sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Eu entendo que não entende o afastamento da Dilma como um golpe, e são várias as facetas desse golpe: é um golpe judiciário, parlamentar, midiático, econômico. Eu entendo o seu pensamento que o liberalismo, o Estado mínimo e a redução ou até o fim dos gastos públicos beneficiariam o Brasil,mesmo sendo você um usuário do SUS e do Ensino Público. Eu entendo sua aversão pela bandeira do PT e de toda a esquerda, mesmo sendo ela que defende na Câmara e nas ruas os seus direitos. Eu entendo que vota em partidos da direita com medo de que a esquerda seja comunista, mesmo que não exista regime comunista e, na forma como pensou Marx, nunca tenha existido. Eu entendo que pensa com a cabeça dos editoriais das grandes mídias, entendo o seu senso comum, a sua falta de senso crítico. Mas o que eu não entendo, apesar de tudo isso, é o seu ódio, a sua ira pelas pessoas pobres, sendo você igualmente pobre. Nesse caso, você não é tão somente pobre, mas um miserável pela própria falta de percepção. JD


(...) "A primeira coisa que a maioria das pessoas assiste toda manhã é o noticiário local, depois o noticiário nacional. A partir desses, é possível inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito. O fato de nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrentar um sério risco de impeachment e que seu principal oponente político, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, está sendo investigado por receber propina, recebe menos tempo no ar do que os detalhes dos congestionamentos. Esses boletins são atualizados pelo menos seis vezes por dia, com os âncoras conversando amigavelmente, como tias velhas na hora do chá, sobre o calor ou a chuva." (17/NOV/2015)

O Texto é da jornalista Vanessa Barbara 

UMA VOZ


Recorda aquela ilha onde se erige o fogo
Dos vivos olivais no flanco das cimeiras,
E é para que mais alta a noite seja e à aurora
Não haja vento mais que de esterilidade.
Tanto caminho negro há de fazer um reino
Onde recuperar o orgulho que já fomos,
Pois nada há de aumentar mais uma força eterna
Do que uma chama eterna e tudo se desfaça.
Por mim, irei buscar essa terra de cinzas,
Meu coração irei deitar sobre teu corpo.
Arrasado. Não sou tua vida em fundas ânsias,
Cujo só monumento é Fénix na fogueira?
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UNE VOIX
Souviens-toi de cette île où l'on bâtit le feu
De tout olivier vif au flanc des crêtes,
Et c'est pour que la nuit soit plus haute et qu"à l'aube
Il n"y ait plus de vent que de stérilité.
Tant de chemins noircis feront bien un royaume
Où rétablir l'orgueil que nous avons été,
Car rien ne peut grandir une éternelle force
Q'une éternelle flamme et que tout soit défait.
Pour moi je rejoindrai cette terre cendreuse,
Je coucherai mon coeur sur son corps dévasté.
Ne suis-je pas ta vie aux profondes alarmes,
Qui n'a de monument que Phénix au bûcher?

- Yves Bonnefoy. Obra Poética. [tradução e organização de Mário Laranjeira]. São Paulo: Editora Iluminuras, 1998.
 "Foi da Ana Júlia a melhor e mais verdadeira manifestação pública capaz, efetivamente, de expressar os sentidos reais das ocupações. É válido e respeitável o entendimento que as ocupações - uma atitude radical ante um dilema igualmente radical - não seja a melhor forma de luta. É compreensível, também, que a maioria dos docentes, das comunidades escolares e, até mesmo, do estudantado esteja mais preocupada/o com os dias de reposição, as festas de formatura, os trabalhos finais, a "baderna" que julgam ser o movimento social, PORÉM, acreditem amig@s: em cada ocupa deste país há estudantes que poderiam ser a Ana Júlia, que falam como ela, que comungam de sua força e de suas ideias; que sabem, como ela, o que é ser criminalizado por lutar por um ideal coletivo; que, mesmo com tudo contra, não abdicam de momentos de alegria. Esperança, utopia, destemor, verdade... nossos estudantes que passaram e/ou passam pela experiência de conviver numa ocupação aprenderam vivencialmente, na pele e no espírito, a identificar as contradições sociais e tomaram para si uma responsabilidade que deveria ser de tod@s. Um outro mundo é possível. Lutemos então, inspirados na força de tantos homens e mulheres que fizeram de suas vidas uma constante missão de solidariedade e busca pela justiça. Nas palavras inspiradoras de Olga Benário, lutemos "pelo bem. pelo bom, pelo justo (...) pelo melhor do mundo". Brava Ana Júlia, bravos/as estudantes do Brasil. Vocês nos dão uma lição essencial: a humanidade ainda tem algum fôlego para construir um futuro viável, um mundo em que tod@s e cada um/a tenha direito ao discernimento e à felicidade."

Valéria Arias

MEU FILHO QUER ESTUDAR II-

O argumento dos pais e mães que forçam a desocupação das escolas é que seus filhos "querem estudar."
Talvez, seja necessário explicar que se a PEC 241 ( agora, 55, no Senado) for aprovada não haverá verba suficiente para a educação, nos próximos 20 anos.
Talvez, seja importante dizer que se a MP do Ensino Médio persistir seu filho só vai poder estudar as disciplinas que a escola tiver condições materiais para ofertar.

É para que os filh@s de todos estudem, com qualidade e amplitude de conhecimentos, que os estudantes ocupam as escolas!

Da Andrea Caldas