sábado, 12 de agosto de 2017



Fui ver Planeta dos Macacos: A Guerra, um bom filme de ficção científica, como há muito tempo eu não via. A intertextualidade do enredo me chamou a atenção. Notei referências a filmes como: Guerra do Fogo e King Kong. No plano teórico, a fundamentação está na teoria de Darwin, que sustenta parentesco da espécie humana com os macacos. Mas, é possível também perceber Engels, com sua obra O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem. O filme joga o tempo todo com a discussão sobre o humano e inumano. Nisso, o trabalho aparece como mecanismo associado à evolução da espécie humana. É justamente isso que Engels fez, aproximou darwnismo e marxismo, mostrando o trabalho como responsável pela evolução humana. Na trama do filme, são os macacos que trabalham como escravos (trabalho alienado/explorado). Por isso, o trabalho não emancipa, mas mantém os primatas em sua condição original. Há, ainda, uma discussão a respeito do antagonismo barbárie versus civilização. Porém, a lógica é invertida, os macacos são apresentados como "civilizados" e os humanos como "bárbaros". A humanidade converte-se em monstruosidade violenta. Encontrei referências bíblicas também, como ao Apocalipse: o alfa e ômega (princípio e fim) e o dilúvio do Gênesis. Temas candentes da nossa época estão presentes: a guerra biológica e militar e a questão do petróleo. É possível encarar o conflito entre humanos e macacos na perspectiva da luta de classes (sem querer viajar muito). Enfim, é um filme de narrativa densa e complexa, daqueles que faz pensar. Depois, para finalizar o dia, fui numa palestra sobre laicidade e educação, na qual um dos conferencistas afirmou que o ensino do criacionismo nas escolas públicas é uma das demandas atuais mais recorrentes no que concerne ao controle ideológico do ensino. A vida é mesmo dialética.

Rodrigo Augusto
7 de agosto  · Curitiba, Paraná ·
Sou sujeito fêmea! E o Chico Buarque patrulhado pela direita como petralha, comunista, bolivariano, boquinha da Rouanet e agora pela esquerda como machista, old school, datado, babão, etc. Ai você vai lá ouvir a música, linda, suave, "cantiga" de ninar para adultos e só lembro de Nelson Rodrigues (outro que vai cair em desgraça rs) falando dos "idiotas da objetividade". O mundo sem metáforas, o mundo da "denotação" e do "literal", o mundo sem "simbólico" é insuportável.
O cara diz que "larga mulher e filhos" e alguém já lê como: um cafajestão que vai abandonar as crianças à mingua e deixar de pagar pensão e dar atenção?!!! Mais um macho abandonador de cria (uma realidade por todo o Brasil, minas largadas pra criar filho sozinho, ok, real), mas tenho dificuldade de enxergar nas letras e músicas de Chico, um mulherófilo old school, todo derramado, quase uma caricatura do "homem sensível", essa subjetividade abandonante.
O cara diz assim "Na nossa casa/Serás rainha Serás cruel, talvez/Vais fazer manha/Me aperrear/E eu, sempre mais feliz". Ai vem lá um "Que mané rainha"? hahaha. Sou sujeito fêmea independente. Sai pra lá machão romântico, preciso de você pra nada, etc. Em um mundo em que os machinhos descolados não dão bom dia para a mina com quem transaram na noite anterior, e se escondem e fogem dos afetos, o Chico é um manifesto Bin Laden de maturidade masculina : ) Está ali, dizendo que aceita praticamente tudo o que a moça pedir, entregue no humilde lirismo.E por ai vai. Enfim. Música, cinema, texto, cantigas são "obras abertas". Não é o estatuto contra a violência doméstica ou qualquer outro mecanismo de lei de proteção das mulheres que tem que ser cumprido na sua literalidade.
A parte boa é saber que Chico Buarque cumpre com esse debate todo uma "função", como Freixo e como muitos outros homens cumprirão. Vão pagar o pedágio do machismo, do patriarcalismo, real e violento, que temos sim que combater e denunciar cotidianamente e que pode sim se esconder até nos seus lindos olhos verdes : ) Um "lugar" (foi ele, mas podia ser qualquer outro) no importante debate dos feminismos, um momento pedagógico que desnaturaliza tudo. Todo momento inaugural de algo é furioso e desestabilizador, dogmático também e as vezes redutor.
Acho fantástica essa consciência das mulheres e da sociedade brasileira do sujeito fêmea, dos feminismos todos. Chico fez e faz a crônica de outros mundos e subjetividades, complexas, adultas, não "objetivas". Eu odiaria viver em um mundo sem metáforas! #cantiga #chicobuarque #feminismos


Ivana Bentes
A partir de segunda-feira Temer anunciará o congelamento de todos os salários de professores universitários por tempo indeterminado e limitará os novos salários a um teto de R$ 5.000,00 para os novos professores, também por tempo indeterminado (isso valerá igualmente para o resto do setor público). Ainda, será apresentada uma PEC para cobrança de mensalidades nas Universidades Públicas, que tem potencial de aprovação desse congresso que está aí. Então, aqueles professores universitários que votaram no Aécio Neves, que apoiaram o GOLPE DE 2016 e foram para as ruas cornetar a Dilma e que bateram panelas, analfabetos políticos diga-se de passagem, também comerão o pão que o diabo do Temer amassará. Isso será institucionalizado!
Embora sejam professores, estes que votaram no Aécio e apoiaram o GOLPE
nunca se interessaram pela história política das Universidades Públicas, tampouco se importaram se o LULA e Dilma abriram novas universidades, pois eles queriam mesmo é mamar na teta do setor público. Agora é que eles entenderão o que eu dizia para muitos deles e também para seus pares naqueles tempos em que eu os alertava e eles me chamavam de louco!"

Por Vander Neves.

Cuando niño, buscaba yo fantasmas


Cuando niño, buscaba yo fantasmas
en calladas estancias, cuevas, ruinas
y bosques estrellados; mis temerosos pasos
ansiaban conversar con los difuntos.
Invocaba esos nombres que la superstición
inculca. En vano fue esa búsqueda.
Mientras meditaba el sentido
de la vida, a la hora en que el viento corteja
cuanto vive y fecunda
nuevas aves y plantas,
de pronto sobre mí cayó tu sombra.
Mi garganta exhaló un grito de éxtasis.

 PERCY BYSSHE SHELLEY


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