terça-feira, 30 de abril de 2013

Catedral da Assunção


Em 30 de abril de 1472, foi fundada no Kremlin de Moscou a Catedral da Assunção, a principal igreja da Rússia, que serviu como local para o enterro das autoridades eclesiásticas russas, e hoje expõe também o trono do Czar Ivã, o Terrível, confeccionado em 1551. Além disso, o local servia como um importante prédio público, tendo sido palco da coroação de czares russos entre 1498 e 1896. Conta-se que o candelabro central dessa catedral foi feito com prata confiscada do exército de Napoleão pelos soldados russos, em 1812.


Saiba mais em nosso site: http://www.diariodarussia.com.br/acontecimentos-2/noticias/2013/04/30/aconteceu-em-30-de-abril-2/
 



A PROPRIEDADE É UM ROUBO


Mari Quarentei

 algo incômodo no texto do libertyzine me remeteu ao Proudhon : 

A PROPRIEDADE É UM ROUBO*

Se eu tivesse de responder à seguinte questão:

o que é a escravidão?, e a respondesse numa única

palavra: é um assassinato, meu pensamento seria logo

compreendido. Eu não teria necessidade de um longo

discurso para mostrar que o poder de tirar ao homem

o pensamento, a vontade, a personalidade é um poder

de vida e de morte, e que fazer um homem escravo é

assassiná-lo. Por que então a esta outra pergunta: o

que é a propriedade?, não posso eu responder da mesma maneira: é um roubo, sem ter a certeza de não ser

entendido, embora esta segunda proposição não seja

senão a primeira transformada?


Vania L Cintra 


“Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é sozinho...” (Guimarães Rosa em momento de invejável lucidez).

Sem pretensões a demonstrar aqui qualquer pseudo-cientificidade tão distante de meu muito pouco e muito empírico saber, eu diria que um dos muitos mitos que vêm fazendo dos cânones do “progresso” (??) um complexo instrumento de absoluto retrocesso é o da possibilidade de que tenhamos 2 registros ou 2 códigos mentais, um para a comunicação escrita, outro para a comunicação oral. Talvez alguém possa acreditar que tenhamos também um 3º registro ou código que utilizamos apenas para pensar. Ou vários registros ou códigos que correspondam a linguagens diferentes, que seremos capazes de isolar perfeitamente ao nos dirigir a pessoas mais cultas ou menos cultas, ao ouvir, ler, escrever ou falar em diferentes idiomas estrangeiros, ao tocar diferentes instrumentos musicais etc. etc.
Assim, quem procure falar Português corretamente em todas e quaisquer ocasiões - ou procure fazer qualquer outra coisa tal como deve e precisa ser feita, contas exatas, por exemplo... - poderá ser, pelos “progressistas”, apontado como purista, como pedante ou até mesmo como reacionário.
O mesmo mito incluirá o pressuposto de que podemos fragmentar nossos processos mentais, isolando-os todos e cada um deles de forma a produzir coisas diferentes que nenhuma conexão guardem entre si e/ou que nada tenham a ver com nossas convicções a respeito de qualquer assunto, com nosso passado, com nossas ambições, com nossas projeções etc. etc. também por exemplo.
A mente, no entanto, é um todo, um todo íntegro e totalmente articulado. O que nos permite, à falta de um elemento mais adequado, recorrer a metáforas, a analogias ou a outro elemento qualquer que, embora muitas vezes não o seja, pareça-nos similar ao que se mostra necessário e/ou ser seu substitutivo e nos “quebre o galho”. De “quebra-galho” em “quebra-galho”, porém, cada vez menos buscamos o mais adequado e cada vez mais tenderemos a substituí-lo por qualquer coisa que signifique qualquer coisa.
Daí que... em que direção estará indo o nosso "avanço", o nosso “progresso”?
O saber, o cuidado e os demais elementos presentes no processo de pensar (e no de refletir, por suposto) serão sempre os mesmos saber, cuidado e demais elementos presentes no processo que nos permite querer externar o pensamento (e promover a reflexão, por suposto); portanto, serão os mesmos elementos presentes no processo de comunicação, independentemente do grau de facilidade nele encontrado por cada indivíduo. E também estarão presentes no processo de criação, de produção material etc. etc. São, todos eles, processos em e de um único sistema mental.




"O que mata as pessoas é a ambição. E também esta tendência para a sociedade de consumo. Quando vejo publicidade na televisão, digo a mim mesmo: podem me apresentar isto anos a fio que nunca comprarei nada daquilo que mostram. Nunca desejei um belo automóvel. Nunca desejei outra coisa senão ser eu próprio. Posso caminhar na rua com as mãos nos bolsos e sinto-me um príncipe."

Albert Cossery

OS PERIGOS DA LITERATURA



Paulo Leminski

Literatura, isto é, escrever sem publicar, é uma espécie de vício secreto. Pequena perversão. Que nem colocar calcinhas de mulher. Seus praticantes estão sujeitos a muito mais. Olhai uns pares deles.

COMPLEXO DE CASTRO ALVES - Leva os poetas a delirar se imaginando numa tribuna em praça pública, cercado por um mar de povo, recebendo o brado do seu bardo, o verbo quente e a exortação para a ação. Os poetas afetados deste mal substituem a ação pela palavra.

COMPLEXO DE MACHADO DE ASSIS - Manifesta-se em um desejo irreprimível de entrar para o Serviço Público. Levar vida reservada e tímida. Ter atitudes ambíguas sobre os problemas da comunidade. Esperar a glória, pacientemente. Alguns casos mais graves levam os pacientes a fundar academias.

COMPLEXO DE JORGE AMADO - Leva os pacientes a escrever livros e mais livros, sofregamente, uns cada vez mais parecidos com os outros. Frequentemente, vence pelo cansaço e acorda consagrado internacionalmente. Pertence ao quadro deste complexo o sonhar com o Nobel. Alguns têm frenesis em que se imaginam traduzidos para 18 idiomas.

MAL DE ROSA - Só faz vítimas entre membros do Corpo Diplomático.
O paciente imagina que é um jagunço do sertão. Conta casos estranhos, numa linguagem meio antiga e meio sertaneja. E diz em entrevistas na Europa: - Nós, no sertão…

SÍNDROME DE BORGES - O escritor-paciente imagina-se dentro de um livro, atacado por citações, vidas de outros séculos. Para o paciente afetado desta moléstia, o céu não tem estrelas. Tem asteriscos.
Ocorre de o paciente, andando em círculos, tropeçar numa vírgula, engolir o parágrafo e bater com a cabeça num travessão.
Devem ser constantemente vigiados.
Se não melhorarem, o jeito é encaderná-los e doá-los a uma Biblioteca Pública.

MAL DE DRUMMOND - Apenas uma variante do Complexo de Machado de Assis.
O doente pode apresentar dores abdominais.
Bem na altura de Minas Gerais no mapa do Brasil.
A seguir, os delírios.
O paciente grita:
-Tirem essa pedra do meio do meu caminho!

ATAQUE A JOÃO ANTONIO- Os acometidos desse mal crêem-se jogadores de sinuca, malandros da noite e velhos boêmios. Alguns tentam se parecer com Adoniram Barbosa. Quando além disser “literatura é um corpo-a-corpo com a vida”, esteja certo: ali está alguém sofrendo do Mal de João Antonio. Vivem normalmente de uma dieta de Górki e Lima Barreto. O melhor modo de curá-los é convidá-los para uma partida de sinuca.

PARALISIA CABRALINA - Súbito enrijecimento do nervo poético, causado por leituras intensivas de João Cabral de Melo Neto. O cabra da peste acometido desse mal começa a ver tudo em quadradinhos e a só reconhecer rimas toantes. Nos casos mais graves, desenvolve pedras nos rins, na bexiga e na veia. Apresenta tendências para litogravura, a marmoraria, ou coleciona cristais. Tem coração de pedra, e só se comove com agrestes, caatingas e canaviais pernambucanos. Normalmente, leva uma vida e morte severina.

LEMINSKI, Paulo. "Ensaios e Anseios Crípticos". Curitiba, Pólo Editorial do Paraná, 1997. p. 24-25.