sábado, 24 de dezembro de 2016

A CAVERNA E NOSSA SOCIEDADE


RENATO RIBEIRO VELLOSO *

A metáfora narrada por Platão em “A Republica”, cheia de mitos, foi criada
para compreendermos a realidade em que a humanidade se encontra, ou seja, estamos
sujeitos as sombras e vê-las como a verdade.
Em seu livro ele relata um grupo de pessoas que vivem no fundo de uma
caverna, todos foram presos na infância, imobilizados por correntes, sentados de costas
para a entrada da caverna, sem poder se moverem olhando sempre para o fundo da
caverna. Assim como a sociedade atual, o povo do subterrâneo, tem a sua existência
dominada pela ignorância, se contentando com a luz projetada nos objetos, que formam
sombras que surgem e desaparecem diante de seus olhos. As pessoas precisam sair da
caverna para chegar a um conhecimento superior, abrindo a mente para novas
experiências, para novos horizontes, podendo assim crescer interiormente e
politicamente.
Mas com isso Platão nos mostra como é difícil e doloroso chegarmos ao
conhecimento, se formos libertados e arrastados para longe de nossas cavernas, nos
sendo obrigado a percorrer caminhos indefinidos, para romper a ignorância. Em
primeiro instante a luminosidade não nos permitira enxergar nada, nesse instante não
iríamos conseguir capturar nada em sua totalidade, a princípio, entenderíamos as
sombras, porém com a persistência, finalmente poderemos ver os objetos em sua
totalidade, com perfis definidos, conseguindo distinguir os próprios seres.
Mas esta nova etapa não consiste apenas em descobrir, mas ir a busca de algo
superior, como contemplar idéias que regem as sociedades, conhecendo a verdade e
reunindo a inteligência, a moral e a lógica. Assim logo compreenderíamos que as
sombras, as quais estamos acostumados, são as coisas que consideramos reais, e que a
luz são as idéias verdadeiras, o conhecimento verdadeiro. Assim notamos a passagem da
ignorância para a opinião e depois para o conhecimento. Podendo contemplar as idéias,
tornando-se apto para descobrir que a luz representa a razão.
Então quando voltamos para a caverna, nossos antigos companheiros que
continuaram na escuridão da caverna, zombariam de nossas idéias, pois imaginam que o
mundo que conhecem é o único mundo verdadeiro e o pior, não querem se livrar dele,
isso porque estão presos a um método incorreto de ver a realidade e só conhecem aquele
mundo. Imaginam essa pessoa como um egocêntrico, um extravagante, ou um doido
como foram considerados a maioria dos pensadores.
Mas se alguns o ouvissem, e também decidissem sair de suas cavernas rumo a
realidade, não haveria tanta desigualdade, os sábios não devem apenas socializar os
conhecimentos, mas devem sim, ser chamados as regências das sociedades. O homem
justo em nada difere do estado justo, a mesma moral para o homem e o Estado
prudência, coragem e temperança.
O governo das cidades cabe aos mais instruídos e a aqueles que manifestam
mais indiferença ao poder, pela simples razão de serem os únicos a vislumbrar o belo, o
justo e o bem. Aquele que vê o bem em sua essência vive na realidade. O verdadeiro
líder é aquele que conduz sua alma racionalmente para se dirigir ao bem verdadeiro,
utilizando à energia do amor, podendo assim compreender a justiça, a honra, a
fidelidade, ou seja, todas as virtudes supremas.

BIBLIOGRAFIA

Platão, A Republica. Supervisão editorial Jair Lot Vieira. Bauru – 2001
Chalita, Gabriel. Vivendo a Filosofia – Filosofia antiga 1. São Paulo – Minden – 1998

* Renato Ribeiro Velloso - Bacharel em Direito pela Universidade Bandeirante de São Paulo – UNIBAN, Sub-Coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Acadêmico da OAB SP, Conciliador Patronal do Sindicato das Micros ePequenas Empresas - SIMP, Membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCrim.

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