domingo, 26 de outubro de 2014

Perdona: no sé darte la espalda. Quizás
es que a veces no tengo espalda
y he de aguardar
la que está en la parte trasera del espejo.
Ahí veo tu rostro y el azogue
es una simple burbuja dentro de la transparencia.
Perdona: no sé darte los ojos, tanto ven
que sobrepasan el lenguaje secreto
del abrazo. Y no obstante
quieren izar los ojos tuyos,
las órbitas azules, las galaxias
donde gira mi infiel
ceguera iluminada.


Antonio Arroyo Silva

ANTES QUE SEJA TARDE

- Manuel da Fonseca (Portugal, 1911-1993)


Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
As margens do regato solitário
Onde te miras
Como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores desse país inventado
Onde tu és o único habitante.
Deixa os teus desejos sem rumo
De barco ao deus-dará
E esse ar de renúncia
Às coisas do mundo
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha, abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.