domingo, 27 de agosto de 2017

Não perguntes


De onde vem? De que fonte
ou boca
ou pedra aberta?
É para ti que canta
ou simplesmente
para ninguém?

Que juventude
te morde ainda os lábios?
Que rumor de abelhas
te sobe à garganta?
Não perguntes, escuta:
é para ti que canta.



 De Eugénio de Andrade

Paulicéia Desvairada – 70 Anos de Modernismo

Enredo: Paulicéia Desvairada – 70 Anos de Modernismo

Eu vi (ai meu Deus eu vi)
O arco-íris clarear
O céu da minha fantasia
No brilho da Estácio a desfilar
A brisa espalha no ar
Um buquê de poesia
Na Paulicéia desvairada lá vou eu
Fazer poemas, e cantar minha emoção
Quero a arte pro meu povo
Ser feliz de novo
E flutuar nas asas da ilusão

Me dê, me dá, me dá, me dê
Onde você for eu vou com você

Lá vem o trem do caipira
Prum dia novo encontrar
Pela terra, corta o mar
Na passarela a girar
Músicos, atores, escultores
Pintores, poetas e compositores
Expoentes de um grande país
Mostraram ao mundo o perfil do brasileiro
Malandro, bonito, sagaz e maneiro
Que canta e dança, pinta e borda e é feliz
E assim transformaram os conceitos sociais
E resgataram pra nossa cultura
A beleza do folclore
E a riqueza do barroco nacional

Modernismo movimento cultural
No país da Tropicália
Tudo acaba em carnaval...


(Intérprete: Dominguinhos do Estácio)
Uma vontade física de comer o universo
Toma às vezes o lugar do meu pensamento...
Uma fúria desmedida
A conquistar a posse como que absorvedora
Dos céus e das estrelas
Persegue-me como um remorso de não ter cometido um crime.

Como quem olha um mar
Olho os que partem em viagem...
Olho os comboios como quem os estranha
Grandes coisas férreas e absurdas que levam almas,
Que levam consciências da vida e de si-próprias
Para lugares verdadeiramente reais,
Para os lugares que - custa a crer - realmente existem
Não sei como, mas é no espaço e no tempo
E têm gente que tem vidas reais
Seguidas hora a hora como as nossas vidas...

Ah, por uma nova sensação física
Pela qual eu possuísse o universo inteiro
Um uno tacto que fizesse pertencer-me,
A meu ser possuidor fisicamente,
O universo com todos os seus sóis e as suas estrelas
E as vidas múltiplas das suas almas...


* Álvaro de Campos é um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa.

L’ INVIBILITÉ



Je suis comme l' air
Se feché dans une ampoule
en verre transparent
je prends evaporé
Ressemblant qui n’a pas rien.


- pour Joseph Louis, Le JL Semeateur –

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