sábado, 18 de junho de 2016

Tenho um aluno surdo que, quando conversava com ele, parecia que ele estava conversando com outra pessoa, não comigo. Ontem descobri a causa. A intérprete traduzia os conceitos que eu estava apresentando à revelia das definições delimitadas por mim. Por exemplo, ela traduzia premissa (proposição que usamos para justificar a conclusão) por "ocorrido". Isso é um disparate sem igual! Ela justificou a tradução dizendo que era assim que ele entendia, como se meu trabalho de professor consistisse em apenas dar outros nomes para as coisas. Meu trabalho é apresentar novas ideias aos alunos para eles se desfazerem por conta própria os preconceitos que adquirimos ao longo da vida, e, assim, usarem suas ideias com mais precisão e coerência. Negar isso a um aluno com deficiência é uma discriminação grave.

Thiago Melo