sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Lições de sociologia política para leigos




Burguês é o detentor dos meios de produção. No popular, é o patrão. Mas não o dono da vendinha ou da loja da esquina não. É principalmente a entidade anônima que comanda as transnacionais. Proletário é aquele que de si só tem sua força de trabalho e por isso é obrigado a vendê-la no mercado. Mas tem também o 'prole-otário'. É o cabra que é proleta também mas se acha burguês e por isso vive defendendo os privilégios da burguesia. Se liga, meu irmão!



Otto Leopoldo Winck

"O fascista fala o tempo todo em corrupção. Fez isso na Itália em 1922, na Alemanha em 1933 e no Brasil em 1964. Ele acusa, insulta, agride como se fosse puro e honesto. Mas o fascista é apenas um criminoso, um sociopata que persegue carreira política. No poder, não hesita em torturar, estuprar, roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos".

Norberto Bobbio


"O discurso do Bolsonaro na ONU é a prova da grave falência educacional e cognitiva de várias instituições brasileiras. Não é possível um ex-oficial intermediário, um ex-parlamentar e presidente ilegítimo ser tão ignaro e ainda ter apoio de setores da magistratura, da diplomacia e de grupos empresariais tão analfabetos e retrógrados. Vergonha internacional. Os finlandeses têm uma palavra especial para esta situação - myötähäpeä, a imensa vergonha sentida por conta da vergonha ainda maior produzida por outra pessoa tola!"

Ricardo Costa de Oliveira

quando é proibido estar descontente



Sou só descontentamento e desassossego, com esta baleia franca agonizante e entalada dentro de mim:


Lélia Almeida.[1]



Si miramos la realidad, las mujeres son más sólidas, más objetivas, más sensatas. Para nosotros, son opacas: las miramos, pero no logramos ir adentro. Estamos tan empapados de una visión masculina que no entendemos. En contrapartida, para las mujeres, nosotros somos transparentes. Lo que me preocupa es que cuando la mujer llega al poder pierde todo aquello. Hay tres sexos: femenino, masculino y el poder. El poder cambia a las personas.

José Saramago.[2]


            Ai! Esta baleia franca agonizando na praia de Itaperubá, em Laguna (SC), agonizando frente à nossa impotência, resistindo e sobrevivendo a um coquetel de medicamentos para a eutanásia. Ai! Esta baleia franca entalada dentro de mim, virada numa metáfora de coisas grandes e sagradas, maravilhosas e que parecem que não tem mais lugar e nem cabida neste mundo. Resta-nos observá-la, mirar-nos, bravamente, na sua capacidade de resistência mesmo sabendo que estamos assistindo a sua morte. Passo horas pensando na baleia, tentando adivinhar-lhe as dores, os movimentos impossíveis, a respiração difícil. A baleia levo-a entalada por aonde vou, nestes dias, presa dentro de mim, e um sentimento aterrador se instala sem remédio.
            Sinto-me como o protagonista do filme do Bela Tarr, As Harmonias de Werckmeiser, quando a vida de uma pequena cidade do interior da Hungria é transformada com a chegada de uma baleia gigante empalhada. E da sua incompreensão, ao ver a baleia, quando se pergunta sobre como Deus pôde conceber uma criatura daquelas e ainda por cima fazê-la viver no mar!
            A baleia é mítica, é sagrada, é um símbolo também, e na sua grandeza é a metáfora que escolho para expressar, neste momento, o meu desassossego e o meu profundo descontentamento. Lembro das muitas vezes ao longo da minha vida que tive de mergulhar muda e só no descontentamento, na paralisia da baleia encalhada, como uma criança que ouve da mãe, engole e choro e não reclama, para aquelas situações quando as nossas sábias e pragmáticas mães sabem como ninguém que não nos resta mais nada além de obedecer e aceitar. E calar. E sempre que não pude expressar o meu descontentamento, a minha discordância, o desassossego comprometeu os meus movimentos mais espontâneos e a minha fala mais verdadeira e por isso a minha alma adoeceu. A minha alma que era um mar, um mar que já não podia conter uma baleia. A baleia que mal respira e que não desiste sob os nossos olhos atônitos.
            Tenho convivido com um profundo sentimento de frustração e de estar vivendo uma oportunidade única que está sendo desperdiçada. A minha geração de mulheres sonhou e lutou por muitas coisas lá na origem dos movimentos de mulheres deste país. Digo nas origens porque me filio a uma linhagem de outras mulheres, anteriores, que pensaram e me ensinaram tudo o que me faz, ainda hoje, me perceber como cidadã, mãe, profissional e mulher no mundo. Ensinaram-me, antes de tudo, que o movimento de mulheres sempre reivindicou a autonomia das mulheres, de forma mais importante ainda do que a igualdade com os homens. Permanece soberana, em algumas de nós, a raiz de toda esta luta que tem sido, historicamente, uma luta por autonomia. E eis que temos, neste momento, a possibilidade de duas candidatas mulheres à Presidência da República. E nunca o debate foi tão vazio, de tão baixo nível e as mulheres nunca ficaram tão caladas. A baleia agoniza, mas resiste, sinto sua respiração, sua alma que não se entrega. Ai baleia calada!
            Quando a então Ministra Dilma Roussef anunciou publicamente que tinha câncer fiquei estarrecida da maneira como os seus colegas de Esplanada e de partido expressaram publicamente o tanto que este fato podia ajudá-la a crescer nas pesquisas como candidata à Presidência da República. Os comentários foram absurdos e não ouvi nenhuma grita de indignação sobre este tratamento dispensado à Ministra, já naquele momento precisávamos ser pragmáticos, outra vez pragmáticos e batendo o martelo, ali já começava a se gestar o que temos como a estratégia urgente de todos estes meses, a pressa desenfreada, o vale tudo porque ela tem de vencer, doa a quem doa, danem-se as baleias, dane-se o meu desassossego. Falava-se da maneira como a doença podia render-lhe uma imagem de lutadora, de sobrevivente e a então Ministra tinha deixado de ser uma mulher e tinha se transformado numa candidata, ia capitalizar com a doença e com outros episódios também. Não vi ninguém questionar estas declarações desastrosas, perversas, mas parece que nada disso é importante e que minhas considerações sabem a um sentimentalismo inoportuno e incorrigível, devo dizer, a esta altura do campeonato.
            Lembro de um livro clássico que muitas mulheres da minha geração leram com atenção, Os seis meses em que fui homem, um texto canônico da Rose Marie Muraro[3] onde ela conta do estresse absoluto vivido quando teve de exercer um cargo de alta responsabilidade, e repetir assim os gestos irrefletidos, como chamo os gestos das mulheres que assumem o poder, porque só conhecemos este jeito de exercer o poder, o jeito masculino de fazê-lo, e ai de nós se não for assim, já que é este jeito que nos mantém ou destitui da coisa toda. A coreografia dos gestos irrefletidos, frutos da consciência embargada, valeu-lhe um câncer de útero. Foi uma das poucas narrativas sinceras que vi sobre o assunto.
            Outro clássico que vale a pena lembrar é O cálice e a espada da americana Riane Eisler[4], onde ela estuda, ao longo da história do mundo, as relações entre os homens e as mulheres. Atenta para o fato de que não haveria nenhuma evidência consistente, depois de tantas tentativas de prová-la, da existência de um matriarcado na história do mundo. Um matriarcado, que em exata oposição ao patriarcado seria uma sociedade onde as mulheres dominariam os homens. Para a autora isso não aconteceu e esclarece que sim, o que criou uma cultura da deusa ao longo da história do mundo e que é a que sobrevive na nossa memória, seriam momentos em que as mulheres, em comunidades matricêntricas, tinham um lugar de destaque e eram valorizadas num patamar de igualdade aos homens que simplesmente exerciam funções diferentes das delas. Aponta Creta como um momento de excelência desta evidência e propõe que estes momentos da história do mundo se constituíram em momentos de grande florescimento cultural, espiritual e de pacificação.
            A teoria de Eisler, que é muito mais inteligente e abrangente do que eu possa contar numa crônica, propõe que para que entendamos as complexas relações de dominação entre os homens e as mulheres, é necessário um olhar diferenciado sobre estas relações através do que ela chama de uma teoria da transformação cultural, a partir de uma perspectiva holística e que reflete sobre os dois modelos básicos de sociedade que subjaz à grande diversidade superficial da cultura humana. Um seria o modelo dominador, popularmente chamado de matriarcado ou patriarcado, onde uma metade da humanidade exerce a supremacia sobre a outra, e o outro modelo chamado de parceria, baseado num princípio de união e onde a diversidade não é equiparada à inferioridade ou à superioridade.
            O trabalho de Eisler que começa com estas considerações, no início dos anos 80, teve desdobramentos importantes e o livro que trata sobre o Poder da parceria[5] fez da autora uma importante ativista pela paz. Ela, recentemente, em entrevista ao GNT, disse que o Brasil, através do Bolsa Família, se constitui num exemplo a ser seguido pelo mundo, como uma prática de economia solidária e de pareceria. Ela, portanto, propõem sim, uma alternativa ao que temos no poder, um poder de parceria, onde o lugar das mulheres seja outro, diferenciado, e que sua maneira de estar no poder seja inovadora, negando, entre outras coisas, uma cultura da hierarquia burra, do mundo da guerra e da violência desmedida.
            A baleia mal respira dentro de mim, sinto-lhe as ganas de mover-se com força e agilidade, dar uma rabanada com a cauda, mover-se, mas suas forças se esvaem. As minhas mais sinceras esperanças vão-se junto com elas.
            A sensação é a de estar vivendo uma oportunidade única e, ao mesmo tempo, a de estar presenciando um irreparável desperdício histórico. O que para mim, na metade da jornada da vida, me abate sobremaneira, sabedora de que não temos muito mais tempo assim para erros incorrigíveis. A oportunidade única deve-se ao fato de que temos, neste momento, duas mulheres candidatas à Presidência da República do País. O desperdício histórico é porque a sociedade brasileira decidiu não pensar sobre este assunto, fazer de conta de que isto não está acontecendo e de onde podemos concluir que se as respostas têm sido imbecis, infantis, senso-comunsíssimas, é porque há uma ausência absoluta das perguntas importantes. E, portanto, a impossibilidade de um debate que não pode ser feito às pressas e nem sob censura.
Fala-se do figurino e do penteado das candidatas, fala-se de sua orientação sexual, falam-se banalidades e superficialidades. A candidata Dilma foi elevada a uma condição de Magna Mater, ao lado do Presidente Lula, que por sua vez, foi elevado a um patamar de líder intergaláctico ou a uma espécie de vice-Deus, coroados agora pelo nascimento de um menino chamado Gabriel, que nasceu abençoado como um anjo, o que nos faz lembrar, uma fábula outra, muito antiga, tão antiga como a existência das baleias, este bicho tão inconveniente a me triturar as vísceras de angústia e agonia.
            A propaganda eleitoral do Partido dos Trabalhadores, ao criar esta tríade de presépio, repetida à farta nos comícios, nos discursos e nos palanques, de diferentes maneiras, nega, na prática, o próprio trabalho da Secretaria Especial de Políticas das Mulheres do governo Lula, que as coloca, às mulheres brasileiras, em seus projetos e programas, como protagonistas autônomas e empoderadas sem fazer este uso reacionário e ideológico da figura da mamãezinha terna, coadjuvante, subserviente e subalterna que tem de cuidar do mundo. E trata, assim, o povo brasileiro como um bando de debilóides. Cala a boca baleia, morre baleia!
            Continuo sem respostas para as minhas perguntas. As mulheres querem o poder? E chegando lá como querem exercê-lo? Da mesma maneira que os homens? Há outro jeito das mulheres estarem no poder? Como é esse jeito? E os homens, como vão lidar com as questões propostas pelas mulheres? E se elas não concordarem? E se elas se rebelarem? E se elas não obedecerem? Qual o significado do desinteresse de um grande número de mulheres para que se lancem como candidatas? E qual o significado do voto feminino para tal ou qual candidato? E da rejeição deste mesmo voto para tal ou qual candidato? Baleia preguiçosa, burra, esqueceu de pensar, vai pagar caro por isso, pela inconsciência, baleia burra, morre baleia burra!
            A poucas semanas da eleição sinto uma imensa frustração, já entrei na pressa da coisa toda, tomara que termine logo, tomara que termine de uma vez. Morre baleia, morre. Vai morrer na praia, seu bicho burro!
            Mais uma vez o debate foi negligenciado. Mais uma vez o debate que envolve os desejos, os direitos e as reivindicações específicas das mulheres foi negligenciado, o mundo avança e a história das mulheres encalha como a baleia franca. Muito provavelmente a candidata Dilma será a próxima presidente do país. Pagaremos um preço alto pelas perguntas que deixamos de fazer, das vezes que deixamos de questionar com senso crítico e autonomia de pensamento, das vezes que deixamos de dizer não, de dizer que assim não nos serve, que não se pode tratar uma mulher de determinadas maneiras, como um ser sem vontade e de todas as vezes que compactuamos mudas com este tratamento e com a conivência e passividade de determinadas condutas, das vezes que nos omitimos, das vezes que calamos frente a impossibilidade de alguns tipos de alianças, das vezes que esquecemos que mais cedo ou mais tarde vamos ter de responder às nossas filhas, às nossas leitoras, às nossas alunas, pelas nossas próprias escolhas.
            A baleia agoniza, mas não morre, a desgraçada!
            Do outro lado do mundo, também numa praia, no final de junho, onze mulheres israelenses levaram mulheres palestinas para passear em Telavive e Jaffa, sem pedir autorização do governo do premiê Benjamin Netanyahu - em desafio à rigorosa lei de entrada em Israel, conforme nos conta Viviane Vaz[6] em matéria publicada no Correio Braziliense. "Nós comemos num restaurante, tomamos banho de mar e nos divertimos na praia". A jornalista Ilana Hammerman conta que os passeios entre palestinas e israelenses têm se repetido cada vez com um número maior de mulheres e se transformado num ato espontâneo de desobediência civil e pacífica já que elas não reconhecem a legitimidade da ocupação, dos muros e dos postos de controle instalados por Israel no território palestino da Cisjordânia.
            A baleia sente um frêmito, um frêmito como um raio, como uma faísca, um esboço de resposta, quem sabe.
            Enquanto as nossas reivindicações não forem claras, enquanto não modularmos o discurso de maneira inteligente e veemente, enquanto não dissermos a nós mesmas e ao mundo qual é a maneira que queremos exercer o poder e se de fato queremos fazê-lo, enquanto não articularmos a conduta, o gesto e a voz, só nos restará o expediente da desobediência, prática feminina tão antiga esta, que nos projeta para a margem do mundo, para fora da institucionalidade, transformadoras e revolucionárias algumas vezes, inoperantes e esquecidas, quase sempre. Que é como voltar sempre ao começo, ao começo do mundo, ao começo dos tempos. A baleia estertora dentro de mim, uma ânsia, sinto cólicas de angústia nestes últimos dias, o peso e a dor enorme de carregar esta baleia moribunda, as minhas esperanças maltratadas, e essa tristeza sem fim, uma oportunidade histórica desperdiçada, quanto retrocesso! Baleia burra. Vai morrer encalhada, vai morrer na praia, baleia burra!

1- Lélia Almeida é escritora. http://mujerdepalabras.blogspot.com/
2- http://www.escribirte.com.ar/destacados/5/saramago/noticias/864/saramago:-me-preocupa-la-mujer-en-el-poder.htm
3- MURARO, Rose Marie. Os seis meses em que fui homem. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1993.
4- EISLER, Riane. O Cálice e a Espada: Nossa História Nosso Futuro. Imago: Rio de Janeiro, 1989.
5- EISLER, Riane. O Poder da parceria. São Paulo: Palas Athena, 2007.
6- http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/07/mundo,i=211808/GRUPO+DE+MULHERES+EM+ISRAEL+DESAFIA+TABUS+PARA+SE+APROXIMAR+DE+PALESTINAS.shtml
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Los siete mensajeros





Habiendo salido a explorar el reino de mi padre, día a día voy alejándome de la ciudad y las noticias que me llegan son cada vez más raras.

Comencé el viaje cuando tenía poco más de treinta años y han pasado ya más de ocho años, seis meses y quince días de ininterrumpido camino.

Creía, en el momento de partir, que en pocas semanas habría alcanzado los confines del reino; por el contrario, seguí encontrando nuevas gentes y países y en todas partes hombres que hablaban mi mismo idioma y que decían ser mis súbditos. A veces pienso que la brújula de mi geógrafo se ha enloquecido y que, creyendo avanzar siempre hacia el sur, en realidad damos vueltas sobre nuestros propios pasos sin aumentar jamás la distancia que nos separa de la capital; esto podría explicar por qué no estamos ahora junto a la extrema frontera.

Pero más frecuentemente me atormenta la duda de que este confín no existía, que el reino se extienda sin límite alguno y que, por más que yo avance, jamás podré arribar a la frontera. Empecé el viaje cuando tenía más de treinta años, demasiado tarde, quizás. Los amigos, los mismos familiares, se burlaban de mi proyecto, opinando que iba a despilfarrar los mejores años de mi vida. Pocos de mis leales, en realidad, aceptaron partir.

Si bien era algo descuidado -mucho más que ahora- me preocupé de poder comunicarme, durante el viaje, con mis seres queridos; entre los caballeros de la escolta elegí los siete mejores para que me sirvieran de mensajeros. Creí, ignorante de mí, que tener siete mensajeros era una verdadera exageración.

Con el transcurso del tiempo advertí, por el contrario, que eran ridículamente pocos, a pesar de que ninguno de ellos fue asaltado por los bandidos ni malogró su cabalgadura. Los siete me han servido con una tenacidad y una devoción que difícilmente podré recompensar.

Para distinguirlos con facilidad les puse nombres cuyas iniciales eran alfabéticamente progresivas: Alejandro, Benito, Carlos, Daniel, Eduardo, Federico, Gregorio.

Poco acostumbrado a estar lejos de mi casa, envié al primero, Alejandro, al caer la noche del segundo día de viaje, cuando habíamos recorrido ya unas ochenta leguas. A la noche siguiente, para asegurarme la continuidad de las comunicaciones, envié al segundo, después al tercero, después al cuarto, consecutivamente, hasta la octava tarde del viaje en que partió Gregorio. El primero todavía no había regresado.

Llegó la décima noche mientras acampábamos en un valle deshabitado. Supe por Alejandro que su rapidez había sido menor a la prevista; había pensado que, yendo separado y en un corcel inmejorable, podría recorrer en el mismo tiempo el doble de distancia que nosotros, pero no había recorrido el doble, sino sólo una vez y media; en unas jornadas, mientras nosotros avanzábamos cuarenta leguas, él avanzaba sesenta, pero no más.

Lo mismo pasó con los otros. Benito, que partió la tercera noche del viaje, retornó recién a la décima quinta; Carlos, que partió a la cuarta noche, nos alcanzó en la vigésima. Muy pronto comprendí que bastaba multiplicar por cinco los días que llevábamos viajando para saber cuándo volvería el mensajero.

Al alejarnos constantemente de la capital, el itinerario de los mensajeros se hacía cada vez más largo. Después de cincuenta días de camino el intervalo entre un arribo u otro comenzó a espaciarse sensiblemente; mientras antes veía llegar al campamento un mensajero cada cinco días, el intervalo llegó a hacerse de veinticinco días; la voz de mi ciudad, de esa manera, se volvía cada vez más apagada: pasábamos semanas enteras sin tener ninguna noticia.

Una vez que transcurrieron seis meses -ya habíamos atravesado los montes Fasani- el intervalo entre uno y otro arribo de los mensajeros aumentó a cuatro meses. Ahora ellos me traían noticias lejanas; el sobre me llegaba ajado, muchas veces con manchas de humedad, debido a las noches que el portador se había visto obligado a pasar al sereno.

Avanzábamos aún. En vano buscaba persuadirme de que las nubes que se deslizaban rápidamente sobre mí eran iguales a las de mi niñez, que el cielo de la ciudad lejana no era diferente de la cúpula azul que tenía sobre mí, que el aire era el mismo, igual el soplo del viento, idénticas las voces de los pájaros. Las nubes, el cielo, el aire, los vientos, los pájaros se me aparecían en verdad, como cosas nuevas y diversas; y yo me sentía extranjero.

¡Adelante! ¡Adelante! Vagabundos encontrados por la llanura me decían que los confines no estaban lejos. Yo incitaba a mis hombres a no descansar, borraba las palabras descorazonadoras que se formaban sobre sus labios.

Ya habían pasado cuatro años de mi partida. ¡Qué larga fatiga! La capital, mi casa, mi padre, se habían vuelto extrañamente remotos, casi no me parecían reales. Ahora pasaban fácilmente veinte meses entre las sucesivas apariciones de los mensajeros. Me traían curiosas misivas amarillentas por el tiempo y en ella encontraba nombres olvidados, modos de decir insólitos para mí, sentimientos que no lograba comprender. A la mañana siguiente, después de una sola noche de reposo, mientras nosotros nos poníamos en camino, el mensajero partía en dirección opuesta, llevando a la ciudad las cartas que yo había preparado en ese mismo tiempo.

Pero ya han transcurrido ocho años y medio. Esta noche cenaba solo en mi tienda cuando entró Daniel, que aún lograba sonreír, aunque estaba muerto de cansancio. Hace casi siete años que no lo veía. Durante todo este período larguísimo no ha hecho más que correr, atravesando praderas, bosques y desiertos, cambiando quién sabe cuántas veces de cabalgadura, para traerme el paquete de sobres que hasta ahora no he tenido deseos de abrir. Ya se fue a dormir y volverá a partir mañana mismo, al amanecer.

Partirá por última vez. Consultando el calendario calculé que, aunque todo salga bien, yo continuando mi camino como lo he hecho hasta ahora y él el suyo, no podré volver a ver a Daniel hasta dentro de treinta y cuatro años. Entonces tendré setenta y dos.

Pero comienzo a sentirme cansado y es probable que me muera antes. No lo volveré a ver. Dentro de treinta y cuatro años (quizás antes, mucho antes) Daniel descubrirá, inesperadamente, los fuegos de mi campamento y se preguntará por qué nunca antes le resultó el trayecto tan corto.

Como esta noche, el buen mensajero entrará en mi tienda con las cartas amarillas, llenas de absurdas noticias de un tiempo ya sepultado; pero se detendrá en el umbral y me verá inmóvil tendido sobre el camastro, flanqueado por dos soldados con antorchas, muerto.

¡Anda, pues, Daniel, y no me digas que soy cruel! Lleva mi último saludo a la ciudad donde nací. Tú eres la última ligazón con el mundo que en un tiempo fue también mío. Los mensajes recientes me han hecho saber que han cambiado muchas cosas, que mi padre ha muerto, que la corona pasó a mi hermano mayor, que me consideran perdido, que han construido altos palacios de piedra, allá, donde estaban las encinas a cuya sombra solíamos jugar. De cualquier manera, siempre seguirá siendo mi vieja patria. Tú eres la última atadura con ella, Daniel.

El quinto mensajero, Eduardo, que me alcanzará, si dios quiere, dentro de un año y ocho meses, no podrá volver a partir porque no tendrá tiempo de regresar. Después de ti, el silencio, ¡oh, dios mío!, a menos que encuentre los anhelados confines. Pero cuanto más avanzo, más me convenzo de que no existe frontera. No existe, sospecho, frontera alguna, por lo menos en el sentido que habitualmente le damos. No hay muralla de separación, ni ríos divisorios, ni montañas que cierran el paso. Probablemente atravesaré el límite sin ni siquiera advertirlo e, ignorante de mí, continuaré mi camino. Por eso he decidido que cuando Eduardo y los demás mensajeros, después de él, me alcancen nuevamente, en vez de volver a tomar el camino de la capital, se me adelante, para que yo pueda saber con anterioridad lo que me espera.

Desde hace un tiempo una ansiedad inusitada se apodera de mí por las noches y ya no se trata de la añoranza de las alegrías pasadas, como en los primeros tiempos del viaje; más bien es la impaciencia de conocer la tierra ignota a la que me dirijo.

Advierto -y no se lo he confiado hasta ahora a nadie- cómo de día en día, a medida que avanzo hacia la improbable meta, el cielo irradia una luz insólita como jamás había visto, ni siquiera en sueños. Ha quedado definitivamente atrás el último cielo azul.

Las plantas, los montes, los ríos que atravesamos, parecen hechos de una esencia diferente de lo ya conocido y el aire me acerca presagios que no sé transmitir.

Una nueva esperanza me llevará mañana por la mañana aun más adelante, en dirección a aquella montaña inexplorada que ahora ocultan las sombras de la noche. Una vez más levantaré el campamento, y Daniel desaparecerá en el horizonte en dirección opuesta, para llevar a la ciudad remota mi inútil mensaje.

FIN

 Dino Buzzati

22 Sep 2010


Biblioteca Digital Ciudad Seva

Mujima




En el camino de Akasaka, cerca de Tokio, hay una colina, llamada Kii-No-Kuni-Zaka, o "La Colina de la provincia de Kii". Está bordeada por un antiguo foso, muy profundo, cuyas laderas suben, formando gradas, hasta un espléndido jardín, y por los altos muros de un palacio imperial.
Mucho antes de la era de las linternas y los jinrishkas, aquel lugar quedaba completamente desierto en cuanto caía la noche. Los caminantes rezagados preferían dar un largo rodeo antes de aventurarse a subir solos a la Kii-No-Kuni-Zaka, después de la puesta de sol.

¡Y eso a causa de un Mujima que se paseaba!

El último hombre que vio al Mujima fue un viejo mercader del barrio de Kyôbashi, que murió hace treinta años.

He aquí su aventura, tal como me la contó:

Un día, cuando empezaba ya a oscurecer, se apresuraba a subir la colina de la provincia de Kii, cuando vio una mujer agachada cerca del foso... Estaba sola y lloraba amargamente. El mercader temió que tuviera intención de suicidarse y se detuvo, para prestarle ayuda si era necesario. Vio que la mujercita era graciosa, menuda e iba ricamente vestida; su cabellera estaba peinada como era propio de una joven de buena familia.

-Distinguida señorita -saludó al aproximarse-. No llore así.. Cuénteme sus penas... me sentiré feliz de poder ayudarla.

Hablaba sinceramente, pues era un hombre de corazón.

La joven continuó llorando con la cabeza escondida entre sus amplias mangas.

-¡Honorable señorita! -repitió dulcemente-. Escúcheme, se lo suplico... Éste no es en absoluto un lugar conveniente, de noche, para una persona sola. No llore más y dígame la causa de su pena ¿Puedo ayudarla en algo?

La joven se levantó lentamente... Estaba vuelta de espaldas y tenía el rostro escondido... Gemía y lloraba alternativamente.

El viejo mercader puso una mano sobre su espalda y le dijo por tercera vez:

-Distinguida señorita, escúcheme un momento...

La honorable señorita se volvió bruscamente. Dejó caer la manga y se acarició la cara con la mano... ¡El viejo vio que no tenía ojos, nariz ni boca!...

¡Huyó, gritando de espanto!

Corrió hasta el borde de la colina, oscura y desierta, que se extendía delante de él... Corría sin pararse y sin osar mirar hacia atrás... Por último vio, en lontananza, la luz de una linterna... Era una lucecilla tan pequeña que se hubiera podido confundir con una mosca luminosa. Era la bujía de un mercader ambulante, un vendedor de sopa que había levantado su tenderete al borde del camino. Después de la experiencia que el viejo acababa de sufrir, la más humilde de las compañías le pareció deseable. Se echó a los pies del vendedor de sopa, gimiendo:

-¡Ah!... ¡Ah!... ¡Ah!...

-«Koré»... «Koré»... -replicó el vendedor ambulante bruscamente-. ¿Qué le ocurre? ¿Le ha hecho daño alguien?

-¡No!... Nadie me ha hecho daño... -murmuró el otro-. Pero... ¡Ah!... ¡ah!... ¡ah!...

-¡Por lo menos le han dado un buen susto! -dijo el mercader, demostrando poca simpatía-. ¿Se ha encontrado con algún ladrón?

-¡No!... Pero, cerca del foso... he visto... ¡Oh!, he visto una mujer que... ¡Ah!, jamás podré describir cómo la he visto...

-¿Qué? ¿La ha visto, tal vez, así?... -exclamó el mercader.

Se acarició la cara que, de pronto, se hizo semejante a un huevo.

¡En aquel mismo instante se apagó la luz!

FIN

Lafcadio Hearn

08 Aug 2009



Biblioteca Digital Ciudad Seva


quarta-feira, 25 de setembro de 2019


O poeta cria, fora do mundo que existe, o que deveria existir. Eu tenho direito a querer ver uma flor que anda ou um rebanho de ovelhas atravessando o arco-íris, e quem quiser me negar esse direito ou limitar o campo de minhas visões deve ser considerado um simples inepto. 

(Vicente Huidobro).

El grisú




Baldomero Lillo

En el pique se había paralizado el movimiento. Los tumbadores fumaban silenciosamente entre las hileras de vagonetas vacías, y el capataz mayor de la mina, un hombrecillo flaco cuyo rostro rapado, de pómulos salientes, revelaba firmeza y astucia, aguardaba de pie con su linterna encendida junto al ascensor inmóvil. En lo alto el sol resplandecía en un cielo sin nubes y una brisa ligera que soplaba de la costa traía en sus ondas invisibles las salobres emanaciones del océano.

De improviso el ingeniero apareció en la puerta de entrada y se adelantó haciendo resonar bajo sus pies las metálicas planchas de la plataforma. Vestía un traje impermeable y llevaba en la diestra una linterna. Sin dignarse contestar el tímido saludo del capataz, penetró en la jaula seguido por su subordinado, y un segundo después desaparecían calladamente en la oscura sima.

Cuando, dos minutos después, el ascensor se detenía frente a la galería principal, las risotadas, las voces y los gritos que atronaban aquella parte de la mina cesaron como por encanto, y un cuchicheo temeroso brotó de las tinieblas y se propagó rápido bajo la sombría bóveda.

Míster Davis, el ingeniero jefe, un tanto obeso, alto, fuerte, de rubicunda fisonomía en la que el whiskey había estampado su sello característico, inspiraba a los mineros un temor y respeto casi supersticioso. Duro e inflexible, su trato con el obrero desconocía la piedad y en su orgullo de raza consideraba la vida de aquellos seres como una cosa indigna de la atención de un gentleman que rugía de cólera si su caballo o su perro eran víctimas de la más mínima omisión en los cuidados que demandaban sus preciosas existencias.

Indignábale como una rebelión la más tímida protesta de esos pobres diablos y su pasividad de bestias le parecía un deber cuyo olvido debía castigarse severamente.

Las visitas de inspección que de tarde en tarde le imponía su puesto de ingeniero director, eran el punto negro de su vida refinada y sibarítica. Un humor endiablado se apoderaba de su ánimo durante aquellas fatigosas excursiones. Su irritabilidad se traducía en la aplicación de castigos y de multas que caían indistintamente sobre grandes y pequeños, y su presencia anunciada por la blanca luz de su linterna era más temida en la mina que los hundimientos y las explosiones del grisú1.

Ese día, como siempre, la noticia de su bajada había producido cierta inquieta excitación en las diversas faenas. Los obreros fijaban una mirada recelosa en cada lucecilla que brillaba en las tinieblas, creyendo ver a cada instante aparecer aquel blanquecino y temido resplandor. Por todas partes se trabajaba con febril actividad: los barreteros con el cuerpo encogido, doblado a veces en posturas inverosímiles, arrancaban trozo a trozo el quebradizo mineral que los carretilleros conducían empujando las rechinantes vagonetas hasta los tornos de las galerías de arrastre.

El ingeniero con su acompañante se detuvieron algunos momentos en el departamento de los capataces donde el primero se impuso de los detalles y necesidades que habían hecho indispensable su presencia. Después de dar allí algunas órdenes, siempre en compañía del capataz mayor se dirigió hacia el interior de la mina recorriendo tortuosos corredores y estrechísimos pasadizos llenos de lodo.

Sentado en la parte plana de una vagoneta a la que se habían quitado las maderas laterales, hacía de vez en cuando alguna observación a su subalterno que seguía tras el carro trabajosamente. Dos muchachos sin más traje que el pantalón de tela conducían el singular vehículo: el uno empujaba de atrás y el otro enganchado como un caballo tiraba de delante. Este último daba grandes muestras de cansancio: el cuerpo inundado de sudor y la expresión angustiosa de su semblante revelaban la fatiga de un esfuerzo muscular excesivo. Su pecho henchíase y deprimíase como un fuelle a impulso de su agitada respiración que se escapaba por la boca entreabierta apresurada y anhelante. Una especie de arnés de cuero oprimía su busto desnudo, y de la faja que rodeaba su cintura partían dos cuerdas que se enganchaban a la parte delantera de la vagoneta. A la entrada de un pasadizo que conducía a las nuevas obras en explotación, el jefe cuya atención estaba fija en los revestimientos dio la voz de alto, y dirigiendo el foco de su linterna hacia arriba comenzó a examinar las filtraciones de la roca, picando con una delgada varilla de hierro los maderos que sujetaban la techumbre. Algunas de esas vigas presentaban curvas amenazadoras y la varilla penetraba en ellas como en una cosa blanda y esponjosa. El capataz con mirada inquieta contemplaba en silencio aquel examen presintiendo una de aquellas tormentas que tan a menudo estallaban sobre su cabeza de subordinado humilde y rastrero hasta el servilismo.

-Acércate, ven acá. ¿Cuánto tiempo hace que se efectuó este revestimiento?

-Hará un mes, señor -contestó el atribulado capataz.

El ingeniero se volvió y dijo:

-¡Un mes y ya los maderos están podridos! Eres un torpe, que te dejas sorprender por los apuntaladores que colocan madera blanda en sitios como éste tan saturados de humedad. Vas a ocuparte en el acto de remediar este desperfecto antes que te haga pagar caro tu negligencia.

El azorado capataz retrocedió presuroso y desapareció en la oscuridad.

Míster Davis apoyó la punta de la vara en el desnudo torso del muchacho que tenía delante y el carro se movió, pero con lentitud pues la pendiente hacía muy penoso el arrastre en aquel suelo blando y escurridizo. El de atrás ayudaba a su compañero con todas sus fuerzas, mas de pronto las ruedas dejaron de girar y la vagoneta se detuvo: de bruces en el lodo, asido con ambas manos a los rieles en actitud de arrastrar aún, yacía el más joven de los conductores. A pesar de su valor la fatiga lo había vencido.

La voz del jefe a quien la perspectiva de tener que arrastrarse doblado en dos por aquel suelo encharcado y sucio, ponía fuera de sí, resonó colérica en la galería:

-¡Canalla, haragán! -gritó enfurecido.

Y la vara de hierro se alzó y cayó repetidas veces, produciendo un ruido sordo en aquel cuerpo inanimado.

Al sentir los golpes, el caído se incorporó sobre las rodillas y haciendo un esfuerzo se puso de pie. Había en sus ojos una expresión de rabia, de dolor y desesperación. Con nervioso movimiento se despojó de sus arreos de bestia de tiro y se arrimó a la pared donde quedó inmóvil.

Míster Davis, que le observaba con atención, descendió del carro y se le acercó con la varilla en alto diciendo:

-¡Ah!, con que te resistes, ¡espera!

Pero viendo que la víctima por toda defensa cruzaba sus brazos sobre la cabeza, se detuvo, quedó indeciso un momento y luego con voz tonante profirió:

-¡Vete! ¡Fuera de aquí!

Y volviéndose al otro muchacho que temblaba como la hoja en el árbol le ordenó imperiosamente:

-Tú, sígueme.

Y encorvando su alta estatura continuó adelante por la lóbrega galería.

Después de despachar a toda prisa una cuadrilla de apuntaladores para que efectuasen en los revestimientos las reparaciones que tan duramente se le habían ordenado, el capataz se dirigió a esperar a su jefe a una pequeña plazoleta que lindaba con las nuevas obras en explotación, quedándose espantado al verlo aparecer, tras una larga espera, con la faz enrojecida, dando resoplidos de fatiga y salpicado de lodo de la cabeza a los pies. Fue tal su sorpresa, que no dio un paso ni hizo un ademán para acercarse a su señor, quien, dejándose caer pesadamente en unos trozos de madera, empezó a sacudir su traje y a enjugar con su fino pañuelo el copioso sudor que le inundaba el rostro.

El muchacho que llegaba empujando el pequeño carro, le reveló en dos palabras lo sucedido. El capataz oyó la noticia con inquietud y dando a su fisonomía la expresión más consternada y trágica que supo, se acercó con ademán solícito a su superior; pero éste, comprendiendo que aquel incidente resultaba ridículo para su orgullo, había recobrado el gesto soberbio de supremo desdén que le era habitual, y clavando en el semblante servil de su subordinado la mirada fría e implacable de sus grises pupilas le preguntó con voz al parecer serena, pero en la que se transparentaba cierta sorda irritación:

-¿Tiene parientes ese muchacho?

-No, señor -respondió el interpelado-, sólo tiene madre y tres hermanos pequeños: el padre murió aplastado por un derrumbe cuando empezaron los trabajos del nuevo chiflón. Era un buen obrero -añadió, tratando de atenuar la falta del hijo con el mérito del padre.

-Bueno, vas a dar orden inmediata para que esa mujer y sus hijos dejen la habitación. No quiero holgazanes aquí -terminó con amenazadora severidad.

Su acento no admitía réplica, y el capataz, doblando una rodilla en el húmedo suelo, tomó su libreta de apuntes y el lápiz y trazó en ella, a la luz de su linterna, algunos renglones.

Mientras escribía, su imaginación se trasladó al cuarto de la viuda y de los huérfanos, y a pesar de que aquellos lanzamientos eran cosa frecuente y que como ejecutor de la justicia inapelable del amo la sensibilidad no era el punto vulnerable de su carácter, no pudo menos de experimentar cierta desazón por esa medida que iba a causar la ruina de aquel miserable hogar.

Terminado el escrito arrancó la hoja y haciendo una señal al muchacho para que se acercara se la entregó, diciéndole:

-Llévalo afuera al mayordomo de cuartos.

Jefe y subalterno quedaron solos. En la plazoleta que servía de depósito de materiales, veíanse a la luz de las linternas trozos de maderas de revestimientos, montones de rieles y mangos de piquetas, esparcidos en derredor de los negros muros en los cuales se dibujaban las aberturas, más negras aún, de siniestros pasadizos.

Un rumor sordo, como de rompientes lejanas, desembocaba por aquellos huecos en oleadas cortas e intermitentes: chirridos de ruedas, voces humanas confusas, chasquidos secos y un redoble lento, imposible de localizar, llenaba la maciza bóveda de aquella honda caverna donde las tinieblas limitaban el círculo de luz a un pequeñísimo radio tras el cual sus masas compactas estaban siempre en acecho, prontas a avanzar o retroceder.

De pronto, allá a la distancia, apareció una luz seguida luego por otra y otras hasta completar algunas decenas. Asemejábanse a pequeños globos rojos flotando en un mar de tinta y que subían y bajaban siguiendo la ondulada curva de un invisible oleaje.

El capataz sacó su reloj y dijo, interrumpiendo el embarazoso silencio:

-Son los barreteros de la Media Hoja que vienen a tratar de la cuestión de los rebajes. Ayer quedaron citados para este sitio.

Y siguió dando minuciosos detalles sobre aquel asunto, detalles que su superior oía con un manifiesto desagrado, su entrecejo se fruncía y todo en él revelaba impaciencia creciente y cuando el capataz repetía por su segunda vez sus argumentos:

-Es, pues, imposible aumentar los precios porque, entonces, el costo del carbón… -un “Ya lo sé” áspero y seco le cortó la palabra bruscamente.

El empleado echó una mirada a hurtadillas a su interruptor y una escéptica sonrisa invisible en la oscuridad plegó sus delgados labios al distinguir la larga hilera de lucecillas que se aproximaban. No era difícil de adivinar que el negocio de aquellos pobres diablos de barreteros corría un gravísimo riesgo de convertirse en un desastre. Y su convicción se afirmó viendo el torvo ceño del jefe y observando las huellas que la caminata por la galería había dejado en su persona y traje.

Los pantalones en las rodillas ostentaban grandes placas de barro y sus manos, ordinariamente tan blancas y cuidadas, eran las de un carbonero. No cabía duda, había tropezado y caído más de una vez. Además en su abollado sombrero veíanse manchas del hollín que el humo de las lámparas deposita en la techumbre de los túneles, lo que indicaba que su cabeza había comprobado prácticamente la solidez de aquellos revestimientos que tan frágiles le habían parecido. Y a medida que avanzaba en aquel examen, una maligna alegría retratábase en el semblante finamente astuto del capataz. Sentíase vengado, siquiera en parte, de las humillaciones que por la índole de su empleo tenía diariamente que soportar.

Las luces continuaban acercándose y se oía ya distintamente el rumor de las voces y el chapoteo de los pies en el lodo líquido. La cabeza de la columna desembocó en breve en la plazoleta y todos aquellos hombres fueron alineándose silenciosamente frente al sitio ocupado por sus superiores. El humo de las lámparas y el olor acre de sus cuerpos sudorosos impregnó bien pronto la atmósfera de un hedor nauseabundo y asfixiante.

Y a pesar del considerable aumento de luz las sombras persistían siempre y en ellas se dibujaban las borrosas siluetas de los trabajadores, como masas confusas de perfiles indeterminados y vagos.

Míster Davis continuaba impasible sobre su banco de piedra, con las manos cruzadas sobre su grueso abdomen, dejando adivinar en la penumbra los recios contornos de su poderosa musculatura. Un silencio sepulcral reinaba en la plazoleta, silencio que interrumpieron de pronto algunas toses de viejo, cascadas y huecas.

-¡Vamos! ¿qué esperan? ¡Que despachen pronto! -exclamó el ingeniero, dirigiéndose al capataz.

Éste levantó la linterna a la altura de su cabeza y proyectó el haz luminoso sobre el grupo del cual se destacó un hombre que avanzó, gorra en mano, y se detuvo a tres pasos de distancia.

Bajo de estatura, de pecho hundido y puntiagudos hombros, su calva ennegrecida como su rostro sobre el que caían largos mechones de pelos grises, dábale un aspecto extrañamente risible y grotesco. Una ojeada significativa del capataz le dio ánimo y con voz un tanto temblorosa planteó la cuestión que allí los había reunido: el asunto era por lo demás fácil y sencillo.

Como la nueva veta sólo alcanzaba un máximum de grueso de sesenta centímetros, tenían que excavar cuatro décimos más de arcilla para dar cabida a la vagoneta. Este trabajo suplementario era el más duro de la faena, pues la tosca era muy consistente, y como la presencia del grisú no admitía el uso de explosivos había que ahondar el corte a golpes de piqueta, lo que demandaba fatiga y tiempo considerables. La pequeña alza del precio del cajón, fijándolo en treinta centavos, no era suficiente, pues aunque empezaban la tarea al amanecer y no abandonaban la cantera hasta entrada la noche, apenas alcanzaban a despachar tres carretillas, y podían contarse con los dedos de la mano los que elevaban esa cifra a cuatro. Y después de hacer una pintura sobria de la miseria de los hogares y del hambre de la mujer y de los hijos, terminó diciendo que sólo la esperanza de que los rebajes los resarcirían de sus penurias como se les había prometido al contratárseles como barreteros del nuevo filón, había sostenido las fuerzas de él y sus camaradas durante aquella larga quincena.

El ingeniero oyó aquella exposición, desde el principio al fin, sin despegar los labios, encerrado en un mutismo amenazador que nada bueno presagiaba para los intereses de los solicitantes.

Un silencio lúgubre siguió por algunos momentos, interrumpido por el leve chisporroteo de las lámparas y una que otra tos tenaz y recalcitrante. De pronto un estremecimiento recorrió el grupo, los cuellos se estiraron y aguzáronse los oídos. Era la voz estremecedora del jefe que resonaba, diciendo:

-¿Cuánto exigen ustedes por metro de rebaje?

Aquella pregunta concreta y terminante no obtuvo respuesta. Un murmullo partió de las filas y algunas voces aisladas se escucharon, pero calláronse inmediatamente al oír de nuevo la voz imperiosa que con agrio tono repitió:

-¡Qué hay! ¿Nada contestas?

El viejo, que pasaba su gorra de una mano a otra con aire indeciso, interpelado así directamente adelantó un paso y dijo con voz lenta e insegura, tratando de leer en el rostro velado de su interlocutor el efecto de sus palabras:

-Señor, lo justo sería que se nos pagase por cada metro el precio de cuatro carretillas de carbón porque…

No terminó, el ingeniero se había puesto de pie y su obesa persona se destacó tomando proporciones amenazadoras en la nebulosa penumbra.

-Sois unos insolentes -gritó con voz rebosante de ira-, unos imbéciles que creen que voy a derrochar los dineros de la compañía en fomentar la pereza de un hato de holgazanes que en vez de trabajar se echan a dormir como cerdos por los rincones de las galerías.

Hizo una pausa para tomar aliento y agregó como si hablase consigo mismo:

-Pero conozco los ardides y sé lo que valen las lamentaciones hipócritas de semejante canalla.

Y encarándose con el capataz le ordenó recalcando cada una de sus palabras:

-Abonarás por el metro de rebajes en la Media Hoja treinta centavos a los barreteros que extraigan por término medio cuatro cajones de carbón diario. Los que no alcancen a esta cifra sólo cobrarán el precio del mineral.

Estaba furioso, porque a pesar de las economías introducidas, el carbón resultaba allí más caro que en los demás filones, y las exigencias de los obreros, que no hacían sino confirmar aquel mal éxito, aumentaban su despecho, pues íbale en ello su prestigio puesto en peligro por el error lamentable de sus cálculos y previsiones.

Bajo sus negras caretas los mineros palidecieron hasta la lividez. Aquellas palabras vibraron en sus oídos, repercutiendo en lo más hondo de sus almas como el toque apocalíptico de las trompetas del juicio final. Una expresión estúpida, un estupor cercano a la idiotez se pintó en sus dilatadas pupilas, y sus rodillas flaquearon como si súbitamente se hubiese hundido sobre ellos la sombría bóveda. Mas, era tal el temor que les inspiraba la figura irritada e imponente del amo y tal el dominio que su autoridad todopoderosa ejercía en sus pobres espíritus envilecidos por tantos años de servidumbre, que nadie hizo un además ni dejó escapar la menor protesta.

Pero luego vino la reacción: era tan enorme el despojo, tan durísima la pena, que sus cerebros atontados un instante por aquel golpe de maza, recobraron de nuevo la conciencia de sus actos. El primero que recobró el uso de sus facultades fue el viejo de la tiznada calva quien viendo que el jefe iba ya a marcharse le cerró resueltamente el paso diciendo con plañidera voz:

-Señor, apiádese de nosotros, que se nos cumpla lo prometido, lo hemos ganado con nuestra sangre. ¡Mire usted!

Y arrancando de un tirón la manga de la blusa mostró el brazo izquierdo envuelto en sucios vendajes que apartó con violencia, quedando al descubierto un profundo desgarrón que iba de la clavícula hasta el antebrazo. Aquella llaga privada de su apósito empezó a manar sangre en abundancia.

-Señor -prosiguió-, ténganos lástima, se lo pedimos de rodillas.

Pero el ingeniero no lo oía ocupado en discutir con el capataz el camino más corto para llegar al nuevo túnel destinado a unir las nuevas obras con las antiguas.

Un murmullo amenazador se alzó tras él cuando se puso en marcha, y el viejo, viendo que abandonaba la plazoleta, en un acceso de desesperación alargó la mano y lo cogió de la ropa.

Un brazo formidable se alzó en la oscuridad y de un furioso revés lanzó al atrevido a diez pasos de distancia. Se oyó un ruido sordo, un quejido y todo quedó otra vez en silencio.

Un momento después el jefe y su acompañante desaparecían en un ángulo del corredor.

En la plazoleta se desarrolló, entonces, una escena digna de los condenados del infierno. En la lobreguez de la sombra agitáronse las luces de las lámparas, moviéndose en todas direcciones, y terribles juramentos y atroces blasfemias sonaron en las tinieblas, yendo a despertar a lo largo de los muros los ecos tristemente lúgubres de la roca tan insensible como el feroz egoísmo ante aquella inmensa desolación.

Algunos se habían echado al suelo y mudos como masas inertes permanecían anonadados sin ver ni oír lo que pasaba a su alrededor. Un vejete lloraba en silencio acurrucado en un rincón y sus lágrimas trazaban sinuosos surcos en la cobriza y arrugada piel de su tiznado rostro. En otros grupos se discutía y gesticulaba acaloradamente y el ruido de la disputa era interrumpido a cada instante por maldiciones y rugidos de cólera y de dolor. Un muchacho alto y flaco con los puños crispados se paseaba entre los grupos oyendo los distintos pareceres, y convencido de que aquello no tenía remedio, que la sentencia dictada era inapelable, en un rapto de furor estrelló la lámpara en el muro, donde se hizo mil pedazos, y empezó a dar cabezadas contra la roca hasta rodar desvanecido al pie de la muralla.

Poco a poco se fueron aquietando los ánimos y un fornido mocetón exclamó en voz alta.

-¡Yo no doy un piquetazo más, que todo se lo lleve el diablo!

-Es muy fácil decir eso cuando no se tiene mujer ni hijos -le contestó alguien prontamente.

-Si siquiera pidiéramos usar pólvora. ¡Maldito grisú! -murmuró quejumbrosamente el de la calva.

-Sería la misma cosa, compañero. En cuanto vieran que ganábamos un poco más, rebajarían los sueldos.

-Y la culpa la tienen Uds. los jóvenes -afirmó un viejo.

-¡Vaya, abuelo, ataje la recua que se le dispara! -profirió el primero que había tomado la palabra.

-Sí -insistió el anciano-, Uds. y nadie más que Uds. tienen la culpa porque se revientan trabajando y nos hacen reventar a todos. Si midiesen sus fuerzas no bajarían los precios y esta vida de perros sería menos dura.

-Es que no nos gusta mirarnos las manos cuando trabajamos.

-Tampoco las miraba yo y ya ves lo que me ha lucido.

Hubo un instante de silencio, y tras una breve pausa la voz grave y melancólica del anciano resonó otra vez:

-También fui joven y como Uds. hice lo mismo; me burlé de los viejos sin pensar que la juventud pasa tan ligero que cuando cae uno en ello es ya un desperdicio, un trasto. Viejo soy, pero no hay que olvidar que todos van por ese camino; que la muerte nos arrea y el que se para tiene pena de vida.

Calláronse todos, nuevamente, y el vejete que gemía en el rincón se levantó y con lánguido paso abandonó la plazoleta. Muy pronto los demás siguieron su ejemplo y en la profundidad de la galería las vacilantes luces de las lámparas volvieron a sumergirse en aquellas ondas tenebrosas que ahogaron en un instante su fugitivo y moribundo resplandor.

* * *

En el nuevo túnel se habían interrumpido momentáneamente los trabajos de excavación y sólo había allí una cuadrilla de apuntaladores, tres hombres y un muchacho. Ocupábanse dos en aserrar los maderos y los otros dos los ajustaban en sus sitios. Estaban ya al final y sólo unos metros los separaban del muro de roca que se perforaba.

Un obrero y el muchacho se empeñaban en colocar un trozo de viga en posición vertical: el primero lo sostenía, mientras el segundo con un pesado combo golpeaba la parte superior. Viendo el poco éxito que obtenían, resolvieron quitarla para acortar su longitud, pero estaba encajada tan sólidamente que a pesar de sus esfuerzos no pudieron conseguirlo. Entonces, pusiéronse a disputar con acritud culpándose mutuamente de haber errado la medida del corte de aquel madero. Después de un agrio cambio de palabras se apartaron, sentándose para descansar en los trozos de roca esparcidos en el suelo.

Uno de los que aserraba se acercó, examinó la viga, y viendo la señal de los golpes cerca de la techumbre, dijo, dirigiéndose al muchacho:

-Ten cuidado de golpear tan arriba. Una chispa, una sola y nos achicharramos todos en este infierno. Acércate, ven a ver, agregó agachándose al pie del muro.

-Pon la mano aquí ¿qué sientes?

-Algo así como un vientecito que sopla.

No es viento, camarada, es el grisú. Ayer tapamos con arcilla varias rendijas, pero éste se nos escapó. La galería debe estar llena del maldito gas.

Y para cerciorarse levantó la lámpara de seguridad por encima de su cabeza: la luz se alargó creciendo considerablemente, visto lo cual por el obrero bajó el brazo con rapidez.

-¡Diablo! -dijo-, hay aquí grisú para hacer saltar la mina entera.

Aquel muchacho cuya edad fluctuaba entre los dieciocho y diecinueve años era conocido con el singular apodo de Viento Negro. Pendenciero y fanfarrón, de fuertes y recios miembros, abusaba de su vigor físico con los compañeros generalmente más débiles que él, por lo cual era muy poco estimado entre ellos. En su rostro picado de viruelas, había una firmeza y resolución que contrastaba notablemente con los semblantes tímidos e inexpresivos de sus camaradas.

El obrero y el muchacho fueron a proseguir su conversación sentados en una viga.

-Ya ves -decía el primero-, estamos, vaya el caso, dentro del cañón de una escopeta, en el sitio en que se pone la carga -y señalando delante de él la alta galería continuó-: Al menor descuido, una chispa que salte o una lámpara que se rompa, el Diablo tira del gatillo y sale el tiro. En cuanto a los que estamos aquí, haríamos sencillamente el papel de perdigones.

Viento Negro no contestó. En lo alto del túnel vio brillar la luz de la linterna del ingeniero. El otro también la había visto y levantándose ambos con premura fueron a proseguir la interrumpida tarea.

El muchacho cogió el combo y se dispuso a golpear la viga, pero su compañero se lo impidió diciéndole:

-¡No ves, torpe, que eso es inútil!

-Pero ahí vienen y es preciso hacer algo.

-Yo no hago nada y cuando lleguen diré que me den otro ayudante, porque tú para nada te cuidas de mis observaciones.

Y de nuevo se enconó la discusión, y hubieran llegado a las manos si la presencia de los superiores no lo hubiese impedido. Jefe y subalterno examinaron con atención los revestimientos y muy luego la mirada vigilante del capataz se fijó en la viga objeto de la disputa.

-¿Qué es esto, Juan?

-Es por culpa de éste, señor -respondió el obrero, señalando al muchacho-, hace lo que le da la gana y no obedece mis órdenes.

Los ojos penetrantes del capataz se clavaron en Viento Negro y exclamó de pronto en tono de amenaza:

-¡Ah eres tú el que cortó ayer la cuerda de señales del departamento de los capataces! Tienes cinco pesos de multa por la fechoría.

-¡No he sido yo! -rugió el interpelado pálido de cólera.

El capataz se encogió de hombros con indiferencia, pero viendo la inmovilidad del obrero y la furiosa mirada que brotaba de sus ojos, le gritó con imperio:

-¿Qué haces ahí, maldito holgazán? ¡Pronto, a quitar ese madero!

El muchacho no se movió. En su alma inculta e indómita aquella multa que tan injustamente se le aplicaba, prodújole el efecto de un latigazo, irritando hasta la exasperación su fiero y resuelto carácter.

El capataz, furioso por aquel insólito desconocimiento de su autoridad, cogió del cuello al desobediente y dándole un empellón hacia adelante remató la agresión aplicándole un violento puntapié por detrás. ¡Jamás lo hubiera hecho! Viento Negro se revolvió contra él como un tigre y asestándole una tremenda cabezada en mitad del pecho lo tendió exánime en el duro pavimento.

El ingeniero que cerca de allí hacía anotaciones en su cartera y que, impuesto de la disputa se preparaba a intervenir, se volvió al oír el golpe de la caída y percibiendo una sombra que se deslizaba pegada al muro, de un salto se puso delante, cerrándole el paso. El fugitivo quiso evadirse por el otro lado, pero un puño de hierro lo cogió de un brazo y lo arrastró como una pluma al fondo del túnel.

Sentado en una piedra, rodeado por los obreros, el capataz vuelto de su pasajero desvanecimiento respiraba con dificultad. Al ver a su agresor quiso abalanzarse sobre él, pero un ademán del ingeniero lo contuvo.

-Le ha dado una cabezada en el pecho -dijeron los obreros, contestando a la mirada interrogadora del jefe, quien sin soltar el brazo de su prisionero lo condujo frente de la viga y le ordenó con tono tranquilo, casi amistoso:

-Ante todo vas a a colocar ese soporte en su sitio.

-He dicho que no quiero trabajar -repuso con voz sorda y opaca Viento Negro.

-Y te digo que trabajarás, si no te basta el martillo puedes ensayar las cabezadas en las que eres tan diestro.

Una explosión de risas saludó la cuchufleta que hizo palidecer de rabia el desfigurado rostro del obrero, quien paseó a su alrededor la mirada de fiera acorralada en la que brillaba la llama sombría de una indomable resolución. Y, de pronto, contrayendo sus músculos dio un salto hacia adelante tratando de pasar por el espacio descubierto entre el cuerpo del ingeniero y el muro del corredor. Pero un terrible puñetazo que le alcanzó en pleno rostro lo arrojó de espaldas con extremada violencia.

Se incorporó apoyándose en las manos y las rodillas, mas una feroz patada en los riñones lo echó a rodar de nuevo por entre los escombros de la galería. Los testigos de aquella escena no respiraban y seguían con avidez sus peripecias.

Viento Negro, lleno de lodo, espantoso, sangriento, se puso de pie. Un hilo de sangre brotaba de su ojo derecho e iba a perderse en la comisura de los labios, pero con paso firme se adelantó y cogiendo el combo se puso a descargar furiosos golpes en la inclinada viga.

La sonrisa del orgullo satisfecho resplandecía en la ancha faz del ingeniero. Había domado la fierecilla y a cada furibundo golpe que hacía resbalar el madero sobre la roca repetía plácidamente:

-¡Bien, muchacho, bravo, bien, bien!

El capataz fue el único que percibió el peligro, pero sólo alcanzó a ponerse de pie.

En la negra techumbre brillaron unas tras otras algunas chispas. Viento Negro Había dejado deslizarse por sus manos el mango del combo hasta su extremidad, y la maza de acero al rozar las agudas aristas de la roca había producido en ellas el efecto fulminante del choque del eslabón contra el pedernal.

Una llama azulada recorrió velozmente el combado techo del túnel y la masa de aire contenida entre sus muros se inflamó, convirtiéndose en una inmensa llamarada. Los cabellos y los trajes ardieron, y una luz vivísima, de extraordinaria intensidad, iluminó hasta los rincones más ocultos de la inclinada galería.

Pero aquella pavorosa visión sólo duró el brevísimo espacio de un segundo: un terrible crujido conmovió las entrañas de la roca y los seis hombres envueltos en un torbellino de llamas, de trozos de madera y de piedras, fueron proyectados con espantosa violencia a lo largo del corredor.

* * *

Al sordo estallido de la formidable explosión, los habitantes del pequeño caserío se agolparon a las puertas y ventanas de sus viviendas y fijando sus azorados ojos en las construcciones de la mina, presenciaron llenos de espanto algo como la repentina erupción de un volcán.

Bajo el cielo azul, sereno y límpido, sin asomo de humo, ni de llamas, los maderos de la cabria, arrancados de sus sitios por una fuerza prodigiosa, fueron lanzados hacia arriba en todas direcciones: una de las jaulas de hierro, recorriendo el angosto tubo del pozo, como un proyectil el ánima de un cañón, subió recta hasta una inmensa altura.

Los moradores de la población minera, en su mayor parte mujeres y niños, se abalanzaron en confuso tropel hacia el pique, donde todo era confusión y desorden: los obreros corrían de un lado para otro, despavoridos sin hallar qué hacer. Mas la presencia de ánimo del capataz de turno los tranquilizó un tanto, y bajo su dirección pusiéronse a trabajar con febril actividad. Las jaulas habían desaparecido y con ellas uno de los cables, pero el otro estaba intacto enrollado en la bobina. Con rapidez se montó una polea sobre la boca del pozo y atando un cubo de madera a la extremidad del cable quedó todo listo para efectuar una bajada. El capataz y dos obreros se disponían ya a llevar a efecto esta operación cuando una espesa humareda que empezó a brotar desde abajo impidió y hubo que aguardar que los ventiladores barrieran aquel obstáculo.

Entretanto las mujeres enloquecidas habían invadido la plataforma dificultando grandemente los trabajos de salvamento, y los obreros para tener despejado el sitio de la maniobra tenían que rechazarlas a empellones y puñetazo limpio. Sus alaridos aturdían impidiendo oír las voces de mando de capataces y maquinistas.

Por fin el humo se disipó y el capataz y los obreros se colocaron dentro del cubo: diose la señal de bajada y desaparecieron en medio del más profundo silencio.

Frente a la galería de entrada abandonaron la improvisada jaula y penetraron al interior. Una calma aterradora reinaba allí, no se veía un rayo de luz y todo estaba limpio de obstáculos: no había rastro de vagonetas ni de maderos; las poleas, los cables, las cuerdas de señales, todo había sido barrido por la violencia del aire empujado por la explosión. Aquella soledad los sobrecogió y una angustia mortal oprimió sus corazones. ¿Habían muerto todos los compañeros?

Pero, de pronto aparecieron gran número de luces y se encontraron rodeados por un compacto grupo de trabajadores. Al sentir la conmoción habían corrido presurosos hacia el punto de salida, mas al desembocar en la galería central los había detenido el humo y el aire irrespirable que llenaba esa parte de la mina. Nada sabían de los obreros de la entrada del pique; sin duda habían sido sepultados juntos con los escombros en lo más hondo del pozo.

Las opiniones estaban acordes en que la explosión se había producido en el nuevo túnel y que debían de haber perecido en ella la cuadrilla de apuntaladores, el ingeniero jefe y el capataz mayor de la mina.

Un grito unánime resonó: ¡Vamos allá! Y todos se pusieron en movimiento, pero la voz enérgica del capataz los detuvo:

-Nadie se mueva -dijo con autoridad-, la galería está llena de viento negro. Lo primero es activar la ventilación. Ciérrense las compuertas de la segunda galería para que el aire del ventilador obre directamente sobre el túnel. Después veremos lo que hay que hacer.

Mientras algunos se precipitaban a ejecutar aquellas órdenes, el herrero Tomás, un mocetón alto y robusto, se acercó y con tono resuelto dijo:

-Yo iré allá, si hay quien me acompañe. Es cobardía abandonar así a los compañeros. Puede haber alguno con vida todavía.

-¡Sí, sí! ¡Vamos! -exclamaron una veintena de voces.

El capataz trató de disuadirlos, diciéndoles que era correr inútilmente a una muerte casi segura. Que hacía más de dos horas que se había producido el estallido y que por consiguiente los jefes y camaradas estaban sin duda alguna muertos y bien muertos. Pero viendo que no le escuchaban accedió para evitar mayores desgracias a lo propuesto por el obrero, quien después de una violenta disputa, pues todos querían ser de la partida, eligió tres acompañantes con los cuales se puso inmediatamente en marcha.

A la entrada del túnel los cuatro hombres se arrodillaron e hicieron la señal de la cruz, y en seguida, unos tras otros, con las lámparas en alto, penetraron en la galería que por su elevación les permitía andar derechos sin encorvarse. Muy pronto sintieron latidos en las sienes y zumbidos en los oídos. A cien metros el que iba a la cabeza sintió un golpe a sus espaldas: el obrero que lo seguía había caído. Sin pérdida de tiempo lo levantaron y lo arrastraron hacia afuera. Reemplazósele con presteza y el pequeño grupo volvió de nuevo a internarse en el corredor.

Cuando les faltaba un centenar de metros para llegar al final, encontraron el primer cuerpo. Un vistazo les bastó para comprender que era imposible que conservara un resto de vida: estaba hecho pedazos. Algunos pasos más y tropezaron con el segundo, luego con el tercero, el cuarto y el quinto. El último era el del capataz, a quien reconocieron por sus gruesos zapatos claveteados.

Faltaba el ingeniero, y sin detenerse siguieron avanzando, pero de pronto delante de ellos se desprendió un grueso bloque que cayó con gran estruendo, levantando una nube de polvo. Hallábanse en el sitio de la explosión: el suelo estaba sembrado de escombros, los revestimientos habían sido arrancados en gran parte y la techumbre principiaba a ceder. Se detuvieron un instante indecisos: mas, luego, pasando por encima del obstáculo, prosiguieron el avance, cautelosos, con el oído atento a los chasquidos precursores de los derrumbes y sintiendo a cada paso el golpe seco de algún desprendimiento. Caminaron así algunos metros cuando de improviso resonó un crujido. Tomás, que era el primero del grupo, recibió un golpe en un hombro que lo hizo vacilar sobre sus piernas: se volvió lleno de angustia; una espesa polvareda le impedía ver. Adelantóse con precaución y sus dientes castañetearon: delante de él y cerrándole el paso había un montón de piedras de más de un metro de elevación y que abarcaba todo el ancho de la galería. De un salto cayo sobre aquel sepulcro y empezó a remover furiosamente los escombros, tarea que secundaron en breve los compañeros que llegaban, pero después de grandes esfuerzos sólo encontraron tres cadáveres.

Mientras algunos recogían los muertos, los demás registraban los rincones en busca del ingeniero cuya extraña desaparición despertaba en sus espíritus supersticiosos la idea de que el Diablo se lo había llevado en cuerpo y alma.

De pronto alguien gritó:

-¡Aquí esta!

Todos acudieron y alumbraron con sus lámparas. En un recodo de la galería, pegado al techo y en el eje destinado a sostener la polea del cable, en la extremidad que apuntaba al fondo del túnel, había un gran bulto suspendido. Aquella masa voluminosa que despedía un olor penetrante de carne quemada, era el cuerpo del ingeniero jefe. La punta de la gruesa barra de hierro habíale penetrado en el vientre y sobresalía más de un metro por entre los hombros. Con la horrible violencia del choque, la barra se había torcido y costó gran trabajo sacarlo de allí. Retirado el cadáver, como las ropas convertidas en pavesas se deshacían al más ligero contacto, los obreros se despojaron de sus blusas y lo cubrieron con ellas piadosamente. En sus rudas almas no había asomo de odio ni de rencor. Puestos en marcha con la camilla sobre los hombros, respiraban con fatiga bajo el peso aplastador de aquel muerto que seguía gravitando sobre ellos, como una montaña en la cual la humanidad y los siglos habían amontonado soberbia, egoísmo y ferocidad.

FIN

Subterra, 1904

1. Grisú: Gas inflamable, compuesto principalmente por metano, que se desprende en las minas de carbón y que, mezclado con el aire, explota al contacto con una llama.
13 Oct 2010

Biblioteca Digital Ciudad Seva


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Colinas como elefantes blancos




Del otro lado del valle del Ebro, las colinas eran largas y blancas. De este lado no había sombra ni árboles y la estación se alzaba al rayo del sol, entre dos líneas de rieles. Junto a la pared de la estación caía la sombra tibia del edificio y una cortina de cuentas de bambú colgaba en el vano de la puerta del bar, para que no entraran las moscas. El norteamericano y la muchacha que iba con él tomaron asiento en una mesa a la sombra, fuera del edificio. Hacía mucho calor y el expreso de Barcelona llegaría en cuarenta minutos. Se detenía dos minutos en este entronque y luego seguía hacia Madrid.
-¿Qué tomamos? -preguntó la muchacha. Se había quitado el sombrero y lo había puesto sobre la mesa.

-Hace calor -dijo el hombre.

-Tomemos cerveza.

-Dos cervezas -dijo el hombre hacia la cortina.

-¿Grandes? -preguntó una mujer desde el umbral.

-Sí. Dos grandes.

La mujer trajo dos tarros de cerveza y dos portavasos de fieltro. Puso en la mesa los portavasos y los tarros y miró al hombre y a la muchacha. La muchacha miraba la hilera de colinas. Eran blancas bajo el sol y el campo estaba pardo y seco.

-Parecen elefantes blancos -dijo.

-Nunca he visto uno -el hombre bebió su cerveza.

-No, claro que no.

-Nada de claro -dijo el hombre-. Bien podría haberlo visto.

La muchacha miró la cortina de cuentas.

-Tiene algo pintado -dijo-. ¿Qué dice?

-Anís del Toro. Es una bebida.

-¿Podríamos probarla?

-Oiga -llamó el hombre a través de la cortina.

La mujer salió del bar.

-Cuatro reales.

-Queremos dos de Anís del Toro.

-¿Con agua?

-¿Lo quieres con agua?

-No sé -dijo la muchacha-. ¿Sabe bien con agua?

-No sabe mal.

-¿Los quieren con agua? -preguntó la mujer.

-Sí, con agua.

-Sabe a orozuz -dijo la muchacha y dejó el vaso.

-Así pasa con todo.

-Sí -dijo la muchacha-. Todo sabe a orozuz. Especialmente las cosas que uno ha esperado tanto tiempo, como el ajenjo.

-Oh, basta ya.

-Tú empezaste -dijo la muchacha-. Yo me divertía. Pasaba un buen rato.

-Bien, tratemos de pasar un buen rato.

-De acuerdo. Yo trataba. Dije que las montañas parecían elefantes blancos. ¿No fue ocurrente?

-Fue ocurrente.

-Quise probar esta bebida. Eso es todo lo que hacemos, ¿no? ¿Mirar cosas y probar bebidas?

-Supongo.

La muchacha contempló las colinas.

-Son preciosas colinas -dijo-. En realidad no parecen elefantes blancos. Sólo me refería al color de su piel entre los árboles.

-¿Tomamos otro trago?

-De acuerdo.

El viento cálido empujaba contra la mesa la cortina de cuentas.

-La cerveza está buena y fresca -dijo el hombre.

-Es preciosa -dijo la muchacha.

-En realidad se trata de una operación muy sencilla, Jig -dijo el hombre-. En realidad no es una operación.

La muchacha miró el piso donde descansaban las patas de la mesa.

-Yo sé que no te va a afectar, Jig. En realidad no es nada. Sólo es para que entre el aire.

La muchacha no dijo nada.

-Yo iré contigo y estaré contigo todo el tiempo. Sólo dejan que entre el aire y luego todo es perfectamente natural.

-¿Y qué haremos después?

-Estaremos bien después. Igual que como estábamos.

-¿Qué te hace pensarlo?

-Eso es lo único que nos molesta. Es lo único que nos hace infelices.

La muchacha miró la cortina de cuentas, extendió la mano y tomó dos de las sartas.

-Y piensas que estaremos bien y seremos felices.

-Lo sé. No debes tener miedo. Conozco mucha gente que lo ha hecho.

-Yo también -dijo la muchacha-. Y después todos fueron tan felices.

-Bueno -dijo el hombre-, si no quieres no estás obligada. Yo no te obligaría si no quisieras. Pero sé que es perfectamente sencillo.

-¿Y tú de veras quieres?

-Pienso que es lo mejor. Pero no quiero que lo hagas si en realidad no quieres.

-Y si lo hago, ¿serás feliz y las cosas serán como eran y me querrás?

-Te quiero. Tú sabes que te quiero.

-Sí, pero si lo hago, ¿volverá a parecerte bonito que yo diga que las cosas son como elefantes blancos?

-Me encantará. Me encanta, pero en estos momentos no puedo disfrutarlo. Ya sabes cómo me pongo cuando me preocupo.

-Si lo hago, ¿nunca volverás a preocuparte?

-No me preocupará que lo hagas, porque es perfectamente sencillo.

-Entonces lo haré. Porque yo no me importo.

-¿Qué quieres decir?

-Yo no me importo.

-Bueno, pues a mí sí me importas.

-Ah, sí. Pero yo no me importo. Y lo haré y luego todo será magnífico.

-No quiero que lo hagas si te sientes así.

La muchacha se puso en pie y caminó hasta el extremo de la estación. Allá, del otro lado, había campos de grano y árboles a lo largo de las riberas del Ebro. Muy lejos, más allá del río, había montañas. La sombra de una nube cruzaba el campo de grano y la muchacha vio el río entre los árboles.

-Y podríamos tener todo esto -dijo-. Y podríamos tenerlo todo y cada día lo hacemos más imposible.

-¿Qué dijiste?

-Dije que podríamos tenerlo todo.

-Podemos tenerlo todo.

-No, no podemos.

-Podemos tener todo el mundo.

-No, no podemos.

-Podemos ir adondequiera.

-No, no podemos. Ya no es nuestro.

-Es nuestro.

-No, ya no. Y una vez que te lo quitan, nunca lo recobras.

-Pero no nos los han quitado.

-Ya veremos tarde o temprano.

-Vuelve a la sombra -dijo él-. No debes sentirte así.

-No me siento de ningún modo -dijo la muchacha-. Nada más sé cosas.

-No quiero que hagas nada que no quieras hacer…

-Ni que no sea por mi bien -dijo ella-. Ya sé. ¿Tomamos otra cerveza?

-Bueno. Pero tienes que darte cuenta…

-Me doy cuenta -dijo la muchacha.- ¿No podríamos callarnos un poco?

Se sentaron a la mesa y la muchacha miró las colinas en el lado seco del valle y el hombre la miró a ella y miró la mesa.

-Tienes que darte cuenta -dijo- que no quiero que lo hagas si tú no quieres. Estoy perfectamente dispuesto a dar el paso si algo significa para ti.

-¿No significa nada para ti? Hallaríamos manera.

-Claro que significa. Pero no quiero a nadie más que a ti. No quiero que nadie se interponga. Y sé que es perfectamente sencillo.

-Sí, sabes que es perfectamente sencillo.

-Está bien que digas eso, pero en verdad lo sé.

-¿Querrías hacer algo por mi?

-Yo haría cualquier cosa por ti.

-¿Querrías por favor por favor por favor por favor callarte la boca?

Él no dijo nada y miró las maletas arrimadas a la pared de la estación. Tenían etiquetas de todos los hoteles donde habían pasado la noche.

-Pero no quiero que lo hagas -dijo-, no me importa en absoluto.

-Voy a gritar -dijo la muchacha.

La mujer salió de la cortina con dos tarros de cerveza y los puso en los húmedos portavasos de fieltro.

-El tren llega en cinco minutos -dijo.

-¿Qué dijo? -preguntó la muchacha.

-Que el tren llega en cinco minutos.

La muchacha dirigió a la mujer una vívida sonrisa de agradecimiento.

-Iré llevando las maletas al otro lado de la estación -dijo el hombre. Ella le sonrió.

-De acuerdo. Ven luego a que terminemos la cerveza.

Él recogió las dos pesadas maletas y las llevó, rodeando la estación, hasta las otras vías. Miró a la distancia pero no vio el tren. De regresó cruzó por el bar, donde la gente en espera del tren se hallaba bebiendo. Tomó un anís en la barra y miró a la gente. Todos esperaban razonablemente el tren. Salió atravesando la cortina de cuentas. La muchacha estaba sentada y le sonrió.

-¿Te sientes mejor? -preguntó él.

-Me siento muy bien -dijo ella-. No me pasa nada. Me siento muy bien.

FIN

De Ernest Hemingway

06 Jun 2011

Biblioteca Digital Ciudad Seva