domingo, 5 de fevereiro de 2017

1936: "Tempos Modernos" chega às telas



Em 5 de fevereiro de 1936, Charlie Chaplin lançou "Tempos Modernos" em pré-estreia nos EUA. Ele dirigiu o filme e interpretou o papel principal. Na Alemanha e na Itália, a película "de tendência comunista" foi proibida.

Na comédia Tempos Modernos, o autor, diretor e ator Charles Spencer Chaplin parodiava as facetas nefastas da crise econômica mundial e da nova fase da industrialização. Gente lutando contra máquinas, a exploração, a necessidade extrema. No centro da história, alguém tenta sobreviver aos difíceis tempos: um vagabundo, com chapéu-coco, bigode, sapatos enormes e bengala.

Devido a seus filmes de humor sofisticado, Charlie Chaplin pode ser considerado ainda hoje o comediante mais famoso de todos os tempos do cinema. Ele negava, porém, a imagem que faziam dele em função de seu trabalho.

"As pessoas dizem que sou uma pessoa alegre. Não sou de jeito algum. Sou um homem bem sério. Com frequência não sei como devo expressar alguma coisa. Por isso meus filmes são sempre tão longos. E o mais difícil é dar-lhes a aparência de simples."

Marco cinematográfico

Chaplin precisou de quatro anos para concluir Tempos Modernos. O filme tornou-se um momento de ruptura em sua carreira. Pela última vez, o artista levava para as telas seu legendário vagabundo. E este entrou para a história do cinema como seu derradeiro filme mudo.

Há tempos as películas haviam ganhado falas. Mesmo assim, Chaplin confiou mais uma vez em sua muda arte da pantomima, restringindo a sonorização à música e efeitos sonoros. Somente um personagem podia falar: o dono da fábrica, que vigiava seus operários através de uma gigantesca parede de projeção.
"Pavilhão Número 5 está trabalhando muito devagar! Dobrem a velocidade! Capataz, os parafusos estão frouxos demais. Verifique o que está acontecendo! Ei, aqui não é lugar de se fumar, mas para trabalhar!", ditava ordens o patrão, interpretado por Alan Garcia.

Cenas inesquecíveis

O pequeno vagabundo, auxiliar na linha de montagem, aperta os parafusos muito devagar. De repente, fica preso numa peça na esteira rolante e é arrastado para dentro de uma enorme engrenagem da máquina. Mais uma cena de Chaplin que entrou para a história do cinema. Tempos Modernos é antes uma sequência de cenas engraçadas isoladas do que grande roteiro dramático.

"Bom dia, meus senhores e minhas senhoras, aqui fala o vendedor automático. Eu tenho a honra de apresentar-lhes o Sr. John Billows, inventor da máquina automática de alimentação. O aparelho é uma invenção genial para se comer automaticamente. Os senhores economizam o intervalo do almoço e dão um golpe na concorrência", anuncia a nova máquina.

Mas golpe mesmo sofre apenas o pequeno vagabundo. Testada tendo justamente ele como cobaia, a máquina de dar de comer sai fora do controle, dá um banho de sopa nele, alimenta-o com parafusos e o surra com o mecanismo que deveria limpar sua boca. O público na pré-estreia, em 5 de fevereiro de 1936, no cinema Rivoli de Nova York, fica deslumbrado.

A música de Tempos Modernos também deve-se às ideias de Chaplin. Sua voz igualmente pode ser ouvida no filme. Num restaurante, o pequeno vagabundo deve entreter os fregueses com uma canção. No momento decisivo, ele esquece a letra, canta algo absurdo, improvisado, misturando idiomas, e vai de novo para a rua. Mais um trabalho sem sucesso.

Mensagem política ou pura diversão?

"Eu acho que passar mensagens é muito problemático. Elas podem ser indignas. Podem até mesmo serem ridículas. Não acredito em mensagens", comentou certa vez ao falar de Tempos Modernos.

Chaplin não via seu último filme mudo como uma sátira política, mas como entretenimento. Mesmo assim, o governo americano sentiu-se incomodado, assim como os governos nazista da Alemanha e fascista da Itália, que proibiram a exibição da película. Após novos filmes e anos de atritos com o governo dos EUA, o artista britânico deixou o país que escolhera para viver, retornando à Europa.

Somente décadas depois Hollywood reconheceria o mérito das obras do criador do vagabundo. Em 1971, Chaplin, já com 83 anos, recebeu um Oscar por sua "incalculável contribuição ao cinema".

Autoria Catrin Möderler (mw)


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A classe dominante historicamente também exerce o quase completo monopólio do controle político das emoções populares e exige exclusividade na direção política do domínio emocional popular. A grande mídia seleciona quais emoções podem interessar ao seu domínio político, quais mortes podem ser homenageadas e quais são lucrativas e comercializáveis. A morte de Lily Marinho foi muito mais noticiada do que a de Marisa Lula da Silva, ainda que as diferenças políticas das duas tenham sido imensamente grande desde suas trajetórias, status e inserções ideológicas. As origens sociais determinam os direitos. O único direito do trabalhador pobre é não ter os mesmos direitos já assegurados por nascimento aos dominantes. Lula nunca poderia ter participado autonomamente da política, nunca poderia ter sido eleito, nunca poderia andar de avião presidencial, nunca poderia frequentar hotéis, restaurantes, hospitais de ricos. Lula nunca poderia denunciar politicamente a nojenta perseguição judicial extralegal contra sua família, Lula nunca poderia denunciar politicamente os facínoras da medicina, da mídia e do judiciário, uma vez que é um sem-mídia, uma vítima eterna da mídia burguesa. Lula não poderia e nem deveria falar, jamais poderia emitir posições políticas, ter voz, nem no enterro de Letícia, nem no de Chico Mendes, ou de qualquer liderança popular. Somente a toda poderosa Globo pode definir rituais televisivos de morte, pode monopolizar centenas de horas nas coberturas de seus esportistas, cantores e políticos lucrativos e funcionais aos interesses do marketing da mídia dominante. Novamente, jamais haverá democracia no Brasil sem a democratização e despartidarização da grande indústria da mídia golpista brasileira, a mesma surgida na ditadura militar e o tempo todo amparada politicamente de dentro do Estado, pelos grupos mais reacionários da classe dominante brasileira.

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