segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Marselha



http://www.modele-social.blogspot.com

blogs

Os blogs não eram mais do que simples diários onde as pessoas engavetavam emoções neste emaranhado virtual e etéreo da web,que por sua vez principiara para atender as demandas academicas e militares.
Em curto espaço de tempo esta nova mídia foi ensejando um novo tipo de meio-mensagen ,onde os domínios do subjetivo, íntimo, privado foram se espraiando para uma nova forma de sub-literatura,fora dos cânones acadêmicos, mas ainda amadora .
Contudo hoje em dia convivem meros rascunhos , como quartos de dormir mal arrumados diante de uma porta escancarada para um olho imenso que a tudo devassa enquanto cegos enquanto se tropeça nas roupas , espalhadas pelo chão.
Com efeito podemos discorrer sobre a sociedade de fim de século, época de transição , de grandes transformações marcada por uma diversidade de formas e camadas de relacionamentos inusuais á poucas décadas, onde o ciber-espaço cumpre o papel de ponte fantasma entre a inconstancia,o delírio e a pseudo profundidade dos contatos que em certo sentido aboliram a interação física;relações superficiais na contradição a abertura total a desinibição,incluindo a intima e a erótica em níveis não do experienciado mas do imaginado.
Quanto ao blog em questão nos remeteremos a sociedade vídeo- adicta , onde o tempo é variante adversa daquela empregada na leitura do livro,o lead e a informação direta, não necessariamente objetiva predominam ,isso em parte já ocorria na literatura ,as shorts -stories e as crônicas, os minicontos nos jornais; estórias ligeiras.Embora seja platitude ficar-mos nesse argumento.Não esqueçamos do fenomeno dos e-boocks.As questões que se apresentam :1) os leitores dos e-books são os mesmos que cultivados pela leitura dos livros de celulose e seus filhos herdeiros de tais acervos culturais, lêem os dois meios ou não?2)Como ficaram as editoras nesse processo ?
Penso que haverá uma multi- coexistência de maneiras de absorver literatura e cada geração resgatará no espírito de sua época as cores , as paisagens de suas letras,como fora no passado e assim é no presente.
No que se refere ao efêmero do postado,digerido ou não apenas mantém a força breve das breves lembranças,profundidades não trazem a tona o que a juventude busca.Tempestade e ímpeto.Um tiro de uma frase certeira , um conciso veneno ou elixir, bastam, não é a demanda do santo Graal.revelações profundas ainda são o continente de um bom livro ou de um e-book, talvez.
Com relação ao ocorrido com o referido blog, então denominado Pó&teias sou de opinião, que as repetições nas postagens, tem mais a ver com o caráter pré-profissional que induzem seus colaboradores a erro por mero esquecimento do que fora postado, creio que se houvesse algum mecanismo que lembra-se que tal ou qual texto já fora publicado, não haveria tal fato.Uma questão de ordem técnica.
De outra ordem é a qualidade dos textos e a Leitura que deles se fazem pelos leitores “virtuais’,o primeiro pode ser lapidado , filtrado, quanto aos leitores que ora também podem vir a se tornarem colaboradores, está muito ligado a alguns fatores de proximidade seja de comunidades de relacionamento virtual de perfil literário ou participes de grupos poéticos e de escritores em sua maioria freqüentadores dos mesmos espaços culturais urbanos boêmios ou não, e sim os anônimos presos nas teias do ciber-espaço.

Wilson Roberto Nogueira

domingo, 30 de agosto de 2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Gabriela Mistral

Hino da Internacional Socialista

Música: Pierre Degeyter
Letra: Eugene Pottier

De pé ó vítimas da fome
De pé famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo ó produtores.

Refrão:
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores patrões chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre comum
Para não ter protestos vãos
Para sair deste antro estreito
Façamos com nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito.

Refrão

O crime do rico a lei o cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direito para o pobre
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres...

sábado, 15 de agosto de 2009

Os Novos Cínicos no Poder

"Há muito tempo as posições-chave da sociedade estão já dominadas por um cinismo difundido pelos comitês de gestores, pelos parlamentos, conselhos de administração, direções de empresas, comissões deliberativas, consultórios médicos, faculdades, salas dos cartórios e pelas redações. Uma certa amargura, elegante ,acompanha sua ação.pois os cínicos não são idiotas e de tempos em tempos veêm perfeitamente o Nada ao qual tudo está conduzindo.seu aparelho psíquico é suficientemente flexível para integrar, como fator de sobrevivencia, a dúvida permanente sobre a sua própria atividade.Eles sabem o que fazem,mas o fazem porque as pressões impostas pelos fatos e os instintos de conservação falam,a curto prazo,a mesma língua,para dizer-lhes que é preciso que isto seja feito.

O cinismo é a falsa consciência esclarecida.È a consciência infeliz modernizada,sobre a qual a Aufklärung agiu,ao mesmo tempo,com sucesso e como tempo perdido.esta consciência aprendeu sua lição com a Aufklärung,mas não a pôs em prática e ,sem dúvida, não pode pô-la em prática.Simultaneamente bem de vida e infeliz, ela não se preocupa mais com qualquer crítica a sua ideologia : sua falsidade já se armou com escudos reflexivos."

Peter Sloterdjik,Critique de la raison cynique,Christian Bourgois,1983

domingo, 9 de agosto de 2009

Rainha Vitória 1887

Auschwitz

15/7/2009

"O mal-estar na Universidade", por Olgária Mattos (*)
O abandono da Universidade Cultural e sua substituição pela "Universidade da Excelência" ou do "Conhecimento" dizem respeito à dissolução do papel filosófico e existencial da cultura. Constrangido à pressa e ao atarefamento diário, o ócio necessário à reflexão e à pesquisa é proscrito como inatividade, os improdutivos comprometendo o princípio de rendimento geral.

A militarização do campus universitário da USP e a solução de conflitos através da força atestam o "esquecimento da política", substituída pela ideologia da competência, entendida segundo o modelo da gestão empresarial, com seu culto da eficiência e otimização de resultados. Também a proposta mais recente da reforma da carreira docente e do projeto da implantação da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), respondem, cada qual à sua maneira, à "produtividade", os acréscimos salariais dos professores subordinando-se ao número de publicações e a seu estatuto- se livro, capítulo de livro, ensaio em revistas, se estas se ajustam ao "selo de qualidade" das agências de financiamento; número de congressos; soma de palestras; orientações de teses e dissertações e, sobretudo, se estas obedecem ao prazo preconizado, tanto mais exíguos quanto mais os estudantes chegam à Universidade desprovidos de pré-requisitos à pesquisa,como um conhecimento adequado do português para fins de leitura e escrita universitária, (guardadas as exceções de praxe), bem como acesso a línguas estrangeiras. De fato, a Universidade se adapta às circunstâncias do ensino médio, e o mestrado pretende contornar as deficiências da formação no ensino médio (e fundamental também), que incidem nos anos de graduação, convertida em extensão do segundo grau.

Professores e estudantes cedem precocemente a publicações, sem que haja nelas nada de relevante, e, ao mesmo tempo, devem freqüentar cursos ou prepará-los, realizar trabalhos correspondentes, desenvolver suas teses - uma vez que a quantidade consagra pontuações para futuras bolsas de iniciação científica ou aprovação de auxílios acadêmicos. Quanto aos docentes, estes se ocupam cada vez mais com tarefas de secretaria, como preenchimento de planilhas, elaboração de relatórios, propostas de inovação em cursos não obstante ainda em vias de implantação, acompanhamento de iniciação científica, organização desses congressos, participação em atividades de iniciativa discente, preenchimento de pareceres on line de um número crescente de bolsistas, e por aí vai. No que diz respeito ao ensino à distância, ele não responde à democratização da Universidade mas a sua massificação.

O abandono da Universidade Cultural e sua substituição pela "Universidade da Excelência" ou do "Conhecimento" dizem respeito à dissolução do papel filosófico e existencial da cultura. Constrangido à pressa e ao atarefamento diário, o ócio necessário à reflexão e à pesquisa é proscrito como inatividade, os improdutivos comprometendo o princípio de rendimento geral. Este encontra-se na base da transformação do intelectual em especialista e da docência como vocação em docência como profissão. O saber técnico é o do expert que transmite conhecimentos sem experiência, cujo sentido intelectual e histórico lhe escapa. Assim como no processo produtivo a proletarização é perda dos objetos produzidos pelos produtores e perda do sentido da produção, a especialização pelo know how é proletarização do saber. Por isso o especialista moderno se comunica por fórmulas, gráficos, estatísticas e modelos matemáticos. Foucault reconhece seu primeiro representante em Oppenheimer que enunciou o projeto Mannhathan - que levou à bomba-atômica - em termos simpaticamente técnicos.

A "Universidade do Conhecimento" perverte pesquisa em produção. Quanto à educação à distância, ela não significa um apoio ao conhecimento e seu acesso a regiões distantes, mas sim o fim de toda uma civilização baseada nos valores da convivência, da sociabilidade e da felicidade do conhecimento.


* Olgária Mattos é filósofa, professora titular da Universidade de São Paulo



fonte:app sindicato