sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eugenio Montale, 1960


Talvez uma manhã andando num ar de vidro,

árida, voltando-me, verei cumprir-se o milagre:

o nada às minhas costas, detrás de mim o vazio

com um terror de bêbedo.

Depois como numa tela, acamparão de um jato

árvores casas colinas para a ilusão costumeira.

Mas será tarde; e eu partirei calado

entre os homens que não se voltam, com o meu segredo.

(Talvez Uma Manhã)

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