segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Abandono

“Por teu livre pensamento

Foram-te longe encerrar

Tão longe que o meu lamento

Não te consegue alcançar

E apenas ouves o vento

E apenas ouves o mar.

Levaram-te no meio da noite

A treva tudo cobria

Foi de noite, numa noite

De todas a mais sombria.

Foi de noite, foi de noite

E nunca mais se fez dia.

Ai dessa noite o veneno

Persiste em me envenenar

Oiço apenas o silêncio

Que ficou em teu lugar

E ao menos ouves o vento

E ao menos ouves o mar…”


David Mourão-Ferreira

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