quinta-feira, 20 de setembro de 2018


Em 1989 o bastão da representação de esquerda dos trabalhadores passou definitivamente para o PT, enquanto o Varguismo passava para a história. Desde então o PT é o tronco e a força principal da esquerda democrática no Brasil, sempre o mais ativo, qualificado e combativo partido competitivo e que já mostrou com Lula, que pode vencer as eleições e ter plenas capacidades de governança democrática e reformista. Um novo governo coletivo do PT e dos movimentos sociais, mais democrático, mais social, mais nacional e mais reformista é urgente e não o apelo a mais um líder do tipo carismático isolado, um líder desconhecido e ainda não testado em seu projeto, sem o apoio de um forte partido político de massas já experiente no poder. Não vejo muita razão em apoiar ou se inspirar em líderes personalistas como Putin, Erdogan, chefes de partidos nacionalistas, mas culturalmente muito conservadores e que não podem ser definidos como de esquerda na atual conjuntura. O Brasil já conheceu uma ditadura militar com péssimos resultados nos indicadores sociais e no aumento da fome. Também conheceu um líder saído das oligarquias e que serviu antes nos governos oligárquicos, antes de ser colocado na frente de um importante movimento político de renovação. Getúlio Vargas entre 1930 e 1945. A democracia, os partidos políticos eram questões menores naquele período e com este tipo de liderança a esquerda organizada, os movimentos sociais sempre são atacados e destruídos com o apoio da direita, assim que possível. Vargas promoveu algumas mudanças, mas preservou o “status quo” e o poder das mesmas oligarquias familiares anteriores. A direita e os conservadores derrotados em 1930, em 1932, logo apoiaram o massacre de Vargas contra a esquerda, em 1935 e 1937, apoiando o fim da democracia, a suspensão das eleições, o fechamento do Congresso, a censura, a tortura da ditadura do Estado Novo até o fim da Guerra. Por isso que não vejo com bons olhos pesquisas que colocam a direita apoiando Bolso, ou mesmo Ciro contra o PT, assim que o candidato principal da direita seja derrotado. A direita sempre sabe qual é o seu principal inimigo e o mais perigoso aos seus interesses de classe. No Brasil o PT é o principal inimigo da direita por motivos óbvios, os outros políticos e partidos até podem ser aceitos para alianças conservadoras, como FHC e o PSDB que foram de mala e cuia para a direita e não mais voltaram. Democracia só pode funcionar com grandes partidos políticos de massa, com partidos representando as maiorias de trabalhadores e camponeses, a classe média urbana, os professores e intelectuais progressistas. A “boa memória” que ficou de Getúlio Vargas foi a de 1950-1954, o homem de partido e de causas sociais, de causas nacionais progressistas, o líder eleito democraticamente e perseguido pela mesma direita reacionária que o apoiara em 1935 e 1937. Entre 1954 e 1964 a herança varguista teve a sua prova de fogo, com JK, João Goulart e Brizola, para ser infelizmente derrotada em 1964 e fechar o seu ciclo histórico. Agora estamos nos tempos do PT e somente este partido pode defender o Brasil da barbárie fascista, ditatorial, autoritária, representada por falsos salvadores personalistas de direita.

RCO