terça-feira, 26 de julho de 2016

ORDEM, NA SENZALA, & PROGRESSO, NA CASA GRANDE

Do título ao fechamento, este artigo resume o panorama nessa nossa pobre república bananeira:

por 

O governo provisório de Michel Temer é analógico, rodando um filme branco e preto de piratas pilhadores, que tentam a qualquer custo restaurar as pontes com o passado mais atrasado do Brasil e reestruturar as bases de poder oligárquico para os negócios com as metrópoles.
Depois do período colonial, as nações centrais mantiveram profundos vínculos econômico-financeiros com as nações periféricas por meio de suas corporações empresariais e, com seus liames políticos, impuseram a arquitetura do Estado e do poder.
Foi assim no Império e na República que resultou do golpe militar do Marechal Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Benjamim Constant, logo após a proibição da escravidão pela Lei Áurea.
Os militares não se aliaram aos republicanos abolicionistas, mas aos proprietários das terras, das minas, das empresas e dos bancos que se estabeleciam no país.
As forças armadas e policiais brasileiras, por serem originárias historicamente dos reinados e mantidas por eles, para defenderem o patrimônio da Coroa e dos proprietários das terras e das empresas, têm se comportado, no Brasil, salvo raras exceções, como combatentes de inimigos internos, respaldadas por “Juízes de Pelourinho”, autoridades forjadas na cultura colonial do açoite, da degola, do esquartejamento e salgamento de corpos de líderes populares. Sempre foi assim em Pindorama e a história tem os fatos emoldurados e pendurados na parede da memória.
Por ter manifestado sentimento nativista e desejo de independência do Brasil, Felipe dos Santos foi amarrado a uma junta de cavalos bravios e arrastado pelas ruas de Vila Rica, em Minas Gerais, até o corpo partir em pedaços. As partes foram salgadas e penduradas nas árvores da entrada da cidade. Tiradentes foi enforcado, esquartejado, as partes do corpo também salgadas e amarradas em postes de Vila Rica. A cabeça ficou exposta no paço da cidade.
Zumbi teve a cabeça cortada, levada ao governador de Pernambuco, Melo de Castro, e exposta no paço da cidade do Recife. Antônio Conselheiro, Lampião e muitos dos seus seguidores também tiveram as cabeças cortadas e expostas em praças públicas. Assim se comportam as forças armadas e policiais do Brasil, em nome da ordem e do progresso ditadas pelos de cima.
A violência policial-militar está entranhada nos corações e mentes das autoridades inimigas da democracia que servem a proprietários e rentistas. Nos períodos recentes das ditaduras civil-militares torturaram com requinte de crueldade, aniquilaram pessoas, fizeram-nas mortas-vivas, tamanha a violência dos facínoras, nos porões dos cárceres.
A Presidenta Dilma foi uma das vítimas da tortura. Na sessão da Câmara dos Deputados que a afastou da Presidência da República e deu posse a Michel Temer, o deputado Jair Bolsonaro homenageou o torturador Brilhante Ustra com seu voto a favor do golpe.
A República brasileira é fruto de um golpe militar, manobrado politicamente por gerentes de interesse estrangeiros. Por incrível que pareça, o Brasil não consegue se livrar da sombra do passado, do atraso organizado, e se firmar como uma República democrática, livre e soberana.
O lema dos golpistas da República colonial, inscrito na bandeira brasileira, “Ordem e Progresso”, é o mesmo do golpista Michel Temer e seu governo provisório, que se adianta na tentativa de subtração de direitos conquistados pela população trabalhadora e na entrega a empresas multinacionais, de suas riquezas, como as jazidas de petróleo do pré-sal, a maior jóia de Pindorama, de empresas estatais estratégicas para o desenvolvimento, como as do setor elétrico e outros bens públicos.
Os golpes militares que se seguiram na história do Brasil, nos ciclos de vigência do Estado democrático de direito, foram dados por militares em parceria com gerentes de interesses externos, para realinhar o Brasil aos vínculos econômico-financeiros das nações centrais impostos pelas corporações empresariais.
Nos momentos de crise, como o que o mundo atravessa, com efeitos extremamente perversos sobre as economias mais dependentes e vulneráveis, as nações centrais buscam nas nações periféricas compensações de suas perdas.
O afastamento da Presidenta Dilma e a imposição de Michel Temer, com um golpe tramado pelo Congresso, setores do Judiciário e da mídia, é resultado de uma sofisticada conspiração que atende a essa finalidade.
Desde os tempos coloniais, as nações periféricas contam com categorias nativas, não proprietárias, de gerentes de interesses estrangeiros que vivem a pregar uma ideologia que só serve a eles e a seus negócios.
São tipos que transitam na política e no mercado, e estão sempre participando de governos, principalmente no comando de áreas estratégicas, com as grandes corporações de mídia à disposição, onde formam a opinião pública e comandam a massa.
Não gostam de pagar impostos. Costumam ser sonegadores contumazes. Se dizem inimigos do Estado, mas sempre contam com a proteção e a salvação dos seus negócios pelo Estado.
Não têm compromisso com a cidadania, com as populações desfavorecidas. O negócio deles é negócio.
Bancam golpes, repassam para os trabalhadores os prejuízos decorrentes das crises e defendem com unhas e dentes as margens de lucro de suas empresas.
Para os golpistas de sempre, nada de política externa que proporcione autonomia, independência. Nada de falar grosso com as nações centrais

Para eles, “Ordem e Progresso ” quer dizer: baixem as cabeças, trabalhem, produzam, consumam, não questionem, e deixem os destinos nas mãos deles. Deixem os piratas explorarem Pindorama.

http://laurezcerqueira.com.br/…/ordem-na-senzala-progresso-…
"O impeachment trouxe a galope e sem filtro a velha pauta ultraconservadora e entreguista, perseguida nos anos FHC e derrotada nas últimas quatro eleições. Privatizações, cortes profundos em educação e saúde, desmanche de conquistas trabalhistas, ataque a direitos.
O objetivo é elevar a extração de mais valia, esmagar os pobres, derrubar empresas nacionais, extinguir ideias de independência. Em suma, transferir riqueza da sociedade para poucos, numa regressão fulminante. Previdência, Petrobras, SUS, tudo é implodido com a conversa de que não há dinheiro. Para os juros, contudo, sempre há."

Eleonora de Lucena, certeira, na Folha de São Paulo

O Ocidente anda pra trás.


"A Era Obama está terminando. E, ao contrário do quase unânime repúdio a Bush Filho, há muita confusão, divergência e falta de análise factual sobre o que se passou nos oito últimos anos nos EUA -- e por tabela no mundo. Obama, contudo, não falhou. Ele se prestou a executar um outro projeto. Se sua política externa foi uma continuidade do horror de sempre, a política interna não foi diferente: nem mesmo a questão racial ou a questão do saneamento da política interna -- nem que fosse do seu próprio partido --, Obama conseguiu ou quis melhorar. Hoje, neste exato instante, um jovem professor universitário negro não conseguiria ser candidato à presidência dos EUA. Há oito anos atrás, isso ainda era possível."

Hugo Albuquerque
❝ O tempo, esse químico invisível, que dissolve, compõe, extrai e transforma todas as substâncias morais… 
.
— Machado de Assis, no livro “Iaiá Garcia". São Paulo: Ática, 1998

A parábola do algodão e do pão

A parábola do algodão e do pão
se uma mordida num chumaço
de algodão/um arrepio.
se uma mordida num pedaço
de pão/um não vazio.
se o chumaço
no ouvido de um faminto
:um som sentido.
se um sem sentido
do faminto
:um pedaço não mordido.
se o não vazio de um pedaço
de pão/um bem mordido.
se o bom macio de um chumaço
de algodão/um mal sentido.
o mal sentido do faminto
de pão vazio:
com o sem sentido do vazio
num algodão mordido.
- Mário Chamie, em "Sábado na hora da escuta: antologia poética". São Paulo: Summus Editorial, 1978.

fonte : Frau Kurten

Goulash húngaro


Ingredientes
1 kg de carne bovina (pode ser coxão duro)
250 g de cebola
50 g de banha de porco (ou óleo)
3 dentes de alho
3 colheres (chá) de páprica doce em pó
2 colheres (chá) de páprica picante em pó
sal
1 colher (chá) de kümmel (cominho ou alcarávia)
5 colheres (sopa) de polpa de tomate
200 ml de vinho tinto seco
3 pimentões vermelhos
açúcar
Modo de preparo
Corte a carne em cubos de 3 centímetros. Pique a cebola. Aqueça o óleo ou banha numa panela larga e refogue a cebola no fogo médio. Acrescente o alho finamente picado.
Misture as duas pápricas e refogue rapidamente com a cebola e o alho na panela. Acrescente a carne e deixe cozinhar em fogo médio durante 5 minutos, mexendo sempre. Tempere com sal e kümmel. Misture a polpa de tomate com 250 ml de água fervente e com o vinho. Acrescente a mistura à carne, tampe a panela e deixe cozinhar no fogo médio de 2 horas a 2 horas e meia.
Picar três pimentões em cubos de 3 centímetros, acrescentar à carne e deixar cozinha por mais 30 minutos. Temperar com sal a gosto e uma pitada de açúcar. Servir acompanhado de batatas cozidas.
* adaptação de receita publicada no site da revista alemã Essen und Trinken

Luisa Frey/DW

tratado de Lisboa

http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/pm/Tratados/Lisboa/tratados-TUE-TFUE-V-Lisboa.html
sobre o tratado de Lisboa . Artigo 50 desligamento de um país membro da União Européia
Artigo 50.º

1. Qualquer Estado-Membro pode decidir, em conformidade com as respectivas normas constitucionais, retirar-se da União.

2. Qualquer Estado-Membro que decida retirar-se da União notifica a sua intenção ao Conselho Europeu. Em função das orientações do Conselho Europeu, a União negocia e celebra com esse Estado um acordo que estabeleça as condições da sua saída, tendo em conta o quadro das suas futuras relações com a União. Esse acordo é negociado nos termos do n.º 3 do artigo 218.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. O acordo é celebrado em nome da União pelo Conselho, deliberando por maioria qualificada, após aprovação do Parlamento Europeu.

3. Os Tratados deixam de ser aplicáveis ao Estado em causa a partir da data de entrada em vigor do acordo de saída ou, na falta deste, dois anos após a notificação referida no n.º 2, a menos que o Conselho Europeu, com o acordo do Estado-Membro em causa, decida, por unanimidade, prorrogar esse prazo.

4. Para efeitos dos n.ºs 2 e 3, o membro do Conselho Europeu e do Conselho que representa o Estado-Membro que pretende retirar-se da União não participa nas deliberações nem nas decisões do Conselho Europeu e do Conselho que lhe digam respeito.

A maioria qualificada é definida nos termos da alínea b) do n.º 3 do artigo 238.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.( 3. A Comissão, ou o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança nos casos em que o acordo projectado incida exclusiva ou principalmente sobre a política externa e de segurança comum, apresenta recomendações ao Conselho, que adopta uma decisão que autoriza a abertura das negociações e que designa, em função da matéria do acordo projectado, o negociador ou o chefe da equipa de negociação da União.)

5. Se um Estado que se tenha retirado da União voltar a pedir a adesão, é aplicável a esse pedido o processo referido no artigo 49.º.


Artigo 218 n 3. A Comissão, ou o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança nos casos em que o acordo projectado incida exclusiva ou principalmente sobre a política externa e de segurança comum, apresenta recomendações ao Conselho, que adopta uma decisão que autoriza a abertura das negociações e que designa, em função da matéria do acordo projectado, o negociador ou o chefe da equipa de negociação da União.)

Antes de ti

Antes de ti
yo ya existía,
antes de ti
¿no lo sabías?
yo ya cantaba,
yo ya mentía,
yo ya soñaba,
antes de ti
yo ya jugaba,
yo ya reía,
ya suspiraba
si me quitaban
la ilusión,
claro que sí,
¿quién lo diría?
antes de ti
ya estaba yo.
Antes de mí
tú ya vivías,
antes de mí
¿no lo sabías?
tú ya besabas,
tú ya crecías,
tú ya apostabas,
antes de mí
tú ya ganabas,
tú ya perdías,
tú ya pensabas
que te estorbaba
la virtud,
claro que sí
¿quién lo diría?
antes de mí
ya estabas tú...

Joaquín Sabina