"Detesto comportamento xenófobo. E detesto comparações,
normalmente comparam alhos com bugalhos. Nosso sentimento de dor se expressa
com a cor que quisermos dar. Eu choro pelas vítimas de Paris, eu choro pelas
crianças da Síria que tombam sem saber do que se trata, eu choro pelo nosso
País tão contrário a si mesmo, tão avesso as suas dores, e tão revoltado e
participante na sua luta contra o preconceito e a injustiça. Eu amo esses
estudantes que com sua coragem e determinação ocupam as escolas e defendem um
bem e um direito que o Estado de São Paulo teima em extinguir em nome de uma
pseudo reforma que, sabemos, só vai piorar o que já está quase falindo. Eu
lamento que o atual governador esteja dando um tiro no pé de seu partido, esse "social-democrata"
que deveria fazer jus ao nome. Os nomes, esses e outros politicamente
encabeçados... que sentido agora fazem? Eu lamento que a ganância esteja
enterrando nossa riqueza natural. O rio Doce sucumbiu ao amargo dos desejos.
Estou estarrecida com tudo. Cansada de ver tanto ódio brotando dos que se dizem
tementes a Deus. Que Deus é esse que deseja tanto ódio? Eu desejo que o povo
brasileiro se erga contra esses desmandos e elejam quem não faz panfletagem
religiosa e fascista e sexista e misógena. Que este túnel que estamos
atravessando de lama e horror encontre alguma luz e oxigênio do outro lado, ao
fim da travessia. Os mais corajosos encontrarão, tenho certeza. Os medrosos
morrerão com a boca e os ouvidos entupidos pelos dejetos. Não há deuses a
temer. Há homens há temer, gente como a gente, loucos e alucinados, doentes
mentalmente, sexualmente mal resolvidos. Estão presos nos seus padrões, nos
seus muros. Gostaria muito que se libertassem e respirassem o ar puro que se
tem de graça. Seriam mais felizes e mais humanos."
Por Susanna Busato
Nenhum comentário:
Postar um comentário