terça-feira, 18 de abril de 2017

1921: Rebelião dos marinheiros de Kronstadt


No dia 2 de março de 1921, 300 representantes de estaleiros e marinheiros da cidade russa de Kronstadt, no Mar Báltico, elegeram um Comitê Revolucionário Provisório.

Trotski prometeu caçar revolucionários "como coelhos"

Os marinheiros da cidade portuária de Kronstadt, no Mar Báltico, haviam se rebelado no final de 1917. A frota bloqueara a foz do Rio Neva, quando o cruzador Aurora deu o sinal para começar a histórica Revolução de Outubro.

A historiadora alemã Jutta Petersdorf dedicou-se intensamente ao estudo da história russa. Ela conta que os marinheiros de Kronstadt desempenharam papel muito importante do começo ao fim da revolução. O próprio Leon Trotski reconheceu este fato.

Retrocesso na Rússia

O povo russo continuava sofrendo mesmo depois da queda dos czares. A União Soviética de então estava literalmente arrasada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e pela Guerra Civil (1918-1921). Fome e epidemias grassavam por toda parte, indústria e transportes estavam profundamente debilitados. Alguns setores apresentavam índices equivalentes aos de fins do século 18.

Havia greves, a agricultura estava paralisada, à espera de definições políticas, o descontentamento agitava a população urbana e provocava revoltas no campo. Protestos públicos eram punidos com prisão sumária.

Os comunistas governavam com mão de ferro. Quem parasse de trabalhar, podia ser condenado à morte. Esta efervescência provocou a insurreição dos marinheiros de Kronstadt contra os bolcheviques. No dia 2 de março de 1921, 300 representantes dos estaleiros daquela cidade portuária elegeram um Comitê Revolucionário Provisório. Os marinheiros entendiam-se responsáveis pelo regime, criticavam a inflação de poder do partido e queriam o retorno dos sovietes às suas origens.

"Somos invencíveis!"

Os sovietes eram os conselhos integrados por operários, camponeses e soldados. Eles apareceram pela primeira vez na Rússia em 1905. Com a revolução de 1917, passaram a ser órgão deliberativo no país. Mas Vladimir Lênin e Trotski viam nos amotinados apenas contrarrevolucionários, e não os apoiaram. Em 5 de março, Trotski enviou uma advertência aos rebelados para que encerrassem seu protesto. Caso contrário, "seriam caçados como coelhos".

Como os marinheiros mantiveram suas reivindicações, dois dias mais tarde começou a invasão de Kronstadt pelo Exército Vermelho. Protegidos como numa fortaleza, os amotinados conseguiram defender-se e enviaram a seguinte mensagem a 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

"Da Kronstadt libertada para todas as operárias do mundo: estamos aqui em meio aos estrondos dos canhões, em meio às granadas explodindo, jogadas pelos comunistas, inimigos do povo trabalhador! Mesmo assim, enviamos fraternas congratulações a vocês, operárias de todo o mundo. Saudações da Kronstadt vermelha rebelada, do império da liberdade. Que nossos inimigos se atrevam a nos destruir. Somos fortes. Somos invencíveis!"

Rápida derrota

A invencibilidade durou apenas dez dias. Com o apoio de voluntários que participavam da 10ª Convenção do Partido Comunista, as tropas russas conseguiram conquistar a fortaleza de Kronstadt em 18 de março de 1921.

Uma parte dos amotinados foi executada, outra enviada para prisões afastadas, nas temidas ilhas Solofki, no Mar Branco, ao norte da atual Federação Russa; 8 mil rebelados conseguiram fugir de Kronstadt pelas águas geladas do Mar Báltico. Estava debelado, assim, um dos primeiros movimentos políticos na União Soviética.


Autoria Roselaine Wandscheer (av)


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1940: Assassinato de Trotski no México


No dia 20 de agosto de 1940, o chefe de Estado soviético, Josef Stalin, se livrou de um inimigo incômodo quando um agente stalinista matou Leon Trotski, que vivia exilado no México.

Leon Trotski

"Piero" (a pena) era seu nome no exílio, Janowski foi sua autodenominação na fundação do primeiro Conselho Soviético, em 1905, mas era chamado também de "Jovem Águia". Trata-se de Leon Trotski (1879–1940), como ficou conhecido o revolucionário e teórico russo Lev Davidovitch Bronstein.
Nascido na Ucrânia, de uma família de agricultores judeus, foi um dos melhores alunos de Matemática, Literatura, Alemão e Francês em Odessa. Ainda como estudante, iniciou por acaso sua atividade contra o czarismo.

No verão europeu de 1896, cerca de 30 mil trabalhadores se rebelaram em São Petersburgo. A revolta não fora motivada pela frente de luta pela libertação da classe operária, recém-criada por Lênin e, sim, consequência da fome e da catastrófica situação social. Impressionado com as notícias sobre a greve e munido do idealismo de um jovem de 17 anos, Lev Bronstein fundou a Liga dos Trabalhadores do Sul da Rússia.

Estudantes e alunos escreviam panfletos, conclamações e pequenos textos de formação política para os trabalhadores. O serviço secreto do czar levou dois anos até descobrir as atividades subversivas da liga e prender o propagandista Bronstein em janeiro de 1898.

Difícil relação com Lênin

Deportado para a Sibéria, ele leu, pela primeira vez, no verão de 1902, um escrito de Lênin intitulado O que fazer?. Bronstein sabia o que tinha de fazer: fugir para o exílio. Escondido sob a palha numa carreta de agricultor, chegou a Irkutsk, onde amigos lhe arranjaram um passaporte falso, mudando seu nome para Leon Trotski – nome de um antigo carcereiro.

Seguiu-se o primeiro encontro com Lênin em outubro de 1902, sem que daí resultasse uma amizade entre os dois. Nos anos seguintes, eles oscilavam entre relações de conveniência e inimizades. Trotski era o mais inteligente e visionário dos dois revolucionários. Presidiu o primeiro soviete de Petrogrado até a derrota da primeira revolução contra a monarquia russa em dezembro de 1905.

Novamente deportado, fugiu da Sibéria em 1907 e passou os anos seguintes no exílio, tendo se refugiado também nos Estados Unidos. Voltou à Rússia em 1917, quando participou ativamente da organização da Revolução de Outubro.

Na noite em que completou 38 anos (7 de novembro), tropas de choque ocuparam estações de trem, pontes, o banco estatal e as principais repartições públicas de Petrogrado. Por volta do meio-dia, Trotski proclamou a destituição do governo, em nome do Comitê Revolucionário Militar.

Inimizade com Stalin

Foi uma revolução sem derramamento de sangue. O terror e a crueldade viriam mais tarde. Trotski tornou-se comissário das Relações Exteriores e assinou a paz com a Alemanha em Brest-Litovsk. Com a nomeação de ex-oficiais czaristas para o Exército Vermelho, provocou a fúria do comissário político superior da décima Armada, Josef Stalin, que passou a lutar sistematicamente contra ele, por meio de intrigas e rumores.

Trotski, por sua vez, culpou Stalin pela derrota da Rússia na guerra contra a Polônia em 1920. A partir de 1923, com o adoecimento de Lênin, organizou a oposição a Stalin. Após a morte de Lênin, em 1924, Stalin concentrou o poder em suas mãos e se vingou de Trotski, expulsando-o do Partido Comunista em 1927 e deportando-o para a Turquia em 1929.

No exílio, Trotski passou por vários países. Na França, foi informado do "suicídio" de sua segunda filha. Seus dois genros foram deportados para a Sibéria e seus quatro netos desapareceram.

Em 1937, chegou ao México, onde foi assassinado dia 20 de agosto de 1940 pelo agente stalinista Ramón del Rio Mercader, que havia conquistado a confiança da família com o pseudônimo Frank Jacson.

No Brasil, a fama de Trotski sofre devido ao sectarismo e dogmatismo de alguns grupos que reivindicam o trotskismo. O pensamento do teórico russo é polêmico e abrange as duas revoluções russas, o colapso da 2ª Internacional, a fundação da 3ª Internacional, as ascensões de Stalin na URSS e de Hitler na Alemanha, bem como a Revolução Espanhola.

Autoria Jens Teschke (gh)


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1922: Stalin se tornava secretário-geral


No dia 3 de abril de 1922, Josef Stalin foi eleito secretário-geral do Partido Comunista pelo politburo em Moscou.


No início de 1922, Josef Stalin mal era conhecido na Rússia. Já nessa época, ocupava quatro cargos e estava em todos os principais grêmios do Partido Comunista. Vladimir Lenin, líder do governo revolucionário, criticava a lentidão do processo pós-revolucionário e sugeriu ao politburo a escolha de um secretário-geral para coordenar as atividades no partido. Stalin foi candidato único.

Suas responsabilidades no cargo eram mais burocráticas que políticas. Ele tinha que coordenar a organização de todo o aparato partidário. Os conhecidos e destacados bolcheviques da época viam nisso uma tarefa incômoda. Eleito no dia 3 de abril de 1922, Stalin foi incumbido de mediar os interesses entre a liderança do partido e os correligionários. No princípio, ninguém viu nele um concorrente ao poder.

Ambição subestimada

Todos se viam como grandes teóricos e pensadores. Não acreditavam que as ambições de Stalin os afetassem. Ele, entretanto, foi conquistando espaço, pouco a pouco, quase sem ser percebido. Dois meses depois da eleição de Stalin, Lenin sofreu seu primeiro derrame cerebral e o secretário-geral foi incumbido pelo partido de preparar uma nova Constituição, que ligasse mais a Federação das Repúblicas Socialistas a Moscou. O tratamento que deu aos povos não russos era severo. À Geórgia, sua república de origem, ele não permitiu a manutenção de uma identidade própria.

Enfermo, Lenin ouvia apenas as versões passadas por Stalin. Depois de recuperado, entretanto, teve de ouvir as queixas dos habitantes da Geórgia. Até Leon Trotski, organizador e comandante-em-chefe do Exército Vermelho, acusou Stalin de bloquear o trabalho do partido. As dúvidas de Lenin quanto ao secretário-geral começaram a aumentar.

Enquanto se recuperava de um segundo derrame, sugeriu em seu testamento político que os companheiros encontrassem uma maneira de substituir Stalin por alguém mais tolerante, leal, cortês, atencioso e menos genioso.

Tarde demais

Lenin considerava o companheiro político muito perigoso e queria sugerir sua substituição no Congresso do Partido. Isso, entretanto, não chegou a acontecer, pois Lenin não se recuperou do quarto derrame, morrendo em 1924. Enquanto isso, Stalin ascendera para a segunda força política na Rússia, conseguindo eliminar seu principal crítico no partido, Leon Trotski.

Ao completar 50 anos, em 1929, Stalin havia conseguido fazer do cargo de secretário-geral a principal função política na União Soviética. Em 1941, pouco antes da invasão dos alemães, nomeou-se chefe do governo, assumindo oficialmente a liderança política.

Autoria Ralf Geissler (rw)


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1918: Atentado contra Lenin


No dia 30 de agosto de 1918, Vladimir Lenin, líder do Partido Comunista da Rússia, foi gravemente ferido por duas balas, mas sobreviveu.



Desde 7 de novembro de 1917, a Rússia era um país agitado, onde reinava o caos da guerra civil. Após o bem-sucedido golpe de Estado, Vladimir Ilitch Ulianov, apelidado Lenin, estava construindo um sistema ditatorial de governo, sob a liderança dos quadros do partido bolchevista. A oposição era reprimida de maneira radical.

Mas o entusiasmo estava arrefecendo. Além disso, reinava a guerra na Europa e parecia que os alemães iriam vencê-la também no Leste. Em 9 de fevereiro de 1918, foi assinado um tratado de paz entre a Ucrânia e a Alemanha. Aumentou a pressão sobre os bolchevistas, fazendo com que Lev Trotski, como chefe da delegação russa, anunciasse oficialmente a retirada do país da guerra, e interrompesse as negociações de paz, sem fechar um acordo.

Resistência no partido a acordo com a Alemanha

O Alto Comando do Exército alemão ordenou o prosseguimento da marcha militar em direção ao Leste. O novo governo russo, ainda instável, teve que capitular e aceitar as exigências alemãs. O tratado de paz de 3 de março, entre a Rússia e o Império Alemão, foi assinado por Lenin contra uma enorme resistência dentro do partido.

Os comunistas necessitavam de paz externa, a fim de poder impor internamente a sua sangrenta revolução. No dia 17 de julho, então, a família do czar foi eliminada, com a execução, em Lecaterinburgo, de todos os membros da casa real.

Mas apenas seis semanas mais tarde veio o grande choque para a revolução. Lenin, o líder do Partido Comunista da Rússia, tinha acabado de entrar no seu carro, após uma assembleia com os operários de uma fábrica de armamentos. Antes que o motorista pudesse dar a partida, foram disparados três tiros.
Dois deles acertaram o alvo: uma bala atingiu a omoplata esquerda, a segunda alojou-se diretamente no ombro esquerdo do líder. Lenin desmaiou e a polícia revolucionária prendeu imediatamente a suposta autora do atentado: Fanya Kaplan.

Dúvidas quanto à autoria do atentado

A anarquista ucraniana, de 30 anos de idade, havia sido condenada à pena perpétua de trabalhos forçados, em 1906, pelo atentado fracassado contra o governador da província. Ela fora anistiada após a Revolução de 1917. E acusada, pouco depois, dos disparos contra Lenin.

Trecho do protocolo do interrogatório pela polícia secreta, no dia 30 de agosto de 1918, às 23h30: "Eu me chamo Fanya Efimovna Kaplan, este é o nome sob o qual fui registrada como prisioneira do campo de trabalhos forçados de Acatua. Eu disparei hoje contra Lenin. Disparei contra ele por convicção própria. Disparei várias vezes, mas não sei quantas. Não contarei nenhum pormenor em relação à arma. Disparei contra Lenin porque o considero um traidor da Revolução e a sua existência irá destruir a crença no socialismo."

Foi uma declaração misteriosa, que ainda desperta dúvidas quanto ao papel de Kaplan no atentado contra Lenin. Pois ela parece ser apenas uma vítima voluntária. São muito estranhos os indícios que procuravam transformar a revolucionária numa assassina.

Não houve nenhuma testemunha que a tivesse visto realmente fazer os disparos. No ano de 1906, ela havia perdido inteiramente a visão, recuperando-a parcialmente seis anos depois. Mas era extremamente míope e, por isto, pouco adequada como assassina.

Dossiê médico trouxe a prova

Nas investigações feitas por Yurovski – o assassino do czar – no local do atentado contra Lenin, foram encontradas quatro cápsulas de bala, apesar de todas as testemunhas terem ouvido apenas três disparos. Também suscita desconfiança o fato de que Fanya Kaplan tenha confessado tão prontamente sua suposta culpa.

Prova cabal da sua inocência parece ser um dossiê médico do ano de 1922, quando foi retirada finalmente a bala do ombro de Lênin. Com toda certeza, o projétil não foi disparado de um revólver Browning, como o que a polícia secreta teria encontrado na bolsa de Fanya Kaplan e afirmava ser a arma do crime.

Assim, um outro boato foi espalhado desde então. O verdadeiro autor do atentado de 30 de agosto de 1918 contra Lenin teria sido um homem chamado Protopopov, chefe de uma unidade da Tcheka – a organização predecessora do serviço secreto KGB – e que estaria decepcionado com a revolução. Também ele teria sido preso no local do crime e executado no mesmo dia. Kaplan deveria acobertá-lo e, não sabendo da sua prisão, teria "confessado" o crime.
Lenin


A Tcheka também fez processo sumário contra Kaplan. No dia 4 de setembro, ela foi executada por Pavel Malkov numa garagem. Cumprindo ordens superiores, seus restos mortais foram eliminados sem deixar vestígios.

Posteriormente, no terror da era de Stalin, bastava alguém ter o sobrenome Kaplan para que vivesse sob constante ameaça de morte. E ouvia sempre a mesma pergunta: "É parente da Kaplan?"
De qualquer forma, o dia 30 de agosto de 1918 ofereceu ao líder dos bolchevistas um pretexto bem-vindo para radicalizar ainda mais a caça a todos os seus adversários. Começou então o "terror vermelho". As vítimas foram principalmente os integrantes do Partido Social Revolucionário, que tinha obtido nas eleições um resultado muito melhor do que o Partido Comunista.Lev Trotski descreveu assim a situação daquele momento: "Curiosamente, a revolução não foi estabilizada através de uma curta fase de tranqüilidade, mas sim através da ameaça do atentado".


Autoria Jens Teschke (am)


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1917: Lênin retorna à Rússia


Em 16 de abril de 1917, Lênin chega de trem à Rússia, depois de obter licença para atravessar o território alemão. Em guerra com a Rússia, os alemães queriam desestabilizar o governo russo e apressar a assinatura da paz.



A mobilização de cerca de 13 milhões de soldados e os gastos durante a Primeira Guerra Mundial causaram uma grave crise econômica e social na Rússia. Enquanto 1,5 milhão de soldados morriam nas frentes de batalha por falta de equipamentos, alimentos e vestuário, a fome chegava às grandes cidades e gerava greves. A paralisação dos operários de Petrogrado (atual São Petersburgo), por exemplo, mobilizou cerca de 200 mil trabalhadores.

No final de fevereiro (março, no calendário ocidental), o czar Nicolau II foi derrubado e a monarquia substituída pela república parlamentar. Nessa época, formaram-se os sovietes. Eram assembléias de operários, camponeses e soldados, influenciados pela ala radical, que mais tarde originaria o Partido Comunista.

O governo provisório, de 17 de março a 15 de maio, não conseguiu debelar a crise interna e insistiu na continuação da guerra contra a Alemanha. Enquanto isso, crescia a força de Vladimir Iliitch Ulianov, conhecido como Lênin, exilado na Suíça. Ele encarava a Primeira Guerra Mundial como uma luta entre os imperialismos rivais pela partilha do mundo e desejava fazer da guerra entre nações uma guerra entre classes.

Longa parada em Berlim

Com a permissão do governo alemão para atravessar a Alemanha de trem, Lênin voltou à Rússia em abril de 1917. No dia 11, porém, seu trem passou 20 horas estacionado em Berlim. Especula-se que para contatos e negociações de representantes do Ministério alemão do Exterior com Lênin. Registros do ministério revelam que também se falou em dinheiro: 40 milhões de goldmark, a moeda alemã utilizada na época para transações financeiras. Os revolucionários prosseguiram viagem pela Suécia e pela Finlândia, chegando a Petrogrado no dia 16 de abril de 1917.

Nas suas famosas "Teses de Abril", Lênin pregou a saída da Rússia da guerra, o fortalecimento dos sovietes e o confisco das grandes propriedades rurais, com a distribuição das terras aos camponeses. O novo governo, porém, insistia na participação da Rússia na guerra e por isso perdia apoio popular.
Avisado de que seria acusado pelo governo de ser um agente a serviço da Alemanha, Lênin fugiu para a Finlândia. Em Petrogrado, os bolcheviques enfrentavam uma imprensa hostil e a opinião pública, que os acusava de traição ao exército e de organização de um golpe de Estado. Em 20 de julho, o general Lavr Kornilov tentou implantar uma ditadura militar, através de um fracassado golpe de Estado. Da Finlândia, Lênin começou a preparar uma rebelião armada.

Revolução de Outubro

A segunda revolução russa de 1917, a de Outubro (6 a 8 de novembro), marcou o triunfo definitivo do marxismo-leninismo na Rússia. Sob o comando de Lênin e Leon Trotski (1879-1940), igualmente importante no movimento, o Partido Social Democrata da Rússia tomou o poder. Lênin foi eleito pelo partido novo chefe de governo e foi constituído um Conselho de Comissários do Povo.
Trotski fundou o Exército Vermelho, vencedor da guerra civil que assolaria o país nos quatro anos seguintes, contra os contra-revolucionários, liderados pelos czaristas. O novo governo nacionalizou bancos, minas, ferrovias, as grandes propriedades rurais e as indústrias, estabeleceu a ditadura do proletariado, transferiu a capital para Moscou (12 de março de 1918) e inaugurou a política do dito "comunismo de guerra".

Após a adoção do calendário oficial, assinou um armistício com a Alemanha, conhecido como Paz de Brest-Litovsk, em 3 de maio de 1918. O tratado trazia enormes desvantagens para a Rússia, com as perdas territoriais da Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Ucrânia, além de pagar uma pesada indenização em ouro e trigo à Alemanha.

Naquele ano, após tentativas de obter asilo em outros países, inclusive na Inglaterra, onde os soberanos eram seus primos, o último czar, Nicolau Romanov, a imperatriz Alexandra e seus filhos foram fuzilados por ordem do governo soviético.


1918: Atentado contra Lenin 

Autoria rw


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