RENATO RIBEIRO VELLOSO *
A metáfora narrada por Platão em “A Republica”, cheia de
mitos, foi criada
para compreendermos a realidade em que a humanidade se
encontra, ou seja, estamos
sujeitos as sombras e vê-las como a verdade.
Em seu livro ele relata um grupo de pessoas que vivem no
fundo de uma
caverna, todos foram presos na infância, imobilizados por
correntes, sentados de costas
para a entrada da caverna, sem poder se moverem olhando
sempre para o fundo da
caverna. Assim como a sociedade atual, o povo do
subterrâneo, tem a sua existência
dominada pela ignorância, se contentando com a luz projetada
nos objetos, que formam
sombras que surgem e desaparecem diante de seus olhos. As
pessoas precisam sair da
caverna para chegar a um conhecimento superior, abrindo a
mente para novas
experiências, para novos horizontes, podendo assim crescer
interiormente e
politicamente.
Mas com isso Platão nos mostra como é difícil e doloroso
chegarmos ao
conhecimento, se formos libertados e arrastados para longe
de nossas cavernas, nos
sendo obrigado a percorrer caminhos indefinidos, para romper
a ignorância. Em
primeiro instante a luminosidade não nos permitira enxergar
nada, nesse instante não
iríamos conseguir capturar nada em sua totalidade, a
princípio, entenderíamos as
sombras, porém com a persistência, finalmente poderemos ver
os objetos em sua
totalidade, com perfis definidos, conseguindo distinguir os
próprios seres.
Mas esta nova etapa não consiste apenas em descobrir, mas ir
a busca de algo
superior, como contemplar idéias que regem as sociedades,
conhecendo a verdade e
reunindo a inteligência, a moral e a lógica. Assim logo
compreenderíamos que as
sombras, as quais estamos acostumados, são as coisas que
consideramos reais, e que a
luz são as idéias verdadeiras, o conhecimento verdadeiro.
Assim notamos a passagem da
ignorância para a opinião e depois para o conhecimento.
Podendo contemplar as idéias,
tornando-se apto para descobrir que a luz representa a
razão.
Então quando voltamos para a caverna, nossos antigos
companheiros que
continuaram na escuridão da caverna, zombariam de nossas
idéias, pois imaginam que o
mundo que conhecem é o único mundo verdadeiro e o pior, não
querem se livrar dele,
isso porque estão presos a um método incorreto de ver a
realidade e só conhecem aquele
mundo. Imaginam essa pessoa como um egocêntrico, um
extravagante, ou um doido
como foram considerados a maioria dos pensadores.
Mas se alguns o ouvissem, e também decidissem sair de suas
cavernas rumo a
realidade, não haveria tanta desigualdade, os sábios não
devem apenas socializar os
conhecimentos, mas devem sim, ser chamados as regências das
sociedades. O homem
justo em nada difere do estado justo, a mesma moral para o
homem e o Estado
prudência, coragem e temperança.
O governo das cidades cabe aos mais instruídos e a aqueles
que manifestam
mais indiferença ao poder, pela simples razão de serem os
únicos a vislumbrar o belo, o
justo e o bem. Aquele que vê o bem em sua essência vive na
realidade. O verdadeiro
líder é aquele que conduz sua alma racionalmente para se
dirigir ao bem verdadeiro,
utilizando à energia do amor, podendo assim compreender a
justiça, a honra, a
fidelidade, ou seja, todas as virtudes supremas.
BIBLIOGRAFIA
Platão, A Republica. Supervisão editorial Jair Lot Vieira.
Bauru – 2001
Chalita, Gabriel. Vivendo a Filosofia – Filosofia antiga 1.
São Paulo – Minden – 1998
* Renato Ribeiro Velloso - Bacharel em Direito pela
Universidade Bandeirante de São Paulo – UNIBAN, Sub-Coordenador do Núcleo de
Desenvolvimento Acadêmico da OAB SP, Conciliador Patronal do Sindicato das
Micros ePequenas Empresas - SIMP, Membro do Instituto Brasileiro de Ciências
Criminais - IBCCrim.