"“Há uma dimensão totalitária quanto à linguagem e a
instrumentalização da linguagem política. Não vejo como a esquerda possa reagir
diante dessa ofensiva totalitária da mídia”, diz Laymert. “Snowden e Assange
entenderam que o poder está na informação. Mais do que isso, entenderam que, ao
contrário do Facebook, que fornece mais do mesmo e satisfaz o narcisismo das
pessoas, o que importa é a informação que não se vê, que está oculta. No mundo
atual, a informação real é a que não é exposta.”
Diante da sistemática ofensiva do oligopólio de comunicação,
“não existe mais” cobertura (jornalística), no sentido de processar informações
reais. “A mídia é parte ativa na criação de versões e ficções sobre o que
acontece. O que é de fato real soçobra.”
Entre os veículos de comunicação que fazem parte da campanha
contra o governo petista de Dilma Rousseff, Laymert considera a Folha de S.
Paulo o mais sofisticado e eficiente na construção do discurso da negatividade.
“A Folha é a mais elaborada, porque eles estão há mais de 30
anos elaborando o discurso do ressentimento. Sempre, em qualquer momento em que
há uma positividade, o discurso é negativo. Se a notícia é boa, existe o
recurso: ‘mas…’”
A operação que se desenvolveu nos últimos meses para
proteger o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que
poderia ser o condutor do impeachment desejado pela direita do país, para o
sociólogo, é absurda.
“Ele (Cunha) está apodrecendo todos os dias e não cai. Como
é possível construir essas redes de proteção? Os ladrões estão gritando ‘pega
ladrão’ para quem não é ladrão.”
O grande problema, para Laymert, é que “o outro lado não
consiga responder”. Segundo a análise, “estamos vivendo um fenômeno complicado
para o qual a esquerda não tem respostas”.
Ele diz que desde os anos 1980 observa a dificuldade da
esquerda em compreender a questão midiática.
Um dos principais erros de líderes petistas foi acreditar
que, quando o PT chegasse ao poder, haveria uma “troca de sinal” e os meios de
comunicação passariam a ser mais benevolentes com os esquerdistas. Mas o que se
viu foi o contrário. “Uma vez no poder, a esquerda tem uma atitude ao mesmo
tempo de submissão e fascínio pelos meios de comunicação.”"
Laymert
Garcia dos Santos
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