quarta-feira, 1 de maio de 2013


"Durante toda a vida, eu não podia sequer conceber em meu íntimo outro amor, e cheguei a tal ponto que, agora, chego a pensar por vezes que o amor consiste justamente no direito que o objeto amado voluntariamente nos concede de exercer tirania sobre ele."

- Fiódor Dostoiévski, Memórias do subsolo (Записки из подполья), 1864.

Perguntas de um trabalhador que lê


 Quem construiu a Tebas de sete portas? / Nos livros estão os nomes dos reis. / Arrastaram eles os blocos de pedra? / E a Babilonia varias vezes destruida - / Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas / Da Lima dourada moravam os construtores? / Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta? / A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. / Quem os ergueu? Sobre quem / triunfaram os Césares? A decantada Bizancio / tinha somente palácios para os seus habitantes? Mesmo na lendária Atlântida / os que se afogavam gritaram por seus escravos / na noite em que o mar a tragou. / O jovem Alexandre conquistou a Índia. / Sozinho? / Cesar bateu os gauleses. / Não levava sequer um cozinheiro? / Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada / naufragou. Ninguém mais chorou? / Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. / Quem venceu além dele? Cada página uma vitória. / Quem cozinhava o banquete? / A cada dez anos um grande homem. / Quem pagava a conta? / Tantas histórias. / Tantas questões.

(Bertold Brecht)