domingo, 5 de fevereiro de 2017

A classe dominante historicamente também exerce o quase completo monopólio do controle político das emoções populares e exige exclusividade na direção política do domínio emocional popular. A grande mídia seleciona quais emoções podem interessar ao seu domínio político, quais mortes podem ser homenageadas e quais são lucrativas e comercializáveis. A morte de Lily Marinho foi muito mais noticiada do que a de Marisa Lula da Silva, ainda que as diferenças políticas das duas tenham sido imensamente grande desde suas trajetórias, status e inserções ideológicas. As origens sociais determinam os direitos. O único direito do trabalhador pobre é não ter os mesmos direitos já assegurados por nascimento aos dominantes. Lula nunca poderia ter participado autonomamente da política, nunca poderia ter sido eleito, nunca poderia andar de avião presidencial, nunca poderia frequentar hotéis, restaurantes, hospitais de ricos. Lula nunca poderia denunciar politicamente a nojenta perseguição judicial extralegal contra sua família, Lula nunca poderia denunciar politicamente os facínoras da medicina, da mídia e do judiciário, uma vez que é um sem-mídia, uma vítima eterna da mídia burguesa. Lula não poderia e nem deveria falar, jamais poderia emitir posições políticas, ter voz, nem no enterro de Letícia, nem no de Chico Mendes, ou de qualquer liderança popular. Somente a toda poderosa Globo pode definir rituais televisivos de morte, pode monopolizar centenas de horas nas coberturas de seus esportistas, cantores e políticos lucrativos e funcionais aos interesses do marketing da mídia dominante. Novamente, jamais haverá democracia no Brasil sem a democratização e despartidarização da grande indústria da mídia golpista brasileira, a mesma surgida na ditadura militar e o tempo todo amparada politicamente de dentro do Estado, pelos grupos mais reacionários da classe dominante brasileira.

Ricardo Costa de Oliveira

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