domingo, 5 de fevereiro de 2012

UMA CANTIGA COR-DE-TERRA

Outro poema sobre a morte, etc. –

certamente mas e quanto à batata?

Por razões óbvias não é mencionada

por Horácio ou Homero, a batata.

E o que dizer de Rilke e Mallarmé?

Será que não lhes disse nada, a batata?

Muito poucas palavras rimam

com ela, a batata cor-de-terra?

Não é muito preocupada com o céu.

Espera pacientemente, a batata,

até que a arrastemos para a luz

e a atiremos ao fogo. A batata

não se importa, mas será possível

que seja demasiado quente para os poetas, a batata?

Bom, vamos então esperar um pouco

até que a comamos, à batata,

e a cantemos e depois a esqueçamos novamente.

HANS MAGNUS ENZENSBERGER
– Poesia & Lda

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