamos testemunhando
nos últimos anos. No tocante à esquerda, ele afirma que na América Latina a
esquerda não chegou ainda ao estágio social-democrata, onde a demanda é por
direitos sociais constitucionalizados por maiorias parlamentares através da
organização da sociedade civil em partidos, mas está ainda na etapa de demanda
por serviços e reconhecimento do Estado, tal como personificado por líderes
carismáticos. As causas disso são complexas, estão relacionadas a fatores
históricos (independência; industrialização; estadania), à hegemonia da classe
média na esquerda (culto à expansão do Estado e hostilidade ao setor privado
etc.), e à natureza do "gap" de consumo e qualidade dos serviços
existente entre nossas classes trabalhadoras e as classes trabalhadoras dos
países capitalistas avançados. Acho que as considerações do Weffort são um bom
ponto de partida para refletirmos sobre o tema da tendência incoercível da
esquerda latino-americana a desvalorizar os partidos e o jogo parlamentar como
instrumentos de mudança de longo prazo, preferindo uma comunicação/mobilização
direita entre líderes e massas. O Mainwaring também escreveu coisas
interessantes sobre o assunto. Sartori é bem confuso; vc se refere àquele texto
dele sobre semi-presidencialimo?
Maria Tarcisa Silva Bega Interessante a leitura do texto de
Sérgio Abranches. o equilíbrio - sempre instável por definição - entre os três
poderes e o potencial de judicialização do processo me parecem ser os pontos
para nossa reflexão.
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