A classe dominante historicamente também exerce o quase
completo monopólio do controle político das emoções populares e exige
exclusividade na direção política do domínio emocional popular. A grande mídia
seleciona quais emoções podem interessar ao seu domínio político, quais mortes
podem ser homenageadas e quais são lucrativas e comercializáveis. A morte de
Lily Marinho foi muito mais noticiada do que a de Marisa Lula da Silva, ainda
que as diferenças políticas das duas tenham sido imensamente grande desde suas
trajetórias, status e inserções ideológicas. As origens sociais determinam os
direitos. O único direito do trabalhador pobre é não ter os mesmos direitos já
assegurados por nascimento aos dominantes. Lula nunca poderia ter participado
autonomamente da política, nunca poderia ter sido eleito, nunca poderia andar
de avião presidencial, nunca poderia frequentar hotéis, restaurantes, hospitais
de ricos. Lula nunca poderia denunciar politicamente a nojenta perseguição
judicial extralegal contra sua família, Lula nunca poderia denunciar
politicamente os facínoras da medicina, da mídia e do judiciário, uma vez que é
um sem-mídia, uma vítima eterna da mídia burguesa. Lula não poderia e nem
deveria falar, jamais poderia emitir posições políticas, ter voz, nem no
enterro de Letícia, nem no de Chico Mendes, ou de qualquer liderança popular.
Somente a toda poderosa Globo pode definir rituais televisivos de morte, pode
monopolizar centenas de horas nas coberturas de seus esportistas, cantores e
políticos lucrativos e funcionais aos interesses do marketing da mídia
dominante. Novamente, jamais haverá democracia no Brasil sem a democratização e
despartidarização da grande indústria da mídia golpista brasileira, a mesma
surgida na ditadura militar e o tempo todo amparada politicamente de dentro do
Estado, pelos grupos mais reacionários da classe dominante brasileira.
Ricardo Costa de Oliveira
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