sábado, 28 de maio de 2016

Ao tempo


Velho, lento e veloz, que prende e solta,
É possível, por acaso, bem ou mal de ti falar?
És generoso e és tenaz; roubas o que dás;
O que fazes nascer, tu mesmo fazer morrer,
O que em tuas entranhas geras, nelas também enterras;
Tua boca pode devorar o que sai do teu ventre.
Se tudo o que produzes, depois também destróis,
Não deveria eu, então, te chamar bom e mau?
Mas quando me surpreender teu golpe furioso e cruel,
Que tua foice terrível permita eu voltar minhas mãos
Para onde não apareçam os vestígios do negro caos:
Então mostrarás que não és nem bom nem mau.
(A causa, o princípio e o uno)

Giordano Bruno