“O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque
ele induz o comportamento e inibe o pensamento. Este é um dos resultados
engraçados (e trágicos) da ciência. Se existe uma classe especializada em
pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos são liberados
da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam.
Quando o médico lhe dá uma receita você faz perguntas? Sabe como os
medicamentos funcionam? Será que você se pergunta se o médico sabe como os
medicamentos funcionam? Ele manda, a gente compra e toma. Não pensamos.
Obedecemos. Não precisamos pensar, porque acreditamos que há indivíduos
especializados e competentes em pensar. Pagamos para que ele pense por nós. E
depois ainda dizem por aí que vivemos em uma civilização científica... O que eu
disse dos médicos você pode aplicar a tudo. Os economistas tomam decisões e
temos de obedecer. Os engenheiros e urbanistas dizem como devem ser as nossas
cidades, e assim acontece. Dizem que o álcool será a solução para que nossos
automóveis continuem a trafegar, e a agricultura se altera para que a palavra
dos técnicos se cumpra. Afinal de contas, para que serve a nossa cabeça? Ainda
podemos pensar? Adianta pensar?”
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