Cantiga de Enganar
O mundo não vale o mundo, meu bem.
Eu plantei um pé-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas se tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.
O mundo, meu bem, não vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir, de quê? de mim? ou de nada?
- Carlos Drummond de Andrade, in Cantiga de
Enganar, Claro Enigma, 1951 (Fotobiografia CDA, Edições Alumbramentos, 1998).
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