domingo, 19 de junho de 2016

1815: Napoleão perde a batalha de Waterloo


Em 18 de junho de 1815, Napoleão Bonaparte perdeu a batalha de Waterloo contra a Inglaterra e a Prússia. As potências europeias encerraram o império de Napoleão 1º e o deportaram para Santa Helena.

Napoleão 1º dominou a política europeia de 1799 a 1815

Napoleão 1º deixou o seu exílio na ilha de Elba, em 26 de fevereiro de 1815, para retornar à pátria, no sul da França. Em 20 de março, ele foi recebido com triunfo em Paris. Pouco tempo depois, a Inglaterra, Prússia, Áustria e Rússia decidiram recomeçar a guerra contra Napoleão. O imperador francês aproveitou o entusiasmo na França para organizar um novo exército e, em seguida, marchou com 125 mil homens e 25 mil cavalos para a Bélgica, a fim de impedir a coalizão dos exércitos inglês e prussiano.

Em 26 de junho de 1815, as tropas francesas alcançaram Charleroi. Atrás da cidade, numa encruzilhada, o exército de Napoleão dividiu-se em duas colunas: uma marchou em direção a Bruxelas contra as tropas de Wellington, e outra, sob o comando do próprio Napoleão, em direção a Fleuru, contra o exército prussiano de Blücher.

No cerco das linhas inimigas, Blücher aquartelou-se no moinho de vento de Brye, sem saber que, igualmente a partir de um moinho, Napoleão podia observar, com telescópio, o movimento das tropas inimigas. Às 15 horas do mesmo dia, os franceses começaram a atacar.

Prússia perde batalha de Ligny

O exército da Prússia dispunha de mais de 84 mil homens e 216 canhões, enquanto os franceses tinham 67.800 homens e 164 canhões. Mas os prussianos cometeram um erro grave. Eles confiaram na chegada do exército de Wellington, na parte da tarde, a fim de apoiá-los no combate contra os franceses. Por isso, se entrincheiraram no lugarejo de Ligny para aguardar a chegada dos ingleses.

Os franceses atacaram o lugar com canhões. A esperança que os prussianos depositaram em Wellington foi em vão. Os franceses ganharam a batalha. Na mesma noite, Blücher ordenou a retirada para o norte. Os prussianos foram vencidos, deixando 20 mil mortos para trás, mas ainda não haviam sido derrotados definitivamente.

Chuvas retardam batalha de Waterloo

Wellington e sua tropa alcançaram o planalto de Mont Saint Jean, situado na estrada de Bruxelas para Charleroi, em 17 de junho de 1815. Até então, ele ainda não tinha se confrontado com as tropas francesas, porque Napoleão não havia feito novos ataques, depois da vitória de Ligny. Wellington se aquartelou na cavalariça de Waterloo. As fortes chuvas que haviam começado cair à tarde transformaram rapidamente o solo num charco, dificultando o movimento e o posicionamento dos canhões.

Blücher, general da Prússia

Ao cair da tarde, os soldados franceses também alcançaram a fazenda Belle Alliance, na estrada de Bruxelas para Charleroi. Napoleão se aquartelou na fazenda La Caillou e passou a observar como os ingleses se entrincheiravam no planalto. No café da manhã seguinte (18 de junho de 1815), o imperador francês expôs o seu plano de batalha. Ele queria primeiro conquistar a posição ocupada pelos ingleses. Os canhões deveriam atacar o inimigo com fogo cerrado. Napoleão estava seguro da vitória e que derrotaria as tropas de Wellington antes da chegada dos prussianos.

Primeiras armas de destruição em massa

O ataque estava previsto para as nove da manhã, mas sofreu um atraso de duas horas e meia por causa do aguaceiro. Primeiro, os franceses tentaram conquistar o morgadio Hougoumont, mas os ingleses estavam bem posicionados e usaram uma arma nova poderosa contra as fileiras compactas das tropas atacantes.
A arma eram granadas, espécie de balas de chumbo dentro de um invólucro de aço, que podiam ser disparadas a longas distâncias. Os franceses tentaram várias vezes, em vão, tomar Hougoumont, até desistirem às 17 horas. Diante dos muros de Hougoumont ficaram mais de 3 mil mortos.

Enquanto isso, Napoleão dava a ordem de avançar sobre La Haie Sainte, para poder atacar os ingleses entrincheirados no planalto. Neste momento, ele já sabia que os prussianos se aproximavam. E a partir daí, a saída para Waterloo era uma questão de tempo. A nova arma de destruição em massa causou baixas terríveis no ataque a La Haie Sainte, mas os franceses conseguiram conquistar a fazenda. O front de Wellington cambaleou. Seus generais exigiram que ele enviasse suas reservas, mas ele não as tinha mais.
Chegada das tropas prussianas

O comando avançado prussiano chegou, finalmente, ao campo de batalha depois das 19 horas. Para Napoleão, era evidente que tinha de tomar uma decisão e ordenou a sua combativa Guarda Imperial a atacar. A nova arma de destruição em massa atingiu os franceses em cheio. Para piorar a situação das tropas napoleônicas, as prussianas chegaram pouco depois das 20 horas.

O exército francês ainda tentou fugir, mas a batalha de Waterloo estava decidida. Às 21h30, o prussiano Blücher abraçou o inglês Wellington diante da fazenda Belle Alliance, selando a vitória. (ef)


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1901: Unificação da ortografia alemã



No dia 17 de junho de 1901, a Conferência para a Unificação da Ortografia Alemã impôs regras fundamentais para a língua, uniformizando-a na Alemanha, na Suíça e na Áustria.


Uma língua, uma grafia

Quando a língua alemã começou a substituir oficialmente o latim, na Idade Média, houve muita confusão nos mosteiros e entre os escrivães da Alemanha. O idioma oral era razoavelmente compreensível, mas, no papel, havia até três versões para a mesma palavra. Por isso, era necessário estabelecer uma ordem ortográfica.
Regras valem em parte até hoje

Suas regras fundamentais foram formuladas pelo filósofo e linguista Johann Christoph Adelung (1732-1806). A implementação dessas regras, porém, foi mais difícil do que se imaginava, porque só se dispunha do alfabeto latino para escrever em alemão. Adelung recorreu a combinações de consoantes e vogais para representar certos sons da língua alemã.

Nas suas Normas da Ortografia Alemã, de 1782, ele definiu uma forma escrita para cada palavra. A obra serviu de base para a unificação linguística da Alemanha e, em grande parte, continua valendo até hoje.
As regras de ortografia, que antes serviam apenas de orientação para uso geral, viraram lei no Império Prussiano. O primeiro principado alemão a transformá-las em norma escolar obrigatória foi Hannover, em 1855, seguido por Württemberg. O Ministério da Cultura da Prússia convocou, então, uma conferência para unificar a ortografia em todo o império.

Difícil consenso

Mas nem todos os estados alemães adotaram imediatamente a nova ortografia. A conferência teve de ser adiada.

Um dos participantes, o linguista Konrad Duden (1829-1911), tentou um consenso, apresentando um Dicionário Ortográfico Completo da Língua Alemã. Ao mesmo tempo, seu concorrente Wilhem Wilmanns escreveu o livro Regras e Vocabulário para a Ortografia Alemã a serem usados nas escolas prussianas.
Lutero como precursor

O chanceler imperial Otto von Bismark (1815-1898) optou pelo Dicionário Ortográfico – hoje conhecido como Duden. No final do século 19, a Suíça e a Áustria também adotaram a ortografia prussiana, proclamada oficial pela Conferência de 1901.

Adelung e Duden transformaram em regras parte do que Martinho Lutero (1483-1546) já havia testado, na prática, séculos antes. Ao traduzir a Bíblia em linguagem acessível em 1522 (publicada em 1534), ele foi o pioneiro de uma língua alemã unificada.

Autoria Catrin Möderler (gh)


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Venho aqui falar, Sergio Godinho

Quando eu morrer, que me
enterrem na beira do
chapadão
— contente com minha terra,
cansado de tanta guerra,
crescido de coração.
Tôo.

- João Guimarães Rosa, do conto "Barra da Vaca", no livro 'Tutaméia: Terceiras estórias'. 9ª ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

ADEUS, Ó RÚSSIA MAL LAVADA..."

"
Adeus, ó Rússia mal lavada,
terra de escravo e grão-senhor,
adeus, ubíquo azul de farda
e gente afeita ao seu feitor.
Talvez o Cáucaso, alto muro,
me oculte enfim de teus paxás,
cujo olhar vê tudo no escuro
e cujo ouvido ouve até mais.
*
MIKHAIL LIÉRMONTOV

tradução BORIS SCHNAIDERMAN e NELSON ASCHER.
Como diria o guru do Rodrigo Constantino: Pôxa! Ainda tem politólogo por aí dizendo que os partidos políticos e o legislativo não são importantes para a qualidade das políticas públicas, e que um "presidente forte" pode implementar as políticas que lhe der nas telhas, nas cacholas... Daí prá tese do "semi-presidencialismo é golpe" a distância é mínima. Isso sempre me faz recordar duas máximas do falecido Barão: (i) o Estavo Novo é o estado a que chegamos; (ii) com Jânio Quadros, a jumentalidade brasileira finalmente tem sua consagração nas urnas....Talvez esteja aí a origem do famoso traço nas eleições municipais e legislativas de certos partidos extremistas.

Sérgio Braga

SÉRGIO GODINHO, "Liberdade"

A la traición de una hermosa


Ramón López Velarde

Tú que prendiste ayer los aurorales
fulgores del amor en mi ventana;
tú, bella infiel, adoración lejana
madona de eucologios y misales:

Tú, que ostentas reflejos siderales
en el pecho enjoyado, grave hermana,
y en tus ojos, con lumbre sobrehumana,
brillan las tres virtudes teologales:

no pienses que tal vez te guardo encono
por tus nupcias de hoy. Que te bendiga
mi señor Jesucristo. Yo perdono

tu flaqueza, y esclavo de tu hechizo
de tu primer hijuelo, dulce amiga,

celebraré en mis versos el bautizo.

El niño espía


Alphonse Daudet

Se llamaba Stenne, el pequeño Stenne. Era un niño de París, débil, paliducho, que lo mismo podía tener diez años como quince. Con estos chiquillos, no se puede decir la edad con exactitud. Su madre había muerto; su padre, antiguo soldado de la marina, era guarda de jardines en una plaza del barrio del Temple. Los niños, las niñeras, las señoras mayores que van con sus sillas plegables bajo el brazo, las madres pobres, toda la gente sencilla y tímida que busca amparo contra los carruajes en esos parterres rodeados de aceras, conocían al señor Stenne y lo apreciaban. Todos sabían que bajo aquellos grandes bigotes, espanto de los perros y de los ociosos que bostezan en los bancos, se ocultaba una tierna sonrisa casi maternal, y que para hacer surgir esa sonrisa no había más que preguntarle al pobre hombre: «¿Cómo está su hijo? ¿Qué tal se porta?». ¡Quería tanto a su hijo! ¡Era tan feliz cuando por la tarde, al salir de la escuela, el niño venía a buscarlo y juntos daban una vuelta por los paseos, deteniéndose ante cada banco para saludar a los conocidos y corresponder a sus saludos!

Pero llegó el sitio y, desgraciadamente, todo cambió. Cerraron el jardín y lo convirtieron en depósito de barriles de petróleo, y el pobre hombre, obligado a una vigilancia constante, se pasaba la vida deambulando entre los macizos desiertos, destrozados, solitarios, sin poder fumar, sin poder ver al hijo nada más que en casa, por la noche y ya muy tarde. Así que había que ver sus bigotes cuando le mencionaban a los prusianos...

Pero Stenne hijo, por supuesto que no se quejaba de la nueva vida. ¡Un sitio! ¿Hay algo más entretenido para un chiquillo? ¡Ni escuela ni maestros! Vacaciones perpetuas y la calle animada como una feria... El niño se pasaba el día entero fuera de casa, en total libertad. Acompañaba a los batallones del barrio que iban a los fuertes, eligiendo preferentemente a los que tenían una buena banda, y en esto el chico era experto. Decía con aplomo que la del 96 no valía gran cosa; pero que, en cambio, la del 55 era estupenda. Otras veces miraba cómo los guardias móviles hacían instrucción. Y además tenía otro entretenimiento: las colas. Con su cesta al brazo, se metía en aquellas largas filas que se formaban, en la oscuridad de las mañanas de invierno sin gas, a la puerta de las carnicerías, de las panaderías. Con los pies en los charcos, se trababan nuevas amistades, se hablaba de política y, como hijo del señor Stenne, los demás le pedían su opinión. Pero más divertidas aún eran las partidas de chito, famoso juego de galocha que pusieron de moda los móviles bretones durante el sitio. Cuando Stenne hijo no estaba en las fortificaciones ni en las panaderías, ya se sabía dónde se le podía encontrar: en la partida de chito que se hacía junto al Château-d'Eau. Él no jugaba, claro está; necesitaría mucho dinero y no lo tenía; pero se contentaba mirando cómo jugaban los demás. Uno de ellos, alto, de camisa azul, que manejaba mucho dinero, despertaba su admiración. Cuando corría se le oían sonar los francos en el bolsillo. Un día, al agacharse para coger una moneda que había rodado hasta los pies de Stenne, el chico le dijo en voz baja:

-No te quedes bizco. Si quieres, puedo decirte de dónde se sacan.

Cuando la partida terminó, se lo llevó consigo a un rincón de la plaza y le propuso ir juntos a vender periódicos a los prusianos. Se sacaban treinta francos limpios por cada viaje. Al principio, Stenne lo rechazó muy indignado, y se pasó tres días sin volver a la partida; tres días terribles, sin comer ni dormir. Por la noche veía montones de chitos, derechos, al pie de la cama, y monedas de franco, brillantes, deslizándose por el suelo... La tentación era demasiado fuerte, y a los cuatro días volvió al Château-d'Eau, vio al otro y se dejó convencer. Una mañana que había nevado salieron con su saco al hombro y los periódicos escondidos bajo las camisas. Cuando llegaron a la puerta de Flandes, no se veía apenas; el grande tomó a Stenne de la mano, y acercándose al centinela -un buen hombre civil, con la nariz roja y aspecto de infeliz- le dijo:

-Déjenos pasar, buen hombre. Tenemos a nuestra madre enferma y no tenemos padre. Voy con mi hermano a ver si podemos coger algunas papas en el campo...

Lloraba mientras hablaba. Stenne, avergonzado, bajaba la cabeza; el centinela los miró un instante; luego miró el camino, nevado y desierto:

-¡Está bien, pasen! -les dijo, dejándolos pasar.

Ahí los vemos camino de Aubervilliers. ¡Y anda que no se reía el grandullón! Desconcertado, y como en sueños, Stenne veía fábricas convertidas en cuarteles, barricadas desiertas, llenas de andrajos mojados; largas chimeneas que perforaban la niebla y ascendían hacia el cielo, rotas, desportilladas. De trecho en trecho un centinela, oficiales encapuchados, que miraban a lo lejos con gemelos, y tiendas de campaña hundidas en la nieve, fundida junto a las hogueras medio apagadas. El joven conocía los caminos y se echaba a campo traviesa para evitar los puestos. Pero, de repente y sin tener escapatoria, fueron a dar de bruces con una avanzada de franco-tiradores. Los franco-tiradores, vestidos con capotes cortos, se agazapaban en el fondo de una trinchera encharcada que corría paralela al ferrocarril de Soissons. Ahora no les valió repetir su triste historia: no los dejaron pasar. Mientras lloriqueaba, de la casa de la guardesa salió un sargento, de cabeza canosa y cara arrugada, que se parecía al señor Stenne.

-¡Vamos, pequeños, límpiense esas lágrimas! -dijo a los chicos-. Luego irán a coger papas; ahora entren a calentarse un poco. ¡Vaya una cara de frío que tiene este chiquillo!

¡Ay! Stenne no temblaba de frío precisamente; temblaba de miedo, de vergüenza. En el puesto encontraron algunos soldados acurrucados junto al fuego agonizante, un auténtico fuego de viuda, a cuya llama deshelaban la torta, pinchada en la punta de las bayonetas. Les dieron una copa y un poco de café. Mientras bebían, un oficial llegó a la puerta, llamó al sargento, habló en voz baja con él y se fue enseguida.

-¡Muchachos! -dijo feliz el sargento-. ¡Esta noche va a haber hule! Conocemos el santo y seña de los prusianos. Me parece que esta vez les arrebatamos ese condenado fuerte de Bourget.

Sonó una explosión de ¡bravos! y de risas. Bailaban, cantaban, limpiaban los machetes. Aprovechando el bullicio, los muchachos desaparecieron. Más allá de la trinchera sólo se veía la llanura, y al fondo un largo muro blanco, agujereado de troneras. Se dirigieron hacia aquel muro, deteniéndose a cada paso e inclinándose como para coger papas.

-Volvamos... No vayamos allá -decía a cada momento el pequeño. El otro se encogía de hombros y seguía adelante. De repente oyeron el tictac de amartillar un fusil.

-¡Agáchate! -dijo el mayor, echándose cuerpo a tierra.

Luego silbó; otro silbido le respondió sobre la nieve. Avanzaban a rastras. Delante del muro, a ras del suelo, surgieron dos bigotes rubios bajo una gorra grasienta. El mayor saltó dentro de la trinchera, junto al prusiano.

-Es mi hermano -dijo, señalando a su acompañante.

Stenne era tan pequeño que, al verlo, el prusiano se echó a reír y tuvo que cogerlo en brazos para subirlo hasta la brecha del muro. Al otro lado de éste se veían terraplenes, árboles tendidos, agujeros negros en la nieve, y en cada agujero, la misma gorra grasienta, los mismos bigotes amarillentos riendo al ver pasar a los chiquillos.

En un rincón se hallaba la casa del jardinero, protegida por troncos de árboles. La planta baja estaba repleta de soldados que jugaban a las cartas mientras se cocía la sopa sobre una espléndida hoguera. Olía apetitosamente a coles, a tocino. ¡Qué diferencia con el campamento de los franco-tiradores! En el primer piso se oía a los oficiales tocar el piano, descorchar vino de Champaña. Cuando los parisinos entraron, los acogieron con un ¡hurra!; éstos entregaron sus periódicos y los otros los invitaron a beber haciéndolos hablar. Los oficiales tenían un aspecto bravucón y malévolo, pero el joven los divertía con su imaginación pintoresca y su vocabulario de golfillo; y reían, repetían las palabras después de él y se revolcaban gustosos en el cieno de París que llegaba hasta ellos. Stenne también hubiera querido decir algo para demostrar que no era un idiota; pero algo le trababa la lengua. Frente a él, a un lado, había un prusiano mayor, más serio que los demás, que leía, o que más bien parecía leer, porque no le quitaba ojo. En esa mirada había una mezcla de ternura y de reproche, como si el hombre estuviera pensando para sus adentros: «Quisiera morir antes que ver a mi hijo hacer semejante papel». Desde ese instante, Stenne sintió como si una mano se posase sobre su corazón y le impidiese latir. Para aturdirse, se puso a beber copa tras copa. Pronto todo empezó a darle vueltas; en medio de grandes carcajadas, oía confusamente que su compañero se burlaba de los guardias nacionales, de su manera de hacer la instrucción; imitaba un zafarancho de combate en el Marais, una alarma nocturna en las murallas. Después bajó la voz; los oficiales se le acercaron y sus rostros se pusieron serios. El miserable les iba a descubrir los planes de ataque de los franco-tiradores. Eso era demasiado. Stenne se levantó furioso, despejado de repente. «Eso no..., no quiero». Pero el otro sólo le contestó con una sonrisa y continuó. Antes de que acabara, los oficiales ya se habían levantado. Uno de ellos le indicó la puerta a los chiquillos:

-Ya pueden marcharse -les dijo. Y se pusieron a hablar muy agitados en alemán. El mayor salió de allí altivo como un dux, haciendo sonar el dinero; el pequeño lo seguía con la frente baja, y cuando pasó junto al prusiano, cuya mirada tanto le había impactado, oyó una voz triste que le decía: «Esto no está bien, no está bien». Y los ojos se le llenaron de lágrimas.

Una vez en la llanura, los muchachos echaron a correr y entraron pronto en París. Como llevaban el saco lleno de papas (que les habían dado los alemanes), llegaron sin tropiezo hasta la trinchera de los franco-tiradores. No se veía otra cosa sino preparativos para el ataque de la noche. Sigilosamente llegaban tropas que se agrupaban detrás de las paredes. El viejo sargento estaba muy contento de acá para allá preparando su sección. Cuando los muchachos pasaron, los reconoció y los saludó con una sonrisa paternal. ¡Qué daño le hizo aquella sonrisa al pequeño Stenne! Un grito estuvo a punto de salírsele de la boca: «¡No vayan esta noche!... Los acabamos de traicionar...». Pero el otro lo había advertido: «Si te vas de la lengua, nos fusilan a los dos», y el miedo le impidió hablar.

En el barrio de la Courneuve entraron en una casa abandonada para repartirse las ganancias. La verdad me obliga a decir que la partición se hizo con toda honradez, y que al oír sonar las monedas en su bolsillo, y al pensar en la cantidad de partidas de chito que podría jugar, Stenne no encontró tan horrible lo que había hecho. Pero cuando se quedó solo, cuando pasadas unas cuantas puertas el mayor lo dejó, entonces sus bolsillos empezaron a hacérsele cada vez más pesados, y la mano que le oprimía el corazón se lo apretaba más fuerte que nunca. París ya no le parecía el mismo de antes. La gente que pasaba a su lado lo miraba severamente, como si supiera de dónde venía. Escuchaba la palabra espía en el sonido de las ruedas, en el redoble de tambor de los que hacían la instrucción a lo largo del canal. Por fin llegó a su casa y, contento de que su padre no estuviera aún allí, subió corriendo a su cuarto y escondió bajo la almohada el dinero que tanto le pesaba.

Hacía tiempo que el señor Stenne no volvía a casa tan contento, tan feliz como aquella noche. Se acababan de recibir noticias de provincias; las cosas marchaban mejor. Mientras comía, el viejo soldado miraba su fusil colgado en la pared, y decía sonriendo al chiquillo:

-¡Qué bien te las verías con los prusianos si fueras un poco mayor!

Hacia las ocho comenzó a tronar el cañón. «Es el fuerte de Aubervilliers; la batalla es en el Bourget» -decía el buen hombre, que conocía todos los fuertes-. Stenne se puso lívido, y pretextando estar cansado, se fue a acostar; pero no pudo pegar un ojo. El cañón sonaba sin cesar. Se imaginaba a los franco-tiradores deslizándose en la noche para sorprender a los prusianos, y cayendo, a su vez, en una emboscada; se acordaba del sargento que le había sonreído y lo veía tendido en la nieve, y al lado de él, ¡quién sabe cuántos más! Y el precio de tanta sangre estaba escondido allí, bajo su almohada, y era él, el hijo del señor Stenne, el hijo de un soldado, el que... Las lágrimas lo ahogaban; en el cuarto contiguo oía a su padre andar, abrir la ventana. Abajo, en la plaza, tocaban a llamada; un batallón de móviles se numeraba para marchar. Iba a ser una gran batalla, si lugar a dudas. El infeliz no pudo contener un sollozo.

-¿Qué te pasa? -le preguntó el padre entrando en la habitación.

El chiquillo no aguantó más; saltó de la cama e intentó echarse a los pies de su padre. Al realizar este movimiento, el dinero rodó por el suelo.

-¿Qué es esto? ¿Has robado? -preguntaba el viejo, tembloroso.

Entonces, sin tomar aliento, el muchacho le contó que había ido a las líneas prusianas y lo que había hecho. A medida que hablaba sentía que su corazón latía con más libertad; la confesión lo aliviaba. Cuando terminó, se tapó la cara con las manos y se puso a llorar.

-¡Padre! ¡padre! -dijo el chico tratando de acercársele.

El padre lo rechazó sin hablar, recogió el dinero y lo guardó en el bolsillo.

-¿Has terminado? -preguntó.

El chico hizo un gesto afirmativo con la cabeza. El padre descolgó su fusil y su cartuchera.

-¡Voy a devolver esto!

Y, sin añadir ni una palabra más, sin volver siquiera la cabeza, fue a unirse a los móviles que iban a salir hacia el frente aquella misma noche.

No se le ha vuelto a ver nunca más.

FIN


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