sábado, 18 de setembro de 2010

Solitude

Canção do meu sonho errante

Eu tenho a alma errante

e vago na terra a sonhar maravilhas…



Não para um momento!

Eu busco irriquieto o meu sonho inconstante

e sou como as asas, as velas, as quilhas,

as nuvens, o vento…



Eu sou como as coisas inquietas: o veio

que canta na leira; a fumaça que voa

na espira que sobe das achas; o anseio

dos longos coqueiros esguios;

a esteira de prata que deixa uma proa

no espelho dos rios.



Eu tenho a alma errante…



Boêmio, o meu sonho procura a carícia

fugace, procura

a glória mendaz e preclara.

Sou como a veia fenícia

ao largo, uma vela distante…



Eu tenho a alma errante…



E sinto uma estranha delícia

em tudo que passa e não dura,

em tudo que foge e não pára…

Menotti Del Picchia

Тайна Пространства