sexta-feira, 28 de outubro de 2016

UMA VOZ


Recorda aquela ilha onde se erige o fogo
Dos vivos olivais no flanco das cimeiras,
E é para que mais alta a noite seja e à aurora
Não haja vento mais que de esterilidade.
Tanto caminho negro há de fazer um reino
Onde recuperar o orgulho que já fomos,
Pois nada há de aumentar mais uma força eterna
Do que uma chama eterna e tudo se desfaça.
Por mim, irei buscar essa terra de cinzas,
Meu coração irei deitar sobre teu corpo.
Arrasado. Não sou tua vida em fundas ânsias,
Cujo só monumento é Fénix na fogueira?
.
UNE VOIX
Souviens-toi de cette île où l'on bâtit le feu
De tout olivier vif au flanc des crêtes,
Et c'est pour que la nuit soit plus haute et qu"à l'aube
Il n"y ait plus de vent que de stérilité.
Tant de chemins noircis feront bien un royaume
Où rétablir l'orgueil que nous avons été,
Car rien ne peut grandir une éternelle force
Q'une éternelle flamme et que tout soit défait.
Pour moi je rejoindrai cette terre cendreuse,
Je coucherai mon coeur sur son corps dévasté.
Ne suis-je pas ta vie aux profondes alarmes,
Qui n'a de monument que Phénix au bûcher?

- Yves Bonnefoy. Obra Poética. [tradução e organização de Mário Laranjeira]. São Paulo: Editora Iluminuras, 1998.

Nenhum comentário: