sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Ernesto Geisel, o ‘pai da distensão lenta, gradual e segura’ da ditadura militar

Quarto presidente após o golpe de 64, general, que morreu há 20 anos, iniciou processo de abertura política do país. No seu governo, reprimiu linha-dura, mas fechou Congresso

Próximo ao poder. Ernesto Geisel, então capitão do Exército, 
Geisel baixa o ‘Pacote de abril’
Após mortes no DOI-Codi de São Paulo, general Ednardo D’Ávila é exonerado
Teotônio Vilela, líder da luta pela anistia, visitou presos políticos no Rio em 1979
Anistia mobilizou o Brasil nos anos 70
Exilados voltam ao Brasil
Bomba explodiu no Riocentro e matou sargento do Exército, ferindo capitão
No fim da ditadura, carta-bomba explodiu na OAB, no Rio, matando secretária
Criado em 1890, STF sofre cassação na ditadura e apoia a redemocratização
Após redemocratização, Brasil escolhe presidente no 2º turno em cinco eleições

Natasha Correa Lima*

“Morre Geisel, o patrono da distensão". Foi com esse título que O GLOBO noticiou a morte do ex-presidente Ernesto Geisel, em sua edição de 13 de setembro de 1996, ocorrida no Rio na véspera, de insuficiência respiratória, motivada por uma broncopneumonia, quando se tratava de um câncer. Quarto presidente militar a assumir o poder, o general governou entre 1974 e 1979, período no qual iniciou o desmantelamento do regime militar, pavimentando o caminho que levaria o Brasil de volta à democracia.

Ernesto Beckmann Geisel, caçula de cinco filhos, nasceu em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, em 3 de agosto de 1907. Seguindo os passos de dois de seus irmãos, Henrique e Orlando – que se tornou ministro do Exército no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) –, o menino Ernesto ingressou cedo na vida militar. Em 1921, entrou no Colégio Militar de Porto Alegre, onde terminou os estudos como melhor aluno da turma. Ocupando o posto de primeiro-tenente, participou da Revolução de 1930, movimento que depôs o presidente Washington Luís e alçou Getúlio Vargas ao poder. Geisel também teve participação decisiva em outros dois movimentos militares na década de 1930: combateu a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, ainda como tenente, e, em 1935, já como capitão, reprimiu o levante comunista na Escola de Aviação Militar no Campo dos Afonsos, no Rio, dentro do movimento conhecido como Intentona Comunista.
A partir daí, Geisel ampliou cada vez mais sua participação na política. Foi chefe da secretaria geral do Conselho de Segurança Nacional entre 1946 e 1947, no governo de Eurico Gaspar Dutra, e subchefe do Gabinete Militar, no governo de João Café Filho, em 1955, o vice que assumiu após o suicídio de Vargas. Desempenhou, também, a função de adido militar no Uruguai entre 1947 e 1950. No governo Jânio Quadros, foi nomeado oficial de gabinete do ministro da Guerra e chefiou o Comando Militar de Brasília. Em meio à crise política gerada pela renúncia do presidente, Geisel foi nomeado chefe do Gabinete Militar do então presidente interino, Ranieri Mazzili. Nesse contexto, atuou como uma espécie de negociador entre os militares – que tentavam a todo custo impedir a posse do vice-presidente João Goulart – e os setores civis da política brasileira, que defendiam a posse. A solução encontrada para garantir a posse de Jango foi a adoção do parlamentarismo. Diante da expressa insatisfação de João Goulart, Geisel dirigiu-se ao presidente e, como publicado no GLOBO de 13 de setembro de 1996, lhe disse:

- Presidente, tenha certeza de que tivemos imensas dificuldades aqui em Brasília para Vossa Excelência assumir. E nós esperamos que conduza o governo de modo a que se pacifique a nação.
A História, porém, tomou outros rumos. Após a antecipação, de 1965 para 1963, do plebiscito sobre o regime do país, o povo escolheu o presidencialismo e teve início uma grave crise institucional, que culminou com o golpe que depôs João Goulart, comandado pelos militares e com o apoio de líderes civis. Com a instauração do regime autoritário, Geisel ajudou a articular, junto ao alto comando militar, o nome do marechal Humberto Castelo Branco para a Presidência. Com a posse deste, em 15 de abril de 1964, Geisel foi nomeado chefe do Gabinete Militar e percorreu a Região Nordeste, a fim de averiguar denúncias de tortura, prática que sempre rechaçou. Na verdade, ele se opunha não só à tortura, como também ao excessivo endurecimento do regime e a consequente ascensão ao poder dos setores mais radicais do Exército, a chamada linha-dura. Isso porque o general acreditava que a repressão corrompia a hierarquia militar, a censura protegia ladrões, e a existência de poderes absolutos, em vez de fortalecer o presidente, na verdade, o enfraquecia.

Essa postura de Ernesto Geisel era vista pela linha-dura como uma ameaça à própria existência do regime. Retirá-lo da alta cúpula do governo passou, então, a ser algo necessário e urgente. Dessa forma, a ascensão dos militares conservadores ao poder ocasionou uma espécie de ostracismo político para Geisel, que foi mantido longe das funções de confiança do governo militar entre 1967 e 1973, nos mandatos de Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. Nesse período, foi ministro do Superior Tribunal Militar (1967-1969) e presidente da Petrobras (1969-1973).
Em 15 de março de 1974, Geisel toma posse na Presidência da República, após ser eleito pelo colégio eleitoral, em janeiro do mesmo ano. Em 29 de agosto, durante entrevista coletiva, anunciou o projeto político que seria a marca de seu governo: a distensão lenta, segura e gradual do regime militar, o que significaria maior oportunidade para o diálogo com a oposição e a sociedade civil. A edição do GLOBO de 30 de agosto de 1974 trouxe a íntegra do discurso, no qual o presidente afirmou que o processo de abertura ocorreria dentro da ordem vigente:

- Prosseguirá o Governo na missão que lhe cabe de promover para toda a nação o máximo de desenvolvimento possível com o mínimo de segurança indispensável. E deseja, mesmo, empenhando-se o mais possível para isso, que esta exigência de segurança venha gradativamente a reduzir-se. Erram os que pensam que podem apressar este processo pelo jogo de pressões manipuladas sobre a opinião pública (…). Tais pressões só servem para provocar contrapressões (…) invertendo-se o processo de lenta, gradativa e segura distensão, desejado pelo Executivo.

Ernesto Geisel defendia um Estado política e economicamente forte. A política econômica de seu governo, definida no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), apontava para o investimento no setor energético, ao mesmo tempo em que considerava primordial o desenvolvimento de indústrias de base, como forma de preparar a economia brasileira para os impactos do choque do petróleo, ocorrido em 1973. Teve destaque na área econômica, também, a assinatura do acordo nuclear entre Brasil e Alemanha, bem como o lançamento do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). A economia do período Geisel teve média de crescimento de 5,5% ao ano; no entanto, a inflação saltou de 16% para 45% e a dívida externa subiu de US$ 6 bilhões, no início do governo, para US$ 45 bilhões, no final do mandato.

A política externa do período foi marcada pela busca de novas oportunidades para o comércio exterior brasileiro. Tendo isso em mente, o governo Geisel deixou de lado a concepção ideológica de bipolaridade que ainda era forte no momento – devido à Guerra Fria – e optou por uma aproximação com a Ásia e a África. O Brasil reatou as relações diplomáticas com a China, rompidas desde a ocorrência da Revolução Chinesa, em 1949, e estabeleceu novas relações com os Emirados Árabes e o Bahrein. Além disso, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o governo português estabelecido após a Revolução dos Cravos, movimento que pôs fim à ditadura salazarista em Portugal. O governo também reconheceu os direitos do povo da Palestina e pediu a Israel que retirasse suas tropas dos territórios árabes ocupados desde 1967.

A maior marca do governo, no entanto, está na política interna adotada, no intuito de garantir a distensão do regime militar. Ernesto Geisel não queria a prática de atos de tortura em seu governo. Quando assumiu o poder, tratou de emitir comunicados aos comandantes de Exército para que enquadrassem os chefes dos DOI-Codi, a fim de evitar a ocorrência de torturas. O tema, inclusive, apareceu em várias comunicações entre o presidente e o chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general João Figueiredo. Em um desses diálogos, publicado no GLOBO em 13 de setembro de 1996, Geisel afirma não concordar com as prisões e perguntava a Figueiredo, que viria a ser seu sucessor na Presidência:

- Não será o caso de fazer um honesto exame crítico, rever o que está errado e imaginar novos e melhores procedimentos?

A preocupação em barrar a tortura, entretanto, não evitou a ocorrência de mortes nos porões militares. As mais emblemáticas foram a do jornalista Vladimir Herzog, que apareceu enforcado no DOI-Codi de São Paulo em outubro de 1975, e a do operário Manuel Fiel Filho, no mesmo DOI-Codi, em janeiro de 1976. Estas mortes levaram Geisel a demitir o comandante do II Exército e, posteriormente, o próprio ministro do Exército, Sylvio Frota.

Se, por um lado, Ernesto Geisel parecia empenhar-se pelo fim das torturas e pelo desmonte da máquina repressora do Estado – através da Emenda Constitucional número 11, de 1978, o presidente aboliu oficialmente a censura, restabeleceu o habeas corpus e revogou todos os atos institucionais em vigor, inclusive o AI-5 – por outro, o general não hesitou em utilizar a máquina da repressão a seu favor, a fim de manter a ordem em seu governo. Tal como um ditador, Geisel cassou 11 mandatos parlamentares, fechou o Congresso por duas semanas (no chamado Pacote de Abril, que também criou os senadores biônicos), censurou 47 filmes, 117 peças de teatro, 840 músicas e diversas reportagens. Também foram registrados 39 desaparecimentos, além de mais de mil casos de tortura.
Ernesto Geisel deixou o poder em 1979 e recolheu-se da vida política. O general da abertura era um homem discreto, de hábitos simples, amante da música clássica, apreciador do clima da cidade de Teresópolis, na Serra do Rio, onde mantinha uma casa, e dono de uma inteligência astuta: foi aprovado em primeiro lugar em todos os concursos militares que prestou. A discrição e a quietude, no entanto, escondiam uma imensa dor, a qual Geisel carregaria pela vida toda: a morte do filho Orlando, atropelado por um trem aos 17 anos. A perda fez com que nunca mais tivesse gosto por comemorações, e vê-lo em atos da vida social era uma raridade. Geisel morreu de câncer, aos 89 anos, deixando a viúva Lucy, a filha Amália e seu lugar na história como “o general que matou a ditadura no país”, ou como O GLOBO o definiu, "o pai da distensão lenta, gradual e segura".
* com edição de Matilde Silveira

Avanços e retrocessos. O presidente Geisel fecha o Congresso, por decreto: Pacote de Abril também cria senador biônico
Avanços e retrocessos. O presidente Geisel fecha o Congresso, por decreto: Pacote de Abril também cria senador biônico Orlando Brito 30/04/1977 / Agência O Globo
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PAÍSPublicado: 25/09/13 - 16h 49minAtualizado: 09/09/16 - 23h 52min
Geisel baixa o ‘Pacote de abril’Para conter a oposição, governo pôs o Congresso em recesso e criou o ‘senador biônico’
Próximo ao poder. Ernesto Geisel, então capitão do Exército, e Getúlio Vargas em 1940, no Recife
EM FOCO: A TRAJETÓRIA DE GEISEL, DE VARGAS A FH
Geisel baixa o ‘Pacote de abril’
Após mortes no DOI-Codi de São Paulo, general Ednardo D’Ávila é exonerado
Teotônio Vilela, líder da luta pela anistia, visitou presos políticos no Rio em 1979
Anistia mobilizou o Brasil nos anos 70
Exilados voltam ao Brasil
Bomba explodiu no Riocentro e matou sargento do Exército, ferindo capitão
No fim da ditadura, carta-bomba explodiu na OAB, no Rio, matando secretária
Criado em 1890, STF sofre cassação na ditadura e apoia a redemocratização

Após redemocratização, Brasil escolhe presidente no 2º turno em cinco eleições

Em 1977, a abertura política - que o então presidente, general Ernesto Geisel, pretendia gradual, lenta e segura - avançara demais, em função do crescimento eleitoral da oposição a partir de 1974. Os estudantes voltaram às ruas e logo ocorreriam mais prisões e cassações políticas.

No dia 13 de abril, Geisel fechou o Congresso Nacional por duas semanas e, nesse vácuo, outorgou um conjunto de leis, o "Pacote de abril", constituído de uma emenda constitucional e seis decretos-leis.

Antevendo nova derrota eleitoral em 1978, o governo militar estabeleceu, entre outras medidas, restrições nas campanhas eleitorais e eleição indireta para a ocupação de metade das vagas em disputa no pleito. Com isso, um terço do Senado foi preenchido pelos chamados "senadores biônicos".

Além disso, o mandato presidencial foi ampliado de cinco para seis anos e as leis passaram a ser aprovadas por maioria simples no Congresso. O objetivo de desarticular a oposição foi alcançado. A Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido da ditadura, desde a eleição de 1974 não detinha mais dois terços dos votos nas duas Casas do Congresso, porém mantinha a maioria das cadeiras.

Dessa forma, em São Paulo, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido da oposição, 
reelegeu Franco Montoro para o Senado, pelo voto popular, enquanto a Arena conseguiu emplacar o senador Amaral Furlan, escolhido pelo colégio eleitoral.

Por ter discursado contra as decisões tomadas por Geisel, o líder do MDB na Câmara dos Deputados, Alencar Furtado, teve seu mandato cassado em junho de 1977.

Leia mais sobre esse assunto em http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/geisel-baixa-pacote-de-abril-10144638#ixzz4LllRJuH4
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PAÍSPublicado: 18/05/15 - 21h 05minAtualizado: 12/09/16 - 11h 59min

Criado em 1890, STF sofre cassação na ditadura e apoia a redemocratização

Atos institucionais pós-golpe de 64 elevam total de magistrados e aposentam Evandro Lins e Silva, Hermes Lima e Victor Nunes Leal. Entulho autoritário só acabou nos anos 80

17 de Janeiro de 1969, Geral, 

Atentado dos Guararapes. O vice-almirante Nelson Fernandes, diretor da Chesf, morto após a explosão de bomba no aeroporto do Recife, onde desembarcaria o marechal Costa e Silva, sucessor de Castello Branco na Presidência da República

Matheus Guedes*

Criado em 1890, o Supremo Tribunal Federal (STF) surgiu com a responsabilidade de ser a instância máxima de um dos três poderes recém-instituídos pela República, o Judiciário. E assim permaneceu até 9 de abril de 1964, data da promulgação do primeiro dos Atos Institucionais (AIs) impostos pela ditadura militar. Ele permitia ao governo que derrubara o presidente João Goulart demitir ou aposentar os magistrados. Era o início de uma escalada de sanções que chegaria ao seu ápice com o AI-5, de 1968, e a aposentadoria compulsória de Evandro Lins e Silva, Victor Nunes Leal e Hermes Lima, ministros do STF. No ano seguinte, viria o AI-6, que transferia ao Superior Tribunal Militar (STM) o poder de julgar em caráter definitivo aqueles que se opusessem ao regime.

Apesar de o AI-1 permitir que o governo pudesse arbitrar sobre a composição do Supremo, a ditadura não atuou de fato até baixar o segundo Ato. Baseado na Constituição de 1934 criada no governo Getúlio Vargas, o AI-2, de 27 de outubro de 1965, aumentava de 11 para 16 o total de ministros do STF e tinha, segundo opositores na época, a intenção de enfraquecer a instituição. Embora permitido, nem na época da ditadura de Vargas durante o Estado Novo (1937-45) o aumento do número de ministros foi instituído.

Mas foi em 13 de dezembro de 1968, com o AI-5, que a ditadura iniciou sua fase mais autoritária. Com ele, o presidente Artur da Costa e Silva aposentou compulsoriamente os ministros Evandro Lins e Silva, Vitor Nunes Leal, que também seria afastado de seu cargo na UFRJ, e Hermes Lima. Em solidariedade, os também ministros Lafaiete de Andrade e Antônio Gonçalves de Oliveira pediram aposentadoria. Além das destituições, Costa e Silva retirou o poder do tribunal de conceder habeas corpus nos casos de “crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular”, dando mais poderes à Justiça Militar.

Hoje todos falecidos, os ministros cassados haviam ocupado cargos de destaque antes da ditadura. Lins e Silva fora procurador-geral da República entre 1961 e 1963, chefe de Gabinete da Presidência em 1963 e ministro das Relações Exteriores, no mesmo ano. Nunes Leal, por sua vez, chefiou o gabinete do presidente Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1959, e se tornou consultor geral da República em 1960. Já Lima, dono de vasto currículo, foi deputado federal pelo Distrito Federal entre 1946 e 1951 (à época, na cidade do Rio de Janeiro), chefe do Gabinete da Presidência nos governos de Jânio Quadros e Jango, entre 1961 e 1962, ministro do Trabalho em 1962 e das Relações Exteriores entre 1962 e 1963, além de primeiro-ministro do país entre 1962 e 1963.

Após a saída dos cinco ministros, o governo militar impôs o Ato nº 6, em 1º de fevereiro de 1969. Com ele, os poderes da Justiça Militar aumentavam ainda mais e era restabelecido o número de 11 ministros. Cabia ao STM, a partir de então, o julgamento em última instância dos civis processados nos casos de “crimes contra a segurança nacional ou as instituições militares”. O STF não tinha mais o poder de julgar estes réus em recurso. Foi o tiro de misericórdia da ditadura na instituição mais importante do Judiciário brasileiro.

A mordaça do regime ao STF só começaria a ser superada em 19 de janeiro de 1979, no final do governo do presidente Ernesto Geisel, que seria sucedido por João Figueiredo, o quinto e último dos generais a comandar o país. A Emenda Constitucional nº 11 revogava todos os atos institucionais e restituía ao Supremo os seus poderes. O papel do STF seria fundamental no apoio aos novos rumos jurídicos do país.

Mais de três décadas depois, em solenidade do então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2 de dezembro de 2002, os três ministros do Supremo cassados foram restituídos de suas condecorações militares, retiradas na aposentadoria compulsória. Apenas Lins e Silva pôde receber a medalha, uma vez que Nunes Leal e Hermes Lima já haviam morrido, em 1985 e 1978, respectivamente. Fundador do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e membro da Academia Brasileira de Leras (ABL), Lins e Silva faleceria duas semanas depois, no dia 17 do mesmo mês. “Jurista da democracia” foi o título do GLOBO no dia seguinte ao seu sepultamento, que fora acompanhado por personalidades e políticos, entre eles o recém-eleito presidente Lula.

* com edição de Gustavo Villela, editor do Acervo O GLOBO
Juristas. Hermes Lima (à esq.) passa o comando do Ministério das Relações Exteriores a Evandro Lins e Silva: após AI-5, aposentadoria compulsória no STF
Juristas. Hermes Lima (à esq.) passa o comando do Ministério das Relações Exteriores a Evandro Lins e Silva: após AI-5, aposentadoria compulsória no STF 20/06?

Leia mais sobre esse assunto em http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/criado-em-1890-stf-sofre-cassacao-na-ditadura-apoia-redemocratizacao-16197190#ixzz4LlmFVNfY


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Rio Grande do Sul, Brasil



Enquadramento Histórico e Urbanismo

Com a descoberta das minas de ouro no Brasil, no fim do século XVII, aumentaram as preocupações das autoridades portuguesas no sentido de garantir a ocupação da região Sul do continente. Ao mesmo tempo, as constantes escaramuças e invasões sofridas pela Colónia de Sacramento e a grande distância a que aquela colónia ficava do Rio de Janeiro, a que estava subordinada administrativamente, faziam com que pensassem num ponto de apoio mais próximo. Daí, “fazer porto no Rio Grande de São Pedro” passou a ser cogitado com mais frequência pela metrópole. Em 19 de abril de 1730, o Conselho Ultramarino redigiu um parecer onde dizia que era evidente o quanto seria conveniente ao rei de Portugal fortificar o porto do Rio Grande de São Pedro da banda do sul, e sugeria que o tenente‐general David Marques Pereira fosse nomeado para essa empresa. É importante salientar que o porto acima mencionado está localizado no canal de saída para o mar das águas da Lagoa dos Patos, então conhecido como Rio Grande de São Pedro. A decisão de se fundar um povoado nessas paragens levou ainda algum tempo, pois somente em 1737 se efetivou uma grande operação naval para cumprir as ordens régias, que visavam impedir o prosseguimento do avanço espanhol na região e continham também a ordem de fundar um presídio no local anteriormente definido pelo Conselho Ultramarino. Assim, em 19 de fevereiro daquele ano, foi fundado, pelo brigadeiro José da Silva Paes, o Presídio de Jesus, Maria, José, primeiro assentamento português no Rio Grande do Sul, que deu origem à atual cidade do Rio Grande. O presídio cresceu, embora com dificuldades, e em 1747 foi elevado a vila, só instalada em 1751, com o nome de vila do Rio Grande. Para ali foram os imigrantes açorianos, a partir de 1752 e os engenheiros militares que iriam iniciar as demarcações das fronteiras resultantes do Tratado de Madrid. Com este objetivo se deslocou o governador do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, que chegou ao Sul em 1751. Em 1763, a vila do Rio Grande foi invadida pelos espanhóis de Buenos Aires, que se mantiveram por treze anos no local. Com isso a vila perdeu seu título e teve um forte declínio populacional, só vindo a florescer após a retomada pelos portugueses, em 1776. Sua localização estratégica permitiu a incursão dos portugueses pelos caminhos fluviais do interior do Rio Grande do Sul, que deram origem a vários outros pequenos aglomerados urbanos, solidificando a ocupação da região.


Luiz Fernando Rhoden

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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Por Jânio de Freitas

‘Está claro que não se trata de Sérgio Moro, ou de uma tribo de fanáticos religiosos empenhados em autos-da-fé (os livros em inglês preservam a expressão no original português). A decisão do tribunal do Sul (ah, o Sul dos saudosos do Duce e do Fuhrer, dos soldados da Falange e crentes da Opus Dei!) revela que se trata de contágio mais amplo Mostra-se a face da Justiça que nasceu para castigar escravos, roubar terras e fraudar impostos; espalhou-se em milhares - mais do mesmo em todo o mundo junto - de faculdades onde se ensina, ao lado de rudimentos da arte sofística, que o melhor Direito reside onde está a força e a grana."

 Nilson Lage (Linguista)


Mesmo para quem já pesquisou muito o Império e a República Velha, quem pesquisou o uso político-partidário da polícia como milícia privada, instrumentalizada como cabos eleitorais a serviço dos arcaicos interesses dos mandonismos de plantão, a serviço de tribunais de exceção - não se encontram ocorrências como a da prisão política de Palocci, com tantos deboches no colégio eleitoral local a partir de um ministro da Justiça. Também o atual nepotismo regional no ministério dos golpistas é ainda maior do que o nepotismo verificado há 100 ou 150 anos.

RCO
Tradicional nepotismo das Alagoas - "Cotado para assumir o ministério do Turismo no governo de Michel Temer, o deputado Marx Beltrão (PMDB) tem percorrido todo o Estado de Alagoas em busca votos para candidatos aliados na disputa por prefeituras. Mas em cinco cidades, uma possível vitória terá sabor especial: Jequiá da Praia, Coruripe, Feliz Deserto, Penedo e Piaçabuçu, onde disputam a prefeitura, respectivamente, irmã, tio, tia e dois primos."
RCO
Candidato na frente das pesquisas em São Paulo, João Dória, João Agripino da Costa Dória Júnior, surge como o maior símbolo e fenômeno do atraso político, genealógico e pós-moderno de direita nestas eleições. Procede de algumas das mais antigas genealogias baianas, já estudadas por Francisco Antonio Doria, desde senhores de engenho escravistas, militares, burocratas, intelectuais. Filho de deputado federal e publicitário, João Dória, um dos inventores do dia dos namorados no Brasil, para ampliar vendas, sua mãe era prima próxima de Ruy Barbosa. Agora Dória Jr. declarou um patrimônio de quase 200 milhões, sempre subestimado, com muitas mansões, luxos cafonas e empresas de fachada. João representa o capitalismo imaterial contemporâneo imbricado no extrativismo estatal, marketing corporativo, editora de modas, alta gastronomia, programas em mídias e TVs. O grupo pouco produz de produtos físicos, além de articulações políticas e empresariais, como a LIDE, Grupo de Líderes Empresariais, conexões com o judiciário, como a famosa foto com o Juiz Moro. Seguem os típicos padrões comportamentais da classe dominante histórica brasileira, como o esbulho de terras públicas em Campos do Jordão, promiscuidade entre o público e o privado, sonegações, offshores, propriedades em Miami, Panama Papers. Na mesma chapa do PSDB entra como vice o deputado federal Bruno Covas, neto do ex-governador Mário Covas, fechando pesadamente o circuito oligárquico-familiar na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Um retrato das elites sociais, econômicas, ideológicas e políticas brasileiras em 2016, no Brasil pós-golpe. Dialética entre o passado escravista para o capitalismo imaterial, pós-moderno, subordinado, excludente, contemporâneo do processo existencial da classe dominante brasileira.

RCO

domingo, 25 de setembro de 2016

UM BARÃO INUSITADO: A história de Chico Castellano


Desde os tempos do império, das primeiras formas de abastecimento de água de Curitiba, como as bicas, cariocas, pipeiros, redes de encanamento para água e esgoto, até chegarmos aos modernos reservatórios, foi percorrido um longo caminho na história de Curitiba. Nesta trilha, encontramos personagens inusitados, que por algum fato marcaram época em uma cidade bem diferente, desta que conhecemos atualmente.
A partir do final do século XIX, a presença de carroças equipadas com barris de água, fazia parte da paisagem curitibana. Eram os chamados "pipeiros" ou "aguadeiros", que faziam o transporte de água pelas ruas da capital paranaense.
- Aguadeiro abastecendo pipa na praça Zacarias
A população que naquela época, dependia das "bicas" para abastecer suas casas, também se utilizava deste serviço de distribuição de água. Durante cerca de 40 anos, estes profissionais venderam este precioso líquido, para os curitibanos que pudessem arcar com tal despesa, e segundo SCHUSTER (1994), um pouco antes da virada do século, ocorreu uma espécie de revolta, na qual a população se mobilizou contra o aumento "de um tostão" impostos pela Câmara de Vereadores para cada pipa (Barril) d'água. Nesta mesma época, somente algumas casas já possuíam sanitários, e na grande maioria das moradias era utilizada a famosa "casinha" no quintal. Porém com o avanço das técnicas de construção, os sanitários foram inseridos dentro das casas, e o esgoto era despejado em fossas através de encanamentos. Tais fossas sofriam constantes entupimentos, e aí surge um personagem curioso, Francisco Castellano, que viu no esgoto, uma forma de lucrar. Tal cidadão desenvolveu um sistema mecânico de sucção de fossas, que era comandado por uma alavanca, e esta era presa a uma carroça, puxada por dois burricos. O negócio de "Chico" como era chamado, cresceu e prosperou, e o tornou um empresário bem sucedido na cidade. As más línguas da população, passaram a se referir ao engenhoso inventor, como Chico "Bosta", ou ainda, o Barão da "Merda", fato que o transformou, em um dos mais interessantes personagens da história curitibana.

REFERÊNCIAS:

Schuster, Zair.L.L. Resgate da Memória do Saneamento Básico do Paraná. 1° Edição, Curitiba, Sanepar, 1994.

Por: Rafael Briones Matheus


http://parquedaciencia.blogspot.com.br/…/um-barao-inusitado…

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Rotina diária do poder golpista

 De manhã atacam direitos humanos e civis, com prisão arbitrária e desnecessária. De tarde atacam direitos educacionais e democráticos, com medida provisória, ignara e superficial de escola desvinculada dos direitos sociais e políticos. Humanidades andam juntas com a matemática, ciências, tecnologias, linguagens, artes, educação física, filosofia e sociologia, se quiserem evitar novas Auschwitz e Hiroshima. Tudo isto é a própria cidadania moderna, bem além do QI dos golpistas bananeiros.

Ricardo Costa de Oliveira

sábado, 17 de setembro de 2016

Machado de Assis, o bruxo do Cosme Velho


"Mal se sentou outra vez no canapé, bateram três horas no relógio da casa. O silêncio era profundo; e, como a divergência dos relógios é o princípio fundamental da relojoaria, começaram todos os relógios da vizinhança a bater, com intervalos desiguais, uma, duas, três horas. Quando o espírito padece, a coisa mais indiferente do mundo traz uma intenção recôndita, um propósito do destino. Brotero começou a sentir esse outro gênero de mortificação. As três pancadas secas, cortando o silêncio da noite, pareciam-lhe as vozes do próprio tempo, que lhe bradava: Vai dormir. Enfim, cessaram; e ele pôde ruminar, resolver, e levantar-se, bradando:
— Não há outro alvitre, é isto mesmo."
.

Leia o conto completo no site: http://goo.gl/ul9UNj

Fonte : Eli Fenske
Перед каждым однажды встаёт выбор: с кем ты, на чьей стороне ты ведешь свой незримый бой? Какой след ты оставишь в истории своей Родины?..

Antes de cada um fica a escolha: Quem és tu, de que lado você vai levar sua batalha invisível? O que você deixar rastro na história da sua terra natal?..

http://pereprava.org/trust/3735-voiny-duha-zemli-russkoy-peresvet.html

Stasis. Homo sacer II, 2

"... povo é um conceito contraditório e fantasmático. O povo, que só pode ser representado, desaparece no seu representante – o qual é, por sua vez, o fruto do engano visual que compõe muitos seres em um só. Portanto, a multitudo dissoluta, única presença na cidade, se dá por conta da constituição do soberano. Mas ela é também o sujeito da guerra civil (Behemoth) que permanece assim inseparável do Leviatã como uma projeção do estado de natureza, da luta de todos contra todos, no coração da civitas. Behemoth e Leviatã convivem e, seja segundo a tradição (na origem talmúdica), seja segundo a lógica rigorosa (isto é, profética) de Hobbes, acabarão por matar um ao outro. Somente então, com o desaparecimento do estado profano, poderá afirmar-se, entre os homens, o Reino de Deus: a ficção da representação será apagada e a multidão restituída a si mesma."

Resenha de "Stasis. Homo sacer II, 2" feita por Andrea Cavalletti (traduzida no Flanagens):

“Um mal menor é sempre menor que um subsequente possivelmente maior. Todo mal resulta menor em comparação com outro que se anuncia maior e assim até o infinito. A fórmula do mal menor, do menos pior, não é mais que a forma que assume o processo de adaptação a um movimento historicamente regressivo cujo desenvolvimento é guiado por uma força audaciosamente eficaz, enquanto que as forças antagônicas (ou melhor, os chefes das mesmas) estão decididas a capitular progressivamente, em pequenas etapas e não de uma só vez (...)." (Antonio Gramsci, Cadernos do Cárcere, Caderno 16, §25).



Soneto


Para Paula


Es una rubia furia desatada,
Gatea, sube y baja, embiste, grita.
Caléndula que araña, uñas de pita,
Torito bravo, más: una manada.

Comedora de flores desmadrada,
Vesubio en miniatura. Es la rayita
Que no cesa, pimienta y dinamita,
Torbellinita desencadenada.

¿La imagináis durmiendo una muñeca?
La Bubu es domadora, es karateca,
Pulgón y filoxera de la vida.

¡Ay madre mía, cuando tenga dientes!
Prepárense sus deudos y parientes.
¡Y aún creen sus padres que esto es una niña!

José Hierro

Biblioteca Digital Ciudad Seva


domingo, 11 de setembro de 2016

Desigualdades e Democracia


¿Por qué no habrían de rabiar los viejos?


W. B. Yeats

¿Por qué no habrían de rabiar los viejos?
Algunos vieron a un muchacho de futuro
Que buen pulso tenía en la pesca con anzuelo
Convertirse en un periodista borracho;
A una muchacha que supo todo Dante de memoria
Vivir para parir hijos de un necio;
A una Helena de sueño benéfico y social
Subir a gritar a una vagoneta.

Algunos piensan que es cosa natural que el destino
Deba matar de hambre a los buenos
Y a los malos hacerles progresar;
Que si sus vecinos imaginaran claramente,
Como en una pantalla iluminada,
Ni una sola historia encontrarían
De una mente feliz que no quebrara
O de un final digno del comienzo.

Los jóvenes no saben nada sobre esto,
Los viejos, que todo observan, bien lo conocen;
Y cuando sepan lo que dicen los libros de antes
Y que nada mejor podemos esperar,
Entonces sabrán por qué habría de rabiar un viejo.



Biblioteca Digital Ciudad Seva

"Han pasado cuarenta años, y todo lo que podemos decir es que sabemos sus nombres,
Sabemos sus domicilios
Sabemos como se enriquecieron
Sabemos el lugar de sus vacaciones
Sabemos donde torturaron, donde violaron, donde asesinaron
Sabemos a que iglesias asisten
A que fiestas concurren, a que supermercados van de compras con sus nietos
Sabemos que obispos, que cardenales
Rezaron y rezan por ustedes
Sabemos que jueces los amparan, que Dios los protege.
Y algún día
Sabremos donde enterraron a nuestros muertos.
Pero eso no es todo, no,
También sabemos que ninguna oración posible, que ningún arrepentimiento,
Que ningún acto humano conocido o desconocido
podrá remediar jamás lo que nos hicieron.
Ustedes son los padres
Del triunfo violento,
Amargo
Y definitivo del mal.
Nos duelen unánimes todas las partes del cuerpo y del alma,
Y nos dolerán hasta el fin de nuestros días.
Pero no teman, pueden vivir en paz.
De nosotros no teman actos de coraje
Ni actitudes de desafío
De nosotros no teman siquiera una mirada que acuse.
Así no puede ser, lo sabemos,
Pero así es, así es, así es,

¡Perdón, perdón, perdón, por nosotros, los cobardes!"


Juan Radrigán. Dramaturgo Chileno

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O Estado se torna o comitê executivo das famílias mais oligárquicas da nossa história. O golpe político no Brasil é um golpe das forças mais retrógradas da classe dominante tradicional brasileira. A força do Antigo Regime que nunca acabou no Brasil. Querem jornadas de trabalho de 12 horas e aparelham o Estado com os mais atrasados quadros. O aparelhamento político do Ministério Público é mais um desfecho do golpe. A família Andrada é a mais antiga no legislativo nacional e com maior continuidade por lá. O pai do novo vice-procurador, Bonifácio de Andrada, é o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), fundador e reitor da Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), defendeu dias atrás uma desvinculação entre pesquisas e universidades, um lobby das privadas. Pioraram muito em 200 anos porque o Bonifácio de Andrada original era um pesquisador internacional. Nem o PIG consegue esconder os vínculos com o PSDB !

RCO

La liga de los pelirrojos


Arthur Conan Doyle

Había ido yo a visitar a mi amigo el señor Sherlock Holmes cierto día de otoño del año pasado, y me lo encontré muy enzarzado en conversación con un caballero anciano muy voluminoso, de cara rubicunda y cabellera de un subido color rojo. Iba yo a retirarme, disculpándome por mi entremetimiento, pero Holmes me hizo entrar bruscamente de un tirón, y cerró la puerta a mis espaldas.

-Mi querido Watson, no podía usted venir en mejor momento -me dijo con expresión cordial.

-Creí que estaba usted ocupado.

-Lo estoy, y muchísimo.

-Entonces puedo esperar en la habitación de al lado.

-De ninguna manera. Señor Wilson, este caballero ha sido compañero y colaborador mío en muchos de los casos que mayor éxito tuvieron, y no me cabe la menor duda de que también en el de usted me será de la mayor utilidad.

El voluminoso caballero hizo mención de ponerse en pie y me saludó con una inclinación de cabeza, que acompañó de una rápida mirada interrogadora de sus ojillos, medio hundidos en círculos de grasa.

-Tome asiento en el canapé -dijo Holmes, dejándose caer otra vez en su sillón, y juntando las yemas de los dedos, como era costumbre suya cuando se hallaba de humor reflexivo-. De sobra sé, mi querido Watson, que usted participa de mi afición a todo lo que es raro y se sale de los convencionalismos y de la monótona rutina de la vida cotidiana. Usted ha demostrado el deleite que eso le produce, como el entusiasmo que le ha impulsado a escribir la crónica de tantas de mis aventurillas, procurando embellecerlas hasta cierto punto, si usted me permite la frase.

-Desde luego, los casos suyos despertaron en mí el más vivo interés -le contesté.

-Recordará usted que hace unos días, antes que nos lanzásemos a abordar el sencillo problema que nos presentaba la señorita Mary Sutherland, le hice la observación de que los efectos raros y las combinaciones extraordinarias debíamos buscarlas en la vida misma, que resulta siempre de una osadía infinitamente mayor que cualquier esfuerzo de la imaginación.

-Sí, y yo me permití ponerlo en duda.

-En efecto, doctor, pero tendrá usted que venir a coincidir con mi punto de vista, porque, en caso contrario, iré amontonando y amontonando hechos sobre usted hasta que su razón se quiebre bajo su peso y reconozca usted que estoy en lo cierto. Pues bien: el señor Jabez Wilson, aquí presente, ha tenido la amabilidad de venir a visitarme esta mañana, dando comienzo a un relato que promete ser uno de los más extraordinarios que he escuchado desde hace algún tiempo. Me habrá usted oído decir que las cosas más raras y singulares no se presentan con mucha frecuencia unidas a los crímenes grandes, sino a los pequeños, y también, de cuando en cuando, en ocasiones en las que puede existir duda de si, en efecto, se ha cometido algún hecho delictivo. Por lo que he podido escuchar hasta ahora, me es imposible afirmar si en el caso actual estamos o no ante un crimen; pero el desarrollo de los hechos es, desde luego, uno de los más sorprendentes de que he tenido jamás ocasión de enterarme. Quizá, señor Wilson, tenga usted la extremada bondad de empezar de nuevo el relato. No se lo pido únicamente porque mi amigo, el doctor Watson, no ha escuchado la parte inicial, sino también porque la índole especial de la historia despierta en mí el vivo deseo de oír de labios de usted todos los detalles posibles. Por regla general, me suele bastar una ligera indicación acerca del desarrollo de los hechos para guiarme por los millares de casos similares que se me vienen a la memoria. Me veo obligado a confesar que en el caso actual, y según yo creo firmemente, los hechos son únicos.

El voluminoso cliente enarcó el pecho, como si aquello le enorgulleciera un poco, y sacó del bolsillo interior de su gabán un periódico sucio y arrugado. Mientras él repasaba la columna de anuncios, adelantando la cabeza, después de alisar el periódico sobre sus rodillas, yo lo estudié a él detenidamente, esforzándome, a la manera de mi compañero, por descubrir las indicaciones que sus ropas y su apariencia exterior pudieran proporcionarme.

No saqué, sin embargo, mucho de aquel examen.

A juzgar por todas las señales, nuestro visitante era un comerciante inglés de tipo corriente, obeso, solemne y de lenta comprensión. Vestía unos pantalones abolsados, de tela de pastor, a cuadros grises; una levita negra y no demasiado limpia, desabrochada delante; chaleco gris amarillento, con albertina de pesado metal, de la que colgaba para adorno un trozo, también de metal, cuadrado y agujereado. A su lado, sobre una silla, había un raído sombrero de copa y un gabán marrón descolorido, con el arrugado cuello de terciopelo. En resumidas cuentas, y por mucho que yo lo mirase, nada de notable distinguí en aquel hombre, fuera de su pelo rojo vivísimo y la expresión de disgusto y de pesar extremados que se leía en sus facciones.

La mirada despierta de Sherlock Holmes me sorprendió en mi tarea, y mi amigo movió la cabeza, sonriéndome, en respuesta a las miradas mías interrogadoras:

-Fuera de los hechos evidentes de que en tiempos estuvo dedicado a trabajos manuales, de que toma rapé, de que es francmasón, de que estuvo en China y de que en estos últimos tiempos ha estado muy atareado en escribir no puedo sacar nada más en limpio.

El señor Jabez Wilson se irguió en su asiento, puesto el dedo índice sobre el periódico, pero con los ojos en mi compañero.

-Pero, por vida mía, ¿cómo ha podido usted saber todo eso, señor Holmes? ¿Cómo averiguó, por ejemplo, que yo he realizado trabajos manuales? Todo lo que ha dicho es tan verdad como el Evangelio, y empecé mi carrera como carpintero de un barco.

-Por sus manos, señor. La derecha es un número mayor de medida que su mano izquierda. Usted trabajó con ella, y los músculos de la misma están más desarrollados.

-Bien, pero ¿y lo del rapé y la francmasonería?

-No quiero hacer una ofensa a su inteligencia explicándole de qué manera he descubierto eso, especialmente porque, contrariando bastante las reglas de vuestra orden, usa usted un alfiler de corbata que representa un arco y un compás.

-¡Ah! Se me había pasado eso por alto. Pero ¿y lo de la escritura?

-Y ¿qué otra cosa puede significar el que el puño derecho de su manga esté tan lustroso en una anchura de cinco pulgadas, mientras que el izquierdo muestra una superficie lisa cerca del codo, indicando el punto en que lo apoya sobré el pupitre?

-Bien, ¿y lo de China?

-El pez que lleva usted tatuado más arriba de la muñeca sólo ha podido ser dibujado en China. Yo llevo realizado un pequeño estudio acerca de los tatuajes, y he contribuido incluso a la literatura que trata de ese tema. El detalle de colorear las escamas del pez con un leve color sonrosado es completamente característico de China. Si, además de eso, veo colgar de la cadena de su reloj una moneda china, el problema se simplifica aun más.

El señor Jabez Wilson se rió con risa torpona, y dijo:

-¡No lo hubiera creído! Al principio me pareció que lo que había hecho usted era una cosa por demás inteligente; pero ahora me doy cuenta de que, después de todo, no tiene ningún mérito.

-Comienzo a creer, Watson -dijo Holmes-, que es un error de parte mía el dar explicaciones. Omne ignotum pro magnifico, como no ignora usted, y si yo sigo siendo tan ingenuo, mi pobre celebridad, mucha o poca, va a naufragar. ¿Puede enseñarme usted ese anuncio, señor Wilson?

-Sí, ya lo encontré -contestó él, con su dedo grueso y colorado fijo hacia la mitad de la columna-. Aquí está. De aquí empezó todo. Léalo usted mismo, señor.

Le quité el periódico, y leí lo que sigue:

«A la liga de los pelirrojos.- Con cargo al legado del difunto Ezekiah Hopkins, Penn., EE. UU., se ha producido otra vacante que da derecho a un miembro de la Liga a un salario de cuatro libras semanales a cambio de servicios de carácter puramente nominal. Todos los pelirrojos sanos de cuerpo y de inteligencia, y de edad superior a los veintiún años, pueden optar al puesto. Presentarse personalmente el lunes, a las once, a Duncan Ross. en las oficinas de la Liga, Pope’s Court. núm. 7. Fleet Street.»

-¿Qué diablos puede significar esto? -exclamé después de leer dos veces el extraordinario anuncio.

Holmes se rió por lo bajo, y se retorció en su sillón, como solía hacer cuando estaba de buen humor.

-¿Verdad que esto se sale un poco del camino trillado? -dijo-. Y ahora, señor Wilson, arranque desde la línea de salida, y no deje nada por contar acerca de usted, de su familia y del efecto que el anuncio ejerció en la situación de usted. Pero antes, doctor, apunte el periódico y la fecha.

-Es el Morning Chronicle del veintisiete de abril de mil ochocientos noventa. Exactamente, de hace dos meses.

-Muy bien. Veamos, señor Wilson.

-Pues bien: señor Holmes, como le contaba a usted -dijo Jabez Wilson secándose el sudor de la frente-, yo poseo una pequeña casa de préstamos en Coburg Square, cerca de la City. El negocio no tiene mucha importancia, y durante los últimos años no me ha producido sino para ir tirando. En otros tiempos podía permitirme tener dos empleados, pero en la actualidad sólo conservo uno; y aun a éste me resultaría difícil poder pagarle, de no ser porque se conforma con la mitad de la paga, con el propósito de aprender el oficio.

-¿Cómo se llama este joven de tan buen conformar? -preguntó Sherlock Holmes.

-Se llama Vicente Spaulding, pero no es precisamente un mozalbete. Resultaría difícil calcular los años que tiene. Yo me conformaría con que un empleado mío fuese lo inteligente que es él; sé perfectamente que él podría ganar el doble de lo que yo puedo pagarle, y mejorar de situación. Pero, después de todo, si él está satisfecho, ¿por qué voy a revolverle yo el magín?

-Naturalmente, ¿por qué va usted a hacerlo? Es para usted una verdadera fortuna el poder disponer de un empleado que quiere trabajar por un salario inferior al del mercado. En una época como la que atravesamos no son muchos los patronos que están en la situación de usted. Me está pareciendo que su empleado es tan extraordinario como su anuncio.

-Bien, pero también tiene sus defectos ese hombre -dijo el señor Wilson-. Por ejemplo, el de largarse por ahí con el aparato fotográfico en las horas en que debería estar cultivando su inteligencia, para luego venir y meterse en la bodega, lo mismo que un conejo en la madriguera, a revelar sus fotografías. Ese es el mayor de sus defectos; pero, en conjunto, es muy trabajador. Y carece de vicios.

-Supongo que seguirá trabajando con usted.

-Sí, señor. Yo soy viudo, nunca tuve hijos, y en la actualidad componen mi casa él y una chica de catorce años, que sabe cocinar algunos platos sencillos y hacer la limpieza. Los tres llevamos una vida tranquila, señor; y gracias a eso estamos bajo techado, pagamos nuestras deudas, y no pasamos de ahí. Fue el anuncio lo que primero nos sacó de quicio. Spauling se presentó en la oficina, hoy hace exactamente ocho semanas, con este mismo periódico en la mano, y me dijo: «¡Ojalá Dios que yo fuese pelirrojo, señor Wilson!» Yo le pregunté: «¿De qué se trata?» Y él me contestó: «Pues que se ha producido otra vacante en la Liga de los Pelirrojos. Para quien lo sea equivale a una pequeña fortuna, y, según tengo entendido, son más las vacantes que los pelirrojos, de modo que los albaceas testamentarios andan locos no sabiendo qué hacer con el dinero. Si mi pelo cambiase de color, ahí tenía yo un huequecito a pedir de boca donde meterme.» «Pero bueno, ¿de qué se trata?», le pregunté. Mire, señor Holmes, yo soy un hombre muy de su casa. Como el negocio vino a mí, en vez de ir yo en busca del negocio, se pasan semanas enteras sin que yo ponga el pie fuera del felpudo de la puerta del local. Por esa razón vivía sin enterarme mucho de las cosas de fuera, y recibía con gusto cualquier noticia. «¿Nunca oyó usted hablar de la Liga de los Pelirrojos?», me preguntó con asombro. «Nunca.» «Sí que es extraño, siendo como es usted uno de los candidatos elegibles para ocupar las vacantes.» «Y ¿qué supone en dinero?», le pregunté. «Una minucia. Nada más que un par de centenares de libras al año, pero casi sin trabajo, y sin que le impidan gran cosa dedicarse a sus propias ocupaciones.» Se imaginará usted fácilmente que eso me hizo afinar el oído, ya que mi negocio no marchaba demasiado bien desde hacía algunos años, y un par de centenares de libras más me habrían venido de perlas. «Explíqueme bien ese asunto», le dije. «Pues bien -me contestó mostrándome el anuncio-: usted puede ver por sí mismo que la Liga tiene una vacante, y en el mismo anuncio viene la dirección en que puede pedir todos los detalles. Según a mí se me alcanza, la Liga fue fundada por un millonario norteamericano, Ezekiah Hopkins, hombre raro en sus cosas. Era pelirrojo, y sentía mucha simpatía por los pelirrojos; por eso, cuando él falleció, se vino a saber que había dejado su enorme fortuna encomendada a los albaceas, con las instrucciones pertinentes a fin de proveer de empleos cómodos a cuantos hombres tuviesen el pelo de ese mismo color. Por lo qué he oído decir, el sueldo es espléndido, y el trabajo, escaso.» Yo le contesté: «Pero serán millones los pelirrojos que los soliciten.» «No tantos como usted se imagina -me contestó-. Fíjese en que el ofrecimiento está limitado a los londinenses, y a hombres mayores de edad. El norteamericano en cuestión marchó de Londres en su juventud, y quiso favorecer a su vieja y querida ciudad. Me han dicho, además, que es inútil solicitar la vacante cuando se tiene el pelo de un rojo claro o de un rojo oscuro; el único que vale es el color rojo auténtico, vivo, llameante, rabioso. Si le interesase solicitar la plaza, señor Wilson, no tiene sino presentarse; aunque quizá no valga la pena para usted el molestarse por unos pocos centenares de libras.» La verdad es, caballeros, como ustedes mismos pueden verlo, que mi pelo es de un rojo vivo y brillante, por lo que me pareció que, si se celebraba un concurso, yo tenía tantas probabilidades de ganarlo como el que más de cuantos pelirrojos había encontrado en mi vida. Vicente Spaulding parecía tan enterado del asunto, que pensé que podría serme de utilidad; de modo, pues, que le di la orden de echar los postigos por aquel día y de acompañarme inmediatamente. Le cayó muy bien lo de tener un día de fiesta, de modo, pues, que cerramos el negocio, y marchamos hacia la dirección que figuraba en el anuncio. Yo no creo que vuelva a contemplar un espectáculo como aquél en mi vida, señor Holmes. Procedentes del Norte, del Sur, del Este y del Oeste, todos cuantos hombres tenían un algo de rubicundo en los cabellos se habían largado a la City respondiendo al anuncio. Fleet Street estaba obstruida de pelirrojos, y Pope’s Court producía la impresión del carrito de un vendedor de naranjas. Jamás pensé que pudieran ser tantos en el país como los que se congregaron por un solo anuncio. Los había allí de todos los matices: rojo pajizo, limón, naranja, ladrillo, cerro setter, irlandés, hígado, arcilla. Pero, según hizo notar Spaulding, no eran muchos los de un auténtico rojo, vivo y llameante. Viendo que eran tantos los que esperaban, estuve a punto de renunciar, de puro desánimo; pero Spaulding no quiso ni oír hablar de semejante cosa. Yo no sé cómo se las arregló, pero el caso es que, a fuerza de empujar a éste, apartar al otro y chocar con el de más allá, me hizo cruzar por entre aquella multitud, llevándome hasta la escalera que conducía a las oficinas.

-Fue la suya una experiencia divertidísima -comentó Holmes, mientras su cliente se callaba y refrescaba su memoria con un pellizco de rapé-. Prosiga, por favor, el interesante relato.

-En la oficina no había sino un par de sillas de madera y una mesa de tabla, a la que estaba sentado un hombre pequeño, y cuyo pelo era aún más rojo que el mío. Conforme se presentaban los candidatos les decía algunas palabras, pero siempre se las arreglaba para descalificarlos por algún defectillo. Después de todo, no parecía cosa tan sencilla el ocupar una vacante. Pero cuando nos llegó la vez a nosotros, el hombrecito se mostró más inclinado hacia mí que hacia todos los demás, y cerró la puerta cuando estuvimos dentro, a fin de poder conversar reservadamente con nosotros. «Este señor se llama Jabez Wilson -le dijo mi empleado-, y desearía ocupar la vacante que hay en la Liga.» «Por cierto que se ajusta a maravilla para el puesto -contestó el otro-. Reúne todos los requisitos. No recuerdo desde cuándo no he visto pelo tan hermoso.» Dio un paso atrás, torció a un lado la cabeza, y me estuvo contemplando el pelo hasta que me sentí invadido de rubor. Y de pronto, se abalanzó hacia mí, me dio un fuerte apretón de manos y me felicitó calurosamente por mi éxito. «El titubear constituiría una injusticia -dijo-. Pero estoy seguro de que sabrá disculpar el que yo tome una precaución elemental.» Y acto continuo me agarró del pelo con ambas manos, y tiró hasta hacerme gritar de dolor. Al soltarme, me dijo: «Tiene usted lágrimas en los ojos, de lo cual deduzco que no hay trampa. Es preciso que tengamos sumo cuidado, porque ya hemos sido engañados en dos ocasiones, una de ellas con peluca postiza, y la otra, con el tinte. Podría contarle a usted anécdotas del empleo de cera de zapatero remendón, como para que se asquease de la condición humana.» Dicho esto se acercó a la ventana, y anunció a voz en grito a los que estaban debajo que había sido ocupada la vacante. Se alzó un gemido de desilusión entre los que esperaban, y la gente se desbandó, no quedando más pelirrojos a la vista que mi gerente y yo. «Me llamo Duncan Ross -dijo éste-, y soy uno de los que cobran pensión procedente del legado de nuestro noble bienhechor. ¿Es usted casado, señor Wilson? ¿Tiene usted familia?» Contesté que no la tenía. La cara de aquel hombre se nubló en el acto, y me dijo con mucha gravedad: «¡ Vaya por Dios, qué inconveniente más grande! ¡Cuánto lamento oírle decir eso! Como es natural, la finalidad del legado es la de que aumenten y se propaguen los pelirrojos, y no sólo su conservación. Es una gran desgracia que usted sea un hombre sin familia.» También mi cara se nubló al oír aquello, señor Holmes, viendo que, después de todo, se me escapaba, la vacante; pero, después de pensarlo por espacio de algunos minutos, sentenció que eso no importaba. «Tratándose de otro -dijo-, esa objeción podría ser fatal; pero estiraremos la cosa en favor de una persona de un pelo como el suyo. ¿Cuándo podrá usted hacerse cargo de sus nuevas obligaciones?» «Hay un pequeño inconveniente, puesto que yo tengo un negocio mío», contesté. «¡Oh! No se preocupe por eso, señor Wilson -dijo Vicente Spaulding-. Yo me cuidaré de su negocio.» «¿Cuál será el horario?», pregunté. «De diez a dos.» Pues bien: el negocio de préstamos se hace principalmente a eso del anochecido, señor Holmes, especialmente los jueves y los viernes, es decir, los días anteriores al de paga; me venía, pues, perfectamente el ganarme algún dinerito por las mañanas. Además, yo sabía que mi empleado es una buena persona y que atendería a todo lo que se le presentase. «Ese horario me convendría perfectamente -le dije-. ¿Y el sueldo?» «Cuatro libras a la semana.» «¿En qué consistirá el trabajo?» «El trabajo es puramente nominal.» «¿Qué entiende usted por puramente nominal?» «Pues que durante esas horas tendrá usted que hacer acto de presencia en esta oficina, o, por lo menos, en este edificio. Si usted se ausenta del mismo, pierde para siempre su empleo. Sobre este punto es terminante el testamento. Si usted se ausenta de la oficina en estas horas, falta a su compromiso.» «Son nada más que cuatro horas al día, y no se me ocurrirá ausentarme», le contesté. «Si lo hiciese, no le valdrían excusas -me dijo el señor Duncan Ross-. Ni por enfermedad, negocios, ni nada. Usted tiene que permanecer aquí, so pena de perder la colocación.» «¿Y el trabajo?» «Consiste en copiar la Enciclopedia Británica. En este estante tiene usted el primer volumen. Usted tiene que procurarse tinta, plumas y papel secante; pero nosotros le suministramos esta mesa y esta silla. ¿Puede usted empezar mañana?» «Desde luego que sí», le contesté. «Entonces, señor Jabez Wilson, adiós, y permítame felicitarle una vez más por el importante empleo que ha tenido usted la buena suerte de conseguir.» Se despidió de mí con una reverencia, indicándome que podía retirarme, y yo me volví a casa con mi empleado, sin saber casi qué decir ni qué hacer, de tan satisfecho como estaba con mi buena suerte. Pues bien: me pasé el día dando vueltas en mi cabeza al asunto, y para cuando llegó la noche, volví a sentirme abatido, porque estaba completamente convencido de que todo aquello no era sino una broma o una superchería, aunque no acertaba a imaginarme qué finalidad podían proponerse. Parecía completamente imposible que hubiese nadie capaz de hacer un testamento semejante, y de pagar un sueldo como aquél por un trabajo tan sencillo como el de copiar la Enciclopedia Británica. Vicente Spaulding hizo todo cuanto le fue posible por darme ánimos, pero a la hora de acostarme había yo acabado por desechar del todo la idea. Sin embargo, cuando llegó la mañana resolví ver en qué quedaba aquello, compré un frasco de tinta de a penique, me proveí de una pluma de escribir y de siete pliegos de papel de oficio, y me puse en camino para Pope’s Court. Con gran sorpresa y satisfacción mía, encontré las cosas todo lo bien que podían estar. La mesa estaba a punto, y el señor Duncan Ross, presente para cerciorarse de que yo me ponía a trabajar. Me señaló para empezar la letra A, y luego se retiró; pero de cuando en cuando aparecía por allí para comprobar que yo seguía en mi sitio. A las dos me despidió, me felicitó por la cantidad de trabajo que había hecho, y cerró la puerta del despacho después de salir yo. Un día tras otro, las cosas siguieron de la misma forma, y el gerente se presentó el sábado, poniéndome encima de la mesa cuatro soberanos de oro, en pago del trabajo que yo había realizado durante la semana. Lo mismo ocurrió la semana siguiente, y la otra. Me presenté todas las mañanas a las diez, y me ausenté a las dos. Poco a poco, el señor Duncan Ross se limitó a venir una vez durante la mañana, y al cabo de un tiempo dejó de venir del todo. Como es natural, yo no me atreví, a pesar de eso, a ausentarme de la oficina un sólo momento, porque no tenía la seguridad de que él no iba a presentarse, y el empleo era tan bueno, y me venía tan bien, que no me arriesgaba a perderlo. Transcurrieron de idéntica manera ocho semanas, durante las cuales yo escribí lo referente a los Abades, Arqueros, Armaduras, Arquitectura y Ática, esperanzado de llegar, a fuerza de diligencia, muy pronto a la b. Me gasté algún dinero en papel de oficio, y ya tenía casi lleno un estante con mis escritos. Y de pronto se acaba todo el asunto.

-¿Que se acabó?

-Sí, señor. Y eso ha ocurrido esta mañana mismo. Me presenté, como de costumbre, al trabajo a las diez; pero la puerta estaba cerrada con llave, y en mitad de la hoja de la misma, clavado con una tachuela, había un trocito de cartulina. Aquí lo tiene, puede leerlo usted mismo.

Nos mostró un trozo de cartulina blanca, más o menos del tamaño de un papel de cartas, que decía lo siguiente:

Ha Quedado Disuelta

La Liga De Los Pelirrojos

9 Octubre 1890

Sherlock Holmes y yo examinamos aquel breve anuncio y la cara afligida que había detrás del mismo, hasta que el lado cómico del asunto se sobrepuso de tal manera a toda otra consideración, que ambos rompimos en una carcajada estruendosa.

-Yo no veo que la cosa tenga nada de divertida -exclamó nuestro cliente sonrojándose hasta la raíz de sus rojos cabellos-. Si no pueden ustedes hacer en favor mío otra cosa que reírse, me dirigiré a otra parte.

-No, no -le contestó Holmes empujándolo hacia el sillón del que había empezado a levantarse-. Por nada del mundo me perdería yo este asunto suyo. Se sale tanto de la rutina, que resulta un descanso. Pero no se me ofenda si le digo que hay en el mismo algo de divertido. Vamos a ver, ¿qué pasos dio usted al encontrarse con ese letrero en la puerta?

-Me dejó de una pieza, señor. No sabía qué hacer. Entré en las oficinas de al lado, pero nadie sabía nada. Por último, me dirigí al dueño de la casa, que es contador y vive en la planta baja, y le pregunté si podía darme alguna noticia sobre lo ocurrido a la Liga de los Pelirrojos. Me contestó que jamás había oído hablar de semejante sociedad. Entonces le pregunté por el señor Duncan Ross, y me contestó que era la vez primera que oía ese nombre. «Me refiero, señor, al caballero de la oficina número cuatro», le dije. «¿Cómo? ¿El caballero pelirrojo?» «Ese mismo.» «Su verdadero nombre es William Morris. Se trata de un procurador, y me alquiló la habitación temporalmente, mientras quedaban listas sus propias oficinas. Ayer se trasladó a ellas.» «Y ¿dónde podría encontrarlo?» «En sus nuevas oficinas. Me dió su dirección. Eso es, King Edward Street, número diecisiete, junto a San Pablo.» Marché hacia allí, señor Holmes, pero cuando llegué a esa dirección me encontré con que se trataba de una fábrica de rodilleras artificiales, y nadie había oído hablar allí del señor William Morris, ni del señor Duncan Ross.

-Y ¿qué hizo usted entonces? -le preguntó Holmes.

-Me dirigí a mi casa de Saxe-Coburg Square, y consulté con mi empleado. No supo darme ninguna solución, salvo la de decirme que esperase, porque con seguridad que recibiría noticias por carta. Pero esto no me bastaba, señor Holmes. Yo no quería perder una colocación como aquélla así como así; por eso, como había oído decir que usted llevaba su bondad hasta aconsejar a la pobre gente que lo necesita, me vine derecho a usted.

-Y obró usted con gran acierto -dijo Holmes-.

El caso de usted resulta extraordinario, y lo estudiaré con sumo gusto. De lo que usted me ha informado, deduzco que aquí están en juego cosas mucho más graves de lo que a primera vista parece.

-¡Que si se juegan cosas graves! -dijo el señor Jabez Wilson-. Yo, por mi parte, pierdo nada menos que cuatro libras semanales.

-Por lo que a usted respecta -le hizo notar Holmes-, no veo que usted tenga queja alguna contra esta extraordinaria Liga. Todo lo contrario; por lo que le he oído decir, usted se ha embolsado unas treinta libras, dejando fuera de consideración los minuciosos conocimientos que ha adquirido sobre cuantos temas caen bajo la letra A. A usted no le han causado ningún perjuicio.

-No, señor. Pero quiero saber de esa gente, enterarme de quiénes son, y qué se propusieron haciéndome esta jugarreta, porque se trata de una jugarreta. La broma les salió cara, ya que les ha costado treinta y dos libras.

-Procuraremos ponerle en claro esos extremos. Empecemos por un par de preguntas, señor Wilson. Ese empleado suyo, que fue quien primero le llamó la atención acerca del anuncio, ¿qué tiempo llevaba con usted?

-Cosa de un mes.

-¿Cómo fue el venir a pedirle empleo?

-Porque puse un anuncio.

-¿No se presentaron más aspirantes que él?

-Se presentaron en número de una docena.

-¿Por qué se decidió usted por él?

-Porque era listo y se ofrecía barato.

-A mitad de salario, ¿verdad?

-Sí.

-¿Cómo es ese Vicente Spaulding?

-Pequeño, grueso, muy activo, imberbe, aunque no bajará de los treinta años. Tiene en la frente una mancha blanca, de salpicadura de algún ácido.

Holmes se irguió en su asiento, muy excitado, y dijo:

-Me lo imaginaba. ¿Nunca se fijó usted en si tiene las orejas agujereadas como para llevar pendientes?

-Sí, señor. Me contó que se las había agujereado una gitana cuando era todavía muchacho.

-¡Ejem!-dijo Holmes recostándose de nuevo en su asiento-. Y ¿sigue todavía en casa de usted?

– Sí, señor; no hace sino un instante que lo dejé.

-¿Y estuvo bien atendido el negocio de usted durante su ausencia?

-No tengo queja alguna, señor. De todos modos, poco es el negocio que se hace por las mañanas.

-Con esto me basta, señor Wilson. Tendré mucho gusto en exponerle mi opinión acerca de este asunto dentro de un par de días. Hoy es sábado; espero haber llegado a una conclusión allá para el lunes.

* * *

-Veamos, Watson -me dijo Holmes una vez que se hubo marchado nuestro visitante-. ¿Qué saca usted en limpio de todo esto?

-Yo no saco nada -le contesté con franqueza-. Es un asunto por demás misterioso.

-Por regla general -me dijo Holmes-, cuanto más estrambótica es una cosa, menos misteriosa suele resultar. Los verdaderamente desconcertantes son esos crímenes vulgares y adocenados, de igual manera que un rostro corriente es el más difícil de identificar. Pero en este asunto de ahora tendré que actuar con rapidez.

-Y ¿qué va usted a hacer? -le pregunté.

-Fumar -me respondió-. Es un asunto que me llevará sus tres buenas pipas, y yo le pido a usted que no me dirija la palabra durante cincuenta minutos.

Sherlock Holmes se hizo un ovillo en su sillón, levantando las rodillas hasta tocar su nariz aguileña, y de ese modo permaneció con los ojos cerrados y la negra pipa de arcilla apuntando fuera, igual que el pico de algún extraordinario pajarraco. Yo había llegado a la conclusión de que se había dormido, y yo mismo estaba cabeceando; pero Holmes saltó de pronto de su asiento con el gesto de un hombre que ha tomado una resolución, y dejó la pipa encima de la repisa de la chimenea, diciendo:

-Esta tarde toca Sarasate en St. James Hall. ¿Qué opina usted, Watson? ¿Pueden sus enfermos prescindir de usted durante algunas horas?

-Hoy no tengo nada que hacer. Mi clientela no me acapara nunca mucho.

-En ese caso, póngase el sombrero y acompáñeme. Pasaré primero por la City, y por el camino podemos almorzar alguna cosa. Me he fijado en que el programa incluye mucha música alemana, que resulta más de mi gusto que la italiana y la francesa. Es música introspectiva, y yo quiero hacer un examen de conciencia. Vamos.

Hasta Aldersgate hicimos el viaje en el ferrocarril subterráneo; un corto paseo nos llevó hasta Saxe-Coburg Square, escenario del extraño relato que habíamos escuchado por la mañana. Era ésta una placita ahogada, pequeña, de quiero y no puedo, en la que cuatro hileras de desaseadas casas de ladrillo de dos pisos miraban a un pequeño cercado, de verjas, dentro del cual una raquítica cespedera y unas pocas matas de ajado laurel luchaban valerosamente contra una atmósfera cargada de humo y adversa. Tres bolas doradas y un rótulo marrón con el nombre «Jabez Wilson», en letras blancas, en una casa que hacía esquina, servían de anuncio al local en que nuestro pelirrojo cliente realizaba sus transacciones. Sherlock Holmes se detuvo delante del mismo, ladeó la cabeza y lo examinó detenidamente con ojos que brillaban entre sus encogidos párpados. Después caminó despacio calle arriba, y luego calle abajo hasta la esquina, siempre con la vista clavada en los edificios. Regresó, por último, hasta la casa del prestamista, y, después de golpear con fuerza dos o tres veces en el suelo con el bastón, se acercó a la puerta y llamó. Abrió en el acto un joven de aspecto despierto, bien afeitado, y le invitó a entrar.

-No, gracias; quería sólo preguntar por dónde se va a Stran -dijo Holmes.

-Tres a la derecha, y luego cuatro a la izquierda contestó el empleado, apresurándose a cerrar.

-He ahí un individuo listo -comentó Holmes cuando nos alejábamos-. En mi opinión, es el cuarto en listeza de Londres, y en cuanto a audacia, quizá pueda aspirar a ocupar el tercer lugar. He tenido antes de ahora ocasión de intervenir en asuntos relacionados con él.

-Es evidente -dije yo- que el empleado del señor Wilson entre por mucho en este misterio de la Liga de los Pelirrojos. Estoy seguro de que usted le preguntó el camino únicamente para tener ocasión de echarle la vista encima.

-No a él.

-¿A quién, entonces?

-A las rodilleras de sus pantalones.

-¿Y qué vio usted en ellas?

-Lo que esperaba ver.

-¿Y por qué golpeó usted el suelo de la acera?

-Mi querido doctor, éstos son momentos de observar, no de hablar. Somos espías en campo enemigo. Ya sabemos algo de Saxe-Coburg Square. Exploremos ahora las travesías que tiene en su parte posterior.

La carretera por la que nos metimos al doblar la esquina de la apartada plaza de Saxe-Coburg presentaba con ésta el mismo contraste que la cara de un cuadro con su reverso. Estábamos ahora en una de las arterias principales por donde discurre el tráfico de la City hacia el Norte y hacia el Oeste. La calzada se hallaba bloqueada por el inmenso río del tráfico comercial que fluía en una doble marea hacia dentro y hacia fuera, en tanto que los andenes hormigueaban de gentes que caminaban presurosas. Contemplando la hilera de tiendas elegantes y de magníficos locales de negocio, resultaba difícil hacerse a la idea de que, en efecto, desembocasen por el otro lado en la plaza descolorida y muerta que acabábamos de dejar.

-Veamos -dijo Holmes, en pie en la esquina y dirigiendo su vista por la hilera de edificios adelante-. Me gustaría poder recordar el orden en que están aquí las casas. Una de mis aficiones es la de conocer Londres al dedillo. Tenemos el Mortimer’s, el despacho de tabacos, la tiendecita de periódicos, la sucursal Coburg del City and Suburban Bank, el restaurante vegetalista y el depósito de las carrocerías McFarlane. Y con esto pasamos a la otra manzana, Y ahora, doctor, ya hemos hecho nuestra trabajo, y es tiempo de que tengamos alguna distracción. Un bocadillo, una taza de café, y acto seguido a los dominios del violín, donde todo es dulzura, delicadeza y armonía, y donde no existen clientes pelirrojos que nos molesten con sus rompecabezas.

Era mi amigo un músico entusiasta que no se limitaba a su gran destreza de ejecutante, sino que escribía composiciones de verdadero mérito. Permaneció toda la tarde sentado en su butaca sumido en la felicidad más completa; de cuando en cuando marcaba gentilmente con el dedo el compás de la música, mientras que su rostro de dulce sonrisa y sus ojos ensoñadores se parecían tan poco a los de Holmes el sabueso, a los de Holmes el perseguidor implacable, agudo, ágil, de criminales, como es posible concebir. Los dos aspectos de su singular temperamento se afirmaban alternativamente, y su extremada exactitud y astucia representaban, según yo pensé muchas veces, la reacción contra el humor poético y contemplativo que, en ocasiones, se sobreponía dentro de él. Ese vaivén de su temperamento lo hacía pasar desde la más extrema languidez a una devoradora energía; y, según yo tuve oportunidad de saberlo bien, no se mostraba nunca tan verdaderamente formidable como cuando se había pasado días enteros descansando ociosamente en su sillón, entregado a sus improvisaciones y a sus libros de letra gótica. Era entonces cuando le acometía de súbito el anhelo vehemente de la caza, y cuando su brillante facultad de razonar se elevaba hasta el nivel de la intuición, llegando al punto de que quienes no estaban familiarizados con sus métodos le mirasen de soslayo, como a persona cuyo saber no era el mismo de los demás mortales. Cuando aquella tarde lo vi tan arrebujado en la música de St. James Hall, tuve la sensación de que quizá se les venían encima malos momentos a aquellos en cuya persecución se había lanzado.

-Seguramente que querrá usted ir a su casa, doctor -me dijo cuando salíamos.

-Sí, no estaría de más.

-Y yo tengo ciertos asuntos que me llevarán varias horas. Este de la plaza de Coburg es cosa grave.

-¿Cosa grave? ¿Por qué?

-Está preparándose un gran crimen. Tengo toda clase de razones para creer que llegaremos a tiempo de evitarlo. Pero el ser hoy sábado complica bastante las cosas. Esta noche lo necesitaré a usted.

-¿A qué hora?

-Con que venga a las diez será suficiente.

-Estaré a las diez en Baker Street.

-Perfectamente. ¡Oiga, doctor! Échese el revólver al bolsillo, porque quizá la cosa sea peligrosilla.

Me saludó con un vaivén de la mano, giró sobre sus tacones, y desapareció instantáneamente entre la multitud.

Yo no me tengo por más torpe que mis convecinos, pero siempre que tenía que tratar con Sherlock Holmes me sentía como atenazado por mi propia estupidez. En este caso de ahora, yo había oído todo lo que él había oído, había visto lo que él había visto, y, sin embargo, era evidente, a juzgar por sus palabras, que él veía con claridad no solamente lo que había ocurrido, sino también lo que estaba a punto de ocurrir, mientras que a mí se me presentaba todavía todo el asunto como grotesco y confuso. Mientras iba en coche hasta mi casa de Kensington, medité sobre todo lo ocurrido, desde el extraordinario relato del pelirrojo copista de la Enciclopedia, hasta la visita a Saxe-Coburg Square, y las frases ominosas con que Holmes se había despedido de mí. ¿Qué expedición nocturna era aquélla, y por qué razón tenía yo que ir armado? ¿Adonde iríamos, y qué era lo que teníamos que hacer? Holmes me había insinuado que el empleado barbilampiño del prestamista era un hombre temible, un hombre que quizá estaba desarrollando un juego de gran alcance. Intenté desenredar el enigma, pero renuncié a ello con desesperanza, dejando de lado el asunto hasta que la noche me trajese una explicación.

Eran las nueve y cuarto cuando salí de mi casa y me encaminé, cruzando el Parque y siguiendo por Oxford Street, hasta Baker Street. Había parados delante de la puerta dos coches hanso, y al entrar en el Vestíbulo oí ruido de voces en el piso superior. Al entrar en la habitación de Holmes, encontré a éste en animada conversación con dos hombres, en uno de los cuales reconocí al agente oficial de Policía Peter Jones; el otro era un hombre alto, delgado, caritristón, de sombrero muy lustroso y levita abrumadoramente respetable.

-¡Aja! Ya está completa nuestra expedición -dijo Holmes, abrochándose la zamarra de marinero y cogiendo del perchero su pesado látigo de caza-. Creo que usted, Watson. conoce ya al señor Jones, de Scotlan Yard. Permítame que le presente al señor Merryweather, que será esta noche compañero nuestro de aventuras.

-Otra vez salimos de caza por parejas, como usted ve, doctor -me dijo Jones con su prosopopeya habitual-. Este amigo nuestro es asombroso para levantar la pieza. Lo que él necesita es un perro viejo que le ayude a cazarla.

-Espero que, al final de nuestra caza, no resulte que hemos estado persiguiendo fantasmas -comentó, lúgubre, el señor Merryweather.

-Caballero, puede usted depositar una buena dosis de confianza en el señor Holmes -dijo con engreimiento el agente de Policía-. Él tiene pequeños métodos propios, y éstos son, si él no se ofende porque yo se lo diga, demasiado teóricos y fantásticos, pero lleva dentro de sí mismo a un detective hecho y derecho. No digo nada de más afirmando que en una o dos ocasiones, tales como el asunto del asesinato de Sholto y del tesoro de Agra, ha andado más cerca de la verdad que la organización policíaca.

-Me basta con que diga usted eso, señor Jones -respondió con deferencia el desconocido-. Pero reconozco que echo de menos mi partida de cartas. Por vez primera en veintisiete años, dejo de jugar mi partida de cartas un sábado por la noche.

-Creo-le hizo notar Sherlock Holmes -que esta noche se juega usted algo de mucha mayor importancia que todo lo que se ha jugado hasta ahora, y que la partida le resultará más emocionante. Usted, señor Merryweather, se juega unas treinta mil libras esterlinas, y usted, Jones, la oportunidad de echarle el guante al individuo a quien anda buscando.

-A John Clay, asesino, ladrón, quebrado fraudulento y falsificador. Se trata de un individuo joven, señor Merryweather, pero marcha a la cabeza de su profesión, y preferiría esposarlo a él mejor que a ningún otro de los criminales de Londres. Este John Clay es hombre extraordinario. Su abuelo era duque de sangre real, y el nieto cursó estudios en Eton y en Oxford. Su cerebro funciona con tanta destreza como sus manos, y aunque encontramos rastros suyos a la vuelta de cada esquina, jamás sabemos dónde dar con él. Esta semana violenta una casa en Escocia, y a la siguiente va y viene por Cornwall recogiendo fondos para construir un orfanato. Llevo persiguiéndolo varios años, y nunca pude ponerle los ojos encima.

-Espero tener el gusto de presentárselo esta noche. También yo he tenido mis más y mis menos con el señor John Clay, y estoy de acuerdo con usted en que va a la cabeza de su profesión. Pero son ya las diez bien pasadas, y es hora de que nos pongamos en camino. Si ustedes suben en el primer coche, Watson y yo los seguiremos en el segundo.

Sherlock Holmes no se mostró muy comunicativo durante nuestro largo trayecto en coche, y se arrellanó en su asiento tarareando melodías que había oído aquella tarde. Avanzamos traqueteando por un laberinto inacabable de calles alumbradas con gas, y desembocamos, por fin, en Farringdon Street.

-Ya estamos llegando -comentó mi amigo-. Este Merryweather es director de un Banco, y el asunto le interesa de una manera personal. Me pareció asimismo bien el que nos acompañase Jones. No es mala persona, aunque en su profesión resulte un imbécil perfecto. Posee una positiva buena cualidad. Es valiente como un bull-dog, y tan tenaz como una langosta cuando cierra sus garras sobre alguien. Ya hemos llegado, y nos esperan.

Estábamos en la misma concurrida arteria que habíamos visitado por la mañana. Despedimos a nuestros coches y, guiados por el señor Merryweather, nos metimos por un estrecho pasaje, y cruzamos una puerta lateral que se abrió al llegar nosotros. Al otro lado había un corto pasillo, que terminaba en una pesadísima puerta de hierro. También ésta se abrió, dejándonos pasar a una escalera de piedra y en curva, que terminaba en otra formidable puerta. El señor Merryweather se detuvo para encender una linterna, y luego nos condujo por un corredor oscuro y que olía a tierra; luego, después de abrir una tercera puerta, desembocamos en una inmensa bóveda o bodega en que había amontonadas por todo su alrededor jaulas de embalaje con cajas macizas dentro.

-Desde arriba no resulta usted muy vulnerable -hizo notar Holmes, manteniendo en alto la linterna y revisándolo todo con la mirada.

-Ni desde abajo -dijo el señor Merryweather golpeando con su bastón en las losas con que estaba empedrado el suelo-. ¡Por vida mía, esto suena a hueco! -exclamó, alzando sorprendido la vista.

-Me veo obligado a pedir a usted que permanezca un poco más tranquilo -le dijo con severidad Holmes-. Acaba usted de poner en peligro todo el éxito de la expedición. ¿Puedo pedirle que tenga la bondad de sentarse encima de una de estas cajas, sin intervenir en nada?

El solemne señor Merryweather se encaramó a una de las jaulas de embalaje mostrando gran disgusto en su cara, mientras Holmes se arrodillaba en el suelo y, sirviéndose de la linterna y de una lente de aumento, comenzó a escudriñar minuciosamente las rendijas entre losa y losa. Le bastaron pocos segundos para llegar al convencimiento, porque se puso ágilmente en pie y se guardó su lente en el bolsillo.

-Tenemos por delante lo menos una hora -dijo a modo de comentario-, porque nada pueden hacer mientras el prestamista no se haya metido en la cama. Pero cuando esto ocurra, pondrán inmediatamente manos a la obra, pues cuanto antes le den fin, más tiempo les quedará para la fuga. Doctor, en este momento nos encontramos, según usted habrá ya adivinado, en los sótanos de la sucursal que tiene en la City uno de los principales bancos londinenses. El señor Merryweather es el presidente del Consejo de dirección, y él explicará a usted por qué razones puede esta bodega despertar ahora mismo vivo interés en los criminales más audaces de Londres.

-Se trata del oro francés que aquí tenemos-cuchicheó el director-. Hemos recibido ya varias advertencias de que quizá se llevase a cabo una tentativa para robárnoslo.

-¿El oro francés?

-Sí. Hace algunos meses se nos presentó la conveniencia de reforzar nuestros recursos, y para ello tomamos en préstamo treinta mil napoleones oro al Banco de Francia. Ha corrido la noticia de que no habíamos tenido necesidad de desempaquetar el dinero, y que éste se encuentra aún en nuestra bodega. Esta jaula sobre la que estoy sentado encierra dos mil napoleones empaquetados entre capas superpuestas de plomo. En este momento, nuestras reservas en oro son mucho más elevadas de lo que es corriente guardar en una sucursal, y el Consejo de dirección tenía sus recelos por este motivo.

-Recelos que estaban muy justificados -hizo notar Holmes-. Es hora ya de que pongamos en marcha nuestros pequeños planes. Calculo que de aquí a una hora las cosas habrán hecho crisis. Para empezar, señor Merryweather, es preciso que corra la pantalla de esta linterna sorda.

-¿Y vamos a permanecer en la oscuridad?

-Eso me temo. Traje conmigo un juego de cartas, pensando que, en fin de cuentas, siendo como somos una partie carree,quizá no se quedara usted sin echar su partidita habitual. Pero, según he observado, los preparativos del enemigo se hallan tan avanzados, que no podemos correr el riesgo de tener luz encendida. Y. antes que nada, tenemos que tomar posiciones. Esta gente es temeraria y, aunque los situaremos en desventaja, podrían causarnos daño si no andamos con cuidado. Yo me situaré detrás de esta jaula, y ustedes escóndanse detrás de aquéllas. Cuando yo los enfoque con una luz, ustedes los cercan rápidamente. Si ellos hacen fuego, no sienta remordimientos de tumbarlos a tiros, Watson.

Coloqué mi revólver, con el gatillo levantado, sobre la caja de madera detrás de la cual estaba yo parapetado. Holmes corrió la cortina delantera de su linterna, y nos dejó; sumidos en negra oscuridad, en la oscuridad más absoluta en que yo me encontré hasta entonces. El olor del metal caliente seguía atestiguándonos que la luz estaba encendida, pronta a brillar instantáneamente. Aquellas súbitas tinieblas, y el aire frío y húmedo de la bodega, ejercieron una impresión deprimente y amortiguadora sobre mis nervios, tensos por la más viva expectación.

-Sólo les queda un camino para la retirada -cuchicheó Holmes-; el de volver a la casa y salir a Saxe-Coburg Square. Habrá usted hecho ya lo que le pedí, ¿verdad?

-Un inspector y dos funcionarios esperan en la puerta delantera.

-Entonces, les hemos tapado todos los agujeros. Silencio, pues, y a esperar.

¡Qué larguísimo resultó aquello! Comparando notas más tarde, resulta que la espera fue de una hora y cuarto, pero yo tuve la sensación de que había transcurrido la noche y que debía de estar alboreando por encima de nuestras cabezas. Tenía los miembros entumecidos y cansados, porque no me atrevía a cambiar de postura, pero mis nervios habían alcanzado el más alto punto de tensión, y mi oído se había agudizado hasta el punto de que no sólo escuchaba la suave respiración de mis compañeros, sino que distinguía por su mayor volumen la inspiración del voluminoso Jones, de la nota suspirante del director del Banco. Desde donde yo estaba, podía mirar por encima del cajón hacia el piso de la bodega. Mis ojos percibieron de pronto el brillo de una luz.

Empezó por ser nada más que una leve chispa en las losas del empedrado, y luego se alargó hasta convertirse en una línea amarilla; de pronto, sin ninguna advertencia ni ruido, pareció abrirse un desgarrón, y apareció una mano blanca, femenina casi, que tanteó por el centro de la pequeña superficie de luz. Por espacio de un minuto o más, sobresalió la mano del suelo, con sus inquietos dedos. Se retiró luego tan súbitamente como había aparecido, y todo volvió a quedar sumido en la oscuridad, menos una chispita cárdena, reveladora de una grieta entre las losas.

Pero esa desaparición fue momentánea. Una de las losas, blancas y anchas, giró sobre uno de sus lados, produciendo un ruido chirriante, de desgarramiento, dejando abierto un hueco cuadrado, por el que se proyectó hacia fuera la luz de una linterna. Asomó por encima de los bordes una cara barbilampiña, infantil, que miró con gran atención a su alrededor y luego, haciendo palanca con las manos a un lado y otro de la abertura, se lanzó hasta sacar primero los hombros, luego la cintura, y apoyó por fin una rodilla encima del borde. Un instante después se irguió en pie a un costado del agujero, ayudando a subir a un compañero, delgado y pequeño como él, de cara pálida y una mata de pelo de un rojo vivo.

-No hay nadie -cuchicheó-. ¿Tienes el cortafrío y los talegos?… ¡Válgame Dios! ¡Salta, Archie, salta; yo le haré frente!

Sherlock Holrnes había saltado de su escondite, agarrando al intruso por el cuello de la ropa. El otro se zambulló en el agujero, y yo pude oír el desgarrón de sus faldones en los que Jones había hecho presa. Centelleó la luz en el cañón de un revólver, pero el látigo de caza de Holmes cayó sobre la muñeca del individuo, y el arma fue a parar al suelo, produciendo un ruido metálico sobre las losas.

-Es inútil, John Clay -le dijo Holmes, sin alterarse-; no tiene usted la menor probabilidad a su favor.

-Ya lo veo-contestó el otro con la mayor sangre fría-. Supongo que mi compañero está a salvo, aunque, por lo que veo, se han quedado ustedes con las colas de su chaqueta.

-Le esperan tres hombres a la puerta -le dijo Holmes.

-¿Ah, sí? Por lo visto no se le ha escapado a usted detalle. Le felicito.

-Y yo a usted -le contestó Holmes-. Su idea de los pelirrojos tuvo gran novedad y eficacia.

-En seguida va usted a encontrarse con su compinche -dijo Jones-. Es más ágil que yo descolgándose por los agujeros. Alargue las manos mientras le coloco las pulseras.

-Haga el favor de no tocarme con sus manos sucias -comentó el preso, en el momento en que se oyó el clic de las esposas al cerrarse-. Quizá ignore que corre por mis venas sangre real. Tenga también la amabilidad de darme el tratamiento de señor y de pedirme las cosas por favor.

-Perfectamente-dijo Jones, abriendo los ojos y con una risita-. ¿Se digna, señor, caminar escaleras arriba, para que podamos llamar a un coche y conducir a su alteza hasta la Comisaría?

-Así está mejor -contestó John Clay serenamente. Nos saludó a los tres con una gran inclinación cortesana, y salió de allí tranquilo, custodiado por el detective.

-Señor Holmes -dijo el señor Merryweather, mientras íbamos tras ellos, después de salir de la bodega-, yo no sé cómo podrá el Banco agradecérselo y recompensárselo. No cabe duda de que usted ha sabido descubrir y desbaratar del modo más completo una de las tentativas más audaces de robo de bancos que yo he conocido.

-Tenía mis pequeñas cuentas que saldar con el señor John Clay-contestó Holmes-. El asunto me ha ocasionado algunos pequeños desembolsos que espero que el Banco me reembolsará. Fuera de eso, estoy ampliamente recompensado con esta experiencia, que es en muchos aspectos única, y con haberme podido enterar del extraordinario relato de la Liga de los Pelirrojos.

Ya de mañana, sentado frente a sendos vasos de whisky con soda en Baker Street, me explicó Holmes:

-Comprenda usted, Watson; resultaba evidente desde el principio que la única finalidad posible de ese fantástico negocio del anuncio de la Liga y del copiar la Enciclopedia, tenía que ser el alejar durante un número determinado de horas todos los días a este prestamista, que tiene muy poco dé listo. El medio fue muy raro, pero la verdad es que habría sido difícil inventar otro mejor. Con seguridad que fue el color del pelo de su cómplice lo que sugirió la idea al cerebro ingenioso de Clay. Las cuatro libras semanales eran un señuelo que forzosamente tenía que atraerlo, ¿y qué suponía eso para ellos, que se jugaban en el asunto muchos millares? Insertan el anuncio; uno de los granujas alquila temporalmente la oficina, y el otro incita al prestamista a que se presente a solicitar el empleo, y entre los dos se las arreglan para conseguir que esté ausente todos los días laborables. Desde que me enteré de que el empleado trabajaba a mitad de sueldo, vi con claridad que tenía algún motivo importante para ocupar aquel empleo.

-¿Y cómo llegó usted a adivinar este motivo?

-Si en la casa hubiese habido mujeres, habría sospechado que se trataba de un vulgar enredo amoroso. Pero no había que pensar en ello. El negocio que el prestamista hacía era pequeño, y no había nada dentro de la casa que pudiera explicar una preparación tan complicada y un desembolso como el que estaban haciendo. Por consiguiente, era por fuerza algo que estaba fuera de la casa. ¿Qué podía ser? Me dio en qué pensar la afición del empleado a la fotografía, y el truco suyo de desaparecer en la bodega… ¡La bodega! En ella estaba uno de los extremos de la complicada madeja. Pregunté detalles acerca del misterioso empleado, y me encontré con que tenía que habérmelas con uno de los criminales más calculadores y audaces de Londres. Este hombre estaba realizando en la bodega algún trabajo que le exigía varias horas todos los días, y esto por espacio de meses. ¿Qué puede ser?, volví a preguntarme. No me quedaba sino pensar que estaba abriendo un túnel que desembocaría en algún otro edificio. A ese punto había llegado cuando fui a visitar el lugar de la acción. Lo sorprendí a usted cuando golpeé el suelo con mi bastón. Lo que yo buscaba era descubrir si la bodega se extendía hacia la parte delantera o hacia la parte posterior. No daba a la parte delantera. Tiré entonces de la campanilla, y acudió, como yo esperaba, el empleado. El y yo hemos librado algunas escaramuzas, pero nunca nos habíamos visto. Apenas si me fijé en su cara. Lo que yo deseaba ver eran sus rodillas. Usted mismo debió de fijarse en lo desgastadas y llenas de arrugas y de manchas que estaban. Pregonaban las horas que se había pasado socavando el agujero. Ya sólo quedaba por determinar hacia dónde lo abrían. Doblé la esquina, me fijé en que el City and Suburban Bank daba al local de nuestro amigo, y tuve la sensación de haber resuelto el problema. Mientras usted, después del concierto, marchó en coche a su casa, yo me fui de visita a Scotland Yard, y a casa del presidente del directorio del Banco, con el resultado que usted ha visto.

-¿Y cómo pudo usted afirmar que realizarían esta noche su tentativa? -le pregunté.

-Pues bien: al cerrar las oficinas de la Liga daban con ello a entender que ya les tenia sin cuidado la presencia del señor Jabez Wilson; en otras palabras: que habían terminado su túnel. Pero resultaba fundamental que lo aprovechasen pronto, ante la posibilidad de que fuese descubierto, o el oro trasladado a otro sitio. Les convenía el sábado, mejor que otro día cualquiera, porque les proporcionaba dos días para huir. Por todas esas razones yo creí que vendrían esta noche.

-Hizo usted sus deducciones magníficamente -exclamé con admiración sincera-. La cadena es larga, pero, sin embargo, todos sus eslabones suenan a cosa cierta. ,

-Me libró de mi fastidio -contestó Holmes, bostezando-. Por desgracia, ya estoy sintiendo que otra vez se apodera de mí. Mi vida se desarrolla en un largo esfuerzo para huir de las vulgaridades de la existencia. Estos pequeños problemas me ayudan a conseguirlo.

-Y es usted un benefactor de la raza humana -le dije yo.

Holmes se encogió de hombros, y contestó a modo de comentario:

-Pues bien: en fin de cuentas, quizá tengan alguna pequeña utilidad. L’homme c’est ríen, l’ouvre c’est tout, según escribió Gustavo Flaubert a George Sand.

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