terça-feira, 9 de outubro de 2018

Pessoas com mestrado e doutorado votam preferencialmente no Haddad


Pessoas com mestrado e doutorado votam preferencialmente no Haddad porque estudam mais, conhecem mais, pesquisam mais e debatem mais. Esta categoria concentra extraordinariamente a maior proporção relativa de eleitores do Haddad dentre todas as faixas de escolaridade. Uma pesquisa sobre a escolaridade dos eleitores que não leve este fator em consideração não avaliará corretamente a relação entre níveis educacionais elevados e escolhas políticas progressistas. As opiniões das universidades, institutos de pesquisa e de educação, dos mais diversos grupos intelectuais, educacionais, culturais, científicos, tecnológicos e artísticos expressam claramente o tipo de sociedade, o tipo de candidato que querem e repudiam o que não querem. Nenhum projeto para o Brasil pode prescindir do apoio desse grupo tão estratégico para o progresso nacional. .
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As questões sociais e culturais são fundamentais para entendermos a lógica dos votos


As questões sociais e culturais são fundamentais para entendermos a lógica dos votos. Lembro do choque cultural quando entrei pela primeira vez em uma mesquita islâmica durante uma viagem a Istambul. Também lembro da única vez em que eu entrei em uma igreja evangélica em um casamento de uma pessoa distante relacionada com a minha esposa. Para falar a verdade eu nunca assisti um programa do Ratinho por mais de um minuto e nem nenhum programa popular de violência e assuntos policias inteiro. Os meus canais de rádio e de mídias são diferentes dos radialistas, jornalistas e atores eleitos na lista dos mais votados. Surpreendo-me quando descubro cantores, artistas, atores, páginas, circuitos sociais e políticos na internet, nas redes sociais, com centenas de milhares de curtidas nas quais eu nem sabia que existiam. Há vídeos e clips de fake news no WhatsApp que eu quase não consigo enxergar e que tem gigantescas visualizações. Para entender a lógica cultural e política dos estranhos mais votados é preciso entender outros mundos e circuitos sociais completamente diferentes e distantes dos nossos. Da mesma maneira temos muitas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de frequentar uma instituição educacional crítica e de qualidade na sua vida, que nunca entraram e ficaram mais do que cinco minutos em uma biblioteca ou livraria, que nunca leram livros completos com mais densidade e complexidade, enfim, vítimas de uma sociedade extremamente desigual, violenta e alienante para a grande maioria. Os pontos de contato devem passar pelas ameaças aos direitos ainda existentes nas questões do mundo do trabalho, na regulação, salário e nos direitos trabalhistas, na luta pela educação pública, gratuita e de qualidade, na luta pela saúde social e coletiva, na previdência e ter direitos de aposentadoria, ser contra as privatizações do que é social como agenda dos lucros privados dos mais ricos, a necessidade do debate sobre políticas sociais e tributárias para a distribuição de renda, saber que a verdadeira segurança é a social da cidadania, tudo de modo a alertar e conscientizar as pessoas mais simples e desinformadas sobre o grave desastre que os candidatos de extrema direita e os mais ricos trarão para a imensa maioria.
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Não houve renovação política nenhuma e nem voto antissistema no Paraná


Não houve renovação política nenhuma e nem voto antissistema no Paraná. Políticos profissionais, muito experientes e com fortes esquemas estatais, fortes estruturas familiares e de nepotismo, foram eleitos após muitos anos de trajetórias e carreiras com as mesmas práticas oligárquicas, conservadoras e de extrativismo estatal tradicional. Apenas mais do mesmo e uma substituição, uma alteração entre famílias políticas no controle do estado e do governo. O mesmo vale para a continuidade de famílias incrustadas no Estado há décadas, na representação legislativa, no Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Muitos dos principais nomes eleitos, com as maiores votações, dependem fortemente de estruturas familiares na sua atuação e reprodução política.

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Breve etnografia do voto no Colégio Estadual Júlia Wanderley


Breve etnografia do voto no Colégio Estadual Júlia Wanderley, no Batel, bairro de classes mais elevadas em Curitiba, na boca de certo eleitorado do Dragão da Maldade. Um dos poucos momentos na vida da maioria dessas pessoas em que entram em uma instituição de educação pública. Fotos da professora homenageada com o nome do Colégio na entrada. Friozinho. Muito poucas camisas amarelas dessa vez, uma grande diminuição das últimas vezes. Uma madame até levou o cachorrinho para a seção eleitoral. Vi um ex-governador, um vereador de direita e candidato a deputado me cumprimentou, se não me enganei. Poucos jovens mais informais e críticos, um broche de arco-íris, um lencinho vermelho, mas o destaque foi um jovem com uma camisa do Pink Floyd - The Wall ! Ganhou o prêmio de protesto musical da manhã por lá ! Vi apenas uma negra conduzindo uma criança branca na mão. O voto no coiso já é um voto muito envergonhado e esses eleitores não querem se associar no visual ao imenso estrago que pode vir daí. Eles tinham mais orgulho do Aécio, do Serra, do Alckimin nas eleições passadas e caíram na real ao os abandonarem, pena que agora mirem o abismo do fascismo. Vamos ver no segundo turno plebiscitário


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São várias as polarizações.




Há um discurso da pós verdade, estratégico, fácil de implantar num país onde por uma geração escolar [de 64 a 83] se fez a desconstrução da crítica nas escolas.
Há o mesmo discurso, mas de parte do povo, que por falta de crítica, comprou o discurso importado e quer o fim da corrupção. Eles não estão errados nisso.
Uma outra parcela do povo que comprou o discurso importado é o que tem síndrome do sr. de engenho. Ou que, com a diminuição das diferenças sociais não se sentiram capazes de se diferenciar e tiveram crise de identidade. Ou aqueles que em busca de ascensão social foram humilhados na dialética patrão/empregado e querem o direito de se vingarem humilhando também, como um processo natural do sistema capitalista.
Há um segundo discurso que é o que vem com a memória histórica clara e que agrega pequenos burgueses e aqueles que se confrontam com uma realidade menos favorecida. Esse discurso é o que quer impedir que o processo iniciado em 64 culmine com a entrega dos recursos nacionais às empresas multinacionais.
Ao mesmo tempo, no processo histórico da politica, a maioria dos caciques brancos desta República das Bananas foram sempre muito vulgares que tornam-se comerciantes chinfrins de interesses. São os que regulamentam as transações dos lobbys que representam em troca de muito dinheiro.
Mas não há dialética quando, por conta duma ignorância mórbida, o sujeito acha que sabe tudo. Cujo saber ele, de tanta incerteza, não questiona.

Ricardo A. Pozzo

Safatle: "Há um golpe militar em marcha no Brasil hoje"