quarta-feira, 21 de março de 2012

O Jogo dos ossos

"Tinha se refugiado no remanso atrás de uma rocha, e quando a bala entrou em seu cérebro, simplesmente se entregou, soutou-se e foi lentamente sendo levado corrente abaixo. D'Angelo se ajoelhou perto da barranca, e liquidou um par de peixes exaustos e acabados. Eles explodiram dentro das poças, e seu sangue foi ficando cor-de-rosa ao se misturar com o leite. "




trecho do conto "O jogo dos ossos", de Charles D'Ambrosio

Chutzpah

Um exemplo extremo do que os judeus chamam de “chutzpah” é o cara que mata o pai e a mãe e no tribunal pede clemência para um pobre órfão. “Chutzpah” é algo que ultrapassa o cinismo e provoca até uma certa admiração pela audácia. Se houvesse um prêmio para a “Chutzpah do Ano” de 2012 o vencedor já estaria decidido, pois ninguém poderia concebivelmente igualar o primeiro-ministro britânico David Cameron este ano. Quando Cameron chamou de “colonialista” a pretensão da Argentina de incorporar as Ilhas Malvinas, Falklands para os ingleses, ao seu território, estabeleceu um novo parâmetro para o “chutzpah” que humilha até o do órfão que pede clemência. As Ilhas Falklands são os últimos farelos do maior sistema colonial que o mundo já conheceu. Um sistema que levou a espoliação comercial, a prepotência e a morte — junto com o parlamentarismo, o críquete e o chá com bolinhos — a todos os limites da Terra, e ainda se apegava aos seus domínios, muitas vezes por puro orgulho imperial, quando outras potências coloniais já tinham desistido. Se há alguém que não pode xingar ninguém de colonialista é um inglês. Pelo menos não sem corar.

Você não precisa torcer pela Argentina para lamentar os ingleses no caso das Malvinas/Falklands. Ou vice-versa. As barbaridades de lado a lado se equivalem. A tentativa de tomada das ilhas pelo governo militar argentino de 1982 — decidida, segundo o folclore, durante uma bebedeira do general Galtieri — foi uma aventura desastrada, tornada ainda mais trágica pela desproporção de forças. As consequências da aventura também se equilibram. A derrota humilhante decretou o fim do regime militar argentino. A vitória fácil decretou a reeleição da Margaret Thatcher na Inglaterra. Entre os quase mil mortos argentinos e ingleses na rápida guerra, as razões geopolíticas e eleitorais para o seu sacrifício não fizeram nenhum sentido.
Num plebiscito, a população das ilhas certamente escolheria continuar fazendo parte do Reino Unido. Este é o principal argumento inglês para continuar lá. Tudo bem. Mas o David Cameron poderia ter ao menos corado um pouco

VERISSIMO – O GLOBO

Sonidos Del silencio

La BBC informa sobre un equipo de investigadores que ha logrado reconstruir palabras exclusivamente a partir de las ondas eléctricas emitidas por pacientes que las han pensado. El informe científico sobre el tema está en la revista PLOS Biology, y la página de la BBC presenta un audio con el desciframiento auditivo de estas palabras pensadas.
Las consecuencias médicas de este hallazgo en el campo de la expresión del lenguaje por un medio no vocal son espectaculares (por ejemplo para pacientes en coma). Pero sus perspectivas no se detienen allí. Vienen implícitas posibilidades como la lectura del pensamiento, y acaso también en algún momento la comunicación telepática.
El perfeccionamiento y la difusión de este hallazgo pueden cambiar radicalmente algunas realidades claves en la relación entre los humanos. Lo primero que viene a la mente es la frase según la cual somos dueños de nuestro silencio. El pensamiento podría dejar de ser el arca inexpugnable de nuestros secretos más profundos.
Quizás esta situación se veía venir. No solo en los avances de la neurociencia, sino también en el refinamiento creciente de los métodos tecnológicos para hurgar en la intimidad de las personas. Desde los escaneos hasta el chuponeo, pasando por el código genético, la humanidad ha venido despojándose de su lado desconocido.
Ya existen maneras parciales de “leer el pensamiento”. El psicoanálisis es una. La observación de la conducta del cuerpo es otra. El detector de mentiras es otra. Las resonancias magnéticas funcionales y la tomografía de emisión de positones son otras. La novedad en este caso es la posibilidad de un acceso al pensamiento en propias palabras.
El lingüista Noam Chomsky habla de un lenguaje de pensamientos (mentalese) que no requiere de palabras. En cambio para el psicoanalista Jacques Lacan no hay pensamiento sin palabras. ¿Pero cuáles son nuestras propias palabras cuando pensamos en palabras? No descartemos que el nuevo invento abra más incógnitas de las que resuelva.
En un plano más sencillo y cotidiano, ¿cómo vamos a defender nuestra intimidad craneana cuando llegue el día? La respuesta más fácil es manteniéndonos alejados del aparato descifrador. Pero hasta ahora casi no hay privacidad que no haya sido alcanzada por la tecnología. ¿O aprenderemos a moderar nuestras emisiones eléctricas?
Un dato que no debe pasar inadvertido es que en el experimento que comenta la BBC el primer caso demostrable de comunicación de palabras desde el cerebro (si bien limitada a palabras individuales y no a ideas) no habría sido entre dos personas, sino entre una persona y una máquina

Mirko Lauer – La República
Jueves, 02 de febrero de 2012

Mulher de Marte

Não me olhes com esses olhos de perigo:
cuidado comigo.
Se mergulho nos teus olhos, não consigo
...deixar de provocar-te.É um vício antigo,
e esse meu lado disfarçado, ambíguo,
tão diferente do meu jeito
usual de fazer tudo direito
é, dos meus defeitos,
talvez a pior parte.
Sei que dizem que as mulheres são de Vênus,
mas sei que eu, pelo menos,
sou de Marte.

Betty Vidigal