terça-feira, 28 de julho de 2015

Pátria


Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Livro sexto"

Instituto Camões


*Estava sozinho num cemitério que dominava a aldeia, quando uma mulher grávida entrou nele. Saí de lá imediatamente, para não ter de olhar de perto aquela portadora de cadáver, nem de ruminar acerca do contraste entre um ventre agressivo e túmulos apagados, entre uma falsa promessa e o fim de todas as promessas.

─ Emil M. Cioran

• in: Do inconveniente de ter nascido, p. 135. Tradução: Manuel de Freitas. Lisboa: Letra Livre, 2010 •

1934: Nazistas assassinam ditador da Áustria


Adepto do fascismo, Dollfuss quis manter a Áustria independente da Alemanha. Acabou vítima de uma tentativa fracassada de golpe nazista em 25 de julho de 1934. A anexação desejada por Hitler se consumaria mais tarde.

O fim da Primeira Guerra Mundial e a consequente desintegração do Império Austro-Húngaro esteve longe de proporcionar paz à primeira república da Áustria. Inicialmente, formou-se um governo de união nacional, com representantes de todos os partidos, liderado pelo social-democrata K. Renner.

Assim como na Alemanha e na Itália, a fome, a escassez de carvão, a alta inflação e o desemprego do período pós-guerra instauraram um ambiente de inquietação social e dificuldade para a consolidação de um novo regime político. Após dois anos de coalizão, o Partido Social Cristão rompeu sua aliança com o Social Democrata. Renner ainda conseguiu manter-se no governo até 1922, quando então os social-cristãos assumiram o poder.

A tentativa de golpe
O país alpino fervia com o crescimento do movimento operário social-democrata e a consequente reação das forças conservadoras. Rapidamente multiplicaram-se por todo o país milícias armadas, inclusive esquerdistas. Não raro, as ruas das cidades transformavam-se em praça de guerra, com choques entre os grupos, resultando em mortes e feridos.

Em 1927, os social-democratas ficaram indignados com a absolvição dos acusados de matar um homem e uma criança num confronto em Schattendorf e, durante um protesto em Viena, no dia 15 de julho, incendiaram o Palácio de Justiça. A polícia reprimiu com violência. Saldo: quase 90 mortos e mil feridos.
O episódio enfraqueceu os social-democratas e fortaleceu as milícias conservadoras, que aumentaram sua pressão contra o regime parlamentarista. Em 1929, o Congresso Nacional cedeu e aprovou uma mudança constitucional, atribuindo mais poderes ao presidente, inclusive o de dissolução do Parlamento para convocação de novas eleições. A crise econômica mundial de 1929 só agravou a situação, alimentando as forças nacionalistas.

Ditadura nos Alpes
Em 1932, Engelbert Dollfuss assumia a chefia de governo. Ex-combatente da Primeira Guerra Mundial, o filho de agricultores estudou Direito e engajou-se no movimento social-cristão ainda como universitário. Sua ascensão no partido foi rápida, sendo nomeado ministro da Agricultura em 1931.

O líder social-cristão não escondia sua simpatia pelo fascismo de Benito Mussolini na Itália. Por outro lado, temia a ingerência de Adolf Hitler no destino do país alpino. O ditador nazista chegara ao poder na Alemanha em janeiro de 1933, ganhando plenos poderes depois das eleições de 4 de março.

Dollfuss no poder
Coincidência ou não, o 4 de março também definiu o novo rumo da política austríaca. Naquele dia, Dollfuss dissolveu o Conselho Nacional e pôs fim à primeira democracia parlamentarista da Áustria. Meses depois, mais uma cartada para garantir seu poder, afastando seus adversários à esquerda e à direita: proibiu o Partido Comunista da Áustria (KPÖ) e a seção austríaca do Partido Nacional-Socialista Alemão (NSDAP), de Hitler. Em fevereiro de 1934, depois de um levante, o veto atingiu também o Partido dos Trabalhadores Social-Democratas.

Externamente crescia a pressão de Hitler para anexar o país vizinho. Para isto, o regime nazista promovia atentados e sabotagens na Áustria. Em resposta, Dollfuss foi buscar proteção no apoio de Mussolini, assinando com o ditador italiano, em março, um protocolo estreitando os laços entre os dois países. Em maio, Dollfuss anunciava a constituição de um Estado, de partido único, a Frente Patriótica.

Luta de classes literal
O ápice da onda de terror nazista seria atingido em 25 de julho de 1934. Disfarçados de soldados do Exército e policiais, 154 agentes da SS de Hitler invadiram a sede do governo austríaco em Viena. No ataque, Dollfuss, que já havia escapado de um atentado no ano anterior, terminou atingido por dois tiros e morreu.

Ao mesmo tempo, outro grupo de golpistas entrava nos estúdios de transmissão da rádio estatal Ravag e divulgavam a notícia de que Dollfuss havia passado o governo a Anton Rintelen. O golpe nazista estava se consumando na Áustria.

No entanto, em parte do país houve forte resistência e, após dias de combate, que resultaram na morte de quase 150 pessoas, o levante nazista estava desfeito. Treze rebeldes foram executados e cerca de 4 mil golpistas presos. Outros fugiram para a Iugoslávia.

Kurt Schuschnigg foi escolhido para assumir o governo e, em 1935, Rintelen foi condenado à prisão perpétua por traição à pátria. A vitória dos nacionalistas austríacos foi, porém, apenas provisória. Hitler não deu sossego ao novo governo, conseguindo finalmente a anexação da Áustria à Alemanha em 1938.

Autoria Marcio Weichert

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1635: A Paz de Praga na Guerra dos Trinta Anos


No dia 30 de maio de 1635 foi assinado o Acordo de Paz de Praga, que deveria encerrar a terceira fase da Guerra dos Trinta Anos. O acordo, entretanto, não vingou.

Por volta de 1630, circulou em Nurembergue um panfleto em forma de cantiga medieval que dizia mais ou menos o seguinte: "Assustou-nos que chegue a guerra em nossa cama. Façam com que, de imediato, nos acorde o galo e não o trompete assassino. Em vez de batalhas, queremos a dança da alegria; em vez de louros, uma coroa de folhas de oliveira. E que todos possam dormir seguros".

Início: conflito religioso na Boêmia
A Europa Central já não suportava mais sua primeira grande guerra. Os confrontos acirravam-se havia 12 anos, com períodos de lutas ferozes, seguidos por fases de relativo apaziguamento.

A chamada Guerra dos Trinta Anos começara em 1618 como conflito religioso entre católicos e protestantes na Boêmia, e adquirira caráter político em torno das contradições entre Estados territoriais e principados. Envolveu a Alemanha, Áustria, Hungria, Espanha, Holanda, Dinamarca, França e Suécia.
O conflito eclodiu quando grupos protestantes boêmios rebelaram-se contra o imperador e, de modo ostensivo, construíram uma igreja evangélica num reduto católico. Eles invadiram a fortaleza Hradschin, em Praga, e assassinaram dois altos funcionários da corte que os haviam preterido.

Na época, Fernando 2º, imperador do Sacro Império Romano de Nação Germânica, era também rei da Boêmia. Os rebeldes negaram-lhe esse título e entronizaram o príncipe eleitor calvinista Frederico do Palatinado.

Recém-coroado, Fernando 2º – monarca católico da casa dos Habsburgo, que permaneceu no poder de 1619 a 1637 – reagiu energicamente. Mandou à Boêmia as tropas de seu aliado, o duque Maximiliano da Baviera. Na primeira batalha da Guerra dos Trinta Anos, Maximiliano conseguiu controlar rapidamente os revoltosos boêmios. Ferdinando do Palatinado teve de fugir depois de uma breve regência que lhe rendeu o apelido de "Rei do Inverno".

Em Praga, o imperador vingou-se dos revoltosos com a execução pública de 27 nobres, líderes do levante. Para reprimir a insatisfação popular, enviou para a Boêmia tropas comandadas por Albrecht von Wallenstein, um comandante sedento de guerra.

Outros países entram no conflito
Na década de 1620, Wallenstein parecia estar a caminho de impor a paz na Boêmia. Foi aí que outros países europeus entraram no conflito. Os holandeses invadiram a Renânia para enfrentar os exércitos da Espanha e dos Habsburgo, comandados pelo poderoso general Spinosa. Em 1626, uma força dinamarquesa comandada pelo monarca Cristiano 4º invadiu a Alemanha pelo norte, para apoiar os protestantes germânicos.

Albrecht von Wallenstein ofereceu-se a Fernando 2º para expulsar os dinamarqueses com um exército organizado por conta própria – e teve sucesso. Como compensação, tornou-se príncipe imperial. Durante um breve período, Wallenstein foi o homem mais poderoso da Alemanha.

Mas essa rápida acumulação de poder em suas mãos apenas provocou os muitos inimigos da casa de Habsburgo, levando-os a lutar com mais empenho. Os príncipes germânicos logo depuseram Wallenstein do trono.

Assassinato de Wallenstein
Em 1630, o exército do influente rei sueco Gustavo Adolfo 2º (1611–1632), protestante, invadiu o norte da Alemanha e avançou para a Renânia e a Baviera no ano seguinte. Wallenstein foi novamente chamado para defender o território alemão, mas não conseguiu vencer as tropas de Gustavo Adolfo.

Ele acabou fechando um acordo de paz duvidoso, o que lhe rendeu a suspeita de alta traição à pátria. Por ordem do imperador Fernando 2º, Wallenstein foi assassinado por oficiais que ele próprio comandava.

Com a morte de Wallenstein, Fernando 2º reconquistou o controle sobre o Exército e conseguiu expulsar os suecos da Alemanha. Em consequência, os protestantes alemães passaram a procurar soluções pacíficas para o conflito, o que culminou no chamado Acordo de Paz de Praga, de 30 de maio de 1635.

Esse acordo, porém, foi de pouca duração. A França e a Espanha intervieram no conflito, desencadeando mais uma série de lutas, que só terminou em 1648, com a Paz de Vestfália, na qual foi reconhecida a liberdade religiosa dos calvinistas e dos demais protestantes.

A Guerra dos Trinta Anos reforçou o processo de fracionamento do território alemão. Em 1648, a Alemanha compunha-se de 300 principados soberanos, sem qualquer sentimento nacional comum. A Paz de Vestfália finalmente trouxe tranquilidade para a Alemanha.

Segundo Paul Kennedy, autor de Ascensão e Queda das Grandes Potências, a essência da solução de Vestfália foi o reconhecimento do equilíbrio religioso e político dentro do Sacro Império Romano de Nação Germânica, confirmando dessa forma as limitações da autoridade imperial.


1648: Paz da Vestfália encerra Guerra dos Trinta Anos 
Autoria Catrin Möderler (gh)

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1581: Holanda se liberta da Espanha


Em 26 de julho de 1581, na União de Utrecht, Holanda declarou-se formalmente independente da Espanha. Novas alianças foram realizadas entre províncias holandesas.

As sete províncias do norte dos Países Baixos percorreram um longo caminho até se libertarem da coroa espanhola, a 26 de julho de 1581. A partir daí, ainda enfrentaram uma demorada luta pela independência, que só foi reconhecida pela Paz de Vestfália, em 1648.

Tudo começou com Felipe 2º, que, em 1556 herdara de seu pai, Carlos 5º, a parte ocidental do império dos Habsburgo, incluindo a Espanha, os Países Baixos e parte da Itália. O príncipe herdeiro tentou manter a integridade de seu território fazendo uso da repressão e da violência.

A emergente reforma protestante foi combatida por meio da Inquisição e de uma nova administração eclesiástica, que possibilitou a Felipe 2º vigiar fortemente a Igreja nos Países Baixos. Com isso, ele não só interveio em questões religiosas como também cortou privilégios da alta nobreza.

Rei tirânico
A criação de novos impostos e o estacionamento de tropas espanholas nos territórios sob seu domínio causaram irritação e temor, gerando movimentos de oposição. Já em meados de 1550, o procurador real Antoine de Granvalle havia escrito a seguinte advertência ao monarca: "As tropas devem ser retiradas imediatamente; do contrário, o resultado será uma revolta."

Quando o rei lhe deu ouvidos, em 1561, era tarde demais. O fosso entre os súditos e o monarca tornara-se profundo. Em meados dos anos 60, ocorreram protestos em massa. Uma onda calvinista combinada com agitação social inundou o país.

O rei reagiu com o envio de uma "expedição de castigo" comandada pelo temido duque Alba. Milhares de oposicionistas foram processados e executados, muitos deles fugiram, principalmente para os territórios inacessíveis da costa norte, que se transformaram em centros da resistência.

Um dos líderes da oposição foi Guilherme, o Taciturno, da casa de Orange, que havia sido nomeado por Felipe 2º para governar as províncias de Utrecht, Zelândia e Holanda. A oposição aristocrata, inicialmente católica e fiel ao rei, exigia apenas a preservação de seus direitos e privilégios tradicionais. Somente durante a longa guerrilha contra as tropas espanholas cristalizaram-se três tendências: radicalização, confissionalização e regionalização.
Soberania questionável

No princípio, a confissão religiosa não dividiu a população; nas províncias rebeldes a tendência básica era favorável a reformas. Mas diante da intransigência do rei em questões de fé, o assunto foi ganhando importância nacional. As províncias valonas do sul, dominadas por forças aristocratas católicas mais conservadoras, fundaram em 1579 uma união para a preservação da fé católica e fecharam um acordo de paz com Felipe 2º.

As províncias do norte, calvinistas-burguesas, criaram sua própria união – a República Unida da Holanda. Na prática, isso significou a separação da Espanha. Oficialmente, porém, as Províncias Unidas só proclamaram sua autonomia em relação à monarquia espanhola, a 26 de julho de 1581, num manifesto publicado em Haia.

"Acreditamos que um príncipe é imposto por Deus aos seus súditos, principalmente para protegê-los de toda injustiça. Se, em vez disso, ele lhes rouba velhas liberdades, privilégios e direitos baseados no costume e os humilha como escravos, não deve mais ser considerado príncipe e, sim, um tirano. Por isso, seus súditos têm o direito de desobedecê-lo, abandoná-lo e eleger outro líder máximo para substituí-lo", dizia o documento.

Independência, finalmente
Com essa declaração de autonomia, a ruptura com a Espanha estava irreversivelmente consumada. A luta pela independência, porém, ainda se arrastou por aproximadamente sete décadas. Em seu início, a chamada Revolta dos Países Baixos foi um movimento isolado, durante o qual diferentes grupos sociais e religiosos lutaram entre si, bem como contra seus governantes Habsburgos.

Embora heterogêneas, as sete províncias rapidamente se fundiram numa potência européia. Seu poderio militar foi reforçado, em parte, por recursos oriundos da expansão comercial e territorial além-mar.
Segundo Paul Kennedy, autor do livro Ascensão e queda das grandes potências, entre 1598 e 1605 uma média de 25 navios partiu a cada ano para a África Ocidental, 20 para o Brasil, 10 para as Índias Orientais e 150 para as Caraíbas.

Em 1600, os 70 mil rebeldes holandeses eram apoiados por um exército constituído por 43 companhias inglesas, 32 francesas, 20 escocesas, 11 valonas, nove alemãs e apenas 17 holandesas, treinado por Maurício de Nassau. Mesmo assim, os Países Baixos só conquistaram sua soberania a 30 de janeiro de 1648, por um acordo de paz especial assinado com a Espanha.

Autoria Rachel Gessat / gh

Assuntos relacionados Espanha


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1794: Robespierre é executado na guilhotina


No dia 28 de julho de 1794, revolucionário francês Maximilien de Robespierre foi guilhotinado, após boatos de endurecimento da Lei do Terror. Sua morte marcou o começo da última fase da Revolução Francesa.

"Os reis, aristocratas e tiranos, independentemente da nação a que pertençam, são escravos que se revoltam contra o soberano da Terra, isto é, a humanidade, e contra o legislador do universo, a natureza", declarou em 24 de abril de 1793 Robespierre, uma das figuras mais importantes da Revolução Francesa.
O jovem advogado Maximilien François Marie Isidore de Robespierre (1758-1794) pretendia mudar o destino da França. Desde o início de sua carreira política, destacou-se pela firmeza e pela forma radical de defender suas ideias. Influenciado por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele pleiteava um Estado voltado para o bem comum e a vontade geral, estabelecido em bases democráticas. "O indivíduo é nada; a coletividade é tudo", afirmava, lembrando o famoso Contrato Social de Rousseau.

Político "incorruptível"

Robespierre foi cofundador e líder do Partido Jacobino na Convenção Nacional (parlamento francês de 1792 a 1795). Seus discursos captavam o espírito da França revolucionária. "É natural que o bom senso avance lentamente. O governo viciado encontra nos preconceitos, nos costumes e na educação dos povos um poderoso apoio. O despotismo corrompe o espírito humano a ponto de ser adorado e, à primeira vista, torna a liberdade suspeita e terrível", afirmara no discurso Contra a Guerra.
Os ideais da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade – compunham seu slogan predileto. Robespierre tornou-se famoso como político sério e "incorruptível". Seu objetivo era eliminar oa privilégios e instituições do Antigo Regime. Ele propagou ideias revolucionárias para a época, como o sufrágio universal, eleições diretas, educação gratuita e obrigatória, e imposto progressivo segundo a renda.
"Os habitantes de todos os países são irmãos; os diferentes povos devem se apoiar mutuamente como cidadãos de um Estado. Quem oprime uma nação declara-se inimigo de todas as nações. Quem faz guerra contra um povo, para impedir o progresso da liberdade e sufocar os direitos humanos, deve ser perseguido por todos os povos. Não apenas como inimigo comum, mas como assassino rebelde e bandido."

A lei da guilhotina

Proclamada a república, em 1792, Robespierre mostrou sua nova face. Não hesitou muito para selar o destino do rei, aprisionado por revolucionários. Luís 16 foi julgado, condenado e, a 21 de janeiro de 1793, decapitado na guilhotina. Robespierre justificava o reinado do terror, o qual "nada mais é do que a justiça rápida, violenta e inexorável. É, portanto, uma expressão da virtude".
A pretexto de defender a revolução, os jacobinos instalaram um regime de terror na França em 1793-1794. Sob o comando de Robespierre, a Constituição foi suspensa e foram criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário. Esses órgãos descambaram depois para a conspiração e execução na guilhotina de membros do próprio partido jacobino, como Georges-Jacques Danton (1759-1794), confundindo inimigos e aliados.

A guilhotina funcionava sem parar. Com a ameaça de morte pairando sobre todos, deputados moderados da Convenção Nacional tramaram a prisão de Robespierre e seus colaboradores mais próximos. Em 28 de julho de 1794, deram aos ilustres prisioneiros o mesmo destino que estes haviam dado ao rei Luís 16: a guilhotina.

De um despotismo para outro

Robespierre havia assumido poderes ditatoriais. Calcula-se que o terror jacobino causou dezenas de milhares de vítimas, entre elas o químico Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794). Em apenas 49 dias, mandou-se executar 1.400 pessoas. No final, o terror engoliu os terroristas. Um ano após a morte de Robespierre, a França obteve um novo governo, comandado por cinco "diretores".
O chamado Diretório representou o fim da supremacia e do terror dos jacobinos. Em 1795, a Convenção promulgou uma nova Constituição, que, segundo seu relator, Boissy d'Anglas, centrou-se em "garantir a propriedade do rico, a existência do pobre, o usufruto do industrial e a segurança de todos".
De 1795 a 1799, o poder foi organizado sob a forma de uma república colegiada de notáveis, tendo o Diretório como poder executivo. Nesse período, a França mergulhou numa nova crise econômica e social, agravada por ameaças externas. Para manter seus privilégios políticos, a burguesia entregou o poder a Napoleão Bonaparte, que o exerceu com o mesmo absolutismo que havia sido derrubado pela Revolução Francesa.

Autoria Catrin Möderler (gh)


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