sábado, 15 de agosto de 2015

Stálin (Ossip V.D.)


"É muito simples: quer dizer que, se alguém se interessa por um problema específico na sociedade, é necessário utilizar as ferramentas apropriadas. É necessário procurar essas ferramentas, esses instrumentos, onde eles se encontram, que seja na filosofia, na psicologia, na economia, na sociologia, no direito, na politologia, é necessário procurar as ferramentas, onde elas se encontram. Porque, se fizermos o inverso, se começarmos pela ferramenta e aplicarmos a mesma ferramenta a todas as situações, não funcionará muito bem."

- Tout ressemble à un clou pour qui ne possède qu'un marteau.
- If all you have is a hammer, everything looks like a nail.

- Se você só tiver um martelo, tudo parecerá um prego.


Não importa a língua em que o provérbio for traduzido. Segundo o cientista político e social norueguês Jon Elster, ele sempre trará uma importante lição: a metodologia para a análise de questões sociais. Confira no vídeo.

Leia na íntegra os poemas de Girondo traduzidos por Claudio Daniel:



Gristenia

Noctivozmusgo insone
de mim a mim refluido para o gris já deserto tão duna
evidência
gorgogotejando nãos que preulceram o pensar
contra as sempre contras da pós-náusea obesa
tão plurinterroído por noctívagos eus em rompante ante
a garganta angústia
com seu sonhar rodado de oco sino dado de dado já tão dado
e seu eu só escuro de poço lodo adentro e microcosmo tinto
para a total gristenia

As portas

Absorto tédio aberto
ante a fossanoite inululada
que em seca greta aberta subsorri seu mais acre recato
aberto insisto insone a tantas mortenazes de incensosom
revôo
até um destempo imóvel de tão já amargas mãos
aberto ao eco cruento por costume de pulso não digo mal
por mero nímio glóbulo aberto ante o estranho
que em voraz queda enferruja circunrrói as costas parietais
abertas ao murmúrio da má sombra
enquanto se abrem as portas

Mito

Mito
mito meu
acorde de lua sem pijama
embora me firam teus psíquicos espinhos
mulher pescada pouco antes da morte
aspirosorvo até o delírio tuas magnólias calefacionadas
quanto decoro teu luxuosíssimo esqueleto
todos os acidentes de tua topografia
enquanto declino em qualquer tempo
tuas titilações mais secretas
ao precipitar-te
entre relâmpagos
nos tubos de ensaio de minhas veias

Baía anímica

Abra casa
de gris lava cefálica
e confluências de cúmulos memórias e luzpulsar cósmico
casa de asas de noite de rompante de enluarados espasmos
e hipertensos tantãs de impresença
casa cabala
cala
abracadabra
médium lívida em transe sob o gesso de seus quartos de
hóspedes defuntos travestidos de sopro
metapsíquica casa multigrávida de neovozes e ubíquos ecossecos
de afogados circuitos
clave demodivina que conhece a morte e seus compassos
seus tambores afásicos de gaze
suas comportas finais
e seu asfalto


Noite tótem

São os transfundos outros da in extremis médium
que é a noite ao entreabrir os ossos
as mitoformas outras
aliardidas presenças semimorfas
sotopausas, sossopros
da enchagada libido possessa
que é a noite sem vendas
são os grislumbres outros atrás esmeris pálpebras videntes
os atônitos gessos do imóvel ante o refluído
ferido interogante
que é a noite já lívida
são as crivadas vozes
as suburbanas veias de ausência de remansas omoplatas
as acrinsones dragas famintas do agora com seu limo de nada
os idos passos outros da incorpórea ubíqua também outra
escavando o incerto
que pode ser a morte com sua demente muleta solitária
e é a noite
e deserta

Destino

E para cá ou além
e desde aqui outra vez
e volta a ir de volta e sem alento
e do princípio ou término do precipício íntimo
até o extremo ou meio ou ressurrecto resto de este ou aquele
ou do oposto
e roda que te rói até o encontro
e aqui tampouco está
e desde acima abaixo e desde abaixo acima ávido asqueado
por viver entre ossos
ou do perpétuo estéril desencontro
ao demais
de mais
ou ao recomeço espesso de cerdos contratempos e destempos
quando não a bordo senão de algum complexo herniado em pleno
vôo
cálido ou gelado
e volta e volta
a tanta terça turca
para entregar-se inteiro ou de três quartos
farto já de metades
e de quartos
ao entrevero exausto dos leitos desfeitos
ou dar-se noite e dia sem descanso contra todos os nervos do
mistério
do além
daqui
enquanto se resta quieto ante o fugaz aspecto sempiterno do
aparente ou do suposto
e volta e volta fundido até o pescoço
com todos os sentidos sem sentido
no sufocotédio
com unhas e com idéias e poros
e porque sim não mais


*Claudio Daniel é poeta, professor de Literatura Portuguesa, colunista da revista Cult e colaborador do Portal Vermelho. Publicou, entre outros títulos, os livros de poesia Cadernos bestiais e Esqueletos do nunca (Lumme Editor, 2015)

http://www.vermelho.org.br/noticia/268991-368

Harmonia velha


O teu beijo resume
Todas as sensações dos meus sentidos
A cor, o gosto, o tato, a música, o perfume
Dos teus lábios acesos e estendidos
Fazem a escala ardente com que acordas o fauno encantador
Que, na lira sensual de cinco cordas,
Tange a canção do amor!
E o tato mais vibrante,
O sabor mais sutil, a cor mais louca,
O perfume mais doido, o som mais provocante
Moram na flor triunfal da tua boca!
Flor que se olha, e ouve, e toca, e prova, e aspira;
Flor de alma, que é também
Um acorde em minha lira,
Que é meu mal e é meu bem...
Se uma emoção estranha
o gosto de uma fruta, a luz de um poente -
chega a mim, não sei de onde, e bruscamente ganha
qualquer sentido meu, é a ti somente
que ouço, ou aspiro, ou provo, ou toco, ou vejo...
E acabo de pensar
Que qualquer emoção vem de teu beijo
Que anda disperso no ar...

- Guilherme de Almeida.

Woodstock 69 The Lost Performances The Band, Canned Heat, Joan Baez, Cr...

1953: Levante popular na antiga Alemanha Oriental


No dia 17 de junho de 1953, quatro anos após sua criação, a República Democrática Alemã estava à beira do colapso econômico, o que levou a violentos confrontos entre a população e o poder estatal.

Manifestantes jogam pedras contra tanque soviético em Berlim Oriental

Oito anos após o final da Segunda Guerra Mundial, a então República Democrática Alemã (RDA) ainda enfrentava graves problemas econômicos. Enquanto a Alemanha Ocidental era reconstruída com a ajuda dos Aliados ocidentais, o Alemanha Oriental, controlada pelos soviéticos, sucumbia sob uma grave crise de abastecimento.

Um ano antes, o secretário-geral do Partido Socialista Unitário (SED), Walter Ulbricht, havia anunciado a "construção planejada do socialismo" segundo o modelo soviético. Os pesados pagamentos de reparações de guerra e o estímulo à indústria pesada causaram uma crise de abastecimento, agravando a escassez de gêneros básicos como manteiga, carne, frutas e verduras, que só podiam ser adquiridos através de senhas de racionamento.

Evasão de cidadãos

O florescimento econômico da Alemanha Ocidental e a insatisfação com os rumos políticos no Leste alemão levaram muitos a voltarem as costas à RDA. Em 1952, 180 mil pessoas haviam deixado o país. No primeiro semestre de 1953, foram 226 mil.

Mesmo assim, o governo de Berlim Oriental não mudou o curso político e econômico. Em abril de 1953, ovos, carne e doces tiveram seus preços aumentados. O apogeu deste desrespeito aos cidadãos alemães-orientais aconteceu em maio de 1953, com a imposição ao trabalhador de produzir 10% a mais na mesma carga horária.

Novas lideranças – nova política

A morte do ditador soviético Josef Stalin em março de 1953 levou à insegurança e lutas pelo poder entre os líderes de vários países da Europa Oriental.

Otto Grotewohl

O próprio chefe de governo alemão-oriental na época, Otto Grotewohl, havia reconhecido a situação de seu país ao criticar que "quando pessoas se distanciam de nós, se além da brecha estatal e econômica também são dilaceradas as relações humanas entre os alemães, então esta política está errada".

Para atrair de volta os agricultores, comerciantes e trabalhadores que haviam emigrado para a Alemanha Ocidental, foi-lhes acenado com a possibilidade de devolução das propriedades.

A Justiça, cujas sentenças arbitrárias haviam levado à duplicação da população carcerária no período de um ano, seria encarregada de revisar suas decisões. Até mesmo com a Igreja os responsáveis pelo governo pretendiam entrar em acordo. Só o aumento salarial continuou tabu, o que foi interpretado como provocação pelos trabalhadores, que responderam com protestos.

Protestos pararam a Alemanha Oriental

Diante do prédio do governo em Berlim, no dia 16 de junho, os trabalhadores da construção civil convocaram uma greve geral para o dia seguinte. O apelo foi divulgado dentro da Alemanha Oriental e no estado vizinho, através da imprensa.


Manifestantes marcham através do Portão de Brandemburgo

O clima era de euforia, o regime já era visto como derrotado. Em alguns locais, os insurgentes chegaram a tomar o poder. Mais de um milhão de pessoas participaram de manifestações e greves em 700 cidades e comunidades da RDA.

A revolta por melhores salários transformou-se rapidamente em um levante pela liberdade, democracia e unidade da Alemanha. Em faixas e cartazes, os manifestantes reivindicavam melhores condições de vida, a renúncia do governo da RDA, eleições livres e a reunificação do país.

A chegada dos tanques

A liderança política da RDA já havia perdido o controle sobre a situação quando a força de ocupação soviética declarou estado de emergência. Tanques militares invadiram o principal ponto de concentração de manifestantes, na praça Potsdamer Platz, em Berlim.

Os acontecimentos foram narrados ao vivo pelos repórteres que acompanharam as dramáticas cenas de 17 de junho de 1953. A violência militar reprimiu o levante dos alemães-orientais, deixando um saldo de centenas de mortos e feridos. Cerca de dez mil manifestantes e membros do comitê de greve foram detidos. Mais de 1.600 participantes do levante cumpriram, em parte, longas penas de prisão.

Algumas semanas depois, o Bundestag (câmara baixa do Parlamento da República Federal da Alemanha) proclamou o dia 17 de junho como Dia da Unidade Alemã. Após a reunificação, em 1990, este feriado passou a ser comemorado em 3 de outubro.

Em busca de insurgentes

Para evitar futuras rebeliões e detectar eventuais insurgentes, a então Alemanha Oriental ampliou as competências de seu serviço secreto (Stasi), que passou a vigiar a vida dos alemães-orientais.

Demoraria 36 anos para que a população voltasse a reunir forças para se rebelar contra o regime. Desta vez, em 9 de novembro de 1989, derrubaria o Muro de Berlim. A diferença em relação a 1953 é que o poder em Moscou estava nas mãos do reformista Mikhail Gorbachov, que preferiu deixar os tanques nas casernas.

Com o fim da RDA, começou a derrocada do bloco socialista da Europa oriental, culminando com a dissolução da União Soviética.


Crônica dos acontecimentos de 17 de junho de 1953 
Autoria Marcel Fürstenau (rw)
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1952: Stalin propõe reunificar Alemanha


No dia 10 de março de 1952, Josef Stalin surpreendeu o Ocidente com uma sugestão de unificar a Alemanha, desde que esta não entrasse para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).



Stalin pretendia acabar com a influência ocidental sobre a Alemanha

Entre os principais pontos da proposta apresentada pelo chefe de governo da antiga União Soviética estava o item de número 2: "Todas as tropas das forças de ocupação terão que se retirar do território alemão o mais tardar até um ano depois que o acordo de paz entrar em vigor. Ao mesmo tempo, serão fechadas todas as bases militares em território alemão."

E o item 7 dizia: "A Alemanha se compromete a não ingressar em nenhuma coalizão ou aliança militar, voltada contra qualquer outro Estado cujas tropas participaram da guerra contra a Alemanha."
Isso significaria a completa neutralidade política e militar de uma Alemanha reunificada. A Guerra Fria entre Leste e Ocidente atingia seu auge, e a crise na Coreia ameaçava inclusive transformar-se em terceira guerra mundial.

Estratégia da integração em alianças

As potências ocidentais, principalmente os Estados Unidos, tinham planos bem diferentes para o lado alemão ocidental. Eles queriam integrar a jovem República Federal da Alemanha em alianças militares e políticas. Discutia-se, por exemplo, a criação de uma comunidade europeia de defesa, que acabou fracassando por causa do veto francês.

Konrad Adenauer

A resposta indireta à sugestão de Stalin foi dada no dia 26 de maio de 1952, através da assinatura, em Bonn, do acordo que selava o ingresso da Alemanha nas alianças ocidentais.

Ao esclarecer sua importância diante do Parlamento alemão-ocidental, o então chefe de governo Konrad Adenauer destacou tratar-se da decisão sobre se a República Federal da Alemanha deveria ou gostaria de se integrar na Europa.

Não faltaram críticas da Alemanha Oriental, de regime comunista. Walter Ulbricht, presidente do Conselho de Estado da República Democrática Alemã, chegou a acusar o governo Adenauer de tornar-se "protetorado norte-americano e trair os interesses alemães".

Os adversários políticos de Adenauer na própria Alemanha Ocidental estavam convencidos de que em 1952 fora desperdiçada uma chance de reunificação. Esta aconteceria só quase 40 anos mais tarde, com a derrocada do comunismo no Leste Europeu.

Autoria Norbert Ahrens (rw)
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1970: Assinatura do Tratado de Moscou


Em 12 de agosto, Willy Brandt assinava com a União Soviética um tratado em que os dois países renunciavam à reivindicação de territórios, respeitando a integridade territorial de todos os países europeus.


Brandt (e) e Kossygin assinam o tratado no Kremlin

Noite de 28 de setembro de 1969. O Partido Social Democrata (SPD) sai fortalecido da eleição para o Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão. O seu candidato a chanceler federal, Willy Brandt, convida por telefone o presidente do Partido Liberal Democrático (FDP), Walter Scheel, para formar uma coalizão que apresente novos rumos também para a política externa alemã.

Um mês depois, em 28 de outubro de 1969, pela primeira vez um chanceler alemão admite, em sua declaração de governo, a existência de dois Estados alemães. "Mesmo que existam dois Estados, eles não são entre si estrangeiros e o relacionamento entre eles só pode ser de um tipo especial", afirmou Brandt.

Reconhecimento da realidade pós-Guerra

Com isso, fica claro que o governo Brandt-Scheel reconhece a realidade política criada pela Segunda Guerra Mundial e empenha-se ao mesmo tempo na distensão e na reconciliação com o vizinho oriental.

O novo governo aplica a sua visão rapidamente. Em dezembro de 1969, iniciam-se as negociações para um acordo com Moscou e, em fevereiro de 1970, com Varsóvia. Brandt se encontra duas vezes com o primeiro-ministro da Alemanha Oriental, Willi Stoph: em março na cidade de Erfurt, e dois meses depois em Kassel.


Esboço de acordo e suspeitas de traição

Neste mesmo mês, fica pronto o núcleo de um esboço de acordo com a União Soviética, após duras negociações entre o ministro soviético das Relações Exteriores, Andrey Gromyko, e o secretário de Estado do gabinete da chanceleria federal da Alemanha, Egon Bahr. Pessoa de confiança de Willy Brandt, Bahr tinha extensos poderes e, mesmo sendo um astuto estrategista, vivenciou várias trocas da tática soviética de negociação.

Em Bonn, a oposição suspeita de traição do objetivo de reunificação do país e tenta provocar a opinião pública, acusando o governo de entreguismo dos interesses nacionais.

A assinatura

Em 12 de agosto de 1970, Brandt e o chefe de governo da União Soviética, Alexei Kossygin, assinam no Kremlin o acordo. Neste mesmo lugar, 31 anos antes, enviados de Hitler haviam acertado os termos para a invasão da Polônia, o que deflagrou a Segunda Guerra Mundial.

Na noite da assinatura do Tratado de Moscou, Willy Brandt dirige-se aos alemães em um discurso pela televisão, direto da capital soviética: "Amanhã fará nove anos que o Muro de Berlim foi construído. Hoje, assim eu espero confiante, demos um primeiro passo para que pessoas não tenham que morrer nas cercas de arame farpado, até que a separação do nosso povo algum dia possa ser superada."

Com o acordo, a República Federal da Alemanha e a União Soviética se comprometem a renunciar ao uso da violência, a respeitar a "integridade territorial de todos os Estados na Europa" e a abrir mão de reivindicações de território, também no futuro.

O primeiro acordo com o Leste

Em seu discurso na televisão, Brandt procurou tranquilizar os alemães, antes de tudo os desconfiados, os céticos e os críticos: "Com este acordo, não perdemos nada que já não nos tivesse escapado há tempos".
No fundo, o acordo foi um modelo e a base política para uma futura cooperação no âmbito europeu. Foi o primeiro dos acordos com o Leste e aplainou o caminho para a distensão política.

O que aconteceu na política interna alemã em seguida foi um confronto de quase dois anos, que sacudiu a República e ganhou, não poucas vezes, contornos de baixo nível.

Só depois da fracassada tentativa de derrubar Brandt com um voto de desconfiança, o Parlamento pôde ratificar os acordos com Moscou e Varsóvia. Estes entraram em vigor em 3 de junho de 1972, quando a política de distensão de Brandt já havia sido consagrada internacionalmente com o Prêmio Nobel da Paz, seis meses antes.


1969: Eleição de Willy Brandt na Alemanha 
1973: Willy Brandt em Israel 

Autoria Christa Kokotowski (ef)

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1961: Construção do Muro de Berlim


ALEMANHA 60 ANOS: ACONTECIMENTOS QUE MARCARAM A HISTÓRIA DO PAÍS1949:

Toma posse o primeiro presidente alemão1949: Promulgada a Lei Fundamental Alemã1949: Primeira Feira do Livro de Frankfurt1954: Alemanha ganha a Copa do Mundo1957: Equiparação dos direitos da mulher na Alemanha1957: Inauguração da Interbau em Berlim1961: Construção do Muro de Berlim1962: Fundação da Schaubühne de Berlim1963: Tratado da amizade franco-alemã1963: Começa "Julgamento de Auschwitz"1968: Atentado contra Rudi Dutschke1968: Atentados incendiários em Frankfurt1969: Willy Brandt vence as eleições federais 1971: Cineastas alemães criam cooperativa do filme1971: Tratado das Quatro Potências sobre Berlim1972: Beuys demitido da Academia de Belas Artes1972: Atentado na vila olímpica em Munique1974: Helmut Schmidt torna-se chanceler federal1975: Começa julgamento de líderes da RAF1976: Ulrike Meinhof é encontrada morta na prisão1977: Terroristas alemães se suicidam na prisão1982: Morre o cineasta alemão Fassbinder1983: Stern publica os "Diários de Hitler"1988: Daimler-Benz indeniza trabalhadores forçados sob o regime nazista1989: Bomba da RAF mata banqueiro Alfred Herrhausen 1989: A queda do Muro de Berlim1990: Kohl e Gorbatchov se reúnem no Cáucaso1990: Eleições livres para o Parlamento da Alemanha Oriental1991: Direitos iguais de sobrenome na Alemanha1992: Morre o ex-chanceler alemão Willy Brandt1993: Atentado incendiário xenófobo em Solingen1993: Restrições na lei de asilo político 1994: Christo pode empacotar o Reichstag1994: Condenado espião alemão-oriental 1998: Grupo terrorista alemão RAF anuncia dissolução2002: Morre primeiro ídolo do futebol alemão2007: Morre o fotógrafo Bernd Becher2008: Ano de grandes decisões e surpresas para cultura na Alemanha

Em 13 de agosto de 1961, guardas da Alemanha Oriental começaram a separar com arame farpado e concreto os lados oriental e ocidental de Berlim, isolando Berlim Ocidental dentro do território da Alemanha Oriental.


Início da construção do maior símbolo da Guerra Fria

O funcionário do Serviço de Defesa da Constituição de Berlim que estava de plantão no segundo final de semana de agosto de 1961 não esperava ocorrências extraordinárias. Mas já na madrugada de sábado para o domingo, dia 13, ele foi surpreendido à 1h54 pela notícia de que o tráfego de trens entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental fora suspenso.

A abrangência do fato, porém, só ficou clara quando o dia amanheceu. A República Democrática Alemã (RDA) dera início à construção de um muro entre as duas partes de Berlim, cortando o acesso de 16 milhões de alemães ao lado ocidental. "A fronteira em que nos encontramos, com a arma nas mãos, não é apenas uma fronteira entre um país e outro. É a fronteira entre o passado e o presente", era a interpretação ideológica do governo alemão oriental.

Queda após 28 anos

A RDA via-se com razão ameaçada em sua existência. Cerca de 2 mil fugas diárias haviam sido registradas até aquele 13 de agosto de 1961, ou seja, 150 mil desde o começo do ano e mais de 2 milhões desde que fora criado o "Estado dos trabalhadores e dos camponeses". O partido SED puxou o freio de emergência com o auxílio de arame farpado e concreto, levantando um muro de 155 quilômetros de extensão que interrompia estradas e linhas férreas e separava famílias.

Ainda dois meses antes, Walter Ulbricht, chefe de Estado e do partido, desmentira boatos de que o governo estaria planejando fechar a fronteira: "Não tenho conhecimento de um plano desses, já que os operários da construção estão ocupados levantando casas e toda a sua mão de obra é necessária para isso. Ninguém tenciona construir um muro".

Nos bastidores, porém, corriam os preparativos, sob a coordenação de Erich Honecker e com a bênção da União Soviética. Guardas da fronteira e batalhões fiéis ao politburo encarregaram-se da tarefa. Honecker não tinha a menor dúvida: "Com a construção da muralha antifascista, a situação na Europa fica estabilizada e a paz, salvaguardada".

As potências ocidentais protestaram, mas nada fizeram. Para os berlinenses de ambos os lados da fronteira, a brutalidade do muro passou a fazer parte do cotidiano. Apenas 11 dias após a construção, morreu pela primeira vez um alemão-oriental abatido a tiros durante tentativa de fuga. A última vítima dos guardas da fronteira foi Chris Gueffroy, morto em fevereiro de 1989.
Reação às fugas
Até 1989, o Muro de Berlim foi o símbolo por excelência da Guerra Fria, da bipolarização do mundo e da divisão da Alemanha.

Ainda no início de 1989, Honecker, no poder desde 1971, manifestava confiança em sua estabilidade: "O muro ainda existirá em 50 ou em cem anos, enquanto não forem superados os motivos que levaram à sua construção".

Apenas dez meses depois, em 9 de novembro daquele ano, os habitantes de ambas as partes da cidade caíam incrédulos nos braços uns dos outros, festejando o fim da muralha que acabou sendo derrubada pouco a pouco e vendida aos pedaços como suvenir.

Menos de um ano depois, o país dividido desde o fim da Segunda Guerra foi unificado, mas a verdadeira integração entre as duas partes é um processo que ainda não terminou.
Bildergalerie - Grünes Band

DE CORTINA DE FERRO A CINTURÃO VERDE

A BT11, em Kühlungsborn, é uma torre de vigia da época da Alemanha Oriental. Entre 1973 e 1989, os guardas de fronteira subiam nela para achar possíveis fugitivos, cujo objetivo era alcançar a costa do estado ocidental de Schleswig-Holstein ou um navio que estivesse de passagem. Tombada como patrimônio histórico, a torre é uma das últimas das mais de 70 que existiam na costa do Mar Báltico.

1962: Peter Fechter morre vítima do Muro

No dia 17 de agosto de 1962, Peter Fechter, de 18 anos, foi assassinado ao tentar fugir para Berlim Ocidental atravessando o Muro. Baleado pelos soldados de fronteira da Alemanha comunista, Peter morreu de hemorragia na chamada "zona da morte" entre os lados Ocidental e Oriental de Berlim. 

De Cortina de Ferro a Cinturão Verde    
Autoria Doris Bulau (lk)
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1969: Festival de Woodstock

INSTANTÂNEOS: GERAÇÃO 19681967:

Conflitos raciais em Newark1967: Che Guevara assassinado1968: Dubcek eleito líder do Partido Comunista tcheco1968: Lançada sonda lunar Surveyor 71968: Atentados incendiários em Frankfurt1968: Martin Luther King é assassinado1968: Entra em vigor a nova Constituição da Alemanha Oriental1968: Atentado contra Rudi Dutschke1968: "Hair" estreia na Broadway 1968: Negociações de paz para o Vietnã1968: Primeiro cargueiro nuclear europeu1968: Tropas soviéticas ocupam Praga1968: Jacqueline casa-se com Onassis1968: o ano do cinema em transe1969: Lennon e Ono dormem pela paz1969: Estreia o filme "Sem Destino"1969: Festival de WoodstockHerança da geração de 68 é presente até hojeAlemães relembram 1968 como ano da Primavera de PragaÀ sombra da revolução, na defensivaO fascínio do mal: terroristas alemães viram ícones da cultura popCiência & TécnicaMúsica e músicosTerrorismo na Alemanha na década de 70Nazifascismo e 2ª Guerra MundialUnião Européia

Em 15 de agosto de 1969 começava ao norte de Nova York um festival de rock em que se apresentaram os mais conhecidos músicos do gênero. O evento entrou para a história como auge e crepúsculo da geração hippie.

Três dias de música e desconcentração no auge do movimento hippie
Ninguém tinha mais de 30 anos entre os 400 mil jovens que acamparam durante três dias, comendo, bebendo, dormindo e fazendo amor ao ar livre. E fumando maconha.

Quem esteve em Woodstock de 15 a 17 de agosto de 1969 afirma que foi a maior manifestação de paz de todos os tempos. Para as más línguas, a descontração foi resultado do enorme consumo de drogas praticado durante o evento pelos jovens representantes da "geração das flores".

O que estava planejado era algo totalmente diferente. Os quatro jovens de Bethel, no estado de Nova York, que alugaram para o festival de rock ao ar livre a propriedade rural de Max Yasgur, de 250 hectares, contavam com a participação de no máximo uns 80 mil hippies.

Mas, ainda antes de a festa começar, não parava de chegar gente para ouvir The Who, Jimmy Hendrix, Joan Baez, Crosby, Stills & Nash, Jefferson Airplane e muitos outros mais que haviam confirmado presença. Logo foi preciso desmontar as cercas da fazenda, o que ocorreu com toda a calma, porque o pessoal não era de arruaça.

Max Yasgur não cabia em si de contentamento: "Sou um simples camponês. Não sei como falar para tanta gente. Esta é a maior multidão que já se reuniu num lugar. Mas acho que vocês provaram uma coisa para o mundo: que é possível que meio milhão de pessoas se reúnam para ouvir música e se divertir durante três dias — só música e divertimento".

O festival em Woodstock não foi o primeiro a ser realizado ao ar livre em fins da década de 60. E, para os hippies de verdade, até hoje o festival de Monterey, realizado na Califórnia no verão setentrional de 1967, continua sendo o acontecimento. Mas a ele compareceram apenas 50 mil pessoas. Woodstock reuniu pelo menos oito vezes mais.

Protesto político e fim de uma era
Em 1969, na verdade, já tinha quase passado a grande euforia da rebelião. Os estudantes de Paris, Berlim e Berkeley tinham desmontado suas barricadas e retornado às salas de aula.

Na Casa Branca, estava instalado Richard Nixon, que incorporava os clichês do governante reacionário em velhos moldes. E o que Woodstock significou, no fundo, foi a rejeição dos Estados Unidos a tudo o que Nixon representava. Nada expressou tão bem essa rejeição quanto a guitarra de Jimi Hendrix, entoando o hino nacional entrecortado pelos sons de bombas. Um ano antes de sua morte, o astro consagrava-se como o maior guitarrista de rock de todos os tempos.

Hoje Woodstock tem a aura de um mito, provavelmente também por representar o crepúsculo do movimento hippie. No mesmo ano, o clã de Charles Manson havia cometido assassinatos bárbaros ao som de rock e no embalo das drogas, matando entre outras pessoas a atriz Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski.

Ainda no mesmo ano, o rock chegou ao fundo do poço num concerto dos Rolling Stones em Altamont, na Califórnia, em que os Hell's Angels apunhalaram um negro diante do palco.

O festival do amor e da paz rendeu lucros para seus organizadores, que ganharam com os áudios e vídeos produzidos sobre o evento. Na lembrança, permanece a imagem de um mar de lama preenchido pelo lixo deixado pelos participantes: a chuva que caiu em Woodstock só fez reforçar o mito.


1968: "Hair" estreia na Broadway
Outro marco da geração hippie lembrado em mais um artido da nossa série Calendário Histórico. 
Autoria Jens Thurau (lk)

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