terça-feira, 8 de maio de 2012

"Que maravilha em nossa linda Guanabara
tudo enguiça, tudo para
todo trânsito engarrafa
quem tiver pressa
seja velho ou seja moço
entre na água até o pescoço e
peça a Deus pra ser girafa "

Moreira da Silva (Kid Morangueira )

Canção em trezenas

Letícia Palmeira – Escritoras Suicidas

Dispa-me no escuro. Em disparate do absurdo. Sangra em minha boca de amor e fé. No escuro nada vejo, mas sinto em lampejos o que posso alcançar. Mapeio em linhas transversais seu corpo que me quer. Corpo do homem cuja fera é tão cega que a ausência de luz não faz corar. E eu me alegro tenra de temor por não ver e por querer tão completamente sem razão sua mão sobre a minha em toda escuridão. Roubaram-me a visão e o dia é escuro e é triste e quase negro de pavor. Eu amo tanto e choro em pranto e tateio em busca da criatura que me rodeia e me faz abrir a vida em flor. Que será dor? Que será cura? Que será luz para a mulher que enfim enxerga o nocivo efeito de um homem sem amor?

Letícia Palmeira é graduada em Letras com Licenciatura em Língua Inglesa e suas Literaturas pela Universidade Federal da Paraíba. Nasceu na cidade de São Paulo, onde passou boa parte de sua infância e agora reside em João Pessoa, cidade em que leciona Língua Inglesa na rede privada de ensino. Cronista e contista, trabalha com prosa poética. Escreve os blogues Afeto Literário e Lírica Subversiva. Publicou Artesã de Ilusórios (EDUFPB – 2009)