terça-feira, 16 de agosto de 2011

FLUXOS RUBROS



primeiro foi a manhã

ruiva leoa:

patas de tulipas

e rugidos de papoulas



depois o fogo

artéria de hélio

glóbulos celsius

irrigando a terra



por fim: o crepúsculo

portal de rubis

entre astros que nascem

e azuis

que desintegram


Adriano Wintter

nasceu e reside em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foi um dos vencedores do Festival de Música, Poesia e Conto de Paranavaí (Femup 2010), com o poema "Os átilas". Permanece inédito em livro. Edita o blogue Ars Poetica - AW (http://adrianowintter.wordpress.com).

Garganta


Eu sou um rasgo

- entre um trago e outro -

um canto profundo

feito silêncio

vão

que germina em vasos alheios.

Vasos grandes,

recheados de picas,

falocratas,

postas nas mesas-bocas

escuras e quentes,

vício maldito

dos porões


Eliana Pougy


A tal gota de sangue, sabe?

Observo a respiração lenta dos felinos,

seus olhos fixos,

o arranhado fundo,

fino,

penetrante.

(Há sempre tanto sangue nas tatuagens recentes)

Ah!

É tão leve

a violência dos amores

Eliana Pougy