domingo, 14 de julho de 2013


DO LIVRO ZAAR_________quadro 3 ( EDITORA EPÉRCULA-GALIZA)

..,...tentar espiritualizar a violência na matéria em agitação estética ondeante-cavalgadora e libertadora da vida: multiplicidade do corpo indomável, na consciência caótica, na espiritualidade, na energia do informulado, na fertilidade ardente da mãe-terra: serão sempre interrogações do deserto, na violenta nidação da ausência e do exílio, da perda que é risco construtor de vozes-entre-vozes: eis o cântico da fertilidade da terra enquanto rotação vertiginosa emancipadora do humano-animalizante (outra voz surge sem dinastias): vejam as interfaces das catástrofes e dos renascimentos hieroglíficos: contactos, movimentos, descentram-se de si e misturaram-se de e nos corpos-evasivos (impregnação e osmose intensiva de corpos que se alargam na memória-desmemoriada): tonturas, vertigens, interfaces, pirâmides que se infinitizam, infindáveis visões, setas de metamorfose, nós cáusticos, profligações interiores-exteriores, arrolamentos, memórias, acoplagens, sinais, ardis: é neste regresso à progénie nativa-em-obstinado-movimento que o poema esculpe o poeta, reconstrói o poeta, redobra-o, desdobra-o e devora-o em infinitas possibilidades entre a visão-outra, o inexplicável, a voz das vozes, o vórtice vulcânico e a transmutação dos signos ocasionais, resistindo sempre ao poder da presença, criando desterritorializações, esculturas de fendas, do caos até ao desaparecimento onde surgem novamente as dobraduras peregrinas, os descolamentos, a potência do AION e da ausência da linguagem-em-configuração-de-murmúrios: o poeta-surfista reaparece emaranhado de silêncio nessa voz de contiguidades-uranólitas-astrofísicas-explosíveis (plasticidade inapreensível). Na esfinge que o persegue procura o lugar verdadeiro-cavalgador-surfista-em-teia-cósmica-náutica: a vida verdadeira que está ausente Rimbaudeanamente dentro e através de si: eis o holomovimento das expressões-poéticas-surfistas-sonâmbulas acopladas nos umbrais do desconhecimento e na escavação das línguas extintas.

LUIS SERGUILHA


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