quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Mutabilidade


Quais nuvens somos, que ao luar são um véu;
E, aflitas, brilham, oscilam e se apressam,
Riscando a treva em luz! — mas logo o céu
Se fecha em noite, e para sempre cessam:
Ou cordas várias de uma frágil lira
Esquecida, de acordes dissonantes;
Qualquer que seja o zéfiro que as fira,
Nota alguma soará como as de antes.
Em sono — vêm os sonhos, venenosos;
Vigília — desvarios poluem a hora;
Sentir, pensar, alegres, lastimosos;
Guardar a mágoa ou lançá-la embora:
É a mesma coisa! — ao júbilo ou tormento,
Para sua fuga ainda há liberdade:
Ao homem vai-se e não volta o momento;

Nada dura — só Mutabilidade.

by Percy Bysshe Shelley/ tradução Adriano Scandolara

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