terça-feira, 15 de maio de 2018

Pensar o governo do Paraná como um comitê executivo da burguesia seria muito sofisticado


Pensar o governo do Paraná como um comitê executivo da burguesia seria muito sofisticado e moderno para o que existe. Trata-se mais de um comitê eleitoral da família governamental de plantão à espera do próximo pleito. Muitos associam o atual festival de denúncias e gravações contra o ex-governador como uma movimentação do primeiro-cavalheiro, ou primeiro-damo, exigindo para si e sua família a cobiçada vaga de senador antes supostamente destinada ao anterior. A lei férrea do nepotismo indica que somente uma única família ocupa integralmente o executivo a cada vez e reina sozinha, sem consortes ou nepotes anteriores.

Ricardo Costa de Oliveira

Como você conseguiu o seu primeiro emprego ? Quem o indicou (QI)?


A tarefa da sociologia em desconstruir a ideologia ingênua da meritocracia e revelar conexões familiares e interesses de classe sempre desmascara e desoculta as ideologias oficiais dos poderosos de plantão. Sérgio Moro foi indicado pelo ex-reitor da Universidade de Maringá, Neumar Adélio Godoy, para um dos primeiros empregos em escritório de advocacia de direito tributário com Irivaldo de Souza, um dos principais na região de Maringá e bastante envolvido com a política local. Neumar Godoy já apresentava conexões familiares e pessoais com os pais de Sérgio Moro, Dalton e Odete, de acordo com várias fontes. Neumar Godoy pode ter sido considerado um reitor no campo da direita e mesmo no autoritarismo do final da ditadura. Em 1981 ocorreu um episódio afastando universitários do DCE e o Deputado Federal, Heitor Furtado, solicitou a destituição do reitor da UEM. Neumar Godoy também foi posteriormente secretário municipal de Sílvio Barros o II. Muitas famílias do poder político, no legislativo e no judiciário, sempre tentam ocultar decisivas conexões profissionais e mesmo formas de nepotismos e indicações políticas, sob a ideologia da meritocracia e de “pretensas origens simples e muito trabalho”, mecanismos que os poderosos usam e abusam e que os periféricos e subalternos não conseguem acesso quando procuram empregos e cargos. O livro clássico do sociólogo Mark Granovetter - Getting A Job: A Study of Contacts and Careers já demonstra que para se obter um “bom” emprego não basta o que um candidato conhece, mas quem o candidato conhece ! O famoso network ou QI !



Ricardo Costa de Oliveira

grande anarquia e descontrole nas áreas da segurança e militar.


Uma das consequências mais nefastas para o Brasil com o golpe é a grande anarquia e descontrole nas áreas da segurança e militar. O gesto de delegado da polícia federal, candidato de um partido político derrotado nas últimas eleições, ao querer destruir os equipamentos de som de manifestação e cometer um crime na frente da mesma polícia, sem advertência e prisão em flagrante, revela o pior momento das forças de segurança desde o final da ditadura, quando a péssima imagem das instituições desmoralizava totalmente seus ocupantes. No mesmo dia uma revista sensacionalista e de fake news apresentava supostas informações de dentro da prisão política de Lula na mesma polícia federal. A revista veja foi desmentida em nota oficial e como sempre não acontecem consequências destes atos ilegais e mentirosos. Um general da ativa que comenta medidas políticas do STF no twitter se afasta do regimento disciplinar e da Constituição. Militares de pijama radicais de extrema direita, sem maior cultura e sem votos, também não ajudam na imagem democrática do setor. Como o crime é o social pela culatra, a grave crise social depois de dois anos de desgoverno golpista mais uma vez revelou um grande número de policiais mortos na semana. No Rio de Janeiro, ainda sob intervenção federal militar fracassada, o assassinato de um capitão da pm foi o 40° do ano, com o fechamento de várias vias e linhas de transporte, com várias outras mortes sucedendo na Cidade de Deus. No Brasil inteiro o número de policiais mortos cresce assustadoramente e o de civis também, como em Belém do Pará, com dezenas de chacinados nas periferias. A grave crise social e a grave crise na segurança pública só serão revertidas com o restabelecimento da plena legitimidade e autoridade democráticas e pelo respeito das hierarquias legais derivadas somente do poder soberano do voto emanado diretamente do povo brasileiro. Fora isso só piora.

Ricardo Costa de Oliveira

1942: Genocídio dos judeus poloneses



No dia 17 de março de 1942, começou a Operação Reinhard, que levou ao assassinato de mais de 2 milhões de judeus.



O projeto de genocídio foi comandado pelo líder da SS e chefe da polícia de Liubliana, Odilo Globocnik. Tanto ele como o seu grande número de colaboradores eram austríacos. Nos três grandes centros de aniquilamento com câmaras de gás (Belzec, Sobibor e Treblinka), foram executados mais de 1,5 milhão de judeus e 50 mil ciganos entre março de 1942 e novembro de 1943. Ao todo, a operação levou à morte de mais de 2 milhões de judeus.

Os preparativos para a operação já haviam começado no final do ano de 1941, mas somente em meados de 1942 ela recebeu o nome de Reinhard Heydrich, que morreu num atentado em junho deste ano. Seu objetivo: o genocídio sistemático dos judeus poloneses e o confisco de seus bens.

Construção de campos de extermínio

O general Himmler havia encarregado Globocnik e outros cem homens de implementarem a operação (o grupo já havia participado das mortes por eutanásia na Alemanha nazista). No âmbito da operação, foram construídos três campos de extermínio: Belzec, Sobibor e Treblinka. A cada dia, os campos de extermínio recebiam um trem com 60 vagões lotados de passageiros destinados às câmaras de gás.

Os alemães abusavam da brutalidade: idosos, doentes e crianças geralmente já eram executados a tiros diretamente nos guetos. Os judeus iam direto para as câmaras da morte. Os três campos usavam monóxido de carbono, que matava em 20 minutos. Da chegada do trem até a completa remoção dos cadáveres, demorava de 60 a 90 minutos.

Os corpos eram depositados em enormes valas. Somente um ano depois, quando começaram a ser removidos os vestígios dos assassinatos, é que os cadáveres foram exumados e queimados. A Operação Reinhard foi encerrada em novembro de 1943, com um saldo de mais de 2 milhões de judeus mortos.

Autoria Rachel Gessat (rw)

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1916: Ministro da Guerra ordena censo entre judeus no Exército alemão



No dia 11 de outubro de 1916, o ministro alemão da Guerra ordenou um censo entre judeus nas Forças Armadas, para comprovar se eles combatiam na frente de batalha ou se utilizavam suas influências para escapar do combate.


"Que significa essa besteira? Querem nos degradar para soldados de segunda categoria, nos ridicularizar perante todo o Exército? E isso quando arriscamos a vida pelo nosso país."

O que provocara a indignação do terceiro sargento Julius Marx, em outubro de 1916, foi uma determinação do Ministério da Guerra. A ordem intitulava-se, em linguagem burocrática: "Constatação dos judeus que prestam serviço militar obrigatório no Exército".

Pressão lobista

Oficialmente, o cadastramento serviria para "investigar as queixas apresentadas com frequência ao Ministério da Guerra sobre o tratamento privilegiado dado aos judeus na liberação do serviço militar obrigatório, e para poder combater eventualmente tais ocorrências". Na realidade, o Ministério da Guerra cedera à pressão de um lobby poderoso, e aos próprios preconceitos antissemitas.

No início da guerra, tudo parecia indicar que o entusiasmo nacionalista, que tomara conta de todas as camadas sociais e partidos, levaria a uma união do povo. As tensões políticas internas foram esquecidas, o SPD (Partido Social Democrata) abandonou sua ideologia internacionalista em favor da paz interna, e também as organizações judaicas conclamaram seus membros a "pôr suas forças à disposição da pátria, acima da medida obrigatória".

Foram exatamente os social-democratas e os alemães de fé judaica a se alistarem voluntariamente em grande número no Exército, para provar seu patriotismo. Muitos judeus esperavam ser reconhecidos finalmente como cidadãos emancipados da Alemanha imperial, através de seu engajamento militar.

Breve ilusão igualitária

Tais esperanças pareciam de fato justificadas, pois pela primeira vez os judeus não eram mais ignorados nas promoções internas do Exército. Antes, seria impensável que um alemão de crença judaica pudesse tornar-se oficial – um amargo rebaixamento num país tão marcado pela vida militar, como era a Alemanha imperial.

Mas este tratamento justo e igualitário foi diminuindo, à medida que a guerra perdurava. Os velhos sentimentos e preconceitos antissemitas iam ressurgindo, quanto maior eram as tensões nas frentes de batalha e no país.

A partir de 1915, uma das mais radicais organizações antissemitas alemãs, a Reichshammerbund, passou juntamente com outras associações radicais de direita a conclamar o Ministério da Guerra a "acabar com a negligência dos judeus".

Esperanças destruídas

Os antissemitas espalhavam que os judeus aproveitavam os seus relacionamentos e a sua riqueza para conseguir postos intermediários sem risco pessoal. Através de postos importantes na economia de guerra do Império, eles se enriqueceriam às custas da miséria do povo.

Em vez de ignorar tais disparates ou de combatê-los, a liderança do Exército acabou ordenando uma "contagem dos judeus", pois também o corpo de oficiais alemães sempre fora extremamente antissemita.

A instrução de 11 de outubro de 1916 deixou claro que as esperanças de igualdade de direitos tinham sido vãs. Exatamente os muitos judeus com grande sentimento nacionalista foram profundamente atingidos em sua honra.

Deprimido, o escritor Jakob Wassermann escreveu: "É inútil viver para eles e morrer por eles. Eles dirão: ele é um judeu".

Resultados acabaram não publicados

Walther Rathenau, chefe da empresa AEG e a quem fora confiada a direção do departamento de matérias-primas bélicas no início da guerra, renunciou resignado ao cargo: "Quanto mais judeus morrerem nesta guerra, tanto mais os seus adversários tentarão provar que eles ficaram atrás das frentes de batalha, a fim de beneficiar-se da usura na economia de guerra".

As organizações judaicas na Alemanha protestaram em vão "contra as determinações excepcionais para os judeus, que rebaixam e humilham a disposição de sacrifício dos nossos irmãos de fé nos campos de batalha e no país".

O Ministério da Guerra acabou não publicando os resultados do cadastramento discriminador. Com toda razão, do seu ponto de vista. Pois, como revelou a análise dos dados coletados, os alemães de crença judaica comportaram-se exatamente da mesma maneira como os seus concidadãos cristãos.

Mas a mera realização do cadastramento – aliada ao fato de a liderança do Exército não ter desmentido as difamações, embora dispusesse até mesmo de material estatístico para tal – acabou reforçando as mentiras antissemíticas.

Autoria Rachel Gessat (am)

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