segunda-feira, 17 de setembro de 2018


Uma eleição presidencial com chapas competitivas e democráticas só é possível com as famosas listas de apoiadores nas universidades, na intelligentsia, na ciência, na tecnologia, nas artes, no jornalismo, na pesquisa e principalmente nas mais sofisticadas áreas de alta cultura, nos intelectuais das humanidades e ciências sociais. O PT sempre teve muitos intelectuais como apoiadores e simpatizantes, desde sua fundação. Na última eleição Aécio Neves e o PSDB até conseguiram reunir uma extensa lista, hoje formada por grandes envergonhados arrependidos e que procuram esconder isto no seu passado. Na atual eleição o PT e Haddad continuam a ter boa parte dos apoiadores com o título de Doutorado, Haddad mesmo é o único Doutor com perfil mais elaborado. Boulos, Ciro, Marina e Alckmin também reúnem algum apoio. O candidato de extrema direita Bolso é o que mais dificuldades apresenta neste quesito pelo seu manifesto anti-intelectualismo e truculência, por ser um ignorante completo no meio dos mais ignorantes, desconhecendo o que é uma grande universidade crítica e jamais conseguiria reunir extensas listas qualificadas de apoios no campo intelectual, cultural, artístico e científico, pelos seus horríveis preconceitos fascistas contra mulheres, negros, índios, LGBTs e visão de mundo autoritária, rasa, tosca, superficial, brucutu e troglodita sobre as complexidades do mundo. Outro grande diferencial nesta eleição.
RCO


Na aula passada causei uma grande crise de risos na aula da pós em sociologia, quando entramos justamente na lição do Judiciário e Sistema Judicial no Brasil. Imaginem alguém falar que é um poder moderno, isento, neutro, equitativo, transparente, com uma burocracia weberiana, racional-legal, com processos, ritos, remunerações e auxílios codificados e na forma das mesmas lei vigentes para outros ramos do Estado, tudo isso com seus membros meritocráticos preferencialmente recrutados na classe média renovadora e com padrões de carreiras estruturados, nos quais todos podem alcançar as hierarquias superiores independentemente de suas origens familiares, de classe e redes sociais ! O mundo real é muito diferente. Vamos conhecer as suas genealogias familiares político-jurídicas para entendermos aspectos do comportamento de suas atuações. Como esperado Gilmar Mendes soltou a família Richa e seus associados menores. Lula segue como preso político nos tribunais de exceção. O judiciário brasileiro é mais uma instituição completamente pré-moderna e o que sempre valeu é:
1- Excessivo poder pessoal. Escolher privadamente agendas, cronogramas, velocidades. Proteger e blindar alguns, perseguir e punir excessivamente outros.
2 - Ter pedigree, ou seja, ter uma genealogia política familiar como o índice de atuação político-jurídico e de sucesso na carreira.
3 - Não basta ter sólidas provas sem ter convicção para prender. O que vale é não ter provas e ter somente convicção para prender adversários e inimigos de classe.
4 - Resquícios da velha "nobreza togada" do Antigo Regime. Luxo e privilégios nas instalações, ambiente e convivência.
5 - Seletividade estrutural e política para escolher politicamente as formas de ação.
6 - Total falta de controle externo e total corporativismo.
7 - Ação sincronizada entre os poderes executivos, legislativos, judiciários, tribunais de contas, mídias e empresariado para manter e preservar a atrasada cultura política dos golpes, com modus operandi pré-moderno e estilo de vida arcaico, elitista e antidemocrático.
RCO


O ser social determina a consciência. Quando lemos que a folha de pagamento do judiciário cresceu mais de 8 bilhões, no meio da crise, quando um general de pijamas candidato declara que uma constituição não precisa de eleição, quando oligarquias políticas familiares continuam dominando o legislativo e o executivo, quando a mídia brasileira é uma das mais atrasadas e manipuladoras no mundo todo. O Brasil do Golpe é a contínua ação de classe dos setores mais reacionários e oligárquicos do nosso "Antigo Regime". Muitos magistrados, militares, políticos, jornalistas e empresários do bloco golpista formam um grande consórcio do atraso e da reação permanente, agora em crise. Nunca foram modernizados, nunca foram desalojados do seu tradicional poder autoritário e arcaico, sempre monitorando e controlando todas as nossas instituições políticas pelo familismo e nepotismo. A democracia só conseguirá se instalar nesse ambiente se estiver bem preparada para firmes lutas políticas contra essa velha classe dominante, contra esses interesses sociais e materiais arcaicos dentro do Estado e que sempre causaram o grande atraso e subdesenvolvimento no Brasil.
RCO