Eugenio Montale, 1960
Talvez uma manhã andando num ar de vidro,
árida, voltando-me, verei cumprir-se o milagre:
o nada às minhas costas, detrás de mim o vazio
com um terror de bêbedo.
Depois como numa tela, acamparão de um jato
árvores casas colinas para a ilusão costumeira.
Mas será tarde; e eu partirei calado
entre os homens que não se voltam, com o meu segredo.
(Talvez Uma Manhã)
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