Em 12 de agosto, Willy Brandt assinava com a União Soviética
um tratado em que os dois países renunciavam à reivindicação de territórios,
respeitando a integridade territorial de todos os países europeus.
Brandt (e) e Kossygin assinam o tratado no Kremlin
Noite de 28 de setembro de 1969. O Partido Social Democrata
(SPD) sai fortalecido da eleição para o Bundestag, a câmara baixa do Parlamento
alemão. O seu candidato a chanceler federal, Willy Brandt, convida por telefone
o presidente do Partido Liberal Democrático (FDP), Walter Scheel, para formar
uma coalizão que apresente novos rumos também para a política externa alemã.
Um mês depois, em 28 de outubro de 1969, pela primeira vez
um chanceler alemão admite, em sua declaração de governo, a existência de dois
Estados alemães. "Mesmo que existam dois Estados, eles não são entre si
estrangeiros e o relacionamento entre eles só pode ser de um tipo
especial", afirmou Brandt.
Reconhecimento da realidade pós-Guerra
Com isso, fica claro que o governo Brandt-Scheel reconhece a
realidade política criada pela Segunda Guerra Mundial e empenha-se ao mesmo
tempo na distensão e na reconciliação com o vizinho oriental.
O novo governo aplica a sua visão rapidamente. Em dezembro
de 1969, iniciam-se as negociações para um acordo com Moscou e, em fevereiro de
1970, com Varsóvia. Brandt se encontra duas vezes com o primeiro-ministro da
Alemanha Oriental, Willi Stoph: em março na cidade de Erfurt, e dois meses
depois em Kassel.
Esboço de acordo e suspeitas de traição
Neste mesmo mês, fica pronto o núcleo de um esboço de acordo
com a União Soviética, após duras negociações entre o ministro soviético das
Relações Exteriores, Andrey Gromyko, e o secretário de Estado do gabinete da
chanceleria federal da Alemanha, Egon Bahr. Pessoa de confiança de Willy
Brandt, Bahr tinha extensos poderes e, mesmo sendo um astuto estrategista,
vivenciou várias trocas da tática soviética de negociação.
Em Bonn, a oposição suspeita de traição do objetivo de
reunificação do país e tenta provocar a opinião pública, acusando o governo de
entreguismo dos interesses nacionais.
A assinatura
Em 12 de agosto de 1970, Brandt e o chefe de governo da
União Soviética, Alexei Kossygin, assinam no Kremlin o acordo. Neste mesmo
lugar, 31 anos antes, enviados de Hitler haviam acertado os termos para a
invasão da Polônia, o que deflagrou a Segunda Guerra Mundial.
Na noite da assinatura do Tratado de Moscou, Willy Brandt
dirige-se aos alemães em um discurso pela televisão, direto da capital
soviética: "Amanhã fará nove anos que o Muro de Berlim foi construído.
Hoje, assim eu espero confiante, demos um primeiro passo para que pessoas não
tenham que morrer nas cercas de arame farpado, até que a separação do nosso
povo algum dia possa ser superada."
Com o acordo, a República Federal da Alemanha e a União
Soviética se comprometem a renunciar ao uso da violência, a respeitar a
"integridade territorial de todos os Estados na Europa" e a abrir mão
de reivindicações de território, também no futuro.
O primeiro acordo com o Leste
Em seu discurso na televisão, Brandt procurou tranquilizar
os alemães, antes de tudo os desconfiados, os céticos e os críticos: "Com
este acordo, não perdemos nada que já não nos tivesse escapado há tempos".
No fundo, o acordo foi um modelo e a base política para uma
futura cooperação no âmbito europeu. Foi o primeiro dos acordos com o Leste e
aplainou o caminho para a distensão política.
O que aconteceu na política interna alemã em seguida foi um
confronto de quase dois anos, que sacudiu a República e ganhou, não poucas
vezes, contornos de baixo nível.
Só depois da fracassada tentativa de derrubar Brandt com um
voto de desconfiança, o Parlamento pôde ratificar os acordos com Moscou e
Varsóvia. Estes entraram em vigor em 3 de junho de 1972, quando a política de
distensão de Brandt já havia sido consagrada internacionalmente com o Prêmio
Nobel da Paz, seis meses antes.
1969: Eleição de Willy Brandt na Alemanha
1973: Willy Brandt em Israel
Autoria Christa Kokotowski (ef)
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