A pornografia é a cara cortada das mulheres. É um campo
livre, onde todos corremos buscando palavras, paz e sexo. É o título do meu
primeiro livro, onde escrevo, protesto e rebento. É abrir o baú guardado da
infância e da inocência. É roubar à religião a sua parte falsa. É ir pelo
monte, buscando corpos que te amem. É rasgar as cuecas. Sermos putas que
sangram muito e de forma muito profunda na noite. Quando amam. Quando lhes
escapa o coração da caixa dos sonhos mortos. Pornografia é cuspir na cara
violada de um homem. Os homens não entendem este falar nosso e feminino, ou
lutam por entender. Eu creio nas fotos do sexo. Como creio na sinceridade da
poesia. Palavras brutais carregadas de beleza. Creio que o ser humano nasceu
para vencer o medo através do amor e do sexo. Que a história não deixou falar
as mulheres e agora deixamos de calar. Tiramos as saias e os sapatos que nos
doíam e vamos como vacas pela vida, com os olhos abertos, animais, selvagens e
por fim livres, abertas, faladoras, liberadas.
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
AS FOTOS DO SEXO
De emergente envolvente para decadente isolado na política
da América do Sul em menos de um ano. Em janeiro de 2019, em Davos, no encontro
de capitalistas internacionais, Bolsonaro avisou que a Venezuela mudaria
rapidamente, antecipando a tentativa de golpe com Guaidó. Fracassaram porque o
governo da Venezuela resistiu e quem parece acabar o ano completamente isolado
é o Bolsonaro. Vitória eleitoral da oposição na Argentina, Fernandez e Cristina
apoiando o Lula Livre. Os governos de direita no Chile e Equador em profundas
crises e frangalhos, depois de grandes manifestações populares. O Paraguai
atravessou a grave crise de Itaipu, pouco comentada no Brasil. A Colômbia teve
mudanças nas eleições locais em Bogotá, Medellin e outras cidades derrotando a
direita. O Peru em crise e parlamento suspenso. Evo reeleito na Bolívia. A
Frente Ampla na frente nas eleições do Uruguai. A conjuntura geopolítica mudou
rapidamente durante o ano, a vitória da esquerda em Portugal, além de derrotas
de aliados extremistas de direita como Netanyahu e o processo de impeachment de
Trump caminhando.
RCO
Depois de tanta absurda justificativa a bel prazer dos
interesses saiba-se lá de quem, estamos presenciando a impunidade lograr êxito
onde "Têmis" deveria ser "Suprema".
Se compararmos nosso país, dito como abençoado por Deus e
bonito por natureza, com algumas feiuras que existem pelo globo terrestre onde
uma pessoa que rouba é ladrão e tem a mão amputada por isso, e, em casos mais
drásticos, a morte é sentença sumária, não conseguiremos entender o fato de
tais populações serem consideradas atrasadas.
O que é atraso?
- É o fato de alguma coisa que deveria acontecer dentro de
determinado tempo, não ter sido realizada;
- Noutro prisma visual, é alguém marcar certo horário e
chegar depois do combinado.
Ora, o Brasil..., de há muito deixa de realizar a tão
propalada evolução social, bem como, a tão sonhada Evolução Espiritual que
denotaria-o à condição de um "Nosso Lar".* O que está acontecendo na
atualidade, é que se houve alguma hora marcada para evoluirmos, creio que todos
chegamos - como população - devidamente..., atrasados.
O que vivemos?
- Adoramos um "Deus Onipotente Que A Tudo Vê" - em
hipótese - consagrado por alguns, recriminado por outros e temos uma
"Deusa Específica Denotada À Justiça", mas, que colocaram sobre os
olhos dela..., uma venda.
O fato é que as pessoas estão se subjugando a dois tipos de
venda, um, o da faixa de tecido coloca no rosto fechando os olhos e outro, no
sentido de verbo - venda - no ato de vender.
Vivemos uma "Realidade Irreal" que chega a
assustar aqueles que como eu já passaram dos 70 anos.
Desde que me entendo por gente, existem roubalheiras,
imoralidades, maus políticos, enfim, coisas ruins nunca deixaram de acontecer,
mas, guardávamos, num recôndito do coração uma boa dose de esperança e num
escaninho do cérebro um pouco de consciência. Atualmente, pessoas da minha
idade e infelizmente muitas bem mais novas, perderam a esperança e estão agindo
sem nenhuma consciência. Os tempos estão turvos.
Tudo que precisávamos era um pouco de luz, no espírito de
muita gente que segura uma caneta, mas, o que percebemos como a cereja do bolo
da hipocrisia - Data Vênia - é o Tribunal Federal que de Supremo..., nada tem,
pelo contrário, configura-se cada dia mais como Diminuto na Credibilidade;
Mínimo na Conduta que deveria ser Ilibada; Inferior no sentido da Honradez;
Insignificante para a Verdade e a Justiça; Irrelevante como degrau de
sobriedade, Ínfimo no procedimento pessoal, "Humano" no Pior
Entendimento Etimológico do termo, Mundano como Bordel de quinta categoria e
mais Profano que o Inferno de Dante, pois que, "Dante" configurou o
inferno com "Nove Círculos de Sofrimento" dentro da terra e o ST tem
"Onze Juízes" que se pensam Supremos..., sobre ela.
Que novos tempos venham, porque o tempo passado não deixa
boas recordações e o tempo atual configura-se como um novo "Dante" a
escrever novos infernos.
Na "Grande Comédia" da vida, não há nada de
"Divino".
Olinto Simões - 25/10/2019 - 6,50 h.
* - "Nosso Lar" - Livro da Federação Espírita
Brasileira - FEB - Psicografado por Chico Xavier, em audição/intuitiva do
espírito de André Luiz.
A crise do óleo nas praias revela a lamentável incapacidade
do Bolsonaro e das Forças Armadas na proteção da natureza do Brasil. Navios,
helicópteros, aviões e tropas servem para que afinal ? Imagine se ocorresse
algo semelhante nas praias dos EUA ou da Inglaterra e encontrassem barris da
Petrobras boiando por lá ? O sistema de multas contra pescadores pobres não
funciona contra ricas multinacionais, que não têm controle sobre o descarte e
controle de seus barris usados ? Mais uma vez a total incapacidade do
bolsonarismo, uma gestão que só serve para atender os interesses de
estrangeiros e de ricos na sua rapina e saque da natureza e dos trabalhadores
do Brasil. Se não encontram a fonte gigantesca do óleo também não encontram a
fonte da lábia do Queiroz, todos muito próximos !
RCO
Genealogia político-militar da deputada federal bolsonarista
Bia Kicis. Beatriz Kicis Torrents Pereira, nascida em Resende-RJ, 1961, filha
do coronel engenheiro do exército, Rubeni Torrents Pereira e de Leda Pfeil
Kicis. Neta paterna do capitão médico do exército, Rubem Gomes Pereira e de
Iracema Torrents Pereira. Neta materna do general Samuel Kicis, veterano da 2ª
Guerra Mundial na Itália e de Ruth do Couto Pfeil, filha do general João
Eduardo Pfeil e Dalila do Couto, irmã do coronel Eduardo Couto Pfeil, IPM-UFRJ,
secretário de segurança do Rio de Janeiro e comandante da PM em 1966, nome
citado no Relatório final da Comissão Municipal da Verdade de Petrópolis,
também irmão de Paulo Pfeil, secretário de educação no RJ na mesma conjuntura.
Samuel Kicis era filho de Isaac e Bertha Kicis, asquenazes da Bessarábia,
Europa Oriental. Bia Kicis Pereira foi casada com Francisco de Sordi,
divorciada. Procuradora do Distrito Federal aposentada. Irmã de Ruth Kicis Torrents
Pereira, também do MP-DF. Bia Kicis é deputada federal bolsonarista, ainda no
PSL, com perfil de extrema direita e conservadora na passada onda. Na reforma
da previdência a questão das bilionárias pensões para filhas de militares
permaneceu inalterada, entenderam ?
RCO
Sebastian Piñera, presidente do Chile, um dos mais ricos
empresários daquele país, possui uma genealogia política associada com a elite
colonial do Império Espanhol no Pacífico. O tetravô dele, Manuel Antonio de
Piñera Gutiérrez, veio de Ubiarco, na Cantábria, Norte da Espanha, para Lima,
no Vice-Reino do Perú. Casou na elite colonial local com uma mulher das velhas
famílias descendentes dos últimos imperadores incas, de acordo com as
genealogias. O filho José de Piñera y Lombera, trisavô de Sebastian Piñera,
nascido em Lima (1786-1847) é que passou para o Chile. Uma família sempre associada
com o Estado, como sempre adoram a mamata estatal, Estado máximo para eles e
Estado mínimo para trabalhadores pobres, sempre com cargos políticos e
atividades comerciais. Como boa parte da classe dominante latino-americana
formam uma poderosa oligarquia familiar. Sebastian Piñera é primo do atual
ministro do Interior e Segurança, fotografado ao lado de Pinochet quando jovem,
Andres Chadwick. O próprio General Iturriaga no comando do toque de recolher é
filho e parente de vários militares envolvidos na última ditadura de Pinochet,
espero que não aprofundem a necrogenealogia deles. Como verificamos a grande
concentração de renda e o autoritarismo sempre são produtos de famílias
políticas e empresariais de longa duração. O Brasil ainda possui a maior classe
dominante originária do Estado Colonial e a mais antiga aristocracia Imperial
da América.
RCO
Lições da Inquisição
Aos apoiadores incondicionais (repito, incondicionais) da
Lava Jato e dos procedimentos por ela usados, em cumplicidade de Sergio Moro e
outros magistrados, ou ex magistrados, recomenda-se a leitura do impecável
editorial de O Estado de São Paulo. Copiei e publiquei na íntegra para os não
assinantes. Ah! Os que são contra a Lava Jato também ganharão muito com a
leitura. RR
Lições da Inquisição
Nos dias de hoje, em que com frequência se dá às delações um
crédito irrazoável e desproporcional, é instrutivo recordar que foi esse tipo
de testemunho que ocasionou, em muitos países, uma epidemia sangrenta de
perseguição
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
28 de outubro de 2019 | 03h00
Nos anos 80, o Estado publicou um artigo do professor John
Tedeschi (A Outra Face da Inquisição, Suplemento de Cultura, 16/3/1986)
apontando como, ao contrário do que se consolidou no imaginário popular, já
havia na Inquisição romana do século 16 garantias processuais que depois seriam
incorporadas pelas legislações nacionais. O artigo indica, por exemplo, que o
Santo Ofício aplicava com frequência penas alternativas ao encarceramento, como
trabalhos obrigatórios em prisão domiciliar. Ou que cabia ao inquisidor prover
as despesas das testemunhas de defesa, caso o réu não dispusesse dos meios
necessários.
Tedeschi alerta que seu estudo se refere à instituição
estabelecida na Itália em meados do século 16, não devendo ser confundida “com
a Inquisição medieval que entrara em vigor no início do século 13 (e da qual a
Inquisição romana era a continuação) nem com o tribunal espanhol fundado em
1478 e cuja história é completamente distinta”. Também menciona que não deseja
amenizar os abusos cometidos pelos tribunais da Inquisição, nas diversas
épocas. Seu objetivo é, por meio de uma análise das fontes disponíveis, traçar
um panorama fidedigno do funcionamento daqueles tribunais.
À parte as controvérsias inerentes a trabalhos dessa
natureza, é interessante nestes tempos de indiferença às garantias penais – não
raro tratadas como “filigranas jurídicas” – revisitar direitos e proteções que
a Inquisição romana concedia aos acusados. Ainda que possa surpreender, talvez
a Inquisição tenha algo a ensinar sobre o devido processo legal.
“A Inquisição romana fez total uso, a partir do século 16,
de uma justiça legal (em contraposição a uma justiça moral). Pude mesmo
verificar, em cada caso, que Roma mandava aplicar escrupulosamente os
procedimentos adequados formulados pelos manuais para uso dos inquisidores”,
relata John Tedeschi. Não havia espaço para idiossincrasias ou protagonismos
arbitrários.
A respeito das razões para o sigilo processual – os
inquisidores faziam um solene voto de silêncio relativo a todo o processo judicial
–, o artigo aponta que, entre outros aspectos, “era preciso proteger a
reputação do acusado”. Havia um cuidado de fato com o princípio da presunção de
inocência.
No artigo, há documentos indicando que a Inquisição romana
era prudente antes de deter um suspeito. “É preciso mostrar-se muito prudente
no encarceramento de suspeitos, escreve Eliseo Masini num manual consagrado, Il
Sacro Arsenale, pois o simples fato de ser aprisionado por crime de heresia é
notavelmente infamante para a pessoa. Será, portanto, necessário estudar
cuidadosamente a natureza das provas, a qualidade das testemunhas e o estado do
acusado”, transcreve o professor Tedeschi.
O artigo menciona também a carta de um funcionário da
congregação romana dirigida a um inquisidor de Bolonha: “Que Vossa
Reverendíssima não se apresse em proceder a uma detenção, pois a simples
captura, ou mesmo a bulha que ela possa provocar, causa um grave dano”, diz o
documento redigido em 1573.
Ao elencar os motivos pelos quais não houve na Itália a
“epidemia sangrenta de perseguição dirigida a bruxos que assolou a Europa
setentrional no final do século 16 e durante boa parte do 17”, o artigo aponta
que a Inquisição romana “insistiu fortemente no fato de que o testemunho de uma
pessoa suspeita de bruxaria tinha uma validade extremamente limitada enquanto
fundamento de uma perseguição visando outras pessoas”.
Nos dias de hoje, em que com frequência se dá às delações um
crédito irrazoável e desproporcional, é instrutivo recordar que foi esse tipo
de testemunho que ocasionou, em muitos países, uma epidemia sangrenta de
perseguição. Esse dado histórico mostra a relevância para todos os cidadãos, e
não apenas para as partes envolvidas num determinado processo penal, do
respeito ao devido processo legal. Não são filigranas jurídicas. São nesses
aparentemente pequenos detalhes que se infiltram insidiosamente grandes
desequilíbrios e injustiças. Não convém ignorar as lições da história
Roberto Romano
O negócio é o seguinte: eu sou diferente de você, você é
diferente de mim. Em alguns assuntos nós concordamos, em outros não.
Eu tento postar matérias, textos, expressões do que penso na
situação que estou vivendo, de vez em quando apelo para uma figurinha, uma
piadinha, um melodrama, também porque representa a relação entre sentimento,
sensação e razão pela qual vivo naquele momento e mostra que minha trajetória
pode ser semelhante ou completamente diferenciada da sua.
Faço esforços grandiosos para ver para além da minha
trajetória e tentar compreender como os diferentes pensam, mas é impossível
sentir o que os outros sentem da maneira que o sentem, e muitas vezes, o máximo
que chego é me distanciar mais de mim mesma para observar por outra
perspectiva, mas que ainda é minha mesma.
Ainda vibro num estado em que me é muito difícil conter
impulsos de reação raivosa, debochada, escrachante e narcisística. Mas sabendo
disso, meus julgamentos incontroláveis são bem relativos e consigo mudar meus
posicionamento quanto mais me esclareço a respeito do que fiz, li, pensei,
conversei e senti.
Não acredito em neutralidade e desconfio de muitas coisas.
Todavia, mantenho esperanças quanto a minha vida pessoal e a projetos coletivos
cooperativos e solidários.
Não sei se as pessoas, ou quantas pessoas, sofrem com o que
eu sofro nessas tentativas de distanciamento e compreensão e reflexão sobre si
mesmo.
Não acho que a melhor solução para nada seja mantermos
posições enfadonhas e de menos intervenção sobre o mundo, as coisas, os
pensamentos, as pessoas, só não tenho ainda condições e exemplos suficientes
para comprovar o que acho, por isso permaneço aberta a duvidas e em processo de
buscar aprender e conhecer mais de tudo.
Louise Ronconi de Nazareno
"É aqui que entra a actividade «crítica» da filosofia.
A filosofia recusa-se a aceitar qualquer crença que as provas experimentais e o
raciocínio não mostrem que é verdadeira. Uma crença que não possa ser
estabelecida por este meio não é digna da nossa fidelidade intelectual e é
habitualmente um guia incerto da acção. A filosofia dedica-se, portanto, ao
exame minucioso das crenças que aceitámos acriticamente de várias autoridades.
Temos de nos libertar dos preconceitos e emoções que muitas vezes obscurecem as
nossas crenças. A filosofia não permitirá que crença alguma passe a inspecção
só porque tem sido venerada pela tradição ou porque as pessoas acham que é
emocionalmente compensador aceitar essa crença. A filosofia não aceitará uma
crença só porque se pensa que é «simples senso comum» ou porque foi proclamada
por homens sábios. A filosofia tenta nada tomar como «garantido» e nada aceitar
«por fé». Dedica-se à investigação persistente e de espírito aberto, para
descobrir se as nossas crenças são justificadas, e até que ponto o são. Deste
modo, a filosofia impede-nos de nos afundarmos na complacência mental e no
dogmatismo em que todos os seres humanos têm tendência para cair."
- Jerome Stolnitz
El guardavía
-¡Eh, oiga!
¡Ahí abajo!
Cuando oyó la voz que así lo llamaba se encontraba de pie en
la puerta de su caseta, empuñando una bandera, enrollada a un corto palo.
Cualquiera hubiera pensado, teniendo en cuenta la naturaleza del terreno, que
no cabía duda alguna sobre la procedencia de la voz; pero en lugar de mirar
hacia arriba, hacia donde yo me encontraba, sobre un escarpado terraplén
situado casi directamente encima de su cabeza, el hombre se volvió y miró hacia
la vía. Hubo algo especial en su manera de hacerlo, pero, aunque me hubiera ido
en ello la vida, no habría sabido explicar en qué consistía, mas sé que fue lo
bastante especial como para llamarme la atención, a pesar de que su figura se
veía empequeñecida y en sombras, allá abajo en la profunda zanja, y de que yo
estaba muy por encima de él, tan deslumbrado por el resplandor del rojo
crepúsculo que sólo tras cubrirme los ojos con las manos, logré verlo.
-¡Eh, oiga! ¡Ahí abajo!
Dejó entonces de mirar a la vía, se volvió nuevamente y,
alzando los ojos, vio mi silueta muy por encima de él.
-¿Hay algún camino para bajar y hablar con usted?
Él me miró sin replicar y yo le devolví la mirada sin
agobiarle con una repetición demasiado precipitada de mi ociosa pregunta. Justo
en ese instante el aire y la tierra se vieron estremecidos por una vaga
vibración transformada rápidamente en la violenta sacudida de un tren que
pasaba a toda máquina y que me sobresaltó hasta el punto de hacerme saltar
hacia atrás, como si quisiera arrastrarme tras él. Cuando todo el vapor que
consiguió llegar a mi altura hubo pasado y se diluía ya en el paisaje, volví a
mirar hacia abajo y lo vi volviendo a enrollar la bandera que había agitado al
paso del tren. Repetí la pregunta. Tras una pausa, en la que pareció estudiarme
con suma atención, señaló con la bandera enrollada hacia un punto situado a mi
nivel, a unas dos o tres yardas de distancia. «Muy bien», le grité, y me dirigí
hacia aquel lugar. Allí, a base de mirar atentamente a mi alrededor, encontré
un tosco y zigzagueante camino de bajada excavado en la roca y lo seguí.
El terraplén era extremadamente profundo y anormalmente
escarpado. Estaba hecho en una roca pegajosa, que se volvía más húmeda y
rezumante a medida que descendía. Por dicha razón, me encontré con que el camino
era lo bastante largo como para permitirme recordar el extraño ademán de
indecisión o coacción con que me había señalado el sendero.
Cuando hube descendido lo suficiente para volverlo a ver,
observé que estaba de pie entre los raíles por los que acababa de pasar el
tren, en actitud de estar esperándome. Tenía la mano izquierda bajo la barbilla
y el codo descansando en la derecha, que mantenía cruzada sobre el pecho. Su
actitud denotaba tal expectación y ansiedad que por un instante me detuve,
asombrado.
Reanudé el descenso y, al llegar a la altura de la vía y
acercarme a él, pude ver que era un hombre moreno y cetrino, de barba oscura y
cejas bastante anchas. Su caseta estaba en el lugar más sombrío y solitario que
yo hubiera visto en mi vida. A ambos lados, se elevaba un muro pedregoso y
rezumante que bloqueaba cualquier vista salvo la de una angosta franja de
cielo; la perspectiva por un lado era una prolongación distorsionada de aquel
gran calabozo; el otro lado, más corto, terminaba en la tenebrosa luz roja
situada sobre la entrada, aún más tenebrosa, a un negro túnel de cuya maciza
estructura se desprendía un aspecto rudo, deprimente y amenazador. Era tan
oscuro aquel lugar que el olor a tierra lo traspasaba todo, y circulaba un
viento tan helado que su frío me penetró hasta lo más hondo, como si hubiera
abandonado el mundo de lo real.
Antes de que él hiciese el menor movimiento me encontraba
tan cerca que hubiese podido tocarlo. Sin quitarme los ojos de encima ni aun
entonces, dio un paso atrás y levantó la mano.
Aquél era un puesto solitario, dije, y me había llamado la
atención cuando lo vi desde allá arriba. Una visita sería una rareza, suponía;
pero esperaba que no fuera una rareza mal recibida y le rogaba que viese en mí
simplemente a un hombre que, confinado toda su vida entre estrechos límites y
finalmente en libertad, sentía despertar su interés por aquella gran
instalación. Más o menos éstos fueron los términos que empleé, aunque no estoy
nada seguro de las palabras exactas porque, además de que no me gusta ser yo el
que inicie una conversación, había algo en aquel hombre que me cohibía.
Dirigió una curiosísima mirada a la luz roja próxima a la
boca de aquel túnel y a todo su entorno, como si faltase algo allí, y luego me
miró.
-¿Aquella luz está a su cargo, verdad?
-¿Acaso no lo sabe? -me respondió en voz baja.
Al contemplar sus ojos fijos y su rostro saturnino, me
asaltó la extravagante idea de que era un espíritu, no un hombre.
Desde entonces, al recordarlo, he especulado con la
posibilidad de que su mente estuviera sufriendo una alucinación.
Esta vez fui yo quien dio un paso atrás. Pero, al hacerlo,
noté en sus ojos una especie de temor latente hacia mí. Esto anuló la
extravagante idea.
-Me mira -dije con sonrisa forzada- como si me temiera.
-No estaba seguro -me respondió- de si lo había visto antes.
-¿Dónde?
Señaló la luz roja que había estado mirando.
-¿Allí? -dije.
Mirándome fijamente respondió (sin palabras), «sí».
-Mi querido amigo ¿qué podría haber estado haciendo yo allí?
De todos modos, sea como fuere, nunca he estado allí, puede usted jurarlo.
-Creo que sí -asintió-, sí, creo que puedo.
Su actitud, lo mismo que la mía, volvió a la normalidad, y
contestó a mis comentarios con celeridad y soltura.
¿Tenía mucho que hacer allí? Sí, es decir, tenía suficiente
responsabilidad sobre sus hombros; pero lo que más se requería de él era
exactitud y vigilancia, más que trabajo propiamente dicho; trabajo manual no
hacía prácticamente ninguno: cambiar alguna señal, vigilar las luces y dar la
vuelta a una manivela de hierro de vez en cuando era todo cuanto tenía que
hacer en ese sentido. Respecto a todas aquellas largas y solitarias horas que a
mí me parecían tan difíciles de soportar, sólo podía decir que se había
adaptado a aquella rutina y estaba acostumbrado a ella. Había aprendido una
lengua él solo allá abajo -si se podía llamar aprender a reconocerla escrita y
a haberse formado una idea aproximada de su pronunciación-. También había
trabajado con quebrados y decimales, y había intentado hacer un poco de
álgebra. Pero tenía, y siempre la había tenido, mala cabeza para los números.
¿Estaba obligado a permanecer en aquella corriente de aire húmedo mientras
estaba de servicio? ¿No podía salir nunca a la luz del sol de entre aquellas
altas paredes de piedra? Bueno, eso dependía de la hora y de las
circunstancias. Algunas veces había menos tráfico en la línea que otras, y lo
mismo ocurría a ciertas horas del día y de la noche. Cuando había buen tiempo
sí que procuraba subir un poco por encima de las tinieblas inferiores; pero
como lo podían llamar en cualquier momento por la campanilla eléctrica, cuando
lo hacía estaba pendiente de ella con redoblada ansiedad, y por ello el alivio
era menor de lo que yo suponía.
Me llevó a su caseta, donde había una chimenea, un
escritorio para un libro oficial en el que tenía que registrar ciertas
entradas, un telégrafo con sus indicadores y sus agujas, y la campanilla a la
que se había referido. Confiando en que disculpara mi comentario de que había
recibido una buena educación (esperaba que no se ofendiera por mis palabras),
quizá muy superior a su presente oficio, comentó que ejemplos de pequeñas
incongruencias de este tipo rara vez faltaban en las grandes agrupaciones
humanas; que había oído que así ocurría en los asilos, en la policía e incluso
en el ejército, ese último recurso desesperado; y que sabía que pasaba más o menos
lo mismo en la plantilla de cualquier gran ferrocarril. De joven había sido (si
podía creérmelo, sentado en aquella cabaña -él apenas si podía-) estudiante de
filosofía natural y había asistido a la universidad; pero se había dedicado a
la buena vida, había desaprovechado sus oportunidades, había caído y nunca
había vuelto a levantarse de nuevo. Pero no se quejaba de nada. Él mismo se lo
había buscado y ya era demasiado tarde para lamentarlo.
Todo lo que he resumido aquí lo dijo muy tranquilamente, con
su atención puesta a un tiempo en el fuego y en mí. De vez en cuando
intercalaba la palabra «señor», sobre todo cuando se refería a su juventud,
como para darme a entender que no pretendía ser más de lo que era. Varias veces
fue interrumpido por la campanilla y tuvo que transmitir mensajes y enviar
respuestas. Una vez tuvo que salir a la puerta y desplegar la bandera al paso
de un tren y darle alguna información verbal al conductor. Comprobé que era
extremadamente escrupuloso y vigilante en el cumplimiento de sus deberes,
interrumpiéndose súbitamente en mitad de una frase y permaneciendo en silencio
hasta que cumplía su cometido.
En una palabra, hubiera calificado a este hombre como uno de
los más capacitados para desempeñar su profesión si no fuera porque, mientras
estaba hablando conmigo, en dos ocasiones se detuvo de pronto y, pálido, volvió
el rostro hacia la campanilla cuando no estaba sonando, abrió la puerta de la
caseta (que mantenía cerrada para combatir la malsana humedad) y miró hacia la
luz roja próxima a la boca del túnel. En ambas ocasiones regresó junto al fuego
con la inexplicable expresión que yo había notado, sin ser capaz de definirla,
cuando los dos nos mirábamos desde tan lejos.
Al levantarme para irme dije:
-Casi me ha hecho usted pensar que es un hombre satisfecho
consigo mismo.
(Debo confesar que lo hice para tirarle de la lengua.)
-Creo que solía serlo -asintió en el tono bajo con el que
había hablado al principio-. Pero estoy preocupado, señor, estoy preocupado.
Hubiera retirado sus palabras de haber sido posible. Pero ya
las había pronunciado, y yo me agarré a ellas rápidamente.
-¿Por qué? ¿Qué es lo que le preocupa?
-Es muy difícil de explicar, señor. Es muy, muy difícil
hablar de ello. Si me vuelve a visitar en otra ocasión, intentaré hacerlo.
-Pues deseo visitarle de nuevo. Dígame, ¿cuándo le parece?
-Mañana salgo temprano y regreso a las diez de la noche,
señor.
-Vendré a las once.
Me dio las gracias y me acompañó a la puerta.
-Encenderé la luz blanca hasta que encuentre el camino,
señor -dijo en su peculiar voz baja-. Cuando lo encuentre ¡no me llame! Y
cuando llegue arriba ¡no me llame!
Su actitud hizo que el lugar me pareciera aún más gélido,
pero sólo dije «muy bien».
-Y cuando baje mañana ¡no me llame! Permítame hacerle una
pregunta para concluir: ¿qué le hizo gritar «¡Eh, oiga! ¡Ahí abajo!» esta
noche?
-Dios sabe -dije-, grité algo parecido...
-No parecido, señor. Fueron exactamente ésas sus palabras.
Las conozco bien.
-Admitamos que lo fueran. Las dije, sin duda, porque lo vi
ahí abajo.
-¿Por ninguna otra razón?
-¿Qué otra razón podría tener?
-¿No tuvo la sensación de que le fueron inspiradas de alguna
manera sobrenatural?
-No.
Me dio las buenas noches y sostuvo en alto la luz. Caminé a
lo largo de los raíles (con la desagradable impresión de que me seguía un tren)
hasta que encontré el sendero. Era más fácil de subir que de bajar y regresé a
mi pensión sin ningún problema.
A la noche siguiente, fiel a mi cita, puse el pie en el
primer peldaño del zigzag, justo cuando los lejanos relojes daban las once. El
guardavía me esperaba abajo, con la luz blanca encendida.
-No he llamado -dije cuando estábamos ya cerca-. ¿Puedo
hablar ahora?
-Por supuesto, señor.
-Buenas noches y aquí tiene mi mano.
-Buenas noches, señor, y aquí tiene la mía.
Tras lo cual anduvimos el uno junto al otro hasta llegar a
su caseta, entramos, cerramos la puerta y nos sentamos junto al fuego.
-He decidido, señor -empezó a decir inclinándose hacia
delante tan pronto estuvimos sentados y hablando en un tono apenas superior a
un susurro-, que no tendrá que preguntarme por segunda vez lo que me preocupa.
Ayer tarde le confundí con otra persona. Eso es lo que me preocupa.
-¿Esa equivocación?
-No. Esa otra persona.
-¿Quién es?
-No lo sé.
-¿Se parece a mí?
-No lo sé. Nunca le he visto la cara. Se tapa la cara con el
brazo izquierdo y agita el derecho violentamente. Así.
Seguí su gesto con la mirada y era el gesto de un brazo que
expresaba con la mayor pasión y vehemencia algo así como «por Dios santo,
apártese de la vía».
-Una noche de luna -dijo el hombre-, estaba sentado aquí
cuando oí una voz que gritaba «¡Eh, oiga! ¡Ahí abajo!». Me sobresalté, miré
desde esa puerta y vi a esa persona de pie junto a la luz roja cerca del túnel,
agitando el brazo como acabo de mostrarle. La voz sonaba ronca de tanto gritar
y repetía «¡Cuidado! ¡Cuidado!» y de nuevo «¡Eh, oiga! ¡Ahí abajo! ¡Cuidado!».
Cogí el farol, lo puse en rojo y corrí hacia la figura gritando «¿Qué pasa?
¿Qué ha ocurrido? ¿Dónde?». Estaba justo a la salida de la boca del túnel.
Estaba tan cerca de él que me extrañó que continuase con la mano sobre los
ojos. Me aproximé aún más y tenía ya la mano extendida para tirarle de la manga
cuando desapareció.
-¿Dentro del túnel? -pregunté.
-No. Seguí corriendo hasta el interior del túnel, unas
quinientas yardas. Me detuve, levanté el farol sobre la cabeza y vi los números
que marcan las distancias, las manchas de humedad en las paredes y el arco.
Salí corriendo más rápido aún de lo que había entrado (porque sentía una
aversión mortal hacia aquel lugar) y miré alrededor de la luz roja con mi
propia luz roja, y subí las escaleras hasta la galería de arriba y volví a
bajar y regresé aquí. Telegrafié en las dos direcciones «¿Pasa algo?». La
respuesta fue la misma en ambas: «Sin novedad».
Resistiendo el helado escalofrío que me recorrió lentamente
la espina dorsal, le hice ver que esta figura debía ser una ilusión óptica y
que se sabía que dichas figuras, originadas por una enfermedad de los delicados
nervios que controlan el ojo, habían preocupado a menudo a los enfermos, y
algunos habían caído en la cuenta de la naturaleza de su mal e incluso lo
habían probado con experimentos sobre sí mismos. Y respecto al grito
imaginario, dije, no tiene sino que escuchar un momento al viento en este valle
artificial mientras hablamos tan bajo y los extraños sonidos que hace en los
hilos telegráficos.
Todo esto estaba muy bien, respondió, después de escuchar
durante un rato, y él tenía motivos para saber algo del viento y de los hilos,
él, que con frecuencia pasaba allí largas noches de invierno, solo y vigilando.
Pero me hacía notar humildemente que todavía no había terminado.
Le pedí perdón y lentamente añadió estas palabras, tocándome
el brazo:
-Unas seis horas después de la aparición, ocurrió el
memorable accidente de esta línea, y al cabo de diez horas los muertos y los
heridos eran transportados por el túnel, por el mismo sitio donde había
desaparecido la figura.
Sentí un desagradable estremecimiento, pero hice lo posible
por dominarlo. No se podía negar, asentí, que era una notable coincidencia, muy
adecuada para impresionar profundamente su mente. Pero era indiscutible que
esta clase de coincidencias notables ocurrían a menudo y debían ser tenidas en
cuenta al tratar el tema. Aunque, ciertamente, debía admitir, añadí (pues me
pareció que iba a ponérmelo como objeción), que los hombres de sentido común no
tenían mucho en cuenta estas coincidencias en la vida ordinaria.
De nuevo me hizo notar que aún no había terminado, y de
nuevo me disculpé por mis interrupciones.
-Esto -dijo, poniéndome otra vez la mano en el brazo y
mirando por encima de su hombro con los ojos vacíos- fue hace justo un año.
Pasaron seis o siete meses y ya me había recuperado de la sorpresa y de la
impresión cuando una mañana, al romper el día, estando de pie en la puerta,
miré hacia la luz roja y vi al espectro otra vez.
Y aquí se detuvo, mirándome fijamente.
-¿Lo llamó?
-No, estaba callado.
-¿Agitaba el brazo?
-No. Estaba apoyado contra el poste de la luz, con las manos
delante de la cara. Así.
Una vez más seguí su gesto con los ojos. Era una actitud de
duelo. He visto tales posturas en las figuras de piedra de los sepulcros.
-¿Se acercó usted a él?
-Entré y me senté, en parte para ordenar mis ideas, en parte
porque me sentía al borde del desmayo. Cuando volví a la puerta, la luz del día
caía sobre mí y el fantasma se había ido.
-¿Pero no ocurrió nada más? ¿No pasó nada después?
Me tocó en el brazo con la punta del dedo dos o tres veces,
asintiendo con la cabeza y dejándome horrorizado a cada una de ellas:
-Ese mismo día, al salir el tren del túnel, noté en la
ventana de uno de los vagones lo que parecía una confusión de manos y de
cabezas y algo que se agitaba. Lo vi justo a tiempo de dar la señal de parada
al conductor. Paró el motor y pisó el freno, pero el tren siguió andando unas
ciento cincuenta yardas más. Corrí tras él y al llegar oí gritos y lamentos
horribles. Una hermosa joven había muerto instantáneamente en uno de los
compartimentos. La trajeron aquí y la tendieron en el suelo, en el mismo sitio
donde estamos nosotros.
Involuntariamente empujé la silla hacia atrás, mientras
desviaba la mirada de las tablas que señalaba.
-Es la verdad, señor, la pura verdad. Se lo cuento tal y
como sucedió.
No supe qué decir, ni en un sentido ni en otro y sentí una
gran sequedad de boca. El viento y los hilos telegráficos hicieron eco a la
historia con un largo gemido quejumbroso. Mi interlocutor prosiguió:
-Ahora, señor, preste atención y verá por qué está turbada
mi mente. El espectro regresó hace una semana. Desde entonces ha estado ahí,
más o menos continuamente, un instante sí y otro no.
-¿Junto a la luz?
-Junto a la luz de peligro.
-¿Y qué hace?
El guardavía repitió, con mayor pasión y vehemencia aún si
cabe, su anterior gesto de «¡Por Dios santo, apártese de la vía!». Luego
continuó:
-No hallo tregua ni descanso a causa de ello. Me llama
durante largos minutos, con voz agonizante, ahí abajo, «¡Cuidado! ¡Cuidado!».
Me hace señas. Hace sonar la campanilla.
Me agarré a esto último:
-¿Hizo sonar la campanilla ayer tarde, cuando yo estaba aquí
y se acercó usted a la puerta?
-Por dos veces.
-Bueno, vea -dije- cómo le engaña su imaginación. Mis ojos
estaban fijos en la campanilla y mis oídos estaban abiertos a su sonido y, como
que estoy vivo, no sonó entonces, ni en ningún otro momento salvo cuando lo
hizo al comunicar la estación con usted.
Negó con la cabeza.
-Todavía nunca he cometido una equivocación respecto a eso,
señor. Nunca he confundido la llamada del espectro con la de los humanos. La
llamada del espectro es una extraña vibración de la campanilla que no procede
de parte alguna y no he dicho que la campanilla hiciese algún movimiento visible.
No me extraña que no la oyese. Pero yo sí que la oí.
-¿Y estaba el espectro allí cuando salió a mirar?
-Estaba allí.
-¿Las dos veces?
-Las dos veces -repitió con firmeza.
-¿Quiere venir a la puerta conmigo y buscarlo ahora?
Se mordió el labio inferior como si se sintiera algo reacio,
pero se puso en pie. Abrí la puerta y me detuve en el escalón, mientras él lo
hacía en el umbral. Allí estaban la luz de peligro, la sombría boca del túnel y
las altas y húmedas paredes del terraplén, con las estrellas brillando sobre
ellas.
-¿Lo ve? -le pregunté, prestando una atención especial a su
rostro.
Sus ojos se le salían ligeramente de las órbitas por la
tensión, pero quizá no mucho más de lo que lo habían hecho los míos cuando los
había dirigido con ansiedad hacia ese mismo punto un instante antes.
-No -contestó-, no está allí.
-De acuerdo -dije yo.
Entramos de nuevo, cerramos la puerta y volvimos a nuestros
asientos. Estaba pensando en cómo aprovechar mi ventaja, si podía llamarse así,
cuando volvió a reanudar la conversación con un aire tan natural, dando por
sentado que no podía haber entre nosotros ningún tipo de desacuerdo serio sobre
los hechos, que me encontré en la posición más débil.
-A estas alturas comprenderá usted, señor -dijo-, que lo que
me preocupa tan terriblemente es la pregunta «¿Qué quiere decir el espectro?».
No estaba seguro, le dije, de que lo entendiese del todo.
-¿De qué nos está previniendo? -dijo, meditando, con sus
ojos fijos en el fuego, volviéndolos hacia mí tan sólo de vez en cuando-. ¿En
qué consiste el peligro? ¿Dónde está? Hay un peligro que se cierne sobre la línea
en algún sitio. Va a ocurrir alguna desgracia terrible. Después de todo lo que
ha pasado antes, esta tercera vez no cabe duda alguna. Pero es muy cruel el
atormentarme a mí, ¿qué puedo hacer yo?
Se sacó el pañuelo del bolsillo y se limpió el sudor de la
frente.
-Si envío la señal de peligro en cualquiera de las dos
direcciones, o en ambas, no puedo dar ninguna explicación -continuó, secándose
las manos-. Me metería en un lío y no resolvería nada. Pensarían que estoy
loco. Esto es lo que ocurriría: Mensaje: «¡Peligro! ¡Cuidado!». Respuesta:
«¿Qué peligro? ¿Dónde?». Mensaje: «No lo sé. Pero, por Dios santo, tengan
cuidado». Me relevarían de mi puesto. ¿Qué otra cosa podrían hacer?
El tormento de su mente era penoso de ver. Era la tortura
mental de un hombre responsable, atormentado hasta el límite por una
responsabilidad incomprensible en la que podrían estar en juego vidas humanas.
-Cuando apareció por primera vez junto a la luz de peligro
-continuó, echándose hacia atrás el oscuro cabello y pasándose una y otra vez
las manos por las sienes en un gesto de extremada y enfebrecida desesperación-,
¿por qué no me dijo dónde iba a suceder el accidente, si era inevitable que
sucediera? ¿por qué, si hubiera podido evitarse, no me dijo cómo impedirlo?
Cuando durante su segunda aparición escondió el rostro, ¿por qué no me dijo en
lugar de eso: «alguien va a morir. Haga que no salga de casa». Si apareció en
las dos ocasiones sólo para demostrarme que las advertencias eran verdad y así
prepararme para la tercera, ¿por qué no me advierte claramente ahora? ¿Y por
qué a mí, Dios me ayude, un pobre guardavía en esta solitaria estación? ¿Por
qué no se lo advierte a alguien con el prestigio suficiente para ser creído y
el poder suficiente para actuar?
Cuando lo vi en aquel estado, comprendí que, por el bien del
pobre hombre y la seguridad de los viajeros, lo que tenía que hacer en aquellos
momentos era tranquilizarlo. Así que, dejando a un lado cualquier discusión
entre ambos sobre la realidad o irrealidad de los hechos, le hice ver que
cualquiera que cumpliera con su deber a conciencia actuaba correctamente y que,
por lo menos, le quedaba el consuelo de que él comprendía su deber, aunque no
entendiese aquellas desconcertantes apariciones. En esta ocasión tuve más éxito
que cuando intentaba disuadirlo de la realidad del aviso. Se tranquilizó; las
ocupaciones propias de su puesto empezaron a reclamar su atención cada vez más
conforme avanzaba la noche. Lo dejé solo a las dos de la madrugada. Me había
ofrecido a quedarme toda la noche pero no quiso ni oír hablar de ello.
No me avergüenza confesar que me volví más de una vez a
mirar la luz roja mientras subía por el sendero, y que no me gustaba esa luz
roja, y que hubiera dormido mal si mi cama hubiera estado debajo de ella. Tampoco
veo motivo para ocultar que no me gustaban las dos coincidencias del accidente
y de la muerte de la joven.
Pero lo que fundamentalmente ocupaba mi mente era el
problema de cómo debía yo actuar, una vez convertido en confidente de esta
revelación. Había comprobado que el hombre era inteligente, vigilante,
concienzudo y exacto. ¿Pero durante cuánto tiempo podía seguir así en su estado
de ánimo? A pesar de lo humilde de su cargo tenía una importantísima
responsabilidad. ¿Me gustaría a mí, por ejemplo, arriesgar mi propia vida
confiando en la posibilidad de que continuase ejerciendo su labor con
precisión? Incapaz de no sentir que sería una especie de traición si informase
a sus superiores de lo que me había dicho sin antes hablar claramente con él
para proponerle una postura intermedia, resolví por fin ofrecerme para
acompañarlo (conservando de momento el secreto) al mejor médico que pudiéramos
encontrar por aquellos alrededores y pedirle consejo. Me había advertido que la
noche siguiente tendría un cambio de turno, y saldría una hora o dos después
del amanecer, para empezar de nuevo después de anochecer. Yo había quedado en
regresar de acuerdo con este horario.
La tarde siguiente fue una tarde maravillosa y salí temprano
para disfrutarla. El sol no se había puesto del todo cuando ya caminaba por el
sendero cercano a la cima del profundo terraplén. «Seguiré paseando durante una
hora -me dije a mí mismo-, media hora hacia un lado y media hora hacia el otro,
y así haré tiempo hasta el momento de ir a la caseta de mi amigo el guardavía.»
Antes de seguir el paseo me asomé al borde y miré
mecánicamente hacia abajo, desde el punto en que lo vi por primera vez. No
puedo describir la excitación que me invadió cuando, cerca de la entrada del
túnel, vi la aparición de un hombre, con la mano izquierda sobre los ojos,
agitando el brazo derecho apasionadamente. El inconcebible horror que me
sobrecogió pasó al punto, porque enseguida vi que esta aparición era en verdad
un hombre y que, de pie y a corta distancia, había un pequeño grupo de otros
hombres para quienes parecía estar destinado el gesto que había hecho. La luz
de peligro no estaba encendida aún. Apoyada en su poste, y utilizando unos
soportes de madera y lona, había una tienda pequeña y baja que me resultaba
totalmente nueva. No parecía mayor que una cama.
Con la inequívoca sensación de que algo iba mal -y el
repentino y culpable temor de que alguna desgracia fatal hubiera ocurrido por
haber dejado al hombre allí y no haber hecho que enviaran a alguien a vigilar o
a corregir lo que hiciera- descendí el sendero excavado en la roca a toda la
velocidad de la que fui capaz.
-¿Qué pasa? -pregunté a los hombres.
-Ha muerto un guardavía esta mañana, señor.
-¿No sería el que trabajaba en esa caseta?
-Sí, señor.
-¿No el que yo conozco?
-Lo reconocerá si le conocía, señor -dijo el hombre que
llevaba la voz cantante, descubriéndose solemnemente y levantando la punta de
la lona-, porque el rostro está bastante entero.
-Pero ¿cómo ocurrió? ¿cómo ocurrió? -pregunté, volviéndome
de uno a otro mientras la lona bajaba de nuevo.
-Lo arrolló la máquina, señor. No había nadie en Inglaterra
que conociese su trabajo mejor que él. Pero por algún motivo estaba dentro de
los raíles. Fue en pleno día. Había encendido la luz y tenía el farol en la
mano. Cuando la máquina salió del túnel estaba vuelto de espaldas y le arrolló.
Ese hombre la conducía y nos estaba contando cómo ocurrió. Cuéntaselo al
caballero, Tom.
El hombre, que vestía un burdo traje oscuro, regresó al
lugar que ocupara anteriormente en la boca del túnel:
-Al dar la vuelta a la curva del túnel, señor -dijo-, lo vi
al fondo, como si lo viera por un catalejo. No había tiempo para reducir la
velocidad y sabía que él era muy cuidadoso. Como no pareció que hiciera caso
del silbato, lo dejé de tocar cuando nos echábamos encima de él y lo llamé tan
alto como pude.
-¿Qué dijo usted?
-¡Eh, oiga! ¡Ahí abajo! ¡Cuidado! ¡Cuidado! ¡Por Dios santo,
apártese de la vía!
Me sobresalté.
-Oh, fue horroroso, señor. No dejé de llamarle ni un
segundo. Me puse el brazo delante de los ojos para no verlo y le hice señales
con el brazo hasta el último momento; pero no sirvió de nada.
Sin ánimo de prolongar mi relato para ahondar en alguna de
las curiosas circunstancias que lo rodean, quiero no obstante, para terminar,
señalar la coincidencia de que la advertencia del conductor no sólo incluía las
palabras que el desafortunado guardavía me había dicho que lo atormentaban,
sino también las palabras con las que yo mismo -no él- había acompañado -y tan
sólo en mi mente- los gestos que él había representado.
FIN
Charles Dickens
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