domingo, 13 de março de 2016


PORQUE ODEIO O PT

Sirlei Fernandes

PORQUE ODEIO O PT

Odeio o PT por excluir dos livros didáticos a rotina do sociólogo e politico brasileiro dedicado a leituras de Sartre ao sabor de um café cheiroso nas boulevards parisienses.
O PT jamais deverá ser perdoado pela irresponsabilidade do fechamento da Daslu, ponto da moda chic paulistana frequentada por mulheres ricas elegantes e bem nascidas.
Odeio o PT por cortar o embalo das tardes acaloradas de Londrina frequentadas pelas mais altas autoridades paranaenses , movidas ao som das corridas de Kart e estouro de champagne.
Odeio o PT pela verve em colocar homens de bem na cadeia pertencentes a partidos e empresas sem mácula.
Como perdoar um partido que ousa importar médicos negros comunistas para tomar o lugar dos competentes e assíduos profissionais brasileiros.
Odeio o PT pela insistência em congestionar os corredores das universidades com gente sem preparo intelectual para o ensino vigente.
O PT merece repulsa pelo gasto excessivo do Bolsa Família, programa criado para perpetuar vadios dependentes do erário.
Mais ódio ainda do PT pelo desconforto nas filas dos aeroportos amontoadas de malas sem grife Louis Vuiton.
Odeio o PT.

E vou odiar mais ainda por fazer da solidariedade, justiça; por fazer da justiça, igualdade; por fazer da igualdade, democracia.

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Profundamente envergonhado desse dia que infelizmente terei de assistir. Com um sentimento que nem consigo expressar por todos aqueles que morreram por nosso país, que deram suas vidas para nos transformarmos em outro. Com muita pena de quem não consegue enxergar que aquilo que se deseja implantar a partir de hoje, é na realidade o mono partidarismo, e que por isso, nem de fachada viveremos se tudo der certo para os revoltosos, uma pseudo democracia. Estão nos empurrando goela abaixo uma nova ditadura, e nem isso é comentado ou admitido por quem quer que seja, porque todos ainda acreditam, creem, que ditaduras só nascem quando militares participam dela.

Mas como poderia ser diferente ? Nunca, nossa constituição de 1988, a dita cidadã, que muitos ainda a defendem, e que não nos protege de nada, nem tão menos nosso país, foi toda definida pela concessão de rádios e tvs que o PMDB que ontem anunciou, sairia do governo, concedia para a concretizar.

Fernando Macedo‎
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A mesma praça, o mesmo banco, a mesma gente do ano passado. Perfil social tendencialmente elitizado, brancos, muitos de meia-idade, classes média e alta, moradores nas áreas centrais privilegiadas, próximas aos locais dos atos, perfis sociais e ideológicos relativamente homogêneos e claramente definidos, com poucas exceções. Alguns eleitores majoritariamente da direita do PSDB, DEM e até a TFP sentiu afinidade naquele ambiente e reapareceu desta vez ! Não conseguiram superar em quantidade e qualidade os mesmos movimentos do ano passado, nos mesmos lugares e com as mesmas gentes. O impasse continua porque os muitos milhões, que não querem golpes de direita e não comparecem nestas manifestações, continuam nas mesmas posições consolidadas. A grande diferença e a grande mudança em relação ao ano passado serão as eleições municipais. O calendário eleitoral poderá desafogar a crise política pelas próprias definições e escolhas eleitorais. Nas eleições vale o voto de todos e a soberania popular plena, não apenas a televisionada e manipulada. A periferia, os sertões, os negros, os pobres também são os maiores protagonistas na democracia eleitoral. O voto da babá negra equivale ao da patroa enfatiotada de hoje.

Ricardo Costa de Oliveira
" 'Balança que essa quenga cai'. 'Prisão é pouco, fuzilamento já'. 'O PT vai sangrar'. A mãe que exibe orgulhosa o desenho do filho, aparentemente uma criança bem pequena, dois bonecos com a legenda "morra Lula - morra Dilma". Saudações nazistas.
A agressividade dos protestos da direita é impressionante.
Lembro das passeatas pelo impeachment de Collor. Não foi nenhum espetáculo de consciência política, o discurso em geral era raso, pipocavam refrões sexistas ('Rosane, sua galinha/Foi o PC que pagou sua calcinha'). Mas não se via na rua uma fração do ódio que hoje é ostentado.
O mesmo para os protestos de Fora FHC. Ou, recuando, para as manifestações das Diretas. Queríamos o fim da ditadura. Ninguém queria enforcar toda a cúpula das forças armadas.
Na verdade, acho que nem as manifestações anticomunistas que precederam o golpe de 1964 verbalizaram um ódio assim tão escancarado.
Isso é o mais assustador: o avanço de uma mentalidade claramente fascista, que se orgulha de sê-lo, que nem disfarça mais.

Luis Felipe Miguel
"Ser coxinha é ter uma dupla moral. É protestar contra a corrupção do PT, mas apoiar a corrupção do PSDB. É acusar o comunismo de matar milhões, mas nunca mencionar que o capitalismo segue matando bilhões. É dizer que é contra a Copa no Brasil, mas protestar com a camisa da CBF. É falar que é patriota, mas nunca se posicionar contra a entrega do petróleo brasileiro às multinacionais estangeiras. É dizer que é contra o aborto, mas a favor da pena de morte. É dizer que defende a moral da família, mas não perde a chance de fotografar as mulheres peladas do impeachment. É ser pobre, endividado e assalariado, mas desfilar junto com os que acredita serem ricos a fim de agradar o patrão. É acreditar que o Brasil nunca vai dar certo e que é melhor lavar prato em Miami do quer ser engenheiro aqui. Isto é ser coxinha: crer na Globo e na Veja e de vez em quando ler a Folha e o Estadão para aprender 'argumentos contra o governo'. É bater panela com o bucho cheio de comida, comendo frango e arrotando faisão."

Thomas de Toledo

Radicalização ameaça democracia brasileira, diz especialista



Sociólogo Fernando Lattman-Weltman afirma que atual acirramento dos ânimos é alarmante. "Os dois lados consolidaram posições, e tudo que o outro faz só reforça a convicção de que é uma guerra. A situação é muito grave."

Em novembro, manifestantes pró- e anti-governo se enfrentaram em Brasília

A radicalização e a polarização política colocam em risco a estabilidade das instituições e da democracia brasileira, afirma o sociólogo e cientista político Fernando Lattman-Weltman.

"Existe ameaça, porque todos os poderes da República estão submetidos a essa dinâmica de radicalização. Mesmo o Poder Judiciário, que deveria ser o mais neutro, já está na berlinda. Há fortes críticas e suspeitas à lisura e funcionamento de setores do Judiciário", diz o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Segundo Weltman, que desenvolve pesquisa sobre a relação entre as mídias sociais, imprensa e radicalização no Brasil, bem como sobre a estabilidade dos regimes, o atual acirramento dos ânimos é alarmante. Ele menciona os recentes confrontos entre manifestantes contra e a favor do PT e se diz preocupado com possíveis embates nos protestos de domingo (13/03), organizados por movimentos pró-impeachment.

"O processo de radicalização, quando vira esse ciclo vicioso de ação, reação e provocação, torna-se autônomo e se retroalimenta", explica. "Os dois lados consolidaram posições, e tudo que o outro faz só reforça essa convicção de que é uma guerra."

DW: O Brasil vive um processo de radicalização e polarização?

Fernando Lattman-Weltman: Sem dúvida nenhuma. É uma radicalização porque há um partido que ganhou e quer governar, e uma oposição que quer inviabilizar esse governo e acha que tem argumentos justos para isso. Um lado não tolera o outro, não há espaço de negociação ou diálogo. É uma disputa de poder. No meio disso, também existe uma polarização de caráter ideológico. Certos grupos pró-PT defendem determinada linha política, que, para eles, estaria condenada se outro partido assumisse. Da mesma forma, outros partidos podem culpar as políticas econômicas de esquerda por tudo que deu errado. Então tem radicalização e polarização, as duas coisas juntas. É difícil separar uma da outra, mas é preciso, porque elas requerem soluções diferentes.

A radicalização é sempre negativa para a sociedade?

Isso depende da perspectiva. Para quem acha que a democracia e a estabilidade das instituições são um valor em si mesmo, algo pelo qual lutamos muito, evidentemente que essa radicalização é alarmante. Já para quem acha que essa crise indica uma contradição mais profunda da sociedade, que não vai se resolver sem uma transformação violenta, a radicalização pode ser boa. O mesmo vale para os partidários de processos revolucionários ou regimes autoritários. Mas, para a maioria das pessoas, preocupadas com a situação social e econômica, esse agravamento é ruim, independentemente das suas posições políticas.

O senhor acha que esse radicalismo ameaça a estabilidade da nossa democracia e das nossas instituições?

Eu acho que sim, infelizmente. A situação é hoje muito grave. Todos os poderes da República estão submetidos a essa dinâmica de radicalização. Mesmo o poder que deveria ser o mais neutro, o Judiciário, já entrou na berlinda. Há fortes críticas e suspeitas à lisura e funcionamento de setores do Judiciário ou do sistema de Justiça mais amplo, que inclui a Polícia Federal e o Ministério Público. Até supostas soluções, como o projeto de adoção a toque de caixa do parlamentarismo, só aumentam a instabilidade. Não vou entrar no mérito desse sistema, mas propostas assim, nesse contexto, só jogam mais lenha na fogueira. Projetos assim certamente serão interpretados como golpe, mesmo que essa não seja a intenção. Se a gente abrir a porteira para soluções extraordinárias, qual é o limite?

E qual é o papel da imprensa nesse processo?

É um papel muito preocupante, porque ela pré-julga e seleciona. Por conta da crise que está vivendo, também ligada às novas tecnologias, a imprensa parece estar querendo fidelizar o seu público através da radicalização partidária.
E as mídias sociais, como elas influenciam a radicalização?
Elas têm um lado muito positivo de democratizar o acesso à informação, mas também geram uma exacerbação. Há mecanismos das redes que fazem com que as pessoas se entusiasmem com a exposição e coloquem argumentos só para gerar determinadas reações. E há uma dinâmica perversa desses algoritmos, que fazem com que o usuário veja cada vez mais aquilo que buscou, sempre mais do mesmo. Isso gera uma falsa sensação de que há uma multidão que pensa igual a ele, mas talvez sejam só algumas pessoas. Para quem se sentia isolado ou excluído, as redes oferecem esse pertencimento, que é positivo. Mas elas também contribuem para acirrar os ânimos.

E radicalização em geral aumenta a adesão aos protestos de domingo?

Sem dúvida nenhuma. E há um risco muito grande de confronto. Os movimentos sociais ligados ao PT decidiram não convocar manifestações no domingo, o que eu acho uma medida responsável. Quanto mais se puder evitar confronto, melhor.

E o pedido de prisão do Lula só piora essa radicalização...

Só aumenta. Do ponto de vista de quem está na esquerda, isso é uma perseguição política para inviabilizar o governo e uma candidatura do Lula em 2018. E é muito difícil convencer alguém da esquerda de que não é assim. Da mesma forma, para a direita, a Lava Jato é apenas uma investigação natural, que está desmontando a máquina de corrupção e poder do PT – um partido que, no fundo, queria instalar um sistema bolivariano no Brasil. E ninguém os convence do contrário. A radicalização chegou a esse ponto. Os dois lados consolidaram posições, e tudo que o outro faz só reforça a convicção de que é uma guerra. Há um ano o país está sendo preparado para esse conflito. Não que alguém tenha manipulado os cordéis para isso. O processo de radicalização começou nas eleições, se acelerou no ano passado e chegou a esse confronto.
O que o senhor acha que poderia ser feito na esfera pública para diminuir essa radicalização?

O processo de radicalização, quando vira esse ciclo vicioso de ação, reação e provocação, torna-se autônomo e se retroalimenta. Não adianta tentar dialogar, porque você não vai encontrar bom senso em ambos os lados. O pessoal não vai depor as armas e sentar para conversar. A única saída é romper com o outro círculo vicioso, da crise econômica e política. O governo tenta há um ano, de maneira mais ou menos desastrada, fazer isso e governar. A rede pode estar radicalizada, mas as lideranças da sociedade civil, dos trabalhadores, das associações, dos empresários, do Poder Judiciário, do Congresso, precisam se articular para tentar achar uma saída para a crise.

Fonte Deutsche Welle
 “O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída, porquanto cada um acredita estar tão bem provido dele que, mesmo aqueles que são os mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa, não costumam desejar tê-lo mais do que já o têm.”

 (DESCARTES )

1848: Revolução de Março na Áustria



No dia 13 de março de 1848, burgueses, trabalhadores e universitários de Viena rebelaram-se contra o poder da dinastia dos Habsburg. Dois dias mais tarde, imperador Ferdinando teve que reconhecer sua derrota.


Príncipe Metternich foi obrigado a renunciar

No ano de 1848 ocorreram várias revoluções na Europa. A 24 de fevereiro, em Paris, artesãos, universitários, trabalhadores e a Guarda Nacional haviam se rebelado contra a miséria e destituído o rei para proclamar a Segunda República. A revolta seguinte começou em 13 de março, em Viena. Trabalhadores e universitários se revoltaram contra 30 anos de opressão, censura e perseguição do conservador príncipe austríaco Klemens Wenzel Metternich.

Desde o Congresso de Viena, em 1815, ele era o homem mais poderoso nos países da Aliança Alemã. Mas o povo estava cansado da opressão e reuniu-se em Viena para protestar, em primeiro plano, contra a censura. A violência escalou depois que os militares dispararam contra a multidão, causando várias vítimas fatais.

Os manifestantes foram às barricadas, enquanto a rebelião eclodia também nos bairros operários. Em toda a cidade ouviam-se tiroteios e estabelecimentos comerciais eram saqueados. Como o governo não estivesse preparado para tanta disposição de luta dos manifestantes, dois dias mais tarde mandou recolher as tropas aos quartéis.

No dia 15 de março de 1848, o imperador Ferdinando aprovou a liberdade de imprensa, garantiu uma nova Constituição e a formação de uma guarnição civil armada, atendendo, assim, às "exigências de março" dos manifestantes. A consequência foi a composição de uma comissão de cidadãos, formada por 24 burgueses que ocuparam a administração de Viena.

Paris e Viena contagiam Berlim

Sem condições de governar, o imperador Ferdinando foi retirado de Viena; o príncipe Metternich renunciou e se exilou na Inglaterra. As revoltas em Paris e Viena contagiaram Berlim. A 18 de março de 1848, o povo reunido diante do palácio do rei Frederico Guilherme 4º exigiu liberdade de imprensa e de opinião, o fim da censura e a constituição de um Parlamento prussiano.

A violência escalou da mesma maneira como em Viena. Cerca de 4 mil manifestantes com armas rudimentares foram confrontados com um contingente de 15 mil militares fortemente armados. Mas venceram. Quatro dias depois, o imperador recolheu suas tropas e reconheceu a vitória dos revolucionários. Humilhado, foi obrigado a honrar no palácio os 230 mortos na revolução. No dia 21 de março, anunciou então a unidade nacional.

Sua medida seguinte foi a composição de um gabinete liberal e o anúncio de uma Assembleia Nacional dois meses depois. A Prússia, que junto a Rússia e Áustria havia fomentado a rebelião, deveria tornar-se monarquia constitucional. A revolução alemã, que foi apenas parte de um fenômeno pan-europeu, havia sido vitoriosa. No dia 18 de maio foi empossada a Assembleia Nacional, com 649 deputados das 39 províncias, inclusive a Prússia e a Áustria.

Sua tarefa era redigir uma Constituição democrática para todo o território alemão, introduzindo um sistema de governo centralizado. A nova carta magna, divulgada em dezembro do mesmo ano, é considerada pelo historiador alemão Wolfgang Mommsen como "mais moderna do que os direitos fundamentais de Weimar e, eventualmente, que a Lei Fundamental de 1949, afinal, inspirada na de 1848".

Autoria Frank Gerstenberg


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