"A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há
suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada casa que se ergue é feita do
esforço exaustivo de muitos seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros,
ao erguer as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos de suor, uma
melopéia tão triste que pelo ar parece um arquejante soluço. A rua sente nos
nervos essa miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais
socialista, a mais niveladora das obras humanas".
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A alma encantadora das ruas, texto encantador de João do
Rio, pseudônimo de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, (Rio
de Janeiro, 5 de agosto de 1881 — 23 de junho de 1921)1 jornalista, cronista,
tradutor e teatrólogo brasileiro.)
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