Lutou a vida inteira para preservar a história dos
trens.Tinha a "domingueira poética"e inúmeros amigos. Foi-se. Partiu.
Sua esposa Celi nos manda essa mensagem:
Prezados,
Sempre elegante, o Victor não saiu de cena bruscamente.
Tremulou como uma vela que aos poucos se consome, dando-nos tempo de acalmar
nosso estupor.
Desde a manhã nos informaram que a hora era chegada.
Conversamos com ele, mesmo estando adormecido.
Explicamos-lhe que poderia partir, pois seria assim mais feliz; cantamos hinos
e fizemos orações.
Foi um longo preparo para um adeus tão difícil.
A equipe do hospital foi parceira e compreensiva.
Fizemos da recepção nossa sala de estar, onde amigos se
revezavam para nos dar e buscar forças.
Subíamos de três em três pessoas para conversar com ele e
orar baixinho, quebrando todas as regras da UTI.
Finalmente intui que, enquanto ali estivéssemos ele não
partiria, pois de alguma forma o estávamos segurando. Coincidência ou não,
pouco depois que saiu a última pessoa ele se foi.
É impressionante como estamos em paz! Cremos na vida eterna
e que nosso amado foi recebido por Jesus Cristo e seus anjos. Pensamos nele,
que foi poupado de sofrer um doloroso tratamento.
Quanto a nós, aprenderemos a buscar consolo na lembrança do
que juntos vivemos.
Louvo a Deus pela oportunidade que tive de viver com ele por
50 anos de namoro, noivado e casamento. Foi realmente na alegria e na tristeza,
na enfermidade ou na saúde que procuramos amar-nos e conservar-nos, mas nem a
morte nos pode separar.
Digo-lhe até breve, pois a vida corre mais veloz que nosso
entendimento. E que me aguarde na eternidade.
Com amor,
Celi
Affonso Romano Santanna
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