sexta-feira, 8 de outubro de 2010
“Qualquer escritor, músico ou pintor, qualquer artista em geral, graças à própria natureza do trabalho que realiza, tem de estar particularmente consciente da enorme extensão de danos que causa a uma sociedade a ação da censura. A censura é uma organização do tipo canceroso: quando finca em um organismo qualquer, em seguida começa a crescer e a deformar todo o corpo social em que se instalou. Não creio que a censura apenas se limite a impedir que se digam muitas coisas, mas pior ainda – e isso talvez seja o mais grave de tudo -, faz com que as coisas que se dizem fiquem sempre mal ditas ou mal-entendidas. A censura faz com que se deformem todos os valores e, nessa atmosfera asfixiante, os critérios da própria cultura e da civilização confundem-se (…)” (Mario Vargas Llosa, durante o 44° Congresso do Pen Clube, 1979)
Eugenio Montale, 1960
Talvez uma manhã andando num ar de vidro,
árida, voltando-me, verei cumprir-se o milagre:
o nada às minhas costas, detrás de mim o vazio
com um terror de bêbedo.
Depois como numa tela, acamparão de um jato
árvores casas colinas para a ilusão costumeira.
Mas será tarde; e eu partirei calado
entre os homens que não se voltam, com o meu segredo.
(Talvez Uma Manhã)
Talvez uma manhã andando num ar de vidro,
árida, voltando-me, verei cumprir-se o milagre:
o nada às minhas costas, detrás de mim o vazio
com um terror de bêbedo.
Depois como numa tela, acamparão de um jato
árvores casas colinas para a ilusão costumeira.
Mas será tarde; e eu partirei calado
entre os homens que não se voltam, com o meu segredo.
(Talvez Uma Manhã)
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